Capítulo 16: Consolidação

"Eu sempre quis ter alguém que pudesse rir das minhas bobagens e dar um beijo no meu rosto por cada palavra com entonação boba que eu dissesse. Uma vez quando eu era pequena coloquei a cabeça por fora da janela quando estava chovendo, e fiquei ali sentindo a chuva no cabelo. Mamãe não estava em casa, e quando eu apareci na sala com os cabelos ensopados e parte da testa, Gui berrou preocupado dizendo que eu iria pegar um resfriado. E eu sorri diante da preocupação do meu irmão mais velho, que sorriu de volta me abraçando e pegando um toalha pra secar meus cabelos.

Draco não sorri de volta, e com certeza se eu contasse essa historia ele acharia estúpido, e não riria quando eu sorrisse da tamanha bobagem que havia contado. Ele não é nada do que eu sonhei. Mas tem olhos que se você olhar com muita atenção enquanto diz alguma bobagem pode notar que as orbes cinzas estão sorrindo. Quer dizer, é quase impossível notar isso quando se esta dizendo uma bobagem, já que você fica tão entretida com o que diz.

E eu sei que não devia me render a isso, mas o que posso fazer se a sensação de passar os dedos nas pálpebras dos olhos dele enquanto dorme é tão inocentemente tentadora?"

Encostou o nariz no peito de Draco, parando de acariciar as mechas douradas. Aninhou-se nos braços dele sentindo o cheiro de corpo amanhecido. Queria poder ficar ali eternamente, mas sua consciência gritava pelo bom senso. Preguiçosamente, Gina se levantou, sem tirar os olhos dele. Precisava voltar para casa, deviam estar preocupados com ela, e Snape com certeza a trituraria por não ter aparecido para ajudá-lo com as poções.

Pegou suas roupas espalhadas pelo chão e se vestiu rapidamente. Ajeitou os cabelos e se aproximou de Draco, voltando a passar os dedos pelas pálpebras dos olhos dele. Não resistiu e aproximou o rosto, vendo-o ressoar de leve, dormindo tranqüilamente.

- Não vai ser fácil...

Estremeceu ouvindo a voz sonolenta de Draco, os olhos ainda fechados. Sorriu e começou a acariciar a bochecha pálida dele.

- O que?

- Eu e você. Não vai ser fácil... eu não vou mudar e você também não. Mas vamos ficar juntos... – Envolveu a cintura dela com os dois braços em sinal de posse.

Draco abriu os olhos nublados de sono.

- Gosto disso.

- Que eu te agarre assim? – Perguntou com malicia.

- Não me referi a isso. - Disse dando um leve tapa no ombro dele. - Gosto quando seus olhos sorriem pra mim.

- Meus olhos sorriem? – Perguntou levantando uma das sobrancelhas, intrigado.

- Hum hum.

- Não sorriem, não.

- Sorriem sim. E eu gosto disso. – Encostou levemente os lábios nos dele e voltou a encará-lo, sorrindo.

Ele se sentou fazendo com que ela se sentasse de frente para si, em cima das suas pernas.

- E eu gosto da sua pele... – afastou a alça da blusa e beijou os ombros dela. – Do seu cheiro... do seu cabelo... de você. – Sussurrou em seu ouvido, sentindo-a estremecer de leve.

- Também gosto de você, Draco. – Falou de olhos fechados.

- Mas não vai ser fácil, não é mesmo? Eu e você, tão diferentes... tantos problemas para enfrentar.

- E o que vamos fazer? Fugir. – Brincou.

- É uma opção a ser considerada. – Respondeu pensativo.

Gina se afastou um pouco dele, o olhando séria.

- Draco, eu falei brincando. Nós não podemos fugir.

- Eu sei, mas seria mais fácil assim.

- Não, Draco, fugir dos nossos problemas não é a maneira mais fácil. Pensei que você já tivesse aprendido isso.

- Eu não fujo dos meus problemas.

- Há não? – Sem que ele esperasse, Gina pegou suas duas mãos e as virou para cima. – E o que é isso? Ainda continua. Não percebe que uma hora pode acabar indo longe de mais novamente.

- Eu nunca fui longe demais com isso, Virginia. O que você está insinuando com esse 'novamente'? Se for em relação ao que aconteceu naquele maldito banheiro eu já falei que não fui eu.

- Eu acreditei que não tivesse sido você, mas agora isso não faz mais sentido. – Tentou se acalmar. Via aflição disfarçada nas palavras de Draco.

- O que você sabe sobre isso? – Os olhos faiscaram. – Nada. E eu agradeceria se você saísse de cima do meu colo. – Ironizou.

Gina se aproximou mais dele, mexendo nas mechas de cabelo loiro, tentando de certo acalmá-lo. Mesmo que Draco não demonstrasse aflição ela sabia o que se passava com ele. Abaixou um pouco a cabeça de encontro com a curva do pescoço do loiro.

- Não vou te deixar, lembra?

Draco não reagiu. Ela não poderia entender, ele mesmo não entendia o que havia acontecido naquele dia. Tentou repelir de alguma forma aquele contato. Sentia as mãos dela acariciando sua nuca, enquanto tinha vontade de tirá-la de perto. Era a coisa mais plausível a se fazer, certo? Não se tratando do seu anjo.

- Virginia... não vamos tocar mais nesse assunto, ok?

- Quando você parar de se machucar, Draco, eu prometo que não toco mais nesse assunto. – Beijou suavemente a base do pescoço dele e voltou a encará-lo.

Não respondeu. Apenas passou a mão em volta da cintura dela. Querendo ignorar seus receios e o que ela tinha acabado de dizer.

- Preciso ir.

- Já.

- Hum hum. Mas assim que puder eu dou um jeito de te ver.

- Você ainda está chateado?

- Claro que estou. – Falou sorrindo sarcástico. – Mas não é por isso que estou indo. Preciso ir realmente.

- Esta bem...

- Sabe como sair daqui?

- Claro que sei. É Hogsmeade, Draco. Passei anos vindo aqui.

Sorriu fazendo esforço para não levar a mão até o antebraço. Estava queimando.


Aquela leve sensação na nuca o avisando de que algo não estava certo mais uma vez não recebia credito. Não acreditava nesse tipo de coisas. O corpo não podia mandar sinais. E o que poderia dar errada em uma missão tão simples como aquela? Está certo que ele não desejava fazer aquilo. Ter que resgatar Nayore não fazia parte dos seus planos, era o mesmo que tornar inútil a sua pequena vingança, mas não tinha jeito. Não podia se recusar a uma missão dada pessoalmente pelo Lord das Trevas.

Ele e mais quatro comensais, incluindo Blás, teriam que ir até um dos lugares secretos da Ordem. De alguma maneira Nayore conseguiu se comunicar e dizer onde estava. Uma casa velha perto do Beco Diagonal, um local tão simples para manter alguém capturado, protegida por feitiços, mas nada que não dessem um jeito. Uma das pessoas responsáveis pelo captura de Eve não verdade estavam do lado do Lord.

Chegaram no local combinado, Blás por último sem esconder o típico nervosismo. Na rua de trás era onde ficava a casa onde Eve estava. Repassaram os planos e iam aparatar os cinco para a outra rua, quando Blás fez sinal para que Draco esperasse. Os outros desaparataram.

- O que foi Blás, temos que ser rápido com isso.

- É uma armadilha, Draco.

- O que? – Só faltou rir diante daquela incredulidade.

- Uma armadilha. Nayore não está ali. Isso é só uma armadilha para capturar mais comensais.

- E como você sabe disso? Por que não avisou aos outros também... Blás...? Você que é...? - Afirmou com total convicção, sem concluir a frase, enquanto pegava sua varinha por debaixo da capa.

- Não precisa fazer isso, Draco. Não vou te entregar pra eles. Você só precisa ir embora daqui rápido.

- Blás, seu maldito... você nós traiu.

- Trai a eles, Draco, e não a você. Agora vá embora daqui. Um dia quem sabe você não entende. – Blás parecia meio desnorteado e ao mesmo tempo falava com segurança.

- O que você quer que eu entenda? Você acha que eu vou deixar os outros serem capturados?

- Oras, Draco, desde quando você se preocupa com eles? Só estou te tirando dessa porque sei que você apenas se tornou comensal por causa do seu pai. Você gosta disso tanto quanto eu. – Escolheu bem as palavras, esperando que Draco não cometesse a loucura de ir atrás dos outros. - E não vi outro modo de sair disso. Não era nada do que eu imaginava, não é a liberdade e o tipo de poder que eu queria.

Draco segurou com força a varinha. Nunca que passaria por sua cabeça que Blás mudaria de lado, no entanto era mais impossível acreditar que ele estivesse o livrando de uma emboscada. Não conhecia aquele tipo de atitude. Definitivamente Blás não devia ter pertencido a Sonserina.

- Eu avisei a você que isso não era liberdade, Blás.

Zabine recomeçou a andar, passando direto por Draco, sem olhá-lo.

- Aonde você vai?

- Tenho que ir lá avisar que não há mais ninguém, que só foram aqueles. Ninguém vai saber que você esteve aqui.

Deu um fino sorriso e então sumiu, deixando Draco sozinho na rua escura.

Tentou por ordem em seus pensamentos. Entender o que se passou nos últimos minutos. Não tinha idéia do que fazer, não poderia simplesmente aparecer para o Lord. O que falaria sobre os outros terem sido capturados e a traição de Blás?

Devia ter percebido. O comportamento de Zabine não vinha sendo o mesmo já fazia algum tempo. E aquele resgate de Nayore estava tão simples que era de se desconfiar. A Ordem da Fênix mesmo que quisesse interrogar Nayore antes de entregá-la aos aurores nunca a manteriam em um local de fácil acesso, mesmo com todos os feitiços possíveis de proteção.

O jeito era voltar para casa, por as idéias no lugar e comunicar ao Lord o que havia acontecido. Passou a mão pelos cabelos em sinal de nervosismo antes de desaparatar, enquanto os outros comensais eram presos e Zabine falava que não poderia mais ser um espião, pois o haviam descoberto.


Deitada na cama conseguia ouvir o barulho lá embaixo de uma das reuniões em que os integrantes da Ordem costumavam se exaltar. Só tinha mais umas duas horas de descanso para depois ir para o porão e ajudar Snape com as poções. Até agora não entendia o fato do seu ex-professor não ter reclamado por ela não aparecer na madrugada passada e se surpreendeu quando percebeu que ninguém ali sabia que ela havia passado a madrugada fora. O que provavelmente se dava ao fato de Snape não ter comunicado a ninguém que ela não havia aparecido no porão para fazer o seu trabalho.

Estava feliz por ter sido dispensada daquela reunião. Não tinha concentração suficiente naquela hora para poder prestar atenção. Vagava longe dali e se deu ao luxo de não se preocupar com nada por breves momentos.

Até que a bateram na porta do seu quarto e com preguiça, Gina se levantou e a abriu.

- Pensei que não precisariam de mim na reunião.

- A reunião já terminou, Gina. – Carlinhos trazia algo embrulhado na mão. – Você não desceu para jantar. Tonks trouxe cookies e eu consegui guardar alguns para você.

- Obrigada, Carlinhos. – Sorriu e pegou os cookies da mão de Carlinhos. – Estou mesmo com fome. – Entrou no quarto e deixou a porta aberta como um convite para que Carlinhos entrasse também. – Então, como foi a reunião?

- Ah, não teve nada de novo. – Respondeu, entrando no quarto.

- Conseguiram capturar aqueles comensais? – Mordeu um pedaço de cookie esperando a resposta de Carlinhos.

- Conseguiram. Três deles. Havíamos sido informados de que seriam quatro, mas parece que de última hora um deles foi chamado para outra missão. E bem, finalmente descobrimos quem estava se passando de comensal e espionando para nós. Um tal de Zabine. Rony disse que ele era do mesmo ano que ele em Hogwarts.

- Zabine? Foi capitão da Sonserina no meu penúltimo.

- É, parece que é esse mesmo.

- Os três que foram capturados eram comensais importantes?

- Só um deles, filho do Nott. Os outros dois não estavam nem na lista de comensais que nos temos.

- Quando tudo isso vai acabar, Carlinhos? Não agüento mais.

- Nem tão cedo, eu acho. – Carlinhos se sentou ao lado de Gina e a abraçou.

Gina correspondeu ao abraço. Queria que aquilo terminasse de uma vez. Ter uma vida tranqüila e sem a preocupação de que um membro de sua família ou um amigo poderia ser atacado a qualquer hora. Quando Carlinhos se afastou um pouco dela pode ver o quão cansado ele estava. Por mais que ela e Snape se esforçassem sabiam que não estavam nem perto de descobrir o que se passava com Carlinhos e que as poções que davam a ele diariamente iam perdendo seu efeito pouco a pouco.

- Você tomou sua poção hoje? – Perguntou suave.

Carlinhos olhou meio emburrado.

- Tomei. Sabe que a mamãe sempre dá um jeito de saber se eu tomei aquela poção horrível, então não tem como escapar. Bom, eu vou deixar você descansar um pouco mais. – Levantou, firmando os pés no chão e baixando um pouco a cabeça.

Gina o observou atentamente e se levantou rápido segurando-o.

- Está se sentindo bem?

- Estou sim. – Respondeu um pouco lento. - Foi só uma tontura, não comi nada desde o almoço, deve ser isso. – Levantou a cabeça sorrindo. – Estou bem, vou ver se restou algo do jantar.

Ela não disse nada. Ainda observou ele sair do quarto parecendo estar bem. Carlinhos fechou a porta e Gina voltou a comer os cookies que ele havia trazido. Parou de mastigar ao se lembrar que havia prometido a Harry encontrá-lo no jardim hoje à noite. Perdeu a vontade de comer os deliciosos cookies já pensando na conversar que teria com ele sobre aquele relacionamento que não tinha nenhum futuro. Colocar um ponto final de vez naquela história.

- Aquilo não foi uma traição, foi? – Se perguntou. – Eu praticamente já não tenho nada com ele...

Aquela não era hora para remorsos. Não podia ter controle sobre o que sentia e ver Draco depois de tanto tempo não deixava espaço em sua mente para se lembrar de que já tinha um compromisso com alguém. Não foi certo, mas também não podia ser considerado de todo errado. Afinal ela só se deixou levar por seus sentimentos.

Pegou seu casaco em cima da cadeira e saiu do quarto ainda carregando os cookies. Ao chegar perto da escada viu Carlinhos meio sentado no chão, as mãos segurando o corrimão da escada.

- Carlinhos! – Correu até ele e se sentou também, se familiarizando com aquela cena. – Você tomou mesmo sua poção? Está suando frio.

- Não está mais fazendo efeito... estou sangrando novamente...

- Não, Carlinhos, sabe que não passa de um delírio, você não sangra de verdade. – Disse apavorada, Carlinhos fechava os olhos com força, tentando reprimir a dor.

- Dessa vez é de verdade. Estou sagrando.

- O q... – Viu a camiseta azul clara começar a ficar manchada. Imediatamente gritou por ajuda enquanto levantava a blusa de Carlinhos e viu nitidamente os cortes que já haviam sarado há muito tempo reaparecerem, como se estivessem sidos feitos nesse instante.

Harry apareceu seguido de Rony e Tonks. Gina tentava parar com o sangramento vindo dos cortes profundos no peito de Carlinhos.

- Temos que levá-lo ao hospital. – Tonks tirou um relógio de bolso da sua capa. – Gina e Rony vão com ele. Eu e Harry vamos avisar a Snape e aos outros. – Se abaixou ao lado de Carlinhos junto com Rony e colocou a chave de portal em forma de relógio na mão dele. - Segurem e vão. Já está programada. A qualquer segundo...

Gina colocou a mão de Carlinhos no relógio, fez o mesmo com uma das próprias mãos enquanto a outra apoiava as costas de Carlinhos com a ajuda de Rony. Assim que ficaram prontos a chave de portal brilhou levemente e eles desapareceram para apareceram na recepção do St. Mungus.

Tentaram acompanhar Carlinhos, mas uma das enfermeiras pediu que eles ficassem na recepção e que assim que possível seriam comunicados sobre o estado do paciente.


Aparatou no lado de fora da casa aparentemente abandonada. Podia sentir o cheiro de amoníaco vindo do chão e prendeu a respiração durante instantes evitando sentir o odor desagradável. Não era desse modo que seu pai se referia aos dias de gloria de comensal. Parou em frente à porta, tentando se recompor mentalmente. Só precisava relatar o que havia acontecido. Nada de mentir para o Lord, seu pai sempre dizia que ninguém conseguia enganá-lo. Mas então como Zabine conseguiu se passar por comensal quando na verdade estava ao lado de Dumbledore?

Entrou na casa sem dificuldade, apenas usando a varinha com um feitiço de identificação. Ao entrar percebeu que o silêncio na sala estava fora do habitual. Já ia seguindo as escadas, quando ouviu uma voz familiar.

- Aonde pensa que vai, Draco? Não deveria estar em uma missão de resgate?

Virou-se para contemplar o rosto igualmente pálido de seu pai, crispando os lábios em um movimento involuntário.

- Era uma armadilha. Foram todos capturados.

Lucius não esboçou reação. Parecia estar com outros problemas em mente naquele momento.

- Nayore provavelmente nem estava no local. Vou comunicar ao Lord...

- Deixe que eu mesmo comunico. Agora há algo mais importante.

- O Sr. Não entendeu o que eu disse? Foi uma armadilha e alem de não conseguimos resgatar Nayore, os outros ainda foram capturados.

- E quando eu digo que há algo mais importante é porque realmente a algo mais importante. – Viu os lábios do seu pai crisparem em sinal de irritação. Cruzou os braços, sem se importar com o que era esse algo mais importante. – Eu quero que vá nessa outra missão.

Lucius tirou um pergaminho extremamente amarelado do bolso da sua calça e entregou a Draco.

- Os outros comensais estão na sala ao lado discutindo sobre a invasão.

- Invasão de que? – Draco perguntou despreocupado. Lucius fez sinal com a cabeça para que ele olhasse o pergaminho.

Então ele viu a planta de um enorme prédio em cima com letras negras e o nome do local.

Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos

Voltou a olhar para o seu pai e obteve um leve aceno com a cabeça. Em seguida Lucius saiu sem dizer mais nada, subindo as escadas do esconderijo dos comensais.


No hospital St. Mungus as coisas pareciam andar na vista do normal de sempre. Pacientes vitimas de feitiços ou poções mal sucedidas, curandeiros para todos os lados e os Weasley na recepção ávidos por noticias de Carlinhos.

Gina encostou a cabeça no ombro da mãe, sendo prontamente abraçada. Sua mãe havia parado de chorar quando uma das enfermeiras veio e disse que Carlinhos não corria mais risco, que os sangramentos haviam parado e já estavam cicatrizando após aplicarem alguns poções. Mesmo assim não permitiram que os Weasley fossem vê-lo alegando que ele ainda estava na UTI do hospital e já estavam providenciando a transferência dele para um quarto, só depois disso é que a família poderia vê-lo.

- Molly, querida, não precisa mais ficar assim. Carlinhos não corre mais risco. – O Sr. Weasley falou tentando soar seguro para a esposa.

Remus estava ali com eles junto com Hermione que tentava acalmar o namorado. Rony não parava de apertar as mãos em sinal de nervosismo. Vendo que suas tentativas não estavam sendo úteis, Hermione se dirigiu até Remus e perguntou baixo:

- Professor, o Sr. não tinha uma missão hoje a noite? – Ele deu um leve sorriso achando graça no fato dela e dos outros continuarem o chamando de professor.

- Tenho sim.

- Então, acho que deveria ir. Sei do que se trata e bom... De qualquer forma Carlinhos não corre mais perigo... – Parecia um pouco sem jeito, não queria soar como se estivesse tentando expulsar o professor dali, mas sabia que ele hoje tinha algo mais importante a fazer. – Eu estou dizendo isso porque...

- Eu entendi, Hermione – A interrompeu educadamente. – Você tem razão, com essa confusão toda eu havia me esquecido.

Remus se despediu de todos, explicando o motivo e dizendo que voltaria para ver como Carlinhos estava. Gina se virou para Hermione e perguntou:

- Harry também está nessa missão?

- Sim, e Rony também devia estar, mas ele foi dispensando depois do que aconteceu.

- É algo arriscado?

Hermione fez que não com a cabeça.

- Mas é importante. Harry não podia deixar de ir, senão com certeza ele estaria aqui com você, Gina. – Sorriu tentando confortá-la.

- Não perguntei por isso. Só queria saber, o achei muito estranho hoje mais cedo...

Parou de falar sentindo a voz ir morrendo aos poucos em sua garganta. Algo apertava dentro dela, uma sensação de desconforto, insegurança. Quando a enfermeira apareceu dizendo que seu irmão não corria mais risco a sensação havia passado na mesma hora. Agora havia voltado.

- Vou pergunta se já transferiram Carlinhos. – Disse para sua mãe e Hermione, levantando e ignorando a sensação que a engolfava interiormente. – Com licença – se dirigiu a uma mulher baixinha e de aparência simpática, mas um tanto severa. – Eu queria saber se o meu irmão...

E uma forte explosão ecoou por todo o andar.

Gina virou e viu Hermione, Rony e seu pai alarmados segurando as varinhas. Pra eles estarem assim é porque suspeitavam de algo. Não, aquilo era um hospital. Eles não chegariam a tal ponto? Não precisou de muito tempo para chegar a conclusão de que eles eram capaz disso mesmo e como um flash passando por sua cabeça se lembrou do ataque a Hogsmeade.

- Carlinhos...

Não hesitou duas vezes em ir a procura do seu irmão. Sua mãe estaria segura junto de seu pai e os outros. Outro estrondo e uma gritaria infernal. Em meio aquilo tudo tentou clarear a mente para se lembra onde ficaria a UTI dos St. Mungus.


Draco parecia atordoado em meio aos corpos vestidos de negro ao seu redor. A agitação podia ser vista através de seus olhos, a única parte visível naquele momento. Um hospital. Estavam atacando um hospital. Não era um local cheio de trouxas, nem um local apinhado de bruxos felizes.

"...Simplesmente há uma hora que você pensa e vê que não dá mais pra continuar.'' Lembrou-se das palavras distantes de Snape quando o questionou por que mudou de lado. "Você não é totalmente igual a eles, Draco. Mesmo que tenha sido educado por um dos maiores. Uma hora você vai notar que essa não é a coisa mais certa, mesmo que tenha sido isso que te ensinaram desde pequeno."

O capuz que usava parecia sufocá-lo. Se é pra se orgulhar tanto do que fazemos, por que temos que nos esconder através disso?Não, não sou como eles. Não posso mais.

Os gritos ecoavam em seus ouvidos e as risadas dos comensais o desagradava. Talvez por um breve momento Blás tivesse sido mais esperto que ele. Afinal já sabia há algum tempo que não era aquilo que queria. Não queria estar ali(1).

No entanto ele não voltou. Não saiu dali. Não se afastou. Automaticamente ele seguiu os outros comensais, vendo-os explodirem, atirarem em qualquer pessoa. A marca negra pairava sobre o St. Mungus e mesmo que ele não pudesse vê-la sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

Seus olhos percorreram mais uma vez ao seu redor. Os corpos negros o confundindo. Os clarões de feitiços pareciam cegar sua visão, mesmo que já estivesse acostumado com aquilo. E em meio a essa confusão vislumbrou cabelos ruivos. Pensou que estivesse começando a delirar. Foi ai que notou que estava na recepção do hospital, vendo três bruxos com as varinhas em punho tentando se defender.

Weasley

Viu o nome em sua mente. O que ele e a Granger fazem aqui? Então a ordem já havia sido comunicada do ataque. Mais a um canto estava uma senhora gorda que ele reconheceu rapidamente como sendo a mãe do Weasley. Então tudo clareou em sua mente. O ataque repentino ao St. Mungus. Os Weasley ali. Isso só podia significar uma coisa.

Céus! Precisava tirar alguém urgentemente dali, ou nunca se perdoaria. E sem saber porque correu pelos corredores a procura de Carlinhos. Ainda confuso, mas sabendo o porque de fazer aquilo. Já o havia salvado duas vezes. Agora era como um vinculo. Tudo pelo seu anjo.

E sem saber quanto tempo havia gastado percorrendo os corredores. Ele o achou. E não foi só ele.

Gina estava ali. E seu peito pareceu afundar ao notar que ela também estava em meio aquele caos. Por um momento Draco Malfoy sentiu medo. Medo de perdê-la. Nunca tinha pensando em ver Gina em meio a um ataque de comensais.

Foi se aproximando rápido e esboçou um sorriso escondido pelo capuz quando viu que ela ohavia notado. Seu sorriso se apagou rapidamente ao ver que Gina apontava a varinha com força em sua direção, os olhos brilhando de raiva, e ainda ajudando Carlinhos a se manter de pé.

Carlinhos viu tudo turvo, mesmo assim percebeu que estava diante de um comensal. Tinha que ajudar Gina de alguma forma. Sentia-se fraco, mas não podia deixar a irmã os defender sozinha.

- Fique longe dele. – A voz dela saiu fria e cortante.

Draco se lembrou do capuz que usava ocultando seu rosto no mesmo instante em que Gina parecia reconhecer os olhos cinzas nublados de confusão.

- Draco... – disse em um fio de voz, a mão afrouxando a varinha.

Ele tirou o capuz, dessa vez o sorriso a mostra. Recomeçou a se aproximar dela.

- Fique longe do meu irmão, Draco. – Gritou mais uma vez, fazendo com que ele parasse.

- Gina, eu...

- O que vocês querem com ele? – Perguntou com a voz chorosa. – Não vou deixar que o peguem.

Carlinhos tentou ficar em pé, mas o efeito foi o contrario fazendo com que ele se apoiasse mais ainda nela.

- Eu não vou fazer nada contra ele, Gina, você sabe. Eu... não vou deixar que te machuquem.

Gina parecia não agüentar mais. As lágrimas começavam a cair. O peso de Carlinhos, a responsabilidade de tentar tirá-lo dali, o encontro com Draco, ter visto ele de comensal. Tudo parecia querer derrubá-la de encontro ao chão. Não agüentava mais aquela tortura.

Percebendo o cansaço se apoderar dela, Draco chegou junto ajudando-a com Carlinhos, se lembrando da vez em Hogsmeade. Ela olhou para ele procurando certeza.

- Vai ficar tudo bem, Gina, eu prometo.

Só que dessa vez ele não os levaria para um lugar seguro, não os tiraria dali. Não houve tempo. Não se ouvia mais gritos nem explosões, há não ser passos que se aproximavam.

- PARADO!

Um grupo de bruxos apareceram, todos apontando a varinha para Draco.

- Solte-os. Você está preso! – Quim Shacklebolt e mais três aurores se aproximaram deles.

Imóvel, Draco deixou que um dos aurores segurasse Carlinhos, enquanto os outros dois apontavam a varinha diretamente para o peito dele.

- Você está bem, Virginia? – Quim perguntou tentando compreender o olhar que ela lançava a Draco.

- Há um engano, ele só estava nós ajudando.

- Um Malfoy ajudando Weasleys? – Um dos aurores comentou sarcástico.

- Estava sim. Draco...

- Ela deve estar sobre o imperius. – Quim comentou. - Ele não ia ajudar vocês, ele ia levar o seu irmão. Ainda bem que chegamos a tempo.

- Não, Quim, ele...

- A levem daqui. – Quim ordenou, já prevendo que por Gina estar sobre um feitiço de Malfoy provavelmente dificultaria as coisas.

- Não. – Gina abraçou Draco. – Não podem levá-lo. Ele... – as mãos dela foram direto para a nuca dele, relembrando das vezes em que se abraçavam. Não podia perder Draco agora. – Eu nunca vou deixar você – disse baixinho.

Os aurores tentaram fazer com que ela se soltasse dele e antes que eles conseguissem Draco murmurou no ouvido dela:

- Eu sei como curá-lo.

Foi a última coisa que ouviu. Draco sabia como curar Carlinhos. Mas estava sendo levado preso.


(1) deja vu – capítulo 01. É só olhar a primeira frase.

N.A: Olá pessoal! Eu sei que vocês têm todo o motivo do mundo para estarem chateados com essa minha demora absurda para publicar esse capítulo, mas eu não fiz de propósito e não teve nada haver com os meus estudos. Eu me mudei duas vezes esse ano, fiquei um mês sem computador por causa disso e quando finalmente tinha terminado o capítulo 16 e Bel me entregou ele betado, meu lindo computador maldito parou de funcionar (parece até praga) e minha mãe só arranjou alguém pra concertar ele uns dois meses depois. Quando ele já tava todo ok e eu já podia publicar o novo cap. eu reli ele e não gostei nem um pouco. Então tive que fazer de novo, e acreditem esse aqui ficou mil vezes melhor.

Não pretendo demorar esse absurdo de novo para publicar o último cap. Há não ser que meu lindo computador maldito ache de querer tirar férias antes do tempo. Agradeço muito a todas que deixaram reviews, que tiveram paciência e que me cobrarem atualizações. Carol Malfoy Potter, Miaka, Natalie, Belzinha, Lininha Evans, Nacilme, Clari, Marcelita, Tatinha Black, Lininha Evans, Marcela, Lele, CerejinhaLine, Anita Joyce Belice. Obrigada pelos elogios e os devidos puxões de orelha.

E quem me mandou e-mail e pediu para eu avisar da atualização, desculpa, mas é que por passar esse tempo todo sem acessar a net minha conta de e-mail foi desativada, o que faz com que eu não possa nem avisar e nem colocar o nome de vocês aqui já que perdi todos os e-mails.

É isso meus amores, espero que tenham gostado dessa capítulo que eu escrevi com muito carinho.

Bjokinhas!