N.A: A primeira parte desse capítulo é intercalada com flashback, que estão representados em itálico. E eu disse que esse era o último capítulo, não foi? Podem esquecer...


Capítulo 17: Fique aqui comigo

Gina ministrava os ingredientes da poção com todo cuidado possível. Cada ingrediente na sua dose exata e colocados em uma determinada seqüência. Snape parecia muito mais concentrado do que o habitual, tomando cuidado para cortar as ervas como mandava as instruções. Ginny se lembrava detalhadamente do dia em que conseguiu ir ver Draco e ele lhe contou como curar Carlinhos.

Uma boa conversa com Dumbledore, uma persuasão com os aurores e uma ajudinha de Blás Zabine, foi o que colaborou para que ela conseguisse visitá-lo uma semana depois dele ter sido levado para Azkaban.

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- Você não precisa ficar nervosa desse jeito. Aqui não tem mais aqueles dementadores. – Blás tentou tranqüilizá-la.

- Eu sei. – Ela disse tentando sorrir um pouco. – Mas é que eu vou ver o Draco, Blás. Sabe o quanto isso significa pra mim? E ele vai me contar como curar o Carlinhos. - Blás balançou a cabeça em sinal de compreensão.

Passaram pelos corredores da prisão que agora era guardada por bruxos desde que os dementadores passaram para o lado de Voldemort.

- Blás, você acha que eu deveria contar sobre o pai dele? – Gina perguntou incerta.

- Não sei... Lucius se preocupava muito com Draco. Eles tinham uma ligação muito forte mesmo parecendo serem frios um com o outro. Tenho certeza que Draco gostava muito do pai.

Chegarem em frente a um arco com dois guardas de cada lado. Draco estava lá dentro.

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A poção estava pronta. Gina sorriu para Snape, que apenas curvou os lábios mantendo o rosto apático. Ele parecia estranhamente cansado, e aquele quase sorriso torto com certeza era de alivio por finalmente ter terminado aquela poção.

- Se quiser pode ficar descansando. Eu posso ir lá e levar a poção.

- Weasley, eu trabalhei nisso durante horas, agora você quer que eu simplesmente deixe você fazer o resto sozinha? Não vou correr o risco de você estragar tudo. Lembro muito bem que você era uma das minhas piores alunas de poção. – Ele resmungou.

- Mas eu trabalhei com o Sr. esse tempo todinho. – Retrucou parecendo um pouco ofendida. – E eu melhorei bastante.

- Weasley, não é hora para esse tipo de discussão.

- Se o Sr. quer tanto levar a poção para o Carlinhos e receber os devidos créditos, não tem problema. Eu só disse aquilo porque achei que o Sr. estivesse muito cansado...

Snape a olhou fuzilando.

- Me pergunto como o meu afilhado foi se apaixonar por você. – Disse baixo, mas foi o suficiente para ela ouvir.

Gina sorriu com o comentário de Snape dito com tanta naturalidade. E os dois saíram em direção ao quarto em que Carlinhos estava.

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Entrou sozinha. Blás achou melhor ficar lá fora. Ele não sabia qual seria a reação de Draco ao vê-lo ali, talvez não fosse das mais amigáveis.

Gina sentiu seu coração acelerar a cada passo que dava. Buscou Draco com os olhos pela sala em que os presos conversavam com suas visitas. Não estava muito cheia e assim que avistou os cabelos platinados dele achou que seu coração fosse parar com o tamanho do aperto que sentiu.

Seu Draco não parecia o mesmo. Os cabelos que sempre estavam arrumados se encontravam bagunçados, parecia mais magro ou apenas fosse impressão dela pelo uniforme folgado que ele usava. Mas o que a chocou mesmo foi quando seus olhos se encontraram. Não havia brilho ali, não havia o brilho do gelo azulado que ela sempre via. Estavam opacos.

Sentou-se de frente para ele. Draco não se levantou para abraçá-la e não encarava mais seu olhar.

- Draco... – Chamou querendo alguma reação da parte dele. – Olhe pra mim, por favor.

E ele olhou em um pedido mudo de ajuda.

Gina se levantou no mesmo instante e foi para o lado dele abraçá-lo.

- Sinto tanto a sua falta, Draco. – Murmurou no ouvido dele, segurando as lágrimas. – Nós vamos te tirar daqui.

- Nós quem? – Ele perguntou com a voz apática.

- Dumbledore está dando um jeito e Snape também. A única acusação que tem sobre você é em relação ao ataque em St. Mungus, e como depois foi comprovado que eu não estava sobre nenhum feitiço eu contei que você estava me ajudando a tirar o Carlinhos dali.

- Não vai adiantar muita coisa. – Ele deu de ombros com um sorriso melancólico.

Gina o soltou, voltando a se sentar de frente para ele, segurando suas mãos entre as dela.

- Vai sim, meu amor. E se você me contar como salvar o Carlinhos isso pode te ajudar mais ainda.

- Foi por isso que você veio aqui?

Por um instante ela não entendeu a pergunta, mas vendo o olhar magoado de Draco ela compreendeu.

- Foi esse o motivo que nos usamos para que permitissem que eu entrasse aqui. Mas eu também vim porque queria ter ver, Draco. Você sabe que não tem permissão de receber visitas... então Dumbledore deu um jeito e conseguiu que eu e Blás entrássemos.

- Blás está ai?

- Hum hum. E ele vai depor a seu favor, você já sabe que ele era agente duplo da Ordem, ele tem credito e uma ficha limpa.

- Você não devia ter vindo, Gina... esse lugar é horrível e...

- Shhhh... – Ela levou as mãos dele até seus lábios e as beijou. – Vocêvai sair logo daqui. E dessa vez nos vamos ficar longe de toda essa confusão.

- Gina, eu... eu não posso mais continuar aqui.

- Eu sei. – Murmurou, passando a ponta dos dedos delicadamente pela mão dele. Draco estava definhando aos poucos naquele local e só fazia uma semana que estava ali.

- Como anda seu irmão? – Ele soltou a mão dela não querendo que ela falasse algo sobre seus cortes.

- Anda sentindo muitas dores, nem sempre conseguimos controlá-las com poções. Eu preciso que você me ajude.

- É uma magia criada pelo Lord. Mistura o sangue de dragão com o de uma pessoa que você queira usar como uma espécie de arma.

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Chegaram no quarto de Carlinhos. Ele parecia dormir, sua mãe estava ao lado da cama. Gina chegou com cuidado.

- Não podemos mesmo dar uma porção para ele dormir ou algum feitiço que não o faça sentir dor? – A Sra. Weasley perguntou aflita. Snape fez que não com a cabeça e Gina explicou:

- É uma poção forte, mãe. Que vai livrar Carlinhos dá magia negra que está dentro dele, por isso não podemos usar nenhum feitiço ou poção, porque pode prejudicar o efeito. – Gina acordou Carlinhos com delicadeza. – Está na hora. – Ela disse quando ele abriu os olhos.

Carlinhos fez sinal com a cabeça indicando que estava pronto, se sentou e Snape deu a poção a ele. Assim que Carlinhos terminou de beber, Gina fez com que ele se deitasse e seguindo as instruções de Draco fez um corte fino no peito do irmão, mas o suficiente para sair um pouco de sangue.

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- Uma arma, Draco? Você está me dizendo que o meu irmão é uma arma de Você-Sabe-Quem? – A voz dela se transformou de calma para nervosa.

- Só se ele chegasse a por as mãos no seu irmão. Era isso que ia acontecer naquele dia caso os comensais conseguissem seqüestrá-lo. – Draco parou de falar, levantando um pouco a cabeça para cima e respirando fundo, como se tentasse esquecer algo. – Preste atenção nos ingredientes e como deve fazer tudo. Não é difícil, só um pouco complexa, mas Snape com certeza conseguirá fazê-la.

Gina tirou um pergaminho e uma pena do bolso.

- Eu vou anotar.

- Você só precisa de três ervas: clove, camphor e pratishta. E vai misturar a efusão de ervas com uma outra poção, a de transmutação de energia. Snape com certeza sabe como preparar essa. As ervas devem ser colocadas na quantidade exata, três centímetros de cada, e a dose da poção de transmutação de energia deve corresponder a 5ml. Tudo muito precisamente.

- E depois é só dar a poção ao Carlinhos? – Ela já parecia feliz vendo que não era tão difícil assim.

- É, mas depois que der a poção vocês precisam corta o lado esquerdo do peito dele, porque foi isso que fizeram da outra fez. Eles pegaram um pouco do sangue do seu irmão e introduziram em um dragão. Depois pegaram o sangue do dragão, abriram o peito do seu irmão e banharam o coração dele com o sangue de Dragão. Por último lançaram o encantamento nele e no dragão. Seu irmão estava ligado a um dos dragões que o Lord capturou, por isso que ele reagiu daquela forma quando Hogsmeade foi atacada.

Gina parecia chocada com a magia macabra que haviam feito com seu irmão.

- A poção vai limpar o sangue dele. E o corte serve para sair a energia da magia negra. Eu não sei se dói, porque nunca vi ninguém fazendo. Só sei disso porque meu pai me contou quando eu perguntei sobre os dragões e domadores seqüestrados. Você sabe que seu irmão foi o único que conseguiu escapar.

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Gina estava apreensiva com o que ia acontecer. Nem ela, nem Snape tinham noção do que aconteceria após Carlinhos tomar a poção. A Sra. Weasley não agüentou ver Gina cortando o peito de Carlinhos, mesmo que não fosse um corte fundo. Ela daria tudo para não ver seu filho passando por aquilo, mas no final das contas ela sabia que depois daquilo ele estaria curado e não precisaria mais de poções e nem sentiria mais dores.

Carlinhos parecia tranqüilo, mas sua feição mudou alguns segundos depois que Gina fez o corte. Sentiu uma dor percorrer seu corpo, seu coração bateu mais rápido e o sangue parecia percorrer seu corpo de maneira veloz a ponto dele ter a sensação que havia subido tudo direto para sua cabeça. Sentiu-se enjoado e o corpo trêmulo. Durou apenas alguns segundos. Assim que seu corpo parou de tremer e seu sangue parecia voltar a circular normalmente uma luz em um cinza escuro saiu do corte em seu peito.

Seu coração ainda batia rápido, mas a sensação de enjoou sumiu na mesma hora. Ele abriu os olhos, que mantivera fechados desde que a dor começara. Viu Gina fechar o corte com um feitiço e logo depois sua mãe o abraçou forte.

- Vou avisar aos outros de que ele já está bem. – Snape se referiu aos outros Weasley que estavam na sala esperando saber se tudo tinha ocorrido bem. Gina sorriu para ele e agradeceu. Snape apenas balançou a cabeça e saiu do quarto.

Gina se juntou a sua mãe abraçando Carlinhos. Agora só faltava uma coisa para completar a sua felicidade: um certo loiro ao seu lado.


A cada diz que passava Gina ficava mais preocupada com ele. Quando foi visitá-lo pela primeira vez não teve coragem de contar sobre a morte de Lucius após ver o quanto ele estava abatido. Draco era mantido isolado, não tinha nenhum contato com os outros comensais que haviam sido presos. Voldemort já sabia que Dumbledore estava tentando tirar Draco de Azkaban e que ele estava ajudando com algumas informações.

Por medida de segurança Dumbledore conseguiu que o mantessem isolado para evitar tentativas de vingança. Mas isso não era o suficiente para Gina se sentir segura. Draco não era seguro para ele mesmo.

Quando voltou a vê-lo pela segunda vez notou que ele parecia mais seguro e menos abatido, então achou que ele estivesse pronto para saber sobre o pai. Mas ela não esperava aquela reação dele. Draco não demonstrou nada e depois ficou estranhamente quieto. Gina achou que a noticia o tivesse abalado, mas ele não queria demonstrar.

No entanto só na última visita que fez a ele, foi que percebeu o quanto o estado de Draco era preocupante. Muito mais magro do que a primeira vez, calado e sem reagir às demonstrações de afeto dela. Era apenas a sombra do Draco que conhecia. Precisa tirar ele urgentemente dali.

Sua família ainda não entendia aquela ligação com Draco. Rony não andava falando com ela, e Carlinhos e Hermione eram os únicos que pareciam apóia-la. Seu suposto namoro com Harry havia sido terminado um pouco depois do ataque a Hogsmeade, quando já tinha provado que ela não estava sobre nenhum feitiço. Terminou sem remorso ainda mais depois de ficar sabendo que Harry vinha tendo um caso com Luna há algumas semanas. A guerra estava por um triz e as chances de ganhar ou perder pareciam às mesmas.


Draco olhou ao redor de maneira vaga. Passou a mão pelo cabelo, sentindo os fios embaraçados. Ali era tão úmido, lembrava um pouco as masmorras e a sala comunal da Sonserina, mas pelo menos em Hogwarts, mesmo que se tratasse de uma masmorra, tinha conforto e porque não dizer até aconchego ao seu modo de ver.

Seu pai estava morto, e não tinha noticias de sua mãe. Ele era mantido em uma área isolada de outros comensais, não tinha contato com ninguém e Gina não vinha vê-lo já havia uma semana. Começava a sentir suas forças irem se esvaindo. Tinha uma vaga lembrança das conversas com Gina e tentava se agarrar às promessas dela de tirá-lo dali.

Olhou através do vidro transparente vendo algo que chamou sua atenção. Olhou bem para ter certeza que não estava tendo um delírio, era a única coisa que faltava. Mas mesmo ela estando tão diferente ele não poderia deixar de reconhecê-la.

Eve Nayore.

Um pouco confuso, viu ela ser escoltada por dois guardas, os cabelos pretos escondendo um pouco o rosto. Sabia que Nayore estava ali, mas não a tinha visto nenhuma vez. Agora parecia que ela estava sendo transferida para a mesma área que ele: a dos presos que não apresentavam grande perigo. Mas ele sabia que Nayore era uma assassina fria de trouxas. Ele ao menos nunca sujou suas mãos com isso.

Ela olhou em sua direção e ele teve a impressão de um ver um fino sorriso passar pelos lábios dela. Algo estava errado. Nayore deveria estar junto dos outros comensais.

Depois de algumas horas, Draco viu Nayore sentada em um dos bancos ao canto do pátio. Precisava saber o que ela fazia ali no mesmo local que ele. Talvez ela também estivesse passando informações para a Ordem, mas ele sabia que Eve não era nem um pouco confiável.

- O que faz aqui, Nayore? – Perguntou ríspido quando se aproximou dela.

Eve lhe deu um sorriso de desdém e não disse nada. Parecia tão ou mais perturbada do que ele. Azkaban mesmo sem os dementadores ainda deveria ter a energia negativa deles. Às vezes Draco tinha a impressão que a prisão sugava suas forças aos poucos.

- Me responde. – Falou impaciente.

- Cuidado com o seu tom de voz Malfoy, agora não tem mais o seu pai para te proteger. – A voz dela saiu zombeteira. – Sabia que a vadia da sua mãe está aqui também?

No mesmo instante Draco partiu para cima dela a segurando pelo pescoço.

- Não ouse falar da minha mãe assim, Nayore. – Os olhos dele transpiravam ódio.

- Ou você vai fazer o que? Me matar? – Sibilou baixo, sentindo a pressão da mão dele em seu pescoço. – Então você ainda continua se cortando, Malfoy. Você é patético. Por que não acaba de uma vez com a sua vida?

Draco a soltou olhando para as próprias mãos. Os cortes agora eram tão visíveis. Gina não ia gostar daquilo.

- Eu deveria ter deixado você morrer naquele banheiro. E não ter dado um jeito do Zabine e lá atrás de você. – Ela disse sem parecer pensar muito. – Você era uma presa tão fácil, Malfoy.

- Por que você fez aquilo?

- Você tinha que ser útil para alguma coisa. Nunca quis se tornar um comensal de verdade, eu sabia disso, eu te observava. Porque você era filho de um dos que pertenciam ao circulo intimo do Lord, você era um exemplo, Draco. – O Tom dela era de adoração mesclado com ódio. – Só que você nos decepcionou, se envolveu com uma Weasley, uma adorada de sangue ruins e trouxas...

- Ela era sua amiga.

- Só na cabeça dela. -Vocifeirou com sarcasmos. -Eu tinha que disfarçar, dissimular, ficar amiga da namoradinha do Potter, saber os segredos dela. Mas aquela estúpida sempre foi meio desconfiada e não contava as coisas pra mim, sempre corria para a sonsa da Thamy... E depois ela se envolveu com você...

Draco tentou assimilar o que ela dizia. Aquela garota era completamente maluca.

- Eu já sabia que você estava perdido, que não serviria mais aos propósitos do Lord por conta dela, então você tinha que me ser útil de alguma forma. Imagine só, ter o sangue de uma das famílias mais puro sangue e respeitada. Eu não queria te matar... Eu só queria o seu sangue em mim.

- Você não fez o encantamento do Lord? – Draco ficou visivelmente pálido, enquanto Nayore sorria com deboche. – Ora, sua vadia, você usou meu sangue.

- Só assim eu poderia fazer parte dos planos do Lord. Minha mãe não era puro sangue então...

- Você é doente ou que? Isso não faz sentido.

- Você está reclamando do que? Só eu tenho seu sangue. Sou eu que estou ligada a você.

- Cala a boca. – Ele gritou. – Você disse bem, só você tem o meu sangue, eu não tenho o seu, não estou ligado a você.

- Agora não importa mais. – Eve concluiu cansada. – Estamos presos mesmo, não podemos fazer mais nada pelo Lord. Mas eu vou sair daqui Malfoy e a primeira coisa que vou fazer é acabar com a sua ruiva, para vingar sua traição ao Lord.

Draco avançou mais uma vez nela.

- Você não vai encostar em nenhum fio de cabelo dela. – Estava completamente descontrolado. Começou a sufocá-la, apertando com força o pescoço dela, sendo impedido a tempo pelos guardas de Azkaban.


Batia os pés impaciente no assoalho de madeira, esperando todos saírem. Ainda não entendia porque não podia entrar também, afinal era algo do seu interesse. Estava extremamente ansiosa. Os dois meses que Draco havia passado em Azkaban foram os mais angustiantes para ela. A cada visita que fazia sentia deixar uma parte de si naquela prisão.

A guerra havia acabado a exatas três semanas. Harry teve a tão temida batalha com Voldemort, venceu, mas ainda estava no hospital se recuperando. Gina foi visitá-lo na noite passada no St. Mungus. Ele estava em coma, e Luna e sua mãe não saiam de perto dele. Rony, depois de quase perder o amigo, voltou a falar com Gina como se tivesse medo de perdê-la também, e parecia não querer desgrudar um segundo sequer de Hermione.

Finalmente o julgamento parecia ter terminado. As portas se abriram e os poucos bruxos que estavam lá dentro começaram a sair. Gina esperou ansiosamente pela saída de Draco, primeiro viu Snape para em seguida Draco sair, com cara de poucos amigos, Blás surgiu ao lado dele, dando tapinhas em suas costas, tentando animá-lo.

Dumbledore surgiu por último parecendo estranhamente animado, como Gina já não o via há muito tempo. Alguns bruxos idosos o detiveram para uma breve conversa e Gina voltou sua atenção para Draco.Caminhou ao encontro dele e quando chegou perto literalmente pulou em cima dele o abraçando. Draco de imediato pareceu sem jeito, mas a apertou forte entre seus braços, enquanto Blás ria da cena e Snape virava para o lado como se não quisesse ver nada.

- Então, você está livre? – Ela perguntou ainda abraçada a ele.

Snape se afastou parecendo aborrecido por os dois não se largarem e Blás continuou do lado com um ar extremamente feliz.

- Vou ter que prestar serviços comunitários por pelo menos um ano.

Draco fez uma careta e ela o abraçou com mais força, feliz em saber que Draco não voltaria para aquela prisão. Ele deu um tímido beijo em sua bochecha, enquanto as pessoas passavam e olhavam para os dois abraçados.

- Draco, isso é ótimo. Você só vai precisar fazer serviços comunitários.

- Você acha isso pouco? Eu vou ter que prestar serviços comunitários por ter apenas entrado nos "Comensais da Morte". Afinal ninguém tem nenhuma acusação verdadeiramente séria contra a minha pessoa.

- Ah, Draco, você sabe que no fundo merece muito mais.

- Ele está irritado porque isso tudo foi idéia de Dumbledore. Ele só ia prestar três meses, já que ficou esse tempo em Azkaban, mas Dumbledore fez questão que fosse um ano. – Blás disse com um ar debochado. – E sabe qual é a melhor? São serviços comunitários para trouxas. Ou seja, ele não vai poder usar uma mágica sequer. Irônico, não?

Draco pareceu se irritar mais ainda e Gina o beijo nos lábios achando graça da cara que ele fazia. Agora ela podia cuidar do seu Draco e já sabia qual a primeira providencia que tomaria.


- Não, Virginia, pode esquecer. Eu não vou há lugar nenhum.

- Draco Malfoy, você vai por bem ou por mal, me entendeu?

- Nem venha com essa camisa pra perto de mim. Eu vou ficar aqui em casa descansando. – Ele se afastou de Gina que trazia a camisa preta na mão.

- Mas eu já marquei! – Ela exclamou exasperada indo atrás de um Draco sem camisa.

- Eu disse a você que não ia e que era pra você não marcar. Agora se vira.

- Deixe de ser infantil e venha comigo logo de uma vez. Nós vamos nos atrasar.

- Querida, se você não notou, nós nem sequer vamos chegar lá. – Ele disse irônico descendo as escadas. Ela continuou indo atrás dele.

- Draco, se você não vestir essa camisa agora e não for comigo eu vou fazer greve. – Gina tentou sua última cartada.

- De que? Posso saber? – Ele berrou mais na frente quase chutando um dos elfos da sua mansão.

- Você sabe muito bem de que.

Draco parou no mesmo instante e se virou para ela.

- Virginia, você está jogando sujo. – Disse cruzando os braços e batendo os pés lembrando uma criança mimada.

- Você não me deu escolha. – Ela chegou perto dele e lhe deu a camisa preta.

Draco a vestiu a contragosto, olhando feio para Gina. Quando ele terminou, ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo em seu nariz.

- Vai dá tudo certo meu amor. Não precisa ter medo.

- Me poupe Virginia. Eu não estou com medo.

Ela achou melhor ignorar a última frase dele e perguntou:

- Está pronto?

Ele deu uma analisada em si mesmo.

- Acho que sim. Você já me fez vestir a calça, calçar os sapatos e agora a camisa.

- Então já podemos aparatar. – Ela disse e Draco confirmou fazendo um aceno positivo. Os dois aparataram juntos aparecendo em uma sala com paredes brancas e teto azul.

Draco foi se sentar em um dos sofás, enquanto Gina foi falar com a moça que estava atrás de uma mesa. Ele viu a moça dizer algo sorridente, olhar um pergaminho em cima da mesa, disse mais alguma coisa a Gina e se levantou indo em direção a uma porta mais pra esquerda.

Gina foi até Draco e segurou a mão dele.

- É naquela sala ali. – Ela apontou para a sala que a moça abria a porta.

- Você não vem comigo? – Ele perguntou incerto. Gina fez que não com a cabeça e soltou a mão dele.

- Mas estarei esperando você aqui.

Draco viu o sorriso reconfortante dela e foi até a sala onde a moça o esperava. Entrou e logo em seguida a moça fechou a porta voltando para a sua mesa.

- É seu namorado? – Ela perguntou educadamente.

- É sim. – Gina respondeu sorrindo e pegou uma revista para folhear.


Draco agora estava deitado em um enorme divã, seu desconforto (apesar do confortável divã) era visível. O doutor estava sentado de frente para as costas do divã, por isso Draco não podia vê-lo e isso o incomodava. O homem que se chamava Norton Benham já havia perguntando algumas coisas de praxes para ele, perguntas que Draco respondeu sem nenhum problema, mas sabia que a qualquer momento viriam as que ele não queria responder.

- Sr. Malfoy por que decidiu procurar ajuda?

- Não fui eu que procurei por ajuda. Foi a minha namorada. – Respondeu a contragosto e deixando isso visível no tom de voz.

- E qual o seu problema?

Draco ficou calado durante alguns instantes. Não era tão simples assim falar sobre aquilo, às vezes achava que nem ele sabia por que. Só estava ali porque essa era uma das muitas exigências de Gina.

- Eu costumo me cortar, às vezes. – Disse direto, querendo que aquilo acabasse de uma vez.

- Por que? – O doutor falava neutro e de maneira calma.

Draco pareceu respirar um pouco pesado antes de responder.

- Para esquecer... – E ele agora entendia o porque daquele divã ficar de costas para o doutor. Não conseguiria responder daquele jeito se estivesse cara a cara com alguém.

- Esquecer o que exatamente, Sr. Malfoy?

- Esquecer... quando algo machuca, quando não me sinto bem por dentro.

- A dor física faz o Sr. esquecer a emocional?

Draco já estava se irritando com aquilo, mas ele confiava em Gina. Se ela havia dito que aquilo resolveria o seu problema então porque não tentar. Ia fazer do jeito que ela havia dito: contar tudo que ele perguntasse sem receios nenhum, aquilo nunca sairia daquelas paredes.

- Sim. Pelo menos ajuda um pouco. – Esfregou as mãos de leve.

- Sr. Malfoy, sei o quanto essas perguntas o incomodam, mas é necessário. O Sr. quer se tratar, certo? Então o primeiro passo para isso é admitindo que tem um problema e que quer ser ajudado. Eu vou precisar saber de varias coisas: sua infância, seus tempos de colégio, seu relacionamento com os seus pais e amigos. Tudo isso é necessário para que cheguemos a raiz do problema e podermos resolvê-lo.


Draco saiu da sala se sentindo mais leve. Não tinha o habito de contar seus problemas. Contava alguns deles para Gina, só que ela era diferente de todos. Chegar em um consultório e contar tudo a uma pessoa que ele nem sequer conhecia direito era por demais estranho. No entanto tinha que admitir que foi reconfortante, mesmo que não tivesse respondido todas as perguntas com exata precisão.

Observou Gina folheando uma revista interessada e se aproximou dela devagar.

- Podemos voltar para a minha casa agora e descansarmos?

Gina levantou os olhos para ele.

- Já? – Ela olhou para o relógio na parede. – Nossa nem vi o tempo passar. – Draco segurou sua mão e ela se levantou. – E ai, como foi? – Deu um beijo nos lábios dele antes de ouvir a resposta.

- Hum... ele perguntou algumas coisas. E disse que eu vou ter que vim aqui pelo menos uma vez por semana durante um certo tempo, mas que praticamente metade do problema já foi provavelmente resolvido.

- Como assim? Metade do seu problema foi resolvido em apenas uma hora? – Olhou para ele com cara de duvida.

- Não nessa uma hora. Mas sim desde que eu estou oficialmente namorando uma certa ruivinha. – Passou a mão pela cintura dela, enquanto andavam para sair do consultório.

Gina corou com o que ele disse.

- Foi o medico que disso isso?

- Não assim exatamente. Ele disse que o fato deu não vim me cortando nos últimos dois meses significava algo. Então eu disse que quando estava com você eu não fazia isso, não precisava. – Ele disse com uma estranha naturalidade. A ligação entre eles já era tão forte que Draco falava as coisas para Gina assim sem dificuldade

- Hum...

- Ai ele falou que isso era bom, mas que teríamos que trabalhar melhor o problema porque ele disse que nem sempre um relacionamento é estável e que talvez no primeiro desentendimento que tivéssemos a partir de agora eu poderia ter uma espécie de recaída.

- Ah, eu concordo com ele, Draco. Sei que você não gosta dessa idéia, mas é uma possibilidade que temos que pensar.

- Eu disse ali que não me importava. Que sabia que nos íamos brigar muito ainda, mas contanto que eu soubesse que a gente faria as pazes não teria nenhum problema. – Conclui mexendo nos cabelos dela e envolvendo com mais força a sua cintura.

Gina não resistiu e sorriu para ele, agora também envolvendo a cintura dele com uma das mãos.

- Portanto que você esteja sempre aqui comigo nada mais importa.

A voz dele saiu um pouco baixa, mas o suficiente para ela ouvir.

- Que tal irmos tomar um soverte, Draco? – Perguntou marota. Ele concordou. – Eu também te amo, meu amor.

Draco a olhou comicamente estranho.

- Eu disse algo antes pra você poder falar esse também no meio da frase?

- Foi o resumo de tudo o que você disse nesse instante. – Ela deu de ombros e depois sorriu com a cara sem jeito dele. – Você praticamente disse que me ama, estava nas entrelinhas.

E ele se viu tento que concordar com ela. Enquanto andavam pelas ruas do Beco Diagonal tranqüilamente e conversavam.


N.A: É, esse não foi o último capítulo. Ia ficar muito grande, sabe. E eu queria um último capítulo todo fofinho, esse teve um clima meio pesado. Mas vocês não podem reclamar muito, tudo já foi praticamente acertado, agora eu só vou mostrar mais algumas coisinhas, acho que esse último capítulo vai ser uma espécie de epílogo. E eu sei que disse que não ia demorar muito, era para eu ter publicado esse capítulo a umas duas semanas atrás pelo menos, ele já estava prontinho, mas meu computador morreu de vez. Assim que ele chegou e ajeitaram todinho aqui eu vim publicar esse capítulo.

Amei as reviews de vocês, são muito fofas. Carol Malfoy Potter, Miaka, Rafinha M. Potter, ChunLi Weasley Malfoy, Ronnie Weezhy, Bel4, aNiTa JOyCe BeLiCe, Julia Malfoy, Lele, Fefys.

Bjokinhas!