Capítulo 18: Era você
Com as mãos passando de leve por sobre a grama, Draco se perguntou o que vinha acontecendo com ele ultimamente. Não que ele não entendesse tudo ao certo, ele só queria um explicação plausível para as coisas terem se desenrolado daquela maneira, e agora diante dos seus pensamentos tudo parecia se encaixar perfeitamente. Ele nunca imaginou que teria algo com o que se preocupar que não fosse consigo mesmo, chegou um tempo que nem com si próprio se preocupava mais, até que a conheceu. Foi ai que viu que havia um motivo para estar ali.
Mesmo assim ele queria uma explicação para tudo naquele momento ser assustadoramente perfeito.
Ainda passava as mãos pela grama, as costas encostadas na árvore. Estava ansioso! Draco Malfoy, as vezes, não se reconhecia mais, mas só de vez em quando, mais especificamente quando era acometido por essas 'crises de questionamento'. E naquele exato momento ele se perguntava o por que de estar nos arredores da Toca. Certo! Ele sabia muito bem qual o motivo, mesmo assim poderia ter escolhido algum outro lugar, um que fosse mais a sua cara ou sofisticado como ele bem gostava. E não um lugar extremamente verde, cheio de árvores e flores e com uma casa torta ao longe.
Oh, sim! Não era a sua cara. Era a cara dela. E naquele momento isto era o que importava. Isso significava que aquele Malfoy estava deixando de ser egoísta? Ou que estava... como é mesmo aquela palavrinha que começa com a?
Era bom parar de pensar essas coisas. Até porque ele não tinha mais duvida sobre essa parte do assunto.
Então, ele ordenou ao seu cérebro que parasse imediatamente com aqueles questionamentos e pensasse no que diria a ela. Pessoas perfeitas como ele (e esse é um ponto de vista dele) têm sempre a capacidade de improvisar, não precisam ficar treinando o que irão falar, sempre sabem o que dizer e como dizer. Mas naquele momento ele já não estava mais tão seguro em relação a isso.
E acabava sempre voltando para o mesmo ponto de questionamento. Quando ele havia mudado? No mesmo instante que voltava para esse mesmo ponto avistou, ainda um pouco longe, os cabelos flamejantes sob a luz do sol. Era um fim de tarde agradável, com uma temperatura amena e com cheiro de flores no ar. Primavera! O vento passava de leve em seu rosto e esvoaçavam um pouco os cabelos da ruiva que parecia vir vagarosamente lá longe ainda.
Ele podia não saber o que dizer nem como dizer, mas seja lá como dissesse ela o entenderia. Ela sempre o entenderia, por mais complicado que ele fosse.
E com esse pensamento ficou mais tranqüilo. Esperando que ela chegasse até ele com calma. Em uma paciência que ele desconhecia. Valia a pena apreciar aquele momento devagar e gravar cada detalhe na memória. E não pense que Draco Malfoy estava preste a pedir Virginia Weasley em casamento. Não! Ele tinha algo mais importante a dizer e tinha relação a como tudo começou...
Gina finalmente chegou onde Draco estava sentado. Parou em frente a ele e o observou: figurino preto, mãos passando de leve pela grama, cabelos não tão alinhados por conta do vento e os olhos pousados nela. Sorriu para ele antes de se sentar ao seu lado.
- Você está aqui há muito tempo? – Perguntou sem olhá-lo e pousando suas mãos em cima da dele que passeava pela grama.
- Não muito. Teve problemas para sair de casa? – Ele achava que o pequeno atraso dela poderia ter sido causado por implicância dos irmãos dela.
- Ah não! Eles já não encrencam mais com isso. Rony está começando a se conforma (eu acho), e bem, Rony era o mais difícil de todos.
- Então por que se atrasou? – Não acreditava muito que Weasley estivesse começando a se conforma como ela havia dito, mas achou melhor deixar Gina se iludir com essa possibilidade.
- Estava ajudando a mamãe com um bolo. E antes que eu me esqueça, ela te convidou para ir lá comer um pedaço.
- Você sabe que eu até apreciou a comida da sua mãe, mas com todos os seus irmãos lá dentro eu prefiro recusar o convite.
- Ora, vamos! Carlinhos está lá e ele até simpatiza com você.
- O único por sinal!
A relação de Draco com a família de Gina até que não era tão ruim assim como se esperava. A Sra. Weasley o tratava quase como um filho depois de Draco ter contado como salvar Carlinhos. O Sr. Weasley sempre o tratava com educação, mas ainda havia um certo constrangimento por ser filho de quem era. E Carlinhos era o único dos irmãos de Gina que parecia achar Draco o par perfeito para irmã. Certo, havia gratidão ali pelo que Draco tinha feito, e Carlinhos sabia que tudo tinha sido por causa de Gina. Isso para ele era o suficiente para mostrar que Draco a merecia. Já os outros irmãos de Gina não eram nem um pouco agradáveis quando Draco aparecia e sempre tinham que serem contidos pela Sra. Weasley. Mas Gina sabia que um dia eles se acostumariam com aquilo. Ou pelo menos ela tentava muito acreditar nisso.
- Gina? – Draco a chamou passando a mão no cabelo dela.
- Hum!
- Você já parou para pensar quando tudo isso começou?
- Tudo isso o que? – Se virou um pouco para poder encará-lo. Draco manteve um pouco a cabeça baixa, mas a encarou antes de falar:
- Eu e você. – Explicou.
Gina aproximou seu rosto do dele tocando a bochecha com os lábios, desceu um pouco até chegar à boca de Draco e começou a beijá-lo, mas antes que ele pudesse aprofundar o beijo ela se afastou.
- Já pensei nisso e nunca consigo chegar a um verdadeiro motivo. – Voltou a beijá-lo, as mãos no rosto dele. Dessa vez foi Draco que se afastou.
- Mas você não tem vontade de saber como começou?
Gina levantou uma sobrancelha. Era impressão sua ou ela sentiu um tom meio aflito naquela pergunta.
- Draco, não há um motivo nem um começo exato. Simplesmente começou! É assim que eu vejo tudo. O que importa é estarmos juntos.
Ele pareceu se conforma com a resposta dela. Gina passou a mão pelo rosto dele e querendo descontrair o namorado perguntou:
- Você já pensou em deixar a barba crescer?
Draco a olhou incrédulo.
- Isso nunca ira acontecer. Acredite! E nem me venha dizer que acha sexy ao algo do tipo. – Fez um ar de indignado.
Gina começou a rir, passando os braços em volta do pescoço dele.
- Só estou brincando! – Seus lábios foram suaves para o pescoço do loiro, dando um beijo de cada lado. – Como anda seu tratamento.
- Que tratamento?
- Com o psicbruxo?
- Oh, não é um tratamento. São apenas conversas. – Respondeu, parecendo irritado. – E anda como sempre. Não sei nem porque continuo indo lá. Acho que já posso parar, é uma hora do meu tempo desperdiçado.
Gina revirou os olhos.
- Você só vai parar as consultas quando o doutor disser que você pode parar. – Disse como quem encerra a conversa.
- Ele nunca vai dizer isso. Ele quer o meu dinheiro. Só quando eu ficar miserável, o que nunca vai acontecer, é que ele vai dizer que posso parar.
Gina começou a rir sendo acompanhado por Draco. Até que ele parou e passou a olhá-la seriamente.
- O que foi, Draco? Algum problema?
Draco não respondeu. Ao invés disso passou seus dedos pelos lábios dela.
- Seu perfume continua o mesmo. – Ele tinha pensado isso e nem seu deu conta que falou em voz alta.
- Você não gosta? – Draco riu diante da cara confusa dela.
- Claro que gosto. – Fez com que ela se sentasse entre suas pernas, a cabeça encostada em seu peito, os braços em volta dela e o rosto entre o pescoço da ruiva. – Eu tenho algo pra te contar.
- Conta. – A voz dela saiu doce e Draco se pegou sorrindo.
- Você realmente não sabe quando começou? – Quis saber em divertimento.
- Eu já disse a você que...
- É, você não sabe mesmo. – A interrompeu falsamente decepcionado.
- Draco, eu... isso é difícil, você sabe... – Gina falava desconcerta. Era quase a mesma coisa que não lembrar a data de aniversario de namoro.
Draco se divertia com a situação, sem deixar que ela percebesse,claro. Fez com que Gina se sentasse um pouco de lado para que pudesse olhar para ela e ver sua reação. Era um momento para ser guardado na memória.
- Desculpe, mas nós começamos tão de repente e sem muitas explicações. – Não esperava que Draco fizesse tanta questão de lembrar essas coisas. – Espera ai! Você lembra como começamos?
- Claro que lembro, sua insensível. A sem consideração aqui é você.
Draco fez bico e Gina não sabia como reagir, parecia ate que os papeis se invertiam. Pensou em pedir desculpa mais uma vez, só que ainda tentava se lembrar. Se Draco lembrava, ela também poderia lembrar, certo? Mas não vinha um momento exato em sua mente, há não ser... a biblioteca!
- A biblioteca! – Falou com um ar entusiasmado, mas logo desfez esse ar com a cabeça de Draco balançando negativamente. – Como não? Foi lá sim, depois que você...
- No começo do seu sexto ano você apareceu em um corredor escuro próximo ao corujal... – Draco começou a contar como quem conta uma historia para uma criança.
E antes que ele terminasse, algo se acendeu na cabeça de Gina. Os olhos brilharam e a pergunta que fez foi mais uma afirmação.
- Era você!
FIM
N.A: Depois de 1 ano e 8 meses eu consegui terminar essa fic. Foi a que eu mais demorei, mas sem duvida a mais longa também. Espero que vocês tenham gostado desse final que foi mais para mostrar como ficou a relação deles e para o Draco contar o que a Gina não sabia desde o começo da fic. Eu queria colocar o nome de cada um aqui que deixou review, mas fiz isso em todo o decorrer da fic e vocês foram muito importante para que eu pudesse continuar escrevendo, então agradeço a todos vocês. Eu sinceramente não to sabendo como encerrar essa N.A., to ficando triste e feliz também por finalmente ter terminado esse meu bebê. Espero que tenham gostado desse final e outras mais viram, só não sei se vou enredar pro lado do drama de novo. Bem, vocês devem ter notado como a coisa toda foi ficando romântica e açucarada demais mais pro final. Fazer o que? Eu gosto assim!
Acho bom terminar por aqui antes que eu mude de idéia e queira escrever mais capítulos porque eu to começando a ter idéias e logo, logo isso vira uma comedia.
Bjinhos e até a próxima!
