Oie, people! ^-^ No final das contas acabei me empolgando com esta fic, espero que vcs estejam gostando. Muitas coisas serão ditas neste capítulo, talvez vocês não entendam muito bem, mas vocês já sabem que tudo nas minhas fics tem um motivo, não? Caso eu esteja sendo confusa demais, não se sintam incomodados em me incomodar (esta foi tosca -_- aiai, só eu), eu explicarei de bom grado qualquer dúvida, adoro comentar fics ^-^ Sejam eles meus ou não. Mas já falei demais, ainda mais devido ao Big Comentário final, acho bom vocês lerem, não é só encheção de lingüiça, acho que pode esclarecer alguns pontos que talvez eu tenha deixado confuso durante este capítulo. Agora tá bom ^^" Espero que curtam!

Capítulo5: Desentendimentos

Tomoyo (em meio a risadas): 'Então vocês já se encontraram, ou melhor, se reencontraram'.

Sakura (sorrindo de lado): 'Isso mesmo. E foi muito bom ver a cara de bobo dele quando percebeu quem eu era. Tive que me esforçar para não cair na gargalhada.'

Tomoyo: 'Nem estou te reconhecendo, Saki-chan. Você é muito má quando se trata de Li Syaoran.

Sakura (cruzando os braços e fechando os olhos emburrada): 'Hunf, isso é pouco para aquele arrogante.'- Tomoyo simplesmente sorriu enigmática e devido ao repentino silêncio, Sakura se voltou para o relógio. - 'Aiaiai! Estou atrasada para minha primeira consulta!' - disse desesperada.

Tomoyo (sorrindo marota): 'Novidade... Quer ajuda ou vai sozinha?'

Sakura: 'Vou só, a biblioteca fica perto desta sala.'- Se despediu da prima e seguiu em direção ao local em que teria suas consultas.

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Sakura (abrindo a porta afobada): 'Gomenasai, estou atrasada.'

Syaoran (sentado em uma poltrona e sorrindo de lado): 'Isso eu já notei, Srta. Kinotomo.' - E reforçou o pronome de tratamento. Sakura olhou feio para seu psiquiatra debochado e deslizou sua cadeira de rodas até ficar a uns dois metros de distância do rapaz.

Sakura: 'Então podemos começar.'

Syaoran (sorrindo irônico): 'Ainda temos muito tempo, não se afobe. Nem nos apresentamos corretamente e você não prefere este divã à esta cadeira?'

Sakura (indiferente): 'Estou bem aqui. Como já deve ter percebido devido ao nosso "inesperado encontro"...'- E sorriu de lado ao lembrar, encarando a reação do rapaz, que continuou lhe sorrindo, parecendo não se afetar com suas palavras - '... e mesmo que meu irmão não nos tenha apresentado formalmente, sou Kinomoto Sakura'. - E fez uma mesura leve ao rapaz que devolveu seu gesto.

Syaoran (ainda sorrindo): 'Li Syaoran, seu novo psiquiatra, como já deve saber. Pena ser como paciente que lhe conheci, pois seria uma agradável surpresa se fosse em melhor ocasião.'- Sakura não conseguiu perceber se ele estava sendo irônico ou se dizia a verdade, permaneceu em silêncio, observando aquele rosto que sempre lhe recordava deboche e arrogância. - 'Bom, já que fomos apresentados, acho que podemos começar com nossa consulta.

Sakura (encostando-se em sua cadeira e cruzando os braços, sorriso irônico): 'Mal posso esperar...'

Syaoran (devolvendo a expressão de deboche): 'Muito bem, senhorita... Como se sente hoje?'

Sakura (indiferente): 'Bem...'

Syaoran (mudando a expressão para uma séria, fixando seus olhos penetrantes nos da garota): 'Espero que fique bem claro que aqui teremos uma relação psiquiatra/paciente. Tem que me dizer tudo o que sente, senão não poderei fazer muito por você.'

Sakura (passando a encará-lo séria): 'Certo, tentarei fazer como me pede.' - Respirou fundo para continuar. - 'Acordei na expectativa de conseguir algum progresso na fisioterapia se me sair bem aqui... e ainda me sinto assim...' - Syaoran não desviava seu olhar da garota, mas Sakura mudou sua expressão e sorriu irônica - 'Além de muito satisfeita ao me lembrar do nosso encontro de ontem, que foi muito "interessante" diga-se de passagem.' - Syaoran não conseguiu resistir e sorriu, Sakura continuou no mesmo tom - 'Só espero que não fique flertando com toda empregada ou moradora desta casa, quem sabe desta cidade. O senhor não me parece ser muito santo e as mulheres aqui são de "seguir tradições" - fez uma pose pomposa e Syaoran soltou uma gostosa risada, Sakura o acompanhou. Por um momento o clima pesado entre eles pareceu se desvanecer.

Syaoran (parando de rir): 'OK, senhorita Kinomoto. Primeiro, eu não sou tão mulherengo assim, não se preocupe, não vou fazer nada com suas criadas. Segundo que também achei interessante nosso encontro, não sei se posso dizer se positiva ou negativamente.' - E fez uma pausa sorrindo irônico. - 'Terceiro que provavelmente não iria me interessar pelas mulheres daqui, sinceramente não gosto muito de tradições.' - Sakura sorriu com o comentário.

Sakura: 'Falou igual ao meu irmão.' - Riu da cara de desagrado que se formou na face do rapaz. - 'Pelo que vejo não foi com a cara dele, não é mesmo?'

Syaoran: 'Acho que foi ele quem não foi com a minha. Ficou olhando desconfiado para mim ontem o dia inteiro.' - disse lembrando-se do olhar frio que lhe seguiu durante toda a noite durante a hora do chá e o jantar, não era o mais compenetrante olhar frio que já recebeu, mas não era um dos piores. Mas subitamente Syaoran voltou a ficar sério, parecendo se lembrar que aquilo não era uma conversa entre amigos. - 'Certo, certo... vamos continuar. E como você costuma se sentir durante o dia-a-dia?'

Sakura (depois de pensar um momento): 'Nos primeiro minutos me sinto bem... Mas logo que me dou conta da realidade...' - ficou com um ar triste e Syaoran se remexeu na poltrona, voltando a escrever evasivamente.

Syaoran: 'O que quer dizer com "realidade"?'

Sakura (desviando o olhar, mas ainda melancólica): 'A realidade em que meu pai não está mais presente...' - Syaoran olhou pela primeira vez com pena da garota, mas sua posição mantinha-o aparentemente indiferente, o que sempre procurava demonstrar aos seus paciente. - 'Além de que o fato de me encontrar nesta cadeira de rodas não me agrada nem um pouco.' - Sakura fez uma cara de emburrada que Syaoran tinha certeza já ter visto antes, mas onde?

Syaoran e Sakura nem pareciam aqueles dois jovens implicantes de momentos antes. Estavam concentrados e sérios. Syaoran fez muitas perguntas: a infância dela, a presença dos pais, família e colegas, estudos, gostos, medos (o que levou certo tempo para Sakura responder e uma resposta um tanto quanto infrutífera, pois Sakura só admitiu seu medo por espíritos e Syaoran resolveu não insistir, já era incomum uma jovem daquela idade ter medo de "fantasmas", seus outros medos ele descobriria com o tempo), perguntou sobre seus momentos marcantes, tanto felizes quanto tristes, melhores amigos e o que ela fazia do dia-a-dia. Apesar da relutância inicial e da falta de aceitação de ambas as partes em relação ao outro, eles até que estavam se entendendo.

Contudo, não foi apenas sobre a vida de Sakura que os dois conversaram, com perspicácia Syaoran tentou várias vezes descobrir algo sobre Yukito através da moça, mas a menina se mostrava vaga em suas respostas, levando o rapaz a desconfiar de tal ato, vacilando em deduzir se Sakura fazia pouco caso em relação a Yukito ou se ela tentava esconder algo. Achou mais provável a primeira opção.

Já Sakura se encontrava em outro dilema, se não fosse totalmente franca com o rapaz talvez não conseguisse muitos progressos com seu tratamento, por outro lado, se dissesse toda verdade, se encontraria em uma situação complicada, pois não seria difícil um psiquiatra, que tem que ser o mais atento a detalhes possível, acabar descobrindo sobre o fato de Sakura ter se passado por Yukito durante seu treinamento nas montanhas. Além disso, outra coisa que estava se mostrando muito difícil para a garota, era esconder seus poderes do rapaz, sabia que se caso se exaltasse, com certeza ele perceberia resquícios de magia nela e o que o que ela menos queria era que ele percebesse tal situação, algo que talvez fosse ainda mais perigoso para ela do que se fosse franca com ele quanto a relação entre ela e Yukito. Sakura estava exasperada, com certeza não tinha sido uma boa idéia permitir que ele fosse seu psiquiatra, maldita hora em que aceitou tal situação!

Contrário ao que se passava na cabeça da menina, ela tentava contar, com a maior naturalidade que conseguia transmitir, uma passagem de sua adolescência, durante sua festa de quinze anos: Quando dançou com o pai e como Touya ficou irado quando a viu dançando com um amigo de infância, Eriol. Este foi outro ponto que despertou a atenção de Syaoran.

Syaoran: 'E você conhece Eriol desde quando?'

Sakura: 'Hm... Desde meus onze anos. Ele sempre foi uma presença constante na minha adolescência, se não fosse por ele, não sei o que seria de mim hoje. Bom, meu pai era conhecido da família de Eriol e ele passou uma temporada aqui, tanto que foi ele quem me convidou a ir para...' - Sakura pareceu perceber que dissera algo errado e Syaoran pareceu perceber, pois voltou os olhos curiosos (e desconfiados) para ela.

Syaoran (encarando-a fixamente): 'Para...?'

Sakura (falando mais rápido que o normal): 'Para Inglaterra!' - Syaoran encarou-a firmemente, parecendo descrente. - 'Fui para lá com 16 anos e fiquei um ano conhecendo o país.'

Syaoran (perspicaz): 'Então seu inglês deve ser muito bom, não?'

Sakura (sentindo-se acuada): 'Er... mais ou menos... Na verdade eu só convivi com japoneses na maior parte do tempo. Não melhorei muito.'

Syaoran: 'Entendo...' - Sakura sentiu como se aquele "entendo" fosse mais um "duvido", mas não disse nada, tentando parecer a mais inocente possível. - 'E depois disso... o que fez?'

Sakura (aliviada por mudar de assunto): 'Bom, voltei para Tomoeda e durante o ano inteiro estudei para tentar recuperar o ano perdido.' - e fez uma pausa um pouco longa, chamando a atenção do rapaz. - 'Até que veio aquela noite em que...' - parou parecendo não conseguir continuar e novamente se sentiu triste.

Syaoran (encarando-a): 'Até que...?'

Sakura (depois de um longo suspiro): 'O assalto... a arma... meu pai...' - Mas não conseguiu concluir, porém Syaoran entendeu.

Touya e Meylin já haviam comentado sobre o aparente "trauma" da garota. E era para isso que ele estava lá, para saber se devido àquela noite em que a menina viu o pai morrer ela sofreu tamanho choque que, junto do ferimento que havia sofrido, contribuiu para que ela não conseguisse voltar a andar, era nesse ponto que ele tentaria se concentrar. Pois assim como Meylin, estava ali por ter uma missão para com o seu Clã, mas missão que não o impedia de cumprir seu dever como psiquiatra: ajudar a moça no que pudesse... e ele tentaria fazer ao máximo o que lhe foi cabido pelo irmão da garota. Um irmão que nitidamente demonstrava seu carinho e devoção pela jovem que, para ele, como psiquiatra, escondia algo atrás daquele ar irônico para com ele... uma menina que escondia, quem sabe, até sua verdadeira personalidade, que ele, surpreso, se viu tentado a saber qual era. Saiu de seus devaneios ao ouvir um soluço baixinho da garota, tinha a ligeira impressão que ela se esforçava para não deixar as lágrimas cederem "Como é tonta, aposto como é orgulho, não querendo que a veja chorar".

Syaoran (subitamente guardando suas coisas como se nada tivesse acontecido): 'Bom... Continuamos amanhã, já pode se retirar.'

Sakura (parecendo acordar de suas lembranças): 'Uh... ah, certo. Até...' - e saiu lentamente.

Vários minutos depois, assim que Syaoran terminou de guardar suas coisas e saiu da biblioteca, ainda pôde ver Sakura.

Syaoran: 'Ei, pode me dizer onde é o salão de jantar?'

Sakura (sem nenhum resquício de lágrimas e olhando-o debochada): 'Se vira...' - Syaoran ficou sem reação e ela sorriu de lado - 'Lá dentro eu sou a paciente, aqui continuo sendo a garota que não vai com a sua cara.' - e saiu sem dizer mais nada.

Syaoran (bravo): 'Filhinha de papai...'

***

Hong Kong - China.

Em um ambiente escuro, porém não o suficiente para impedir a visão de alguma pessoa, encontrava-se duas fileiras de grandes poltronas. Aqueles que se sentavam nas partes superiores, tinham poder maior do que aqueles que se encontravam na parte inferior e de longe, tal cenário poderia ser comparado a uma pequena escada de dois degraus, porém, com uma forma um tanto quanto ondulada. Podia ser comparado a um tribunal de grandes padrões.

Em tal cenário encontrava-se figuras encobertas pelas sombras, contudo, não eram todas as poltronas que eram ocupadas, uma delas estava vazia, há anos vazia. Enquanto outra estava temporariamente vazia. Quanto as outras, que somavam doze, estavam ocupadas por pessoas de aparência severa, mas parecendo serena, juvenil, porém com ar antigo. Vestiam túnicas antigas, as mesmas que seus antepassados costumavam usar, antigos magos e magas de grande poder, protegidos, cada um, por um espírito enviado a Terra por Deus.

Estes sentados pacientemente para, o que parecia, o início de uma reunião, eram os chamados anciões, protetores e conselheiros do poderoso e renomado Clã Li, o mais conhecido e mais antigo Clã de toda China.

Alguns segundos se passaram.

Ouviu-se o ruído de uma porta velha a ser aberta. O silêncio quebrado apenas pelos passos cuidadosos da figura que acabara de atravessar tal porta.

Voz masculina1: 'Quais são as notícias?' era uma voz severa entre as sombras do palanque.

Rapaz (de joelhos em posição submissa): 'De acordo com nossos espiões, eles ainda não as conseguiram.'

Voz masculina (ligeiramente alterado disse em tom baixo, com se para si mesmo): 'Aqueles dois rebeldes...' - levantou o tom de voz novamente se dirigindo ao rapaz de cabeça baixa no meio do salão. - 'Darei a eles quinze dias, caso não consigam nenhum progresso...' - fez uma ligeira pausa, um sorriso sinistro podia ser distinguido das sombras de onde a voz parecia vir - 'Entre em ação.'

O rapaz, ainda com a expressão neutra, acenou positivamente com a cabeça e depois de uma longa mesura respeitosa virou-se para se retirar do salão. O local ficou em silêncio por alguns segundos, até que o som da porta se fechando foi ouvido, ecoando por todo o salão.

Voz feminina1: 'Já perdemos muito tempo atrás delas. É realmente necessário que as consigamos?'

Voz masculina1: 'Fundamental. Vós sabeis que não temos outra alternativa, caso contrário pode ser o fim dela.' - reforçou a palavra "dela" como se dramatizasse a situação, houve alguns murmúrios entre os senhores e senhoras do local ao tocarem no assunto.

Voz masculina2 (num tom grave e forte): 'Não entendo com isso foi acontecer com ela. Os curandeiros já descobriram algo?'

Voz masculina1: 'Nada, nem os médicos nem os curandeiros. Parece que a situação é mais grave do que aparenta. Tratando-se de quem é, aquele jovem rebelde deveria estar mais preocupado.'

Voz masculina3 (uma voz calma): 'O garoto, apesar de tudo, tem noção das suas responsabilidades, não posso negar.'

Voz feminina2: 'Acho que não há motivos para tantas preocupações, senhores. O que for para ser, será.'

Voz masculina4: 'Ela tem razão, o fluxo do destino se encarregará do futuro.'

Voz feminina3: 'Ainda assim temo por ela.'

Voz masculina1: 'Tem razão, por isso temos que tomar nossas providências. Como ficou resolvido, se nesses quinze dias eles não conseguirem, Saigo entrará em ação.' - houve um murmúrio de aprovação, outros em dúvidas e preocupações e outros quietos, apenas aguardando o que iria acontecer.

***

Tomoeda - Japão, Mansão da família Kinomoto.

Voz masculina (furioso, socando a mesa a sua frente): 'Droga! Eu não acredito que eles vão se meter!'

Voz feminina: 'Shhh, desconte sua raiva com menos barulho, os Kinomoto podem ouvir.'

Voz masculina (tentando se acalmar): 'E quanto tempo nós temos, Meylin?'

Meylin (depois de um suspiro): 'Quinze dias. E eles ainda estão nos observando, Syaoran, observando nosso progresso.'

Syaoran (ainda irritado): 'Droga, já faz dias que comecei a cuidar da Kinomoto, mas ela ainda não me falou nada sobre quando Tsukishiro volta, estou começando a ficar impaciente.'

Meylin (sorrindo de lado): 'Diga-me o que eu já não sei.' - fez uma pequena pausa e suspirou enquanto se sentava na cama de seu quarto, de frente para o primo que olhava pela janela - 'E ninguém parece saber quando ele chega, parece que ele sempre viaja e nunca diz quando volta.'

Syaoran: 'Não foi assim que eu planejei que seriam as coisas.'

Meylin (sorrindo desapontada): 'Frustrante, não?'

Syaoran (virando-se para a prima e sorrindo com a mesma expressão): 'Nem me fale...' - fechou os olhos e suspirou, colocando as mãos no bolso e seguindo para a porta do quarto.

Meylin: 'Já está na hora da consulta?'

Syaoran (virando-se para Meylin): 'Sim... Vou ter que enfrentar aquela garotinha mimada de novo.' - disse fazendo cara feia, Meylin riu.

Meylin: 'Oras, ela não é má pessoa. Na verdade não entendi porque ela não gostou de você. Acho que ela associou o seu rosto com a conclusão que ela chegou de que psiquiatras só cuidam de loucos e "Ela não é louca" - disse imitando a voz de Sakura, Syaoran riu.

Syaoran: 'Pode ser....' - fez uma leve pausa pensando um pouco - 'Mas eu tenho a ligeira impressão de que ela me esconde algo. Você sabe que não é difícil eu perceber o que se vai na cabeça das pessoas, isso é fundamental para um psiquiatra, mas o problema é que eu não consigo identificar o que vejo quando tento decifrar o que se vai na mente dela.' - cerrou de leve os olhos, parecendo pensar com mais afinco - 'É uma sensação... de... familiaridade...' - Meylin olhou sem entender para o primo, ele pareceu perceber que devia estar falando besteira e recuperou o habitual ar de superioridade. - 'Bom, é agora.'

Meylin (sorrindo): 'Hehehe, boa sorte.'

Syaoran (fazendo cara de pobrezinho): 'Vou precisar...' - e Meylin riu gostoso enquanto o primo saía pela porta.

***

Quinze dias depois.

Voz feminina: 'Ah!!!! Me devolva já!!!!' - e um rapaz saía correndo pela biblioteca, evitando que a moça o alcançasse.

Syaoran (rindo provocante): 'Ah, agora sou eu que tenho que devolver, né dona Sakura!' - dizia ele para a menina que deslizava em sua cadeira de rodas tentando alcançá-lo, chamas nos olhos.

Sakura (furiosa): 'Ora, seu... Me devolva já, isso não é da sua conta, é algo particular!' - e o rapaz desviava dela novamente.

Syaoran: 'Então devolva meu caderno de anotações, eu sei muito bem que foi a senhorita que pegou ele hoje cedo.' - disse enquanto levantava o braço, evitando que ela alcançasse o livro.

Sakura: 'Grr!!! Eu só queria saber o que você anda escrevendo de mim! Eu tenho todo o direito!' - dizia ela esticando o braço o máximo que podia para tentar alcançar o pequeno livro branco nas mãos do seu psiquiatra. 'Eu não achei que você pudesse ser tão infantil, Li Xiao Lang!' - o rapaz parou de sorrir debochado na hora e encarou-a firmemente. Não notando por qual motivo, mas feliz por ele ter abaixado seu braço, Sakura conseguiu alcançar o livro das mãos do rapaz, mas ele não tentou evitar.

Syaoran (encarando-a sério): 'Como é que é?' - Sakura neste momento comprimia seu livro contra seu colo, em seguida virando a cadeira de rodas para se distanciar do rapaz, não pareceu compreender a pergunta.

Sakura (indiferente): 'Como é que é o quê?' - disse sem dar importância ao assunto.

Syaoran (caminhando lentamente até a moça): 'Do que foi que você me chamou?' - Sakura parou de empurrar as rodas de sua cadeira, finalmente entendo o que ele queria dizer "Como eu sou uma baka!" concluiu se batendo mentalmente.

Sakura (tentando disfarçar o nervosismo e virando-se para ele, que estava a poucos passos dela): 'Oras, pelo seu nome.'

Syaoran (não parecendo aceitar a resposta): 'Nunca te falei que meu nome é Xiao Lang.' - disse e Sakura engoliu em seco. - 'Fui apresentado como Syaoran, que é como os japoneses pronunciam meu nome, não como Xiao Lang.'

Sakura se sentiu encurralada, como iria responder a pergunta? E o pior! Sabia que não podia ser qualquer uma, o rapaz não era nem um bobo e mais uma vez o fato dele ser psiquiatra dificultava a credibilidade que suas mentiras pareciam ter. Era fácil para ele perceber se ela estava mentindo, podia perceber que ele via através de seus olhos, sabia que ele conseguia enxergar mais do que olhos comuns enxergam, conseguia enxergar sua alma e era isso que deixava Sakura tão nervosa na presença do jovem, fazendo-a transmitir um ar irônico toda vez que estavam perto, na tentativa de esconder seu verdadeiro "eu" para o jovem.

Porém este não era o momento oportuno para pensar em tais fatos, tinha que encontrar uma resposta convincente e sabia que teria que ser muito convincente. Estava começando a ficar mais nervosa que o costume e isso seria sua sentença, pois não faltava muito para ela se descontrolar e deixar seus poderes se revelarem, essa era a última coisa que queria. "Vamos Sakura, pense rápido..." Syaoran continuava a encará-la de maneira desconfiada, ela sabia que não tinha muito tempo.

Voz masculina (soando longe): 'Um cavalo se aproxima!' - por um momento Sakura se sentiu aliviada ao perceber que Syaoran parou de olhá-la, aquele olhar a fazia sentir-se um tanto quanto desprotegida. O rapaz andou até a janela do local, estavam no segundo andar da casa e ele parecia tentar descobrir quem era o vulto montado em um cavalo cinzento aproximando-se a galopes rápidos da mansão Kinomoto. Sakura aproximou-se do jovem e olhou para a janela, sentiu seu coração parar.

Sakura (em um sussurro): 'Não pode ser.'

***

Touya estava contente, finalmente reveria o amigo e ele tinha esperanças de conseguir fazer o amigo ficar no lugar do Moleque, que era como ele se referia a Li Syaoran. Desde o primeiro momento que colocou os olhos nele Touya não gostou nada nada do rapaz, mas fazer o quê? Era preciso que tentasse fazer sua irmã melhorar e o Li tinha boa fama como psiquiatra, porém, talvez conseguisse mudar a situação agora, isso depois que sua noiva foi avisá-lo da chegada de certa pessoa.

O rapaz desceu as escadas rapidamente, seguido por sua noiva, encaminhou- se até a porta para dar as boas vindas ao recém chegado, estava muito contente. Por outro lado, Tomoyo se mantinha calada e por mais que isso fosse normal da parte da moça de poucas palavras muitas vezes, quem parasse para prestar atenção talvez conseguisse perceber um certo ar de nervosismo em suas faces. Porém ninguém estava prestando atenção nas reações da jovem, apenas em um cavalo cinzento que se aproximava em alta velocidade, sendo que o cavaleiro era saudado por todos os criados daquela mansão logo entrou na propriedade.

O jovem desceu do cavalo com destreza e foi cumprimentar os amigos, enquanto tirava a capa que cobria suas faces.

***

Sakura estava realmente preocupada, droga! Aquele não era o momento oportuno para ele aparecer, todo o cuidado que tivera até presente momento talvez fosse em vão e ela sinceramente não desejava isso. Virou-se em sua cadeira de rodas sem dar atenção ao seu psiquiatra que desviava os olhos da janela para ela, de forma curiosa. Sakura deslizou em sua cadeira rapidamente até a porta, abriu-a e atravessou-a, sem ao menos dar alguma explicação. Sem entender a reação da garota, Syaoran voltou a observar através da janela, tentando descobrir quem era o cavaleiro que se aproximava, em poucos segundos seus olhos se arregalaram e ele se virou correndo, atravessando a porta quase tão veloz quanto sua paciente.

Enquanto chegava às escadas, Sakura já estava no salão de entrada da casa, parecia querer atravessar o mais rápido possível a porta de entrada e Syaoran sentiu ansiedade emanando da moça. Contudo, contrariando suas expectativas, invés de continuar seu caminho, Sakura virou sua face de encontro ao do rapaz, parecendo, deduziu Syaoran, que desistira de sua idéia inicial.

Sakura se sentiu encurralada novamente, talvez esta situação fosse pior do que ter respondido à pergunta de Syaoran há minutos, o que iria fazer? Não teria tempo de falar com o jovem que chegava em sua casa sem despertar suspeitas por parte de seu psiquiatra. "Droga! Por que isso só acontece comigo?" concluiu exasperada. Mas não teve tempo para mais lamentações, pois enquanto percebia a porta de entrada ser aberta novamente para dar passagem àqueles que estavam do lado de fora, sentiu Syaoran a poucos passos de si, ele descera a escada e ela nem percebera.

Syaoran olhou para a porta e viu o irmão de sua paciente entrando e enquanto os dois rapazes trocavam olhares assassinos, Sakura estava ansiosa na espera daquele que entraria em poucos momentos. Alguns segundos se passaram e Tomoyo entrou acompanhada de um jovem rapaz de cabelos em um tom quase cinza, óculos e feições serenas, em seu corpo uma capa de viagem. Sakura sentiu, mesmo estando de costas dele, o olhar de Syaoran se desviando do seu irmão para o jovem que acabara de entrar. O rapaz que entrara fez o mesmo gesto, encarando profundamente o jovem que estava aos pés da escada. "Acabou a farsa..." pensou pesarosa Sakura.

***

Então, depois de tanto tempo o esperando, finalmente ele aparecia. Antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ouviu os passos de alguém no alto da escada. Syaoran sabia que se tratava de Meylin e não tinha dúvidas de que ela deveria estar tendo a mesma sensação de contentamento que ele. Bom, talvez não a mesma, pois mesmo não querendo admitir, sabia que havia sentido a falta do amigo.

O jovem que Syaoran encarava desviou seu olhar para a jovem que estava ao alto da escada, por um momento Syaoran pareceu notar certa confusão na expressão do jovem, mas isto foi por breves segundos, pois novamente o rapaz desviava o olhar, dessa vez para a prima de Sakura, que Syaoran teve a ligeira impressão que gesticulou levemente sua boca.

No entanto, era uma cena estranha, realmente estranha. Podia sentir o clima pesado na sala, sentia que os segundos pareciam minutos tão lentos passavam. Não parecia que alguém tomaria a iniciativa e diria algo. Até mesmo Kinomoto Touya, que não parecia entender o motivo de tal silêncio, estava começando a se sentir desconfortável. Porém, foi a sensação que sentiu vir de sua jovem paciente é que mais incomodava o rapaz, talvez mais ainda do que aquele inesperado, porém alivioso, encontro. Sentiu vindo da jovem tamanho nervosismo que começou a reconhecer algo vindo da jovem que não esperava, talvez... talvez...

Mas não pode concluir seu pensamento, pois alguém dirigiu a palavra a ele, acabando com o clima tenso do local.

***

Era agora, Sakura sabia que não haveria escapatória, seu amigo não iria reconhecer Syaoran e tudo iria por água a baixo. Todos seus cuidados em se manter distante de seu psiquiatra, todo o plano que bolara com a ajuda de Tomoyo e Eriol, significariam nada assim que aquele jovem a sua frente abrisse a boca. Sentiu o nervosismo tomar conta de si, começou a se desesperar, sabia que caso não se controlasse Syaoran ia acabar percebendo seus poderes... contudo... o que isso importava agora? Ele ia saber de qualquer jeito. Sentiu seu coração batendo rápido e sabia que não ia agüentar por muito mais tempo, estava tudo acabado, terminado, destruído. "Acabou a farsa..."

Porém...

Voz masculina: 'Li Xiao Lang, há quanto tempo...' - Sakura levantou os olhos assustada para o rapaz a sua frente, como? Como? Como Yukito havia reconhecido Syaoran se...? Desviou os olhos para a prima que se mantinha ao lado de Yukito sorrindo para ela enigmaticamente e devolveu em um sorriso mais do que aliviado, depois teria que agradecer Tomoyo por mais essa ajuda.

(Continua)

06/01/04

Mary Marcato

(Big) Comentário da autora: Finalmente o "reencontro" entre Syaoran e Yukito :) Hehehe, o que irá acontecer. Pobre Sakura, realmente ficou preocupada. Mas no próximo capítulo, caso vocês não tenham entendido muito bem, eu irei explicar melhor a situação. Mas acho que ficou claro o fato do medo de Sakura ao ver Yukito, não? Quero dizer, Yukito não conheceu Syaoran, logo não poderia RE-conhecê-lo e Sakura teria que conversar com ele antes que os dois se encontrassem. Porém não foi o que aconteceu, mas graças a ajuda de nossa querida Tomoyo (que, espero tenham entendido quando disse que "segundos depois Tomoyo entrou acomapanhada de um rapaz" estava dizendo em rápidas palavras a Yukito qual era a situação), tudo acabou se resolvendo. Caso eu não tenha sido clara, espero que me perdoem e qualquer dúvida é só entrarem em contato comigo. Ah! Quase esqueço, neste final de capítulo vcs viram que eu mudei várias vezes de cena, certo? Foi para que vcs tivessem uma idéia do que cada um estava pensando naquele determinado momento, quem ainda não entendeu, eu sempre uso *** ou --- quando demonstro passagem de tempo ou cena, mas acho que vcs acabam entendendo :P Mais coisas sobre os anciões será esclarecida futuramente, eles terão certa participação um tanto quanto fundamental nesta fanfic. Mas já adianto que, neste fic, eles tem a aparência jovem, dos 25 aos 50 anos, apenas tem a alma "velha", irei explicar isso nos capítulos a se seguir. Espero que tenham entendido como era o local em que eles estavam, se assemelha a metade de uma arquibancada de estádio, porém, apenas com duas fileiras. Em todo caso, espero sinceramente que estejam gostando, eu, pessoalmente, adoro as partes em que a Sakura e o Syoaran estão brigando, hehehe ^-^ Mas por favor, mail me!!! Ou review me :P Sério mesmo gente, eu preciso saber o que vocês acham e como estão vendo estou trabalhando duro para tentar postar toda semana um capítulo novo, mas espero ser recompensada um pouquinho, né T-T Desculpem o Big Comentário, mas acho que ele era um tanto quanto necessário, talvez não, mas sempre é bom prevenir. ^-^

Agradecimentos: Em especial à Bruna-chan, mesmo que desta vez ela não tenha me ajudado muito porque escrevi este capítulo de súbito. À Violet-Tomoyo, ^- ^ você sempre deixa comentários e eles sempre me comovem, muito obrigada mesmo. E ao Calerom, que acompanha quase todas as minhas fics e sempre tem as palavras certas na medida certa para dizer o que acha, ele simplesmente me faz ter vontade de continuar, tão gostosos são os comentários dele de se ler. Por mais, Arigatou Minna-san!!!! ^-^ Adoro vocês! E C Ya!