Espero que gostem. Estava inspirada, por isso saiu este fim de semana, o que eu acho que não acontecerá toda semana (isso depende de vocês, né). O nono capítulo está um pouco... hm... Que palavra posso usar? Tedioso, mas importante. Obrigada pelo tempo dispensado a esta humilde estória de uma aspirante a escritora. :)

Capítulo9: Histórias

***

Meylin ficou pasma com o que via. Tudo bem... Sabia que Syaoran "ainda" não a amava, ainda! Mas isso já era demais! E pensar... E pensar que era Sakura que estava naqueles braços tão desejados...

"Droga!" Pensou Syaoran, senão tivesse alguma idéia... Meylin poderia pôr tudo a perder! "Droga! Por que uma desculpa nunca aparece quando se precisa dela?"

Mas que história era essa de "desculpa"? Oras! Nunca aceitou de bom grado o noivado com Meylin e ela sabia disso. E se pelo menos realmente a estivesse traindo... E não era esse o caso! Só estava... Estava... Comemorando! É isso, comemorando! Pela pré-recuperação de Sakura. Ah!! O pior é que não tinha tempo para as reflexões que tanto um psiquiatra precisa fazer antes de dizer algo! Meylin não estaria pensando como ele, com certeza. Sempre dramatizando os mínimos problemas... Provavelmente iria dizer besteiras e...!

Mas era tarde demais...

Meylin (gritando a plenos pulmões): 'Xiao Lang!!!!!'

Pássaros voaram;

Pessoas se assustaram;

Paredes tremeram...

***

Na China...

Mordomo: 'Senhor, chegou quem estavas a aguardar.'

Homem de manto negro: 'Mande-o vir aqui.'

O mordomo fez uma reverência e se retirou, enquanto o senhor de negro mantinha seu olhar no mesmo ponto que estivera antes do mordomo entrar: Em uma tapeçaria no quarto deste. Parecia-se muito com uma antiga árvore genealógica.

Jovem (se ajoelhando na porta de entrada): 'Estou aqui, mestre.'

Mestre: 'O que houve?' O jovem ajoelhado não demonstrava, mas seu medo era grande.

Jovem: 'Perdão, mestre...'

O homem apertou com força os braços da poltrona em que estava sentado. Em nenhum momento desviara seu olhar da tapeçaria.

Mestre: 'Diga-me, Saigo...' Disse enquanto levantava-se. Seu tom calmo assustando mais do que se estivesse nervoso 'Como não conseguiu tomá-las de um ser tão inferior quanto um japonês?' Os pêlos do corpo do jovem Saigo se arrepiaram. Não ousava encarar seu mestre, que começava a se aproximar dele.

Saigo: 'Perdão, mestre. Mas o Dono das Cartas Clow é mais poderoso do que imaginávamos.'

Mestre (levantando uma sombrancelha): 'Ousa se inferiorizar perante um japonês fraco?' Seu tom começava a se tornar perigoso e Saigo percebeu isso, sua tensão aumentando.

Saigo: 'Não quis dizer isso, mestre...' Saigo ainda não encarava seu mestre, em um medo respeitoso. 'Estava medindo forças com o Mestre das Cartas Clow... Ouso dizer que o venceria.' E se permitiu um leve sorriso irônico, escondido por sua cabeça abaixada, ao lembrar-se da fraqueza que descobrira em seu adversário. Mas quando se lembrou do que estava prestes a dizer, contraiu a face com extremo desgosto. 'No entanto... Ele interviu.' Acentuou o "ele". E seu mestre reagiu a tal pronome também contraindo o rosto.

O mestre, para se controlar de sua súbita ira e não castigar seu servo antes do momento certo, distanciou-se de Saigo e se encaminhou até a tapeçaria suspensa na parede, olhando-a com suposto interesse.

Mestre: 'Não me diga que o bastardo inútil interferiu em meus planos...?' Quase era uma afirmação à pergunta... 'Novamente...' Concluiu em um sussurro, para si mesmo.

O servo, percebendo que a ira do mestre já não lhe era direcionada, levantou-se e passou a encarar as costas do homem em negro.

Saigo: 'Xiao Lang não parece estar cumprindo seus deveres com o Clã. E além de não estar tentando pegar as cartas, ainda está ajudando a tal Kinomoto.

Mestre (virando-se subitamente): 'O quê?' O homem, tão austero em seu poder, pareceu sentir uma súbita preocupação "humana".

Saigo (encarando-o): 'O filho da Senhora da Estrela (*) está ajudando a amiga do Mestre das Cartas a voltar a andar, mestre. Quando estava no meio do caminho de volta, um dos meus subordinados que ficaram vigiando-os disse que há poucos dias a moça começou a apresentar sinais de recuperação.

Mestre (falando mais para si do que para seu servo): 'Isto é perigoso... Não é à toa que aquele pirralho estava tão alterado quando falou comigo pelo telefone naquele dia.'

Saigo: 'Sim, mestre.' O mestre olhou para seu servo, só agora percebendo que o rapaz ainda estava ali. Estava perdido em suas suposições... Não tinha levado muito a sério a importância dessa garota inferior em seus planos, ela era apenas uma desculpa para que Meylin e Xiao Lang fossem para o Japão. Droga! Isso podia se tornar perigoso. Não sabia por quê, mas esta garota começou a incomodá-lo.

Mestre (olhando Saigo perigosamente): 'Fale-me desta garota...'

E o ninja à frente de seu mestre suspirou aliviado. A súbita mudança de assunto lhe dava alguma esperança de que não seria desta vez que seu mestre o castigaria.

***

Sakura estava na biblioteca, lendo algum romance épico qualquer. Estava aliviada, apesar de Meylin ter pego ela e seu psiquiatra em uma posição um tanto quanto comprometedora, Syaoran soube como contornar a situação, falando da súbita melhora de Sakura, sem dar espaço para Meylin dizer algo a respeito do acontecido há segundos.

A lembrança de sua melhora lhe trazia um brilho no olhar que foi percebido por todos na casa. Tomoyo deu pulos de alegria e Touya desfez a cara rabujenta por algum tempo. Meylin, então! Essa simplesmente esqueceu da cena na sala de exercícios e só faltava tratar Sakura como bebê, com medo de que aconteceria algo que retardasse sua melhora.

Fora ainda neste dia que tudo havia acontecido, já era quase noite e por certa insistência de Tomoyo, Meylin prorrogou os próximos exercícios para apenas o dia seguinte. Então, Sakura tinha a noite livre para fazer o que bem entendesse e resolvera, que enquanto o jantar não estivesse pronto, passaria o fim da tarde lendo um bom livro.

Alguém bateu na porta.

Sakura: 'Entre...'

Rika (vacilante): 'Senhorita, perdoe-me incomodar, mas...'

Sakura (olhando para a moça): 'Diga, Rika.'

Rika: 'Há uma senhora na porta dos fundos, pedindo pousada para a noite. Eu fiquei com dó, por isso não a mandei embora. O que devo fazer agora?'

Sakura (guardando o livro e se virando para a criada): 'Pode deixar que eu atendo esta senhora.' E saiu da biblioteca, sendo seguida pela pequena Rika.

---

As portas do fundo eram ao lado da cozinha, logo a distância até lá não era muita. Sakura estava distraída, pensando nos acontecimentos do dia. Iria dar pousada para a senhora sim, mas nem pensava no assunto.

No entanto, quando chegou até a porta, encontrou uma senhora em um manto negro, um pouco curvada e com um cajado na mão. A figura a deixou curiosa.

Sakura: 'No que posso ajudá-la, senhora?'

Senhora (ainda de cabeça baixa): 'Estou a falar com a senhora da casa?'

Sakura (encabulada): 'Bom... É... Sou eu sim.' E para a surpresa de Sakura a mulher levantou a fronte, encarando Sakura com olhos extremamente sábios.

Senhora: 'É um prazer conhecê-la, senhorita Sakura.

Sakura (surpresa): 'Como sabe meu nome?'

Senhora: 'Todos na região conhecem a doce senhorinha que ajuda o orfanato ao lado.'

Sakura (envergonhada): 'Ah... Que isso, eu adoro fazer isso.'

Senhora: 'Por falar naquelas pobres crianças, estão todas bem?' Se referia ao incêndio.

Sakura (um pouco deprimida): 'Ainda não se recuperaram, mas estamos fazendo o possível para ajudá-las.

Senhora: 'Imagino que sim. No dia do incêndio vi quando todos de sua casa foram ajudá-los. Era tanta a afobação que uma mocinha de longos cabelos negros até trombou em mim.

Sakura (preocupada): 'Óh, eu sinto muito. A senhora está bem?'

Senhorta: 'Sim, sim, não há nada de errado comigo. Só queria saber se podem dar pouso para uma viajante como eu por um dia, sim?'

Sakura: 'Mas que distração a minha, nem a convidei para entrar. Por favor, sinta-se à vontade.' Sakura deu espaço para a mulher entrar. Esta o fez, lentamente, indo se sentar em um dos bancos da mesa da cozinha. Sakura tinha a ligeira impressão de conhecer aquela velha senhora. No entanto, não fazia a mínima idéia de onde, os cabelos eram brancos da idade e a única coisa que parecia ter vida, mas não brilho, eram os olhos vermelhos.

Senhora (olhando para Sakura): 'Agradeço a gentileza. Estava cansada de minhas andanças e não sabia onde podia ficar. Fui roubada esta tarde e fiquei desamparada.'

Sakura (com pena): 'Não há de que, senhora...' Não sabia seu nome.

Senhora: 'Pode me chamar de Yume, senhorita.'

Sakura: 'Ah, sim... Senhora Yume. Pode ficar aqui o tempo que precisar para reaver o que tinha.' Fez um breve silêncio. 'No que a senhora trabalha?'

Yume: 'Costumo vender peças antigas. Mas também sei um pouco sobre magia e histórias antigas.'

Sakura: 'Ah, é?! Então me conte alguma história, sim?' Sakura estava curiosa e interessada no que a mulher tinha a dizer, mas preferiu o assunto "história" à "magia".

Yume: 'Conhece a história do exílio dos Deuses do Poder? É uma das histórias mais antigas da China e uma das mais famosas.'

Sakura (curiosa): 'Não, não conheço. Poderia me contar?'

Yume: 'Sim, mas é claro. É o mínimo que posso fazer por estar me ajudando.' Sakura sorriu, como se desse premissão para a mulher sentada a sua frente continuar.

E a mulher começou sua história...

"No início de tudo, antes das civilizações surgirem e do homem ao menos descobrir o poder do fogo. Deus já planejava toda sua criação, ajudado por seus súditos, também chamados deuses.

No entanto, diferente do Deus Supremo, os outros deuses não pensavam como senhores absolutos e suas mentes, corpos e corações estavam abertos ao ódio, rancor, inveja, assim como amizade, esperança e ao amor.

Eram muitos os deuses, mas os mais conhecidos eram os deuses do Poder:

Fogo, ardente e fervoroso em seu poder;

Água, inconstante e sedenta por liberdade eterna;

Terra, firme e sábio em suas decisões;

Vento, de idéias simples e leves;

Trovão, o corajoso e inquieto;

Sol, caloroso e receptivo;

Lua, misteriosa e mística em sua plenitude;

Estrela, brilhante e majestosa em sua doçura;

Trevas, o quieto, calmo e inteligente;

Luz, a iluminada e de idéias claras;

Razão, constante, cauteloso e frio;

Astúcia, esperto e de pensamento rápido;

Alma, pacífica e amorosa;

Humanidade, misericordioso e justo.

Eram os mais famosos deuses, conhecidos e respeitados. Todos com poderes parecidos e valores incondicionais. Eram a elite dos 14 guerreiros e poderosos representantes de Deus. Ninguém nunca viu tamanha força quanto quando eles estavam reunidos.

Mas também eram tempos às vezes negros e às vezes alegres. Nada no mundo já estava definitivamente aqui, Deus tinha súbitas vontades de retirar e pôr; a única certeza era da existência dos seres humanos, sua mais formosa e perigosa criação.

Era terminantemente proibido que os deuses se apaixonassem, só Deus poderia escolher a quem cada um pertenceria. O livre arbítrio só pertencia aos seres humanos, única e exclusivamente a eles, o que muitos deuses não gostaram mais aceitaram.

Contudo, Deus errou em sua escolha. Devido a sua lei, muitos estavam descontentes, outros tentando evitar o que seria inevitável.

E foi dessa imposição do Senhor que aconteceu o que muitos temiam."

A essa altura Sakura não tirava os olhos da mulher, atenta a cada frase e palavra que ela dizia. Sabia que existiam os deuses do poder, aqueles que Deus criou como súditos, mas ainda não conhecia toda sua história e estava presa a cada nova informação que a misteriosa mulher lhe fornecia.

A senhora continuou...

"Deus havia prometido a Luz para o Sol, assim como a Lua para as Trevas. Assim, o dia e a noite seriam protegidos por cada casal. Ainda haveria de decidir o destino dos outros, para que houvesse o equilíbrio no seu planeta.

Mas o que Deus ainda não havia percebido era que a Luz amava as Trevas, assim como a Lua ao Sol. Deus nunca imaginaria tal união, eram opostos, porém não havia nada que ele pudesse fazer contra.

Tentaram esconder e até esquecer o amor que sentiam um pelo outro, mas era inevitável. Aquilo tudo acabaria mal, eles sabiam que acabaria mal, mas o que fazer?

E o dia que eles mais temiam chegou, o dia em que Deus descobriu que seus planos estavam sendo corrompidos, que não estavam acatando as suas ordens.

E houve tremores e uma era negra quando isso aconteceu. Deus jamais aceitaria suas ordens sendo desacatadas e os respectivos culpados por tal crime seriam castigados.

Poderiam ficar juntos, mas a eternidade de seus filhos lhes seria tirada, para que vivessem e morressem assim como qualquer outro humano. Assim como Deus planejara, onde somente aqueles que podiam morrer também poderiam amar.

Com certeza, era um triste destino. Mas não havia nada a se fazer contra. Os filhos dos deuses desceram a terra, onde seriam mortais como qualquer outro e alguns deuses acabaram sofrendo o mesmo destino.

Um deles em especial, o deus Trovão, não aceitou a imposição de Deus e foi obrigado a se afastar do Paraíso, continuaria a ser um deus, mas seus filhos também não teriam vida eterna.

E isso foi acontecendo com cada um, cada um dos deuses começou a ter seus filhos se tornando humanos, todos por não respeitarem a lei suprema de que só os humanos poderiam escolher a quem amar. E Deus se entristeceu, mas viu que era ele quem errara com sua Lei.

E foi misericordioso... Sabia que poderia alterar os destinos dos filhos dos deuses e foi isso que fez:

Enquanto cada filho de um deus não tivesse filhos, ele seria imortal, não teria poderes de um deus, mas seria imortal. Viveria na terra tendo vida eterna, mas não poderia jamais subir aos céus. Quando um filho dos deuses tivesse alguém para continuar sua linhagem, sua imortalidade acabaria e ele teria um certo tempo de vida como qualquer outro mortal e um dia morreria também. Sua imortalidade dada ao seu filho, que teria o mesmo destino do pai ou da mãe.

Cada deus zelou por seus descendentes, enquanto ninguém mais soube do deus do Trovão e de quem eram seus filhos. Este viveu solitário para sempre."

Sakura tinha lágrimas nos olhos, mas se conteve. Não queria chorar na frente daquela senhora.

Sakura (contendo as lágrimas): 'Que história mais triste, senhora.'

Yume (sorrindo tristemente): 'É... É uma triste história. Dizem que foi dos filhos desses deuses que surgiu a civilização chinesa, por isso muitos acham a China um país tão sério e triste, mas cuja linhagem nunca sumirá. Pois todos têm sangue imortal.

Sakura: 'Não conhecia esta história, mas já ouvi falar dos deuses do Poder.'

Yume: 'Os deuses do Poder são os responsáveis em cuidar dos humanos. Cada humano, seja ele mágico ou não' Neste ponto Sakura sobressaltou-se, será que esta mulher sabia mesmo de magia ou era só uma história que ela conhecia? 'tem seu espírito protetor. Uns são regidos pelo Sol, outros pela Lua, outros pela Razão e outros pela Alma. Cada um tem seu espírito protetor, assim como eu e você.

Sakura (brincando): 'Ah, e qual é o seu espírito protetor?'

Yume: 'O meu é o espírito das Trevas.' Sakura sentiu os pêlos do corpo se arrepiarem, mas não falou nada. No entanto, a mulher pareceu perceber e riu suavemente. 'Não se assuste, pequena. O espírito das Trevas não é um espírito mal, o que determina o que cada um será é a própria personalidade da pessoa. Nem todos que são regidos pelo Fogo, por exemplo, tem o coração em chamas; nem aqueles que são regidos pela Lua são místicos, às vezes até realistas demais. Nem mesmo aqueles que são regidos pela Luz sempre têm o coração e alma iluminados.' Disse parecendo se lembrar de algo, mas Sakura não percebeu.

Sakura (sorrindo): 'E qual é o meu espírito protetor? Como a senhora conhece eles?'

Yume (olhando-a atentamente): 'Você pode ver isso na aura da pessoa, ou até mesmo em seus olhos. Você, pequena, é regida pela Estrela.' Sakura se surpreendeu com a mulher.

***

Syaoran estava pensando novamente em falar com Yukito, ainda não tivera uma conversa definitiva com o rapaz e seu tempo era curto. Tinha medo que os ninja os ouvissem, mas o que fazer? Subitamente teve uma idéia! Mas é claro! Todos os ninja no Clã Li não possuíam magia. Meylin fora uma das poucas que conseguiu escapar de um treino ninja no clã por não possuir magiar, graças á intervenção de Yelan.

A verdade era que o ryu usado pelo Clã Li era o Kuji-kiri (**) o mais violento e perigoso dos estilos ninja e tanto ele quanto sua mãe temiam pela segurança de Meylin. Mas felizmente conseguiram evitar que isso acontecesse ao sugerirem que ela fizesse alguma faculdade que viesse a ser útil ao clã. Fora por pouco, apenas o infeliz do Tai Ming e seus fiéis e sujos companheiros do grupo dos anciãos foram contra. Yelan, no entanto, fez seu voto valer mais alto e Syaoran tinha quase certeza que tudo o que estava acontecendo era devido ao poder que Yelan tinha sobre o clã. Podia jurar que o estado em que sua mãe se encontrava neste momento era culpa daquele desgraçado do Tai Ming, que sempre viu seu poder sobrepujado pelo da mãe.

Se isso fosse verdade, ele iria pagar...

Mas agora não tinha tempo para pensar em vinganças, tivera um plano que talvez conseguisse evitar que algum ninja ouvisse a conversa que teria com Yukito. Tomara que desse certo.

---

Era quase sete horas, o jantar sairia em pouco tempo, mas Syaoran queria falar com Yukito antes disso e foi o que fez.

Começou a procurar o rapaz pela mansão e logo o achou perdido em alguns livros na biblioteca. Era agora que deveria agir.

Syaoran: 'Tsukishiro, tenho urgência em lhe falar.'

Yukito (se voltando para o rapaz): 'Do que se trata, Li?'

Syaoran (já saindo do recinto): 'Aqui não.'

Seguiram os dois para uma das salas, um lugar fechado e sem janelas, normalmente utilizado para meditação ou quando estava muito frio, lá havia uma lareira. Syaoran deu passagem para Yukito e logo se sentaram nas poltronas do local.

Syaoran (sussurrando): 'Escute bem, Yukito. Antes de qualquer coisa...' E antes de proferir mais alguma palavra, fez um movimento com as mãos, pronunciando algo em uma língua antiga. Logo a sala ficou coberta por uma energia verde, que assustou por momentos Yukito. Logo que terminou Syaoran olhou para o rapaz assustado um tanto quanto desconfiado. 'Não se lembra desta técnica que mestre Lan nos ensinou?'

Yukito (fingindo-se de entendido): 'É claro que me lembro. Só que você agiu subitamente demais.'

Syaoran (dando de ombros): 'Certo... Agora precisamos conversar seriamente.'

***

Sakura já tinha deixado a misteriosa senhora em um quartinho no fundo da casa, um dos poucos disponíveis. Ficou pensando no que a mulher dissera, sobre seu espírito protetor ser a Estrela. Com certeza aquela mulher aparentava menos do que realmente deveria ser e saber. Realmente, seu símbolo, quando invocava magia, era o da Estrela e a mulher não poderia ser uma charlatã para conseguir acertar tão em cheio. Na verdade, Sakura não sabia se esta história de Espírito Protetor era verdade, mas o que a senhora lhe dissera ficou em sua mente.

Logo, procurou deixar tais pensamentos longes, tinha outras coisas para se preocupar. A senhora havia preferido ficar em um quarto dos fundos e comer com os criados, Sakura resolveu não dizer nada contra, então, só a veria no dia seguinte, não precisando se preocupar com ela e suas palavras neste dia.

---

Sakura foi ao seu quarto, arrumar-se para o jantar. No entanto, no meio do caminho sentiu magia e tinha certeza que essa era de Syaoran. "Mais essa agora." Pensou e em seguida resolveu averiguar.

Meylin: 'Sakura.' Sakura teve de parar no mesmo instante. Provavelmente não conseguiria despistar sua fisioterapeuta, que a esta altura já teria se dado conta do que acontecera na sala de exercícios.

Sakura (sorrindo forçado): 'Sim?'

Meylin (séria): 'Venha, precisamos conversar' E Sakura seguiu Meylin até o quarto desta.

Poucos minutos depois e Meylin dava espaço para que Sakura entrasse em seu quarto, em seguida, encostou a porta e logo olhou para a menina. Sakura estava um tanto quanto constrangida.

Sakura (sorrindo sem graça): 'O que houve, Meylin-chan?'

Meylin: 'Quero saber o que há entre você e Xiao Lang.' Direta ela, não?

Sakura (totalmente sem graça): 'Q-q-quê?! Não há nada entre...'

Meylin (interrompendo-a): 'Então me deixe reformular a pergunta.' Fez uma leve pausa 'O que você sente por Xiao Lang?'

Sakura (vermelha como um pimentão): 'Como é que é?! Mas eu não sinto nada por...'

Meylin (interrompendo-a de novo, um tanto quanto irritada): 'Você acha que eu sou idiota? Não pense que me engana com este papo de que não sente nada pelo meu primo, eu sei muito bem que sente.' Diante do tom firme de Meylin, Sakura teve de virar o rosto. Não poderia encarar a amiga sem denunciar o que lhe ia ao coração. Droga! Por que essas perguntas agora? Ela não gostava de Syaoran! Nunca gostou! Sempre o detestou com suas piadinhas irritantes! Por que agora Meylin tinha que inventar uma dessas?!

Sakura (sem nenhum sentimento na voz): 'Não sinto nada por ele.' Mas dizia sem encarar sua fisioterapeuta. Meylin, irritada, sentou-se na cama, cruzando pernas e braços.

Meylin: 'Por que não admite logo que é apaixonada por Xiao Lang, hein?' Sakura teve um sobressalto. Como alguém poderia dizer algo como isso?! Encarou a prima de Syaoran com extrema descrença, mas Meylin mantinha seu olhar inquisitivo.

Sakura (exaltada): 'Eu não gosto de Xiao Lang! Nunca gostei, nunca vou gostar! Pare de falar estas idiotices, Meylin! Você está totalmente equivocada e...'

Meylin (interrompendo-a): 'Você acha que eu não percebo o jeito que vocês se olham, como vivem implicando um com o outro? Xiao Lang nunca agiu assim! Nem você age assim com os outros! E quando eu vi vocês dois no quarto tive certeza!'

Sakura (confusa): 'Não... Não é verdade, Meylin... Eu sinto muito se ofendi você. Sei que são noivos e eu e Xiao Lang nem pretendíamos fazer nada, você que interpretou errado e...'

Meylin (sorrindo docemente): 'Eu sei que Xiao Lang não me ama... E se ele não quiser se casar comigo não vou obrigá-lo. Eu o amo sim... Mas quem está no coração dele não sou eu.' Sakura arregalou os olhos, não sabia o que falar, seu coração disparado, as palavras lhe fugindo da boca. O que tudo aquilo significava?

Por sua vez, Meylin, que sorria tristemente, levantou-se e, sem dizer mais nada, saiu do quarto. Deixando uma confusa e perturbada Sakura estática e presa em seus pensamentos, tentando descobrir o que ia em seu coraçãozinho disparado.

***

Syaoran sabia que devia contar logo toda verdade para Yukito. Agora que colocara uma barreira que os separava do "mundo exterior" poderiam conversar sem que ninguém pudesse interrompê-los ou escutá-los. Mas por onde começar?

Yukito: 'Então, Li. Diga-me o que tanto queria dizer no dia do incêndio.'

Syaoran (encarando Yukito seriamente): 'Certo. Bom, Yukito, vou tentar ser direto.' Yukito acenou positivo, como se pedisse para que Syaoran começasse a falar logo. 'Como eu disse para você na nossa última reunião, o meu Clã queria lhe tomar as cartas, mas minha mãe e eu não deixamos. No entanto, aconteceu algo que eu não previa e foi aí que eu parei.'

Yukito: 'Certamente, Xiao Lang. Então me diga o que houve de tão grave para fazê-lo inventar uma desculpa, pois eu sei muito bem que você estar tratando de Sakura já foi algo pré-planejado, e vir até aqui me procurar.'

Syaoran (mais sério do que nunca): 'O que houve, que me fez vir até aqui pedir sua ajuda invés de tentar tomar as Cartas de você, foi que minha mãe subitamente caiu doente e eu tenho certeza que alguém provocou esta doença.' Yukito se aconchegou melhor na cadeira, tentando achar uma posição mais confortável de ouvir tudo o que Syaoran provavelmente tinha a lhe dizer. 'Como eu te disse minha mãe é uma maga influente em meu Clã. E isso despertava ódio em alguns.' Fez uma pausa, como se lembrasse de alguém em especial. 'Acontece que da noite para o dia ela ficou doente, sem poder falar, sem poder beber, nem se mover, em um estado semivegetativo. E eu tenho certeza de que uma maga poderosa como ela não cairia em doença tão facilmente, nem em uma tão estranha como essa.

Yukito: 'Eu entendo Li, então, provavelmente seu Clã se viu livre a tentar tomar as Cartas Clow, certo?'

Syaoran: 'Exatamente. Logo, eu me propus a vir fazer tal trabalho, assim eu talvez conseguisse falar com você e conseguir ajuda. Pois eu tenho quase certeza, Yukito, que estão tramando algo em meu clã de que eu e minha mãe não sabíamos. Temo que alguma desgraça caia sobre nós.'

Yukito: 'Entendo, meu amigo. Mas não vejo no que posso ajudar.'

Syaoran: 'Chegarei lá. Bom, como eu não poderia vir aqui sem alguma desculpa encontrei a exata quando fiquei sabendo, por meio de Eriol, que uma parente sua estava com problemas de saúde. Meylin era a mais indicada para o caso e em seguida ela encontraria uma maneira de me fazer vir para cá. Na verdade, Meylin ainda acha que estamos atrás das Cartas Clow. Não que eu não confie nela, mas achei mais seguro ela ainda não saber da verdade. De qualquer maneira ela achou um modo de me fazer vir para cá, quando suspeitou que Sakura tivesse algum trauma mental e não físico. E esta era a minha chance.'

Yukito (brincando): 'Mas você veio para cá, conheceu Sakura e seus objetivos se alteraram um pouco, certo?'

Syaoran (ficando vermelho): 'O que quer dizer com isso?'

Yukito (sorrindo): 'Nada, nada. Por favor, continue.' Syaoran ficou um tanto quanto constrangido e desconfiado das intenções do amigo, mas resolveu continuar.

Syaoran: 'Está certo. Bom, eu tenho certeza de que há algum feitiço em minha mãe. E, por algumas razões, até eu fui proibido de visitá-la em seus aposentos.' Fez uma leve pausa, agora chegara ao ponto. 'O que quero fazer é conseguir passar pela vigilância e tirar minha mãe de lá. Para que eu possa encontrar uma cura para ela e descobrir o que os Anciões estão tramando.'

Yukito (sem parecer surpreso): 'E para isso você veio me pedir ajuda e de meus poderes mágicos, certo?

Syaoran: 'E de Sakura também.' Yukito engasgou com a afirmação do rapaz e se sentiu tenso.

Yukito (tentando conter o nervosismo): 'O que você disse?'

Syaoran (encarando-o seriamente): 'Sei muito bem que Sakura possui magia, não adianta mais me esconderem.' Fez uma leve pausa 'Na verdade nem sei por quê fizeram isso. Pode me explicar?

Yukito (sem saída): 'Bom... É que... Como você descobriu?'

Syaoran: 'Foi nos momentos em que ela estava exaltada. Creio que nem ela percebeu o que estava acontecendo. Ela tem conhecimento dos seus e dos poderes dela, certo?'

Yukito: 'Sim... Ela tem. Mas não sei se deveria estar lhe dizendo isso...'

Syaoran: 'Bom... Isso não é importante agora. Você irá ou não me ajudar?'

Yukito (incerto): 'Eu... Acho que sim... Mas...'

Syaoran (se levantando): 'Então está decidido. Assim que Sakura se recuperar totalmente, e eu creio que isso acontecerá logo, partiremos para a China. Está certo?'

Yukito (vacilando): 'Eu acho que está, mas...'

Syaoran (já saindo da sala): 'Você alivia um pouco do meu peso me ajudando, meu amigo. Espero podermos lutar juntos em breve. Obrigado' Já saía da sala quando... 'Ah! Quase me esqueço, não comente com ninguém este assunto. Se for falar com Sakura para ver se ela concorda em me ajudar faça isso projetando uma barreira. Aquele ninja não entrou aqui por acaso, nem aquele incêndio aconteceu devido a um curto circuito.' Disse sério e logo em seguida saiu da sala... Sem deixar que Yukito pudesse falar um A em resposta.

Invés disso, o rapaz ficou é pensando em uma maneira de contar o que sabia para Sakura. Ela não aceitaria nada bem estas notícias...

***

Era hora do jantar. Sakura estava um tanto quanto perturbada com tudo o que Meylin lhe dissera. Era claro que não sentia nada por Xiao Lang, então por que se sentiu tão tensa com as palavras de Meylin? Não era certo ela apenas ter negado? Mas ela até gaguejou! Bom, isso não importava agora. Deveria tentar disfarçar e ir para a sala de jantar sem parecer tão nervosa.

Sakura desceu até a sala de jantar sem prestar muita atenção no que acontecia. Abriu a porta e sem olhar para os demais seguiu para sua habitual cadeira.

Syaoran: 'Boa noite, né?' Sakura se assustou com a voz. Justamente de quem... Olhou depressa para o rapaz, que a olhava sorrindo debochado, aquele sorriso debochado que tanto a encantava e... Oras! Mas o que é isso! 'Sakura?'

Sakura (sem graça): "Ah, hahaha... Gommen... Boa noite para todos e...' Foi aí que Sakura olhou para os outros lugares, parando no meio da frase. Onde estava todo mundo?

Syaoran: 'Foram ao festival.' Syaoran pareceu ler a mente da garota, enquanto esta ficou indignada por ninguém tê-la convidado.

Mas para falar a verdade, Sakura estivera tão distraída e preocupada com tudo o que acontecera nos últimos tempos que nem ao menos lembrou que estava chegando seu festival favorito: o Festival de Nadeshico.

Sentiu-se magoada, por que ninguém havia lhe chamado?

Syaoran (voltando a comer): 'Eles me chamaram para ir, mas eu estava indisposto para festas. Meylin disse para Tomoyo, quando esta foi te chamar, que você também não queria ir. Achei até que você já tinha ido dormir.'

Sakura sentiu suas faces ficarem vermelhas. Oras, Meylin! Depois iriam acertar contas. Ah se iam! Iria dar um jeito na garota metida a cupido. "Logo quem!" Pensou irritada.

Syaoran (parando de comer e olhando a garota): 'Não vai comer?'

Sakura (voltando de seus pensamentos): 'Ah, claro...'

E começou a se servir. Um sentado na frente do outro.

Com certeza... Com certeza, aquele jantar prometia...

***

(Continua)

21/03/04

Mary Marcato

*Senhora da Estrela: Irei falar mais sobre isto nos capítulos seguintes, não se preocupem.

**Kuji-kiri: Estilo ninja. É o mais violento e um dos mais mortais e perigosos que existe. Li em um livro, talvez tenha sido invenção do autor, mas eu acho que não.

Observação: Só quero acrescentar que Yume significa sonho em japonês. Enquanto Tai Ming, que era um nome cujo qual eu não tinha dito o significado, veio de uma palavra em inglês timing (pronúnica Taimin) e resolvi deixar Tai Ming, um nome parecido com chinês. Entre os significados desta palavra estava: a escolha do melhor momento. Também entenderão o motivo deste nome futuramente.

Comentários da autora: Eu iria escrever muito mais neste capítulo, mas ele já estava ficando grande demais. Espero sinceramente que tenham gostado. E não deixem de deixar um review, ok? Sou movida a eles, hehehe. Qualquer dúvida ou se quiserem conversar comigo, meu e-mail e mary_marcato@hotmail.com.br E para quem está ansioso para o "Tão esperado beijo" não percam o próximo capítulo... Ele promete... "Com certeza, promete..." ^-^

Agradecimentos: Bom, dessa vez recebi poucos comentários, o que me deixa triste... Mas agradeço a todos que se lembraram de mim, em especial à Tomoyo-Violet que sempre me deixa comentários. O que seria de mim sem comentários T-T Ja ne!