Oie!!! Eu falei pra vcs que se eu recebesse vários comentários eu postava logo, né? Está aí a prova. (Que mentirosa, eu só tô postando agora pq eu tive a descência de escrever o capítulo mais rapidamente :P) Bom, eu ainda não respondi os reviews, então só farei alusão a alguns pontos. Primeiramente que o capítulo anterior também não foi um dos meus favoritos, como já disse, é um capítulo de transição, onde o Touya recorda o que eu tentei deixar claro aos poucos. Segundo, que o próximo capítulo será dividido em duas partes, ou seja, parte da História será narrada neste capítulo e a próxima parte no seguinte. Fiz isso para deixar claro os fatos e poder explorar melhor cada situação. Espero que aprovem :)


OBS.: Pediram para mim dividir cada situação de uma forma mais clara. Acontece que o fanfiction.net invés de me ajudar apenas piorou minha vida, ¬¬ pois nem sai mais asterisco... agora eu vou ter que colocar uma barra feiosa pra dividir cada cena. Eu sinto muito, mas a culpa não é minha, né. Vou tentar ser clara, se não for, por favor me avisem.


Capítulo12: Contando uma História (Parte1)


Sakura (lentamente): 'Chave que guarda o poder da minha estrela...' Syaoran começou a arregalar seu olhos... 'Revele seus verdadeiros poderes sobre nós...' O que tudo aquilo significava...?! 'E ofereça-os a valente Sakura que aceitou esta missão...' Mas... Essas palavras so podiam significar que... 'Liberte-se!'

...

...

O rapaz ouviu aquelas palavras com um peso no coração, um peso que jamais achou sentir ao escutar palavras tão conhecidas. Tudo fazia sentido agora... Todos os mistérios e dúvidas... Toda estranhesa do jeito que Yukito lhe tratara muitas vezes... E desde o começo... Era tão simples...

Sakura (encarando Syaoran enquanto segurava seu báculo em forma de estrela): 'Movimento, Voz, Ilusão!' E um brilho começou a envolver Sakura, enquanto Li não podia acreditar no que via, só podia estar dormindo ainda, só podia! Mas isso não era um sonho e logo a luz começou a diminuir, Syaoran finalmente conseguiu acabar com qualquer dúvida ao ver outra forma, em pé, no lugar onde Sakura estava minutos antes.

Sakura (com a voz masculina): 'Acho que você consegue me reconhecer agora, não?' A voz masculina de Yukito retumbou nos ouvidos de Syaoran, que se levantou lentamente, com dificuldade, da cama em que estava sentado. Sakura deu um sorriso totalmente sem vida.


O rapaz ainda estava atordoado. O que aquilo significava? Como isso poderia estar acontecendo? Aquilo não podia ser verdade!

Syaoran deu vacilantes passos para trás, tentando assimilar o que via. Yukito... Seu companheiro e amigo de treinos, um dos poucos com quem um dia se abrira... Como...?

Sakura (olhando-o, preocupada): 'Eu sinto muito, Xiao Lang...' Não tinha o que dizer, sabia que não havia explicações suficientes.

Syaoran não podia acreditar no que seus olhos lhe mostravam... Como isso poderia estar acontecendo? Como se permitira enganar tão facilmente?!!!

Uma ira súbita tomou conta de si. Aquela mentira sustentada por tanto tempo finalmente causando suas conseqüências. Encarou aquele ser, aquela mulher que se vestira de homem para enganá-lo por tanto tempo, brincando com seus sentimentos e seu ego. Encarou-a aturdido, mas com extremo desprezo e rancor, enquanto a menina sentia seu coração partir com o significado daquele olhar.

Não precisou palavras... Não eram necessárias e nem viriam. Syaoran deu mais alguns passos para trás e começou a sair do quarto com passos vacilantes. Trombou umas duas vezes em algum cômodo, por fraqueza ou por confusão, e se escorou na porta, antes de atravessá-la e fechá-la com força, sem ao menos olhar novamente para aquele rosto masculino tão falso...

Sakura sentou subitamente na cama, quase desabando. Apoiou-se com as duas mãos no colchão, de cabeça baixa, enquanto a magia de suas cartas era desfeita. Apertou os olhos com força, assim como suas mãos faziam no lençol, lágrimas ardidas escorreram por seus olhos.

Sakura (com um fio de voz): 'Ele vai me odiar para sempre...'


A moça estava sentada em sua cama, sem mais nenhum resquício de que estivera chorando. Doeu demais ver o olhar que Syaoran lhe lançara antes de sair do quarto. Como gostaria de que as coisas tivessem sido diferentes, mas agora não havia volta e ela teria que se conformar.

Limpou as últimas linhas líquidas que desciam por seu rosto e respirou fundo, agora teria que tentar contornar a situação, por mais que soubesse que seria praticamente impossível. Sentou-se novamente em sua cadeira e caminhou até a janela, olhando a paisagem bonita da manhã para pensar um pouco. O que não pôde fazer....

Tomoyo (entrando um pouco nervosa no quarto): 'Sakura-chan... Desculpe-me entrar assim, mas...' A menina voltou-se para a prima, tentando manter-se indiferente aos acontecimentos anteriores. Viu o rosto levemente alterado, e por quê não assustado, de sua prima e ficou ligeiramente preocupada.

Sakura: 'O que houve, Tomoyo-chan?' Tomoyo poderia ter percebido que a prima não estava bem, visto o quanto era atenta, principalmente quando se tratava desta. Mas neste momento ela não estava em condições de analisar o rosto da outra moça.

Tomoyo: 'Alguém acabou de chegar...' Foi tudo o que conseguiu dizer. Sakura não achou que pudesse ser algo grave, mas achou melhor perguntar.

Sakura: 'E o que há de mais com este vizitante? Quem é ele?' Estava levemente curiosa.

Tomoyo (ainda aturdida): 'Acho melhor você ver com seus próprios olhos.' E foi até a prima, segurando o apoio da cadeira de rodas e conduzindo-a até a saída do quarto. Sakura achou melhor ficar em silêncio.

O silêncio na sala era palpável e Sakura não entendeu o porquê daquilo. Poderia até pensar que Syaoran já tivesse contado para Meylin a verdade e agora eles iriam julgá-la, mas devido ao que Tomoyo dissera achou que o motivo do silêncio ali era outro.

Ficou calada, encarando a sala a procura do tal vizitante. Viu-o de costas, olhando através da janela do aposento, ligeiramente escuro, mesmo com a janela aberta. Poderia jurar conhecê-lo.

Tomoyo: 'Senhor, Sakura-chan já está aqui.' Sakura não entendia o tom estranho da prima. Não era medo, era algo como surpresa, mas era tão incomum na jovem de longos cabelos escuros que não conseguia decifrar a situação por trás do tom.

No entanto, não precisou pensar muito mais no que ocorria ali, pois seu coração deu um leve salto ao ver o jovem elegantemente vestido de terno quase negro voltar-se para ela, olhos e cabelos de um azul escuro profundo, um sorriso enigmático indiscutivelmente único. Um que ela jamais esqueceria.

Seus olhos se arregalaram.

Jovem: 'Quanto tempo, querida Sakura.' Agora, se tivesse tido alguma dúvida de quem era o rapaz, esta simplesmente sumira com as palavras proferidas. Sorriu encantadoramente para o rapaz, seus problemas esquecidos por algum tempo.

Sakura: 'Eriol-kun!!!' O rapaz sorriu para a moça, indo em sua direção.


Tai Ming andava a passos largos pela mansão, desde que o dia amanhecera estava afobado. Principalmente depois da visita de um de seus ninja. Estava visivelmente irritado por saber que Saigo falhara, mas ainda assim, às vezes, sorria torto ao poder imaginar que o bastardo poderia estar morto.

Como dissera para sua querida senhora (um sorriso novamente se estampou em seu rosto ao lembrar das formas acentuadas daquela mulher) se seus servos falhassem, iria pessoalmente.

Mas antes... Antes que tomasse qualquer decisão precipitada, resolveu visitá-la, seu sorriso desmanchou-se instantaneamente ao lembrar-se daquela outra mulher, aquela maldita.

Andou vários minutos, sempre descendo degrais ou declínios do território da família. A cada sala que atravessava o ar parecia mais pesado, as paredes mais escuras. Um lugar pouco conhecido por muitos, raramente visitado por muitos menos.

O corredor que atravessava agora era iluminado por tochas. O recinto era um lugar secreto, conhecido apenas por poucos de seus servidores. Um lugar construído por seu pai, em épocas remotas e que ele manteve em segredo por séculos a fio. Sempre, era para aquele lugar que se dirigia quando tinha coisas "interessantes" a fazer.

Contudo, começou a se sentir desonfortável como nunca se sentira no local. Algo que o estava incomodando e ele não entendia o porquê. Quanto mais ia para dentro do lugar, mais seus sentidos ficavam em alerta com o que poderia acontecer.

E seus sentidos não falharam.

Em volta de uma bolha mágica, de um tom azul anil, estava um de seus homens, o único responsável pelo lugar, desmaiado, e parecia fazer algum tempo. Contraiu a face em ódio e seguiu direto para a porta ao lado do homem, sem ao menos olhá-lo uma segunda vez. Aquilo não podia estar acontecendo.

Abriu a porta trancada firmemente com um mero movimento de seus dedos, magicamente. A porta abriu-se com força e ele entrou no aposento escuro, onde um quarto, até mesmo, luxuoso, estava. No entanto, não prestou atenção na decoração do aposento, seus olhos direcionados exclusivamente para a enorme cama no meio do quarto. Seu rosto contraiu-se em extremo ódio.

Tai Ming: 'Desgraçada!'


Fazia um longo tempo que não se viam e Sakura estava extremamente feliz por tê-lo encontrado em tão angustiante momento. Eriol era e sempre fora seu melhor amigo, companheiro de todas as horas, ombro a disposição para as decepções da infância. Era tão bom vê-lo! Tinha tanto a lhe contar.

Sakura sentara no sofá ao lado do rapaz, enquanto enlaçava seu braço ao dele e encostava sua cabeça no ombro do jovem. Sorrindo feliz com a visita deste. É verdade que a lembrança de um transtornado Syaoran ainda lhe era visível, mas a presença do amigo lhe era grandemente suficiente para lhe acalmar a alma, mesmo que por instantes.

Sakura: 'Ah, Eriol-kun, senti tanto sua falta!' O rapaz sorriu carinhosamente para a moça, enquanto lhe fazia um carinho na cabeça.

O susto inicial de Tomoyo ao ver o amigo da prima depois de tanto tempo parecia ter sumido. Fora surpreendente ver aquele rosto tão conhecido tão subitamente. Julgou, várias vezes, que ele não se daria ao trabalho de vizitar a prima novamente, visto que era tão ocupado e parecia estar interessado em outros assuntos que não tinham a ver com Sakura. Durante muito tempo teve raiva do rapaz, achando que ele não se preocupava com a prima, achando que ele era o culpado da desgraça de Sakura quando ensinou magia à ela, achando que ele não se importava com nada mais além da sua idolatrada magia.

Mas dessa vez parecia que ela julgara errado, julgara o rapaz com uma pedra em uma mão e uma faca na outra, sem deixar que uma possível explicação viesse. E o simples ato dele aparecer ali, sorrindo e fazendo sua prima sorrir, fora suficiente para derrubar as duas armas que ela sustentara por tanto tempo contra ele.

Meylin (sorrindo): 'Já faz muito tempo, Hiragizawa.' Meylin estava quieta até o presente momento, sentada ao lado de Tomoyo, no sofá em frente ao mago e a sua paciente. Também se surpreendeu com a chegada repentina do rapaz, mas conhecia-o bem. Sabia que não deveria ficar tão surpresa com as aparições estranhas do jovem enigmático.

Eriol (sorrindo): 'Muito tempo mesmo, Meylin-san. Como vai seu primo?' Os sorrisos de Meylin e de Sakura sumiram instantaneamente, mas o garoto não pareceu se abalar. Continuou mantendo seus olhos inquisitores na prima do amigo.

Meylin (em tom triste): 'Ele passou por momentos difíceis, Hiragizawa. Quase morreu.' Eriol sorriu em conforto para a menina, em um tom sereno.

Eriol: 'Eu imaginei que isso ocorreria, sinto não ter tido chance de avisá- los.' Todos na sala ficaram surpresos com o que o rapaz dissera, mas novamente ele não pareceu se incomodar com os olhares assustados voltados para si.

Meylin (irritada): 'Então você sabia que Syaoran seria gravemente ferido e não fez nada para evitar?'

Eriol (calmamente): 'Não é exatamente isso, Meylin-san. Eu sabia que vocês corriam perigo, mas estive impossibilitado de falar-lhes.

Sakura (interrogativa): 'Mas por que, Eriol-kun? Eu sei que telefone não é algo muito freqüente para nós, porém você já utilizou-o várias vezes para falar conosco quando esteve fora.'

Eriol (olhando para a amiga, sorrindo enigmático): 'Não é deste tipo de impossibilidade que estou a falar, querida Sakura. Tudo ao seu tempo, sim?' A menina meneou a cabeça em concordância, mas sabia que Meylin não ficara muito convencida de tal argumento. O primo lhe era muito importante e sabia que ela não permitiria que nada de mal lhe ocorresse caso pudesse evitar. Oras! Mas como esquecera?!

Sakura soltou-se do braço do amigo e se endireitou no sofá, encarando Meylin. Se não contasse agora sabia que a menina ficaria furiosa depois.

Sakura: 'Meylin-chan, Syaoran já acordou.' Viu a menina olhá-la espantada e sem, nem ao menos, perguntar por quê demorara tanto em lhe contar, saiu correndo para o andar superior.

Sakura suspirou tristemente e tanto Eriol quanto Tomoyo notaram. A segunda, sabendo que os dois precisavam conversar, resolveu levantar-se.

Tomoyo: 'Se vocês me dão licença, acho que vou ver como Nakuru está se arrumando sozinha.' Sakura olhou-a subitamente, ao ouvir o nome da outra garota.

Sakura: 'Nakuru está aqui?!' Tanto Eriol quanto Tomoyo acenaram que sim. 'Então eu preciso ir vê-la, e ao Spinel e também o...!' Ia exclamar algo quando ouviu uma voz estridente chamar-lhe.

Voz estridente: 'Sakura-chan!!!!' A menina voltou-se com um sorriso de lado a lado no rosto para a porta da sala.

Sakura: 'Kero-chan!!!!' O bichinho amarelo, parecendo um ursinho de asas, voou rapidamente ao encontro de sua mestra e os dois se abraçaram longamente. Gotículas de lágrimas quase caindo por seus olhos. '"h, Kero- chan! Como você está? Cuidaram bem de você?' O bichinho se soltou da menina, com um olhar indignado.

Kero: 'Spinel Sun não queria me deixar jogar baralho com ele e Nakuru e o Mestre Eriol não compraram doces para mim!!!' Reclamou veemente, enquanto gotas apareciam na cabeça tanto de Sakura, quanto de Eriol e Tomoyo.

Sakura (sorrindo para o amiguinho): 'É tão bom vê-lo. Senti tantas saudades, Kero-chan.' O bichinho sorriu para a dona. Mas logo ficou um tanto quanto sério para seus padrões estabanados e desviou o olhar para Eriol.

Kero: 'Já contou para ela?' Sakura não pareceu entender.

Eriol: 'Ainda não, Kerberus. Estava preparando terreno ainda.' Sorriu ao ver o rosto confuso de Sakura. A menina iria dizer algo quando outra voz estridente se vez ouvir.

Voz estridente: 'Sakura-chan!!!!!' A menina voltou-se para a porta e viu uma espevitada moça de longos cabelos ruivo escuros e olhos quase vermelhos correndo em sua direção e abraçando-a, ou seria melhor dizer, quase esmagando-a.

Sakura (sorrindo sem graça): 'Nakuru-chan, que bom vê-la!' A menina tentava respirar enquanto abraçava a moça mais velha. Com algum esforço conseguiu fazer Nakuru soltá-la, sorriu para esta e voltou seus olhos para o ombro dela, ainda sorrindo. 'Também é bom revê-lo, Spinel Sun.' O bichinho fez uma leve reverência.

Spinel: 'É um prazer revê-la, senhorita.' A menina sorriu e voltou-se para Eriol.

Sakura: 'Devia ter me dito que eles estavam aqui.'

Eriol: 'Você logo os veria, não é mesmo?' A menina acenou que sim e voltou a olhar os amigos, uma felicidade gostosa fazendo seu coração triste animar- se um pouco. Agora tinha seus amigos de volta, amigos com quem podia contar.

Tomoyo (sorrindo ao ver a alegria da prima): 'Bom, acho melhor deixar esses dois conversando, não é mesmo? Vocês três vêm me ajudar na cozinha?' Referia-se à Nakuru, Kero e Spinel. Os três concordaram e começaram a se retirar da sala.

Kero (enquanto voava ao lado de Tomoyo): 'Espero que você me deixe comer vários doces como recompensa, Tomoyo.

Spinel (emburrado): 'Larga de ser guloso, Kerberus! Tenha modos!'

Kero (não ligando para o comentário): 'Não tenho culpa se você é um amargurado com a vida. Eu sim sou esperto e deixo minha vida doce com meus doces.' Riu escancaradamente com a própria piada. Já iam longe enquanto ainda brigavam.

Sakura olhava para a porta por onde seus amigos saíram com um sorriso. Eriol olhou-a carinhosamente, era bom ver a amiga animada.

Eriol: 'Como está, Sakura?' A menina voltou-se para o rapaz, seu sorriso um pouco triste.

Sakura: 'Na medida do possível, bem.' Eriol sorriu para a amiga em conforto.

Eriol: 'Ele já sabe, não é mesmo?' Sakura sabia ao que o amigo se referia, jamais conseguiria enganá-lo e simplesmente balançou levemente a cabeça em afirmação. Estava triste e sabia que Eriol tinha consciência disso. Logo sentiu a mão quente do amigo em seu ombro, voltou a olhá-lo e ele ainda lhe sorria. 'Não se preocupe, Sakura.. Um passo de cada vez, não sofra por fatos que talvez nem venham a acontecer.' A menina deu um sorrisso fraco, pela primeira vez não podendo concordar com o amigo. Syaoran jamais a perdoaria...


Tai Ming encaminhava-se furioso para seu quarto, mas lentamente, como se tentasse digerir tudo o que lhe caía nos ombros durante o dia. Tinha que replanejar o que já havia planejado. Não esperava que isso acontecesse e não era nada bom. Se os anciões soubessem que ela não estava mais na propriedade, com certeza ele sairia prejudicado.

Chegou em seu quarto e sentou-se em uma longa poltrona ao lado de sua cama, observando o escuro tempo que se formava em Hong Kong. Apoiou seu braço no apoio do assento e levou sua mão perto da boca, em uma posição mais confortante para pensar.

Não passara nem se quer um minuto por sua cabeça que isso iria acontecer. Achou, tolamente, que seria fácil conseguir as Cartas e alcançar seus objetivos no Clã. Mas agora era diferente, um de seus melhores ninja estava morto e tinha acabado de perder sua mais preciosa "carta na manga". Escutou leves batidas na porta e pela presença pôde perceber quem era. Precisava de distração agora e permitiu que a pessoa entrasse.

Voz feminina: 'Por que está tão alterado, meu senhor? Pude sentir o abalamento em sua aura de longe.' A mulher se aproximava lentamente do homem, que a encarou com os olhos famintos e a fez sentar em seu colo.

Tai Ming: 'Saigo falhou... E ela fugiu, minha cara.' A mulher levou um leve susto, nada suficiente para evitar que se sentasse no colo do homem.

Mulher: 'E o que pretende fazer agora, meu bem?' Disse alisando os cabelos negros, levemente grisalhos do homem, cabelos curtos e espetados que lhe davam um ar mais jovem. Ela aproximou sua face da do homem e começou a beijar-lhe o rosto, mordiscar-lhe a orelha e sussurrar em seu ouvido, relaxando-o por momentos.

Tai Ming: 'Antes de ir para o Japão, preciso achá-la. Não seria sensato encarar nossos "amigos" sem estarmos com alguma surpresa como vantagem.' Falou enquanto apertava a cintura fina da mulher, já excitado com o toque desta.

Mulher: 'Quanto tempo acha que irá demorar?' Ela começou a abrir a parte de baixo de seu vestido chinês, assim como a calça dele.

Tai Ming (levemente ofegante): 'Algum tempo, minha querida. O suficiente para planejar o que é necessário em nossas atuais circunstâncias.' A mulher tocou a parte íntima dele, fazendo-o levantar-se com ela grudada em sua cintura, enquanto a apertava na parede. Ela riu com o comportamento moleque dele.

Mulher: 'Pretende enviar alguém até lá?' O homem já perdia seu próprio controle diante da mulher de longos cabelos louros e ondulados.

Tai Ming (apertando-a com força na parede): 'Não há necessidade... Agora...' E encaixou-a em seu corpo, começando com aquele ritual já tão comum entre eles todo dia. Sorriu torto contra o corpo dela. 'Só você para me fazer acalmar-me, Lin...' Como única resposta a mulher apenas se juntou mais ao corpo do homem, fazendo-o gemer.


Meylin estava radiante ao ver que o primo estava acordado. Rapidamente, mas cuidadosamente, abraçou-o feliz, como se aquilo fosse suficiente para sustentar todo seu ser. O rapaz ainda estava sério depois da conversa com Sakura, ainda irritado, mas também estava contente em ver a prima, e ver que Saigo não fizer nenhum mal a ela. Abraçou-a com cuidado, ainda sentindo seus ferimentos doerem.

Meylin (quase chorando): 'Ah, Xiao Lang... Achei que você nunca mais acordaria...' Quase soluçava 'Já faz seis dias que você estava inconsciente. Quase te levei daqui para cuidar de você em algum lugar mais apropriado.'

Syaoran (sorrindo com a preocupação da prima): 'Ei... Seu primo agüenta o tranco, Meylin. Você sabe disso. O importante é que vocês estão bem, que Saigo não fez mal a ninguém.' A menina ficou tensa por instantes e soltou- se do abraço do primo.

Meylin: 'Você se sente bem, Xiao Lang? Aquele maldito do nosso primo não tinha o direito de lhe fazer o que fez.' Tinha ódio contido em sua voz. Syaoran resolveu não falar nada sobre o ninja, era perigoso a menina sair berrando com meio mundo sobre sua indignação com Saigo.

Syaoran: 'Estou bem, Meylin. E te agradeço por ter cuidado de mim.' Sorriu para a prima que ficou levemente rubra e desviou o olhar.

Meylin (sem graça): 'Mas o mérito não é só meu, Xiao Lang... Sakura passou noites acordada velando seu sono quando eu não agüentava mais ficar acordada.' O rapaz ficou novamente sério com a mensão do nome da japonesa. Nunca imaginou que a menina poderia ter feito aquilo com ele. Jamais imaginou que alguém poderia enganá-lo deste modo.

Meylin percebeu que o rapaz ficou sério, mas ficou com medo de perguntar a razão. Seja lá o que fosse, não tinha agradado nada o primo. Conhecia-o bem e sabia a diferença de cada rosto sério que o rapaz fazia e aquele era um dos mais raros e perigosos. Ficou com dó de Sakura, seja lá o que ela tivesse feito ao rapaz. Não queria mal à garota, e por mais que amasse Syaoran, sabia que ele não seria dela, portanto, tinha esperanças que fosse de alguém como a japonesa. Mas o que ela poderia ter feito para deixá-lo daquele jeito? Sondaria um pouco depois para descobrir.

Resolveu mudar de assunto, era melhor fazer o clima do quarto ficar um pouco melhor, pois nos últimos dias apenas lágrimas e preocupação preenchiam o local.

Meylin (sorrindo): 'Você não sabe quem está aqui?' Syaoran pareceu acordar de seus pensamentos, como se não tivesse mais consciência de que a prima estava ali.

Syaoran (curioso): 'Oras, e quem poderia ser para deixá-la assim contente?' A menina sorriu por segundos, tentando deixá-lo mais curioso e conseguindo.

Meylin (sorrindo marota): 'Hiragizawa Eriol está aqui, Xiao Lang!' Viu com gosto o rapaz arregalar os olhos. Porém, não esperava a reação seguinte dele e preferia não ter dito nada.

Syaoran (tentando se levantar): 'Eu preciso falar com ele, Meylin. Onde Eriol está?'

Meylin (tentando impedi-lo de se levantar): 'Mas Xiao Lang! Não seja teimoso! Não pode levantar, ainda está fraco!

Syaoran (lutando para se soltar): 'Agora não, Meylin. Eu preciso ter uma conversa séria com ele.' Ficaram assim por algum tempo e Meylin se deu por vencida, não seria bom que ele se levantasse, mas pior ainda era ele se esforçar para tentar.

Suspirou vencida e levantou-se, extendendo sua mão para o rapaz.

Meylin: 'Está bem, Xiao Lang. Irei levá-lo até Hiragizawa. Mas você não irá se esforçar, ouviu bem?' O rapaz meneou a cabeça sem prestar muito atenção no que fazia e já se levantava. Meylin apoiou-o em seus ombros e começou a caminhar com ele até o andar de baixo.

Sakura: 'E foi isso, Eriol.' Concluiu sua narrativa. Esteve contando, durante aquele tempo em que se viram sozinhos, o que ocorrera desde que Syaoran e Meylin chegaram em sua casa, até a última revelação. A que acabara de fazer e que quase dilacerara seu coração.

Eriol permanecia em silêncio. Sakura contou em linhas gerais o que ocorrera, mas ele já tinha uma leve noção de tudo. Com certeza, a vida da amiga estava sendo conturbada e sentia muito ao pensar que ela sofreria ainda, muito mais.

Abraçou a garota para confortá-la enquanto esta tentava segurar as lágrimas. De tudo o que ela passara, talvez o pior tivesse sido o olhar que Syaoran lhe lançara minutos mais cedo. Como gostaria de ter evitado isso, mas sabia que não poderia viver aquela mentira para sempre.

Eriol: 'Eu estou aqui agora, Sakura. Irei lhe auxiliar sempre que puder.' Falou fazendo um leve carinho nos longos cabelos da amiga. 'Sinto não poder estar aqui antes, mas estive ocupado. Viagei muito e descobri mais algumas coisas. Por último, o que tive que fazer alguns dias atrás não foi nada fácil e me ocupou grande parte desses últimos meses.'

Sakura (levantando seu rosto para olhá-lo): 'O que você teve que fazer, Eriol-kun?'

Eriol (seriamente): 'Há coisas que eu não estava concordando e precisava dar um jeito. A verdade é que...' Mas alguém o interrompeu.

Syaoran: 'Finalmente você apareceu, Eriol.' Falou logo chegou na sala. Estacando por um momento ao ver aquela cena. Por mais que quisesse evitar este tipo de reação, não pôde segurar a raiva que sentiu ao ver Sakura e Eriol abraçados, um olhando para o outro, com os rostos tão próximos.

No entanto, Eriol não pareceu se abalar com o rapaz, ao contrário de Sakura, que se sentia tensa ao vê-lo pela primeira vez desde que ele saíra de seu quarto. Viu Meylin apoiá-lo em seus ombros e se perguntava se a garota já sabia da verdade.

Eriol soltou-se lentamente de Sakura e levantou-se, indo até Syaoran, ajudar Meylin. Mas Syaoran recusou a ajuda e até mesmo se soltou de Meylin. Caminhou lentamente e dolorosamente até um dos sofás, sentindo seus músculos doendo com o esforço, mas não daria o braço a torcer. Encarou Sakura, que estava no sofá da frente, com os olhos cheios de raiva, mas a menina não o olhava, mantendo a cabeça baixa, como se fugisse do contato visual.

O mago inglês caminhou até Sakura e sentou ao seu lado, colocando um dos seus braços em volta dos ombros da menina, em apoio. Syaoran não pode deixar de notar a cena, mas resolveu não comentar.

Eriol: 'Espero que já esteja bem, Xiao Lang.'

Syaoran (sério): 'Bem o suficiente para o que vim fazer...' Encarou Sakura novamente e a viu desviar o olhar. Sua raiva ainda era grande e não cogitava a idéia de perdoá-la. Jamais perdoaria alguém que o enganou por tanto tempo. Uma mulher ainda... Não pôde evitar de pensar.

Eriol (suspirando com os ânimos do lugar): 'Minha visita aqui não é meramente casual. E tenho plena consciência que vocês sabem disso.' Os presentes acenaram que sim e Eriol desviou seu olhar para Meylin, que se mantinha de pé, ao lado de Syaoran sentado no sofá. 'Meylin-san, poderia nos deixar a sós, por favor.' O rapaz não costumava ser tão direto, mas a situação não permitia mais delongas.

A menina acenou positivamente com a cabeça, olhou o primo mais uma vez, que mantinha seu olhar sério em Sakura e virou-se para sair, indo para cozinha.

Assim que a menina saiu, Eriol olhou mais uma vez para Syaoran, que mantinha seu olhar em Sakura. Sorriu internamente, como o rapaz poderia tratar uma menina tão doce como Sakura daquela maneira? Sabia que ele tinha suas razões e esperava sinceramente que ele as esquecesse.

Eriol (ficando sério novamente): 'Xiao Lang, estive conversando com Sakura sobre os últimos acontecimentos...' O rapaz interrompeu-o.

Syaoran (sarcasticamente): 'Ah, então a senhorita Kinomoto também já revelou sua "identidade secreta", não?!' Sakura se encolheu e Eriol apertou- a mais contra si. Mas Syaoran não parecia querer ser piedoso no momento. 'Ou não me diga que ela agora está te enganando, com palavras bonitinhas e gestos meigos para depois dizer-lhe que era tudo uma mentira?'

Eriol (irritado): 'Agora já chega, Xiao Lang. Você passou dos limites.'

Syaoran (revoltado): 'Eu passei dos limites? Então para você é extremamente normal uma menina idiota fazê-lo de bobo por tanto tempo e ainda fazer cara de santa?!'

Eriol: 'Sakura não me enganou em nada, Xiao Lang. E se fez com você, teve seus motivos. Eu os conheço bem e não tenho como acusá-la de nada.' Uma luz piscou no cérebro de Syaoran com as palavras do inglês.

Syaoran (quase gritando): 'Quer dizer que você tinha participação em tudo isso, Eriol?! Também queria gozar da minha cara?!'

Eriol (calmamente): 'Reflita sobre suas palavras e veja se elas têm algum sentido, meu caro.' Syaoran quase pulou no pescoço do amigo com tal comentário. 'Sakura é uma das poucas mulheres nos dias atuais que tem liberdade para demonstrar seus poderes mágicos. Você deveria saber disso, já que as mulheres com tais poderes no seu clã lutaram muito para chegar onde chegaram, como sua mãe.'

Syaoran: 'Não compare minha mãe com essa mentirosa!' Os olhos de Sakura arderam com o comentário, mas ela não iria chorar.

Eriol (ignorando tais palavras): 'Tua mãe sempre te ensinou a respeitar as mulheres, eu sei disso. Mas seu clã não aprova os métodos de Yelan. Como você acha que os anciões reagiriam ao saberem que quem possuía as Cartas Clow era uma mulher?!'

Syaoran não queria ouvir o que Eriol dizia, seu orgulho sendo mais forte que qualquer senso de justiça. Mas sabia que Eriol estava sendo sincero, só não podia obrigar-se a aceitar algo como uma mentira dessa maneira. Sakura enganara-o, não confiou nele e isso ele não podia perdoar.

Eriol suspirou desanimado, como se adivinhasse os pensamentos do rapaz. Entretando, o momento não era oportuno para discutir pequenos detalhes como aqueles. Eles corriam perigo e Eriol precisava ser rápido para chegar logo onde queria.

Eriol: 'Eu sinto pela desavença de vocês, mas agora não podemos discutir isso. Meu motivo em estar aqui é maior, por mais que eu ache que meu dever também seja ajudar vocês dois.' Fez uma leve pausa, como se esperasse que Syaoran dissesse algo, mas ele não parecia querer se pronunciar. Logo, continuou. 'Eu vim aqui o mais rápido que pude e sinto não ter sido rápido o suficiente para evitar o que aconteceu a vocês cerca de uma semana atrás.

Syaoran (encarando-o): 'E o que havia de tão importante assim, Eriol?' Parecia que o rapaz já estava mais calmo.

Eriol (sorrindo enigmático): 'Como disse à Sakura, há coisas que não concordava e precisava intervir. Fiquei longos meses até descobrir como, quando e onde agir. Sei que não fui rápido o bastante, mas acho que você irá gostar do que tenho a lhe mostrar, Xiao Lang.' O rapaz ficou intrigado com as palavras, mas não deixou isso transparecer. Eriol matinha seu sorriso e logo desviou seu olhar de Syaoran para a porta da sala, atrás do amigo. 'Acho que você já pode entrar, minha senhora.'

Tanto Syaoran quanto Sakura encararam o local, curiosos para saber quem seria a pessoa em questão. Um vulto começou a surgir na porta e Syaoran não pôde evitar que seus olhos se arregalassem.

Em um vestido tradicional chinês, branco e com adornos levemente lilases e vermelhos, estava uma mulher de longos cabelos negros, presos em um penteado elaborado. Pele clara e olhos castanhos escuros serenos. Syaoran sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas.

Mulher (sorrindo): 'Meu querido...'

Syaoran não pôde evitar e se levantou, mesmo com dificuldade. A mulher começou a vir em sua direção, enquanto ele tentava se mover lentamente até ela, sem desgrudar seus olhos daquele rosto tão querido.

Sakura não sabia quem era a mulher, mas sabia que ela era boa e uma paz e tranquilidade se apossaram da jovem ao sentir a aura envolta da mulher. Quando voltou a realidade, pôde perceber Syaoran abraçando a mulher carinhosamente, enquanto tentavam conter suas lágrimas.

Syaoran (sussurrando): 'Como senti sua falta, mamãe...'


Sakura e Eriol se afastaram do casal para deixá-los mais à vontade. Sakura não pôde deixar de sorrir ao ver o rosto contente de Syaoran. Yue lhe contara o motivo de Syaoran estar lá e ela o admirava por isso, não eram muitos que arriscavam o que ele arriscava para ajudar os pais.

Logo que saíram, viram Tomoyo vir com uma bandeja de guloseimas ao encontro deles. Eriol falou que era melhor eles comerem na cozinha, enquanto davam um tempo. Tomoyo não entendeu este "davam um tempo", mas achou melhor concordar.

Ficaram algum tempo na cozinha, rindo das brigas de Spinel e Kero, assim como de Tomoyo e Meylin que se viam a toda hora constrangidas com os abraços de mãe urso de Nakuru. A mulher só não fazia isso com Sakura pois tinha uma "ligeira" consciência de que a menina ainda estava se recuperando de ferimentos. Apesar de que às vezes não resistia e apertava a menina também, chamando-a de várias maneiras, desde "gracinha" até "fofucha".

Passara-se exatamente uma hora e Eriol achou que era melhor voltarem para a sala, ainda havia muito a se discutir. Os outros concordaram e seguiram até o aposento.

Meylin quase desmaiou quando viu a tia no local, mas sua felicidade foi maior e ela não resistiu a correr e abraçar a mulher. Coisa não muito comum em seu clã, que evitavam demonstrações de carinho e isso não era exceção para ela, Yelan ou Xiao Lang. Ficou feliz ao ver o rosto do primo, alguma da tristeza e preocupação do rapaz sumindo de sua face.

Eriol: 'Espero ter dado tempo suficiente para vocês conversarem, minha cara.'

Yelan (serenamente): 'Mas é claro, Eriol. O suficiente para um breve encontro aguardado há muito tempo.' Deu um singelo sorriso, admirado por Meylin, que quase nunca via a tia sorrindo. Talvez seu cargo de chefe do Conselho dos Anciões não pemitisse que Yelan mostrasse sentimentos, o que era uma pena, concluiu a jovem chinesa.

Eriol (voltando a ficar sério): 'Eu sinto ter que interrompê-los. Mas acho que é chegada a hora de contar-lhes grande parte do que está ocorrendo.'

Era chegada a hora de revelar o que tanto era esperado por alguns ali presentes. Muitas eram as dúvidas e poucas as respostas, Syaoran, principalmente, queria muito saber o que estava ocorrendo desde que sua mãe entrou subitamente em coma.Yelan não quis contar-lhe o que lhe ocorrera e ele respeitara a decisão da matriarca Li, mas ainda queria saber o porquê de tudo aquilo e não perderia uma oportunidade de sabê-lo.

Syaoran (sério): 'Esperei muito por isso, Eriol. E também espero que suas explicações esclareçam minhas dúvidas.' O mago inglês acenou positivo com a cabeça.

Todos os presentes se sentaram no local. Era uma pena Yue não estar presente, mas Sakura, ou até mesmo Eriol, falariam com ele depois.

Fez-se um silêncio por algum tempo. Até que Eriol resolveu falar.

Eriol: 'Talvez vocês não entendam tudo o que tenho a dizer, mas peço que tenham paciência, a história é longa. Ainda há algumas lacunas que eu não pude preencher, mas tudo ao seu tempo.' Todos acenaram positivamente e Eriol começou.

"No começo dos tempos, o Deus Supremo dividiu seu poder entre vários deuses menores, e destes deuses inferiores os mais importantes eram os Deuses do Poder."

Sakura iria dizer que conhecia a história, mas não era bom interromper no momento.

"Deus deu vários poderes a cada um, desde poderes elementares, aos poderes espirituais. Assim planejava manter a ordem no planeta, mas nem Deus poderia esperar que acontecesse o que aconteceu...

Era lei que o Senhor escolheria o parceiro e a parceira de cada deus e deusa, e apenas os seres humanos teriam o privilégio de escolher seu próprio parceiro.

E entre os vários deuses, um não gostou dos planos do Senhor, um deus justo e bom, que enfrentaria até seu mestre por seus ideais. Mas não era certo discordar do Deus Supremo e aquele que discordava foi mandado embora do convívio dos outros deuses. Seria deus, teria filhos, sofreria as mesmas leis dos outros deuses, mas não poderia conviver com eles no paraíso.

E depois disso, tudo pareceu piorar. A vida não podia ser uma Lei Absoluta e ninguém poderia controlar o coração: O Deus Supremo havia prometido a Luz para o Sol, assim como a Lua para as Trevas. Assim, o dia e a noite seriam protegidos por cada casal. No entanto, a Luz era apaixonada pelas Trevas, assim como o Sol pela Lua e isso jamais poderia ser apagado dos corações deles.

E eis que o Senhor descobriu e não gostou. Sua ira foi grande e ele castigaria seus deuses. No entanto, ele sabia que tinha errado em não dar o livre arbítrio para seus súditos e por isso permitiu que eles ficassem juntos.

Porém, seria inadmissível que Deus deixasse seus deuses impunes, eles desacataram suas ordens e deveriam ser castigados. Logo, o Mestre fez sua escolha, os deuses poderiam escolher seus parceiros, mas seus filhos não poderiam viver no paraíso como eles. Dessa maneira, o plano inicial de Deus não seria alterado e apenas aqueles que fossem humanos poderiam escolher seu parceiro.

Entretanto, o Senhor viu que errara muito e foi misericordioso. Permitiu que os filhos dos deuses fossem imortais. Porém, essa imortalidade só seria mantida até que estes filhos encontrassem seus parceiros e tivessems seus próprios filhos. Sua imortalidade seria passada para seu filho, e assim por diante, onde o pai, depois de seu filho nascer, teria um tempo determinado aqui na terra como qualquer ser humano...

O deus Trovão, aquele que discordara, nunca mais foi visto, nem seus filhos, que também tiveram sua imortalidade retirada com a vinda de sua descendência. E os outros deuses se contentaram com o que teriam e assim foi por longo tempo."

Eriol fez uma pausa em sua narrativa, enquanto os outros permaneciam quietos. Syaoran estava meio inquieto com o rumo da conversa. Conhecia a história dos "Deuses do Poder", só não entendia o que isso tinha a ver com o que estava acontecendo em sua vida.

Ao contrário deste, Sakura parecisa emocionada com as palavras. Aquela mulher, Yume, havia lhe contado tal história assim que se hospedara em sua casa e ela não esquecera de nenhuma passagem. A boa e velha senhora às vezes dormia em sua casa, quando não podia conseguir um quarto para se hospedar durante a noite. Sakura gostava da companhia da senhora e não via por quê negar tal favor.

Sakura: 'Eu conheço tal história, Eriol-kun. É uma história bonita, pena que tenha um final triste.' Eriol voltou-se para a amiga, com o rosto ainda pensativo.

Eriol: 'O que você não deve saber, minha cara, é que este não é o fim da história dos Deuses do Poder.' Tanto Syaoran quanto Sakura encararam Eriol. Não sabiam que havia uma continuação da história e parecia que finalmente o ponto principal chegara. Eriol olhou a todos em seu silêncio absoluto e voltou a contar sua história, olhando para a lareira que Tomoyo acendera minutos atrás.

"Os Deuses do Poder obedeceram a Lei Divina e sabiam que veriam cada um de seus filhos e netos nascerem e morrerem. Era um trágico fim, mas eles fizeram sua escolha e não poderiam voltar atrás...

Dentre todos os filhos dos deuses, quatro deles eram mais íntimos, os filhos das Trevas com a Luz e os filhos do Sol e da Lua. Por serem os primeiros a nascerem, os gêmeos de cada casal se tornaram grandes amigos e dessa amizade surgiu um grande amor entre um filho de um casal e a filha do outro.

Destes casais nasceram muitos filhos e de alguma maneira os primos voltaram a se apaixonar e se casaram. Isso continuou a acontecer e a família prosperou. Alguns filhos se casavam com outros seres humanos, alguns com até mesmo outros filhos de outros deuses, por serem uma grande família unida. Mas as raízes das Trevas e da Luz, do Sol e da Lua se mantiveram firmes e fortes.

Dessas uniões, entre Luz e Trevas, Sol e Lua, surgiu o mais antigo e grandioso Clã Chinês de todos os tempos...

O Clã Li"

Todos ali, com exceção de Eriol, Nakuru, Kerberus, Spinel e Yelan arregalaram os olhos em surpresa. Para eles, toda aquela história era uma mera fixão, usada para explicar misticamente a origem de um povo como o da China. Mas parecia que não era assim, Eriol não era o tipo do homem que mentiria em algo como aquilo e ao olhar para o rosto sério de sua mãe, Syaoran tinha certeza de que não se tratava de uma piada.

Sakura (ainda aturdida): 'Eriol-kun, você está me dizendo que o Clã Li tem origens divinas?' O rapaz simplesmente meneou a cabeça. A menina se encostou no sofá com força, sem poder acreditar no que ouvira.

Syaoran: 'Então essa é a origem dos poderes mágicos da nossa família...'

Eriol: 'Como disse, muitos se desgarraram da família Li, outros deuses tiveram filhos que foram explorar o mundo. Essencialmente, a origem da magia do mundo veio desses deuses, mesmo que não tenha se concentrado exclusivamente no Clã Li.' Syaoran sentiu uma ponta de orgulho no peito ao saber a origem de seus poderes. Sakura sabia que agora sim ele iria se achar o melhor para o resto da vida.

Sakura: 'Mas Eriol-kun, ainda não entendo o que isso tem a ver com nossos problemas.' Eriol olhou sorrindo para a amiga, demorou até alguém perguntar aquilo. Talvez o susto tivesse sido grande demais.

Eriol: 'Está certa, Sakura. Eu ainda não terminei e agora pretendo continuar.' Todos fixaram seus olhos novamente no charmoso inglês. O que ele ainda teria de supreendente para dizer?!

"O Clã Li era um grande e poderoso clã. Como já dito, o maior e mais poderoso de todos. No entanto, o clã ainda não tinha uma centralização de seu poder e isso era necessário para que eles continuassem unidos.

Logo, foi decidido, pelos mais velhos, que seria escolhido uma pessoa regida por cada um dos Deuses do Poder no Clã para fazer parte de um Conselho Único no clã. Seria elegido de acordo com os poderes, sabedoria, bondade de cada um e principalmente sua ligação direta com a família dos Deuses do Poder, ou seja, aqueles que fossem imortais até terem seus filhos.

Desta decisão surgiu o famoso Conselho dos Anciões, famoso e temido entre todos dentro do Clã."

Syaoran (resmungando baixinho): 'Não por mim...' Sakura lançou um olhar mortal para o rapaz por interromper a narrativa, seu medo e receio do jovem estar com ódio dela sumindo por momentos. O rapaz fingiu não ver e desviou o olhar, ainda emburrado. Eriol continuou depois da interrupção.

"Pois bem, o Clã se tornou centralizado, seu poder cada vez maior. E isso causou certas discordâncias entre muitos dos membros da família, até mesmo entre os anciões, muitos corrompidos pelo poder enorme que possuíam.

E surgiu a discordância naquela família, assassinatos e corrupções se tornaram comuns. O único desejo dos poucos que se mantiveram firmes perante a tentação do poder era que surgisse um entre eles que pudesse reverter aquela triste situação.

E agora, meus caros, contarei-lhes a parte da história em que vocês devem se concentrar."


(Continua)

03/05/04

Mary Marcato


Comentários da autora: Ah... Vocês acreditam que até eu estava ficando interessada na história " Aí eu olho e vejo: "puts, mas eu acabei aqui????" Hehehe, deveres do ofício :P Há algumas partes nesse episódio que insinuei certas coisas, eu pessoalmente ri em vários pensamentos e comentários, fora que já dá pra tirar algumas pequeninas conclusões, principalmente sobre os sentimentos de cada um :) Pelo menos para mim, não é? Não sei se o capítulo ficou claro, tentei fazer a narrativa de Eriol diferente de Yume para não ficar enfadonho, apesar de preferir o jeito da senhora ter contado a história. Bom, acho que é só, espero que tenham gostado - Se quiserem revisar ou me mandarem um e-mail eu gostaria muito :) Meu mail, pra quem ainda não sabe é marymarcatohotmail.com Ja ne!

Agradecimentos: Bom, eu adorei todos os comentários :) Então é difícil agradecer a todos em uma nota, eu não costumo fazer isso. Agradeço principalmente à Yume Rinku adorei o comentário dela e fiquei me achando, hehehe. E à Violet-Tomoyo, eu sinto não ter sido o seu capítulo favorito o anterior, mas eu não consigo fazer cada capítulo melhor que o outro, né, como já disse, ele era um capítulo de transição (os mais chatos, com certeza). Mas eu gostei muito do seu comentário e só pelo fato de vc ter mandado-o já é o suficiente para mim. Ah, e finalmente ao "perfeito" que a Miaka descreveu como o fim do capítulo anterior não sei se foi tanto, mas inchou meu ego hahaha. Arigatou minna-san!!