Não vou escrever muito aqui porque ainda tem uma nota gigante no final. Então eu apenas digo que fiz um capítulo tão grande para poder pedir que cheguemos, ainda neste capítulo, ao review número 100 (como eu sou modesta, né :P hehehe). Além de pedir ATENÇÃO aqui para que vocês leiam a nota final, acho que ela é importante :) Divirtam-se!
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Capítulo15: Nós iremos nos entender um dia?
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Ele arrastou levemente seu pé direito para frente, para melhor se equilibrar, enquanto seu olhar não desviava sequer um segundo do olhar da pessoa a sua frente. Sua arma estava posicionada como se fosse mais um membro de seu corpo e ele tinha que admitir que aquela a sua frente também possuía excelente técnica, independente do fato de fazer mais de anos que ele supunha que ela não tocava em uma arma de guerra.
Ficaram longos segundos se encarando, travando uma guerra silenciosa, de espírito e de olhares. Qual seria o sinal do outro para atacar? Seria ele que deveria começar ou a pessoa a sua frente o faria primeiro? Observou com cautela a técnica do adversário, visão limitada devido ao fato de não terem trocado sequer um golpe. No entanto, suficiente para ele tirar algumas conclusões, como fraqueza de defesa ou de ataque.
Eles usariam magia? Não sabia se iria ser assim, mas eles combinaram que aquele seria o grande desempate entre eles. Por que não haveriam de utilizar? Por alguns segundos ele planejou mentalmente como atacaria, seja física, seja psicológica, seja magicamente. Supunha que seu adversário fazia o mesmo e já tendo concluído seus próprios planos, não daria mais tempo algum para o outro finalizar os seus próprios.
Sem avisar partiu para o ataque, um frontal, perigoso para si, mas também mortal para o adversário. Qualquer erro de estratégia significaria sua própria derrota. Entretanto, ele sabia o que fazia e, ao mesmo tempo que sentiu sua arma ser impedida pela do inimigo, se abaixou, pronto para dar uma rasteira, cuja foi evitada por um salto.
Não deu tempo do outro nem ao menos pousar elegantemente ao chão e partiu para outro golpe, seu bastão seguiu reto ao longo de seu corpo, que só deu tempo da outra pessoa apenas virar seu corpo para a direita, em cento e oitenta graus.
O rapaz sentiu sua guarda abaixada assim que seu ataque foi desviado e percebendo o golpe que levaria pelas costas caso não se movesse, o fez, rolando no chão alguns metros antes de se levantar. Contudo, ele achava que não seria atacado, uma vez que apenas ele o fizera até presente momento.
Ledo engano, um grande e estúpido engano. "Não subestime seu inimigo" as palavras de seu mestre voltaram segundos antes que ele sentisse o bastão do inimigo raspar dolorosamente pela lateral de seu abdômen. Saltou alguns metros, posicionando-se para novo ataque, assim como ela o fez.
Sakura (sorrindo de lado): 'Parece que eu não estivera enganada quando disse que não seria difícil vencê-lo.' Pronunciou tais palavras enquanto se posicionava assim como o rapaz a sua frente fazia. Seu sorriso aumentou ao perceber o leve incômodo que era exalado pela região onde ela acabara de acertá-lo.
Syaoran (sério): 'Uma guerra não é vencida tão facilmente.'
Sakura (partindo para o ataque): 'Mas são as pequenas falhas que definem o mais forte.' E assim que ficou a dois metros de distância do rapaz saltou, atacando-o de cima para baixo, fazendo-o ficar entre um pequeno dilema, amparar o golpe ou desviar.
Ele optou pela primeira opção.
Sakura e Syaoran começaram a medir forças, seus rostos muito próximos, adrenalina e raiva um do outro eram as únicas coisas que corriam pelas veias dos dois. Syaoran ainda não esquecera da "pequena" mentira dela... Sakura não esquecera o jeito como ele a tratava.
Sakura (entre os dentes): 'Vou fazer você se arrepender de cada ofensa que dirigiu a mim nesses últimos meses.'
Syaoran (de olhos cerrados): 'Você é quem vai implorar para ter a chance de nunca mais mentir na vida.'
Olharam-se com chamas nos olhos e logo cada um pulou para um lado. Sakura ofegou por um segundo, sentindo que suas pernas ainda não podiam agüentar tamanha pressão. Syaoran sorriu de lado com tal constatação e partiu para cima dela. Porém, antes de travar nova briga corpo a corpo, o rapaz desviou centímetros dela para a esquerda, enquanto invocava um dos seus ofurôs.
Syaoran (jogando seu ofurô para cima enquanto pegava a esfera de sua espada): 'Deus das Águas, vinde a mim!' O golpe pegou a garota desprevenida, já que esta ainda não tinha invocado seu próprio báculo.
Syaoran sentiu o vacilo da garota e logo que a viu desviar do ataque, partiu para cima dela, com sua espada em punho, seu bastão deixado ao chão. Sakura mal teve tempo de evitar o golpe, que a assustou, era uma lâmina agora, não mais um mero e simples bastão de madeira.
A garota sentiu suas faces contraírem em raiva devido à ousadia do rapaz e começou a correr formando uma parábola. Syaoran começou a persegui-la, em maior velocidade que a moça. Sakura sabia que não tinha o preparo suficiente para correr, ao menos, na mesma velocidade que o rapaz, mas ela só estava adquirindo tempo.
Assim que o viu se aproximar, correu para uma árvore próxima, enquanto pegava impulso com uma das pernas no tronco rijo desta e foi de encontro ao rapaz, assustando-o com a manobra ousada. Syaoran saltou para desviar do golpe veloz e manteve-se distante, o que deu a oportunidade da garota invocar seu próprio báculo.
Sakura: 'Chave que guarda o poder da minha Estrela, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e os ofereça a valente Sakura que aceitou esta missão. Liberte-se! Espada!' Mal ela gritou o nome da carta e já se viu se defendendo de um golpe do jovem chinês, que não perdera um segundo para se aproximar dela enquanto esta chamava seu báculo. Espada contra espada se enfrentando, o atrito provocando um leve rangido e algumas faíscas, assim como os olhos dos dois guerreiros.
Syaoran (olhando-a com raiva): 'Você perde tempo demais invocando seu báculo.'
Sakura (no mesmo tom): 'E você perde tempo demais falando.'
Dessa vez, nenhum dos dois pretendia ceder e aura rosa e verde começaram a se expandir no jardim, demonstrando o quanto de força mágica havia ali, sem contar uma extrema determinação dos dois presentes. A garota sabia que jamais o venceria em força, mas ele temia perder em magia...
Sakura (forçando-se ao máximo): 'Força, auxilia-me neste momento!' No mesmo segundo Syaoran começou a sentir a enorme força que a carta mágica começou a oferecer a sua dona. Não podia permitir-se perder devido a uma única carta, a moça tinha mais de cinqüenta! E ele sabia que ainda podia estar à altura dela.
Syaoran: 'Deus dos Ventos, ajuda-me!' Sakura sentiu o vento contra si, enquanto o rapaz sentia a Força contra ele. Não havia como usar outra carta, nem um, nem outro. Ou eles acabavam com aquele golpe, ou ficariam assim até suas forças serem totalmente drenadas. Optaram pela primeira opção, novamente.
Sakura saltou para trás, assim como Syaoran o fez no mesmo segundo. Em seguida cessaram o golpe mágico, enquanto tomavam fôlego. Syaoran colocou a mão no abdômen, sentindo seu ferimento arder com o esforço. Sakura tremia em suas pernas, aquilo já era demais para elas.
Sakura (passando a olhá-lo): 'Sua magia aumentou...'
Syaoran (sorrindo de lado): 'Eu sei...' Sakura também sorriu, seria demais esperar um elogio para consigo de ser tão arrogante como ele.
Novamente assumiram posição de luta, prontos para mais uma série de golpes.
Dessa vez foi Sakura quem atacou, golpeando-o de cima para baixo. Syaoran amparou com ligeira facilidade o golpe; Sakura poderia ter a mesma habilidade com a espada, ou até mais, que Saigo... Se estivesse mais preparada. Mas Syaoran ainda era superior a Saigo, não havia dúvidas, concluiu com um sorriso irônico.
Assim que desviou do golpe da japonesa, Syaoran se preparou para o seu próprio, atacando-a na lateral, em um momento que ela se recuperava do seu próprio golpe.
Sakura, por segundos, conseguiu abaixar-se, desviando-se do ataque, mesmo que pudesse sentir o ar cortante acima de sua cabeça, a milímetros. Aproveitou a deixa e passou uma rasteira no rapaz, que se desviou novamente.
O jovem saltou para se desviar, dando tempo para a japonesa se levantar também, atacando-o. Sakura foi a sua direção e ele atacou-a com um chute lateral, Sakura saltou, por cima da cabeça de Syaoran. O rapaz sorriu por dentro, já conhecia aquele golpe, já estava preparado para ele... Fora o mesmo que dera a vitória a ele em sua luta com a japonesa nas montanhas quando...
Syaoran (abobado): 'O quê?!' Assim que levantou a perna para golpear a garota quando esta descesse ao chão, espantou-se ao não ver ninguém a suas costas.
"Droga!"
Foi a única coisa que pôde pensar antes de receber um chute no peito, sendo jogado a alguns metros de distância.
Syaoran olhou a japonesa com ódio. Novamente a subestimara. Assim que se virou para atacá-la com um chute quando esta fosse ao chão, Sakura usara seu báculo para evitar a queda e poder se distanciar mais do rapaz. Quando percebeu a confusão deste ao não vê-la no chão, aproveitou a deixa para dar seu próprio chute.
Sakura (sorrindo de lado): 'Não se distraia, o inimigo não o fará.' As faces de Syaoran se contraíram em ódio, quem ela pensava que era para gozar da cara dele com as palavras de seu próprio mestre?
Syaoran não esperou nem mais um segundo para atacá-la. Surpreendendo a moça, devido à agressividade com que o fazia. Syaoran já estava irritado com aquela batalha. Não poderia estar em pé de igualdade com uma moça que acabava de voltar a andar! Está certo que ele próprio estava se recuperando de um grave ferimento... Mas ainda assim!
Sakura desviou de mais um soco do rapaz, este parecia não se importar se ela era ou não uma garota. O que intimamente a agradava, não gostaria nem um pouco de saber que o rapaz maneirava nos golpes simplesmente por saber que ela não "era mais" Tsukishiro Yukito.
Golpearam-se várias vezes enquanto o suor começava a respingar de seus rostos, molhando tanto a terra quanto suas próprias vestes. Sakura sentia o cansaço em seu corpo assim como o próprio chinês. Contudo, a garota temia ainda não estar pronta para suportar tamanha carga de golpes por tanto tempo, estivera parada por muitos anos. Era evidente que logo ele começaria a acertá-la e talvez nem a magia da moça pudesse evitar isso.
Syaoran golpeou a jovem lateralmente, da direita para a esquerda, a garota amparou o este, já esperando a seqüência que sabia que o rapaz iria dar agora, talvez um chute, talvez um soco. Sua mente começava a se cansar daquele joguinho que ele estava fazendo e que ela logo percebera.
O rapaz logo percebeu a irritação da moça e apto a controlar a sua própria não fez como ela imaginara e resolveu surpreendê-la.
Syaoran (invocando uma magia em silêncio): 'Mova-se!'
Sakura se assustou com o golpe, que a fez ficar atordoada por instante, pois o golpe tentara desequilibrá-la. Voltou a ficar em posição, mas já era tarde, Syaoran estava a suas costas. Em um reflexo a moça saltou no ar, para trás, contudo, ao contrário das outras duas vezes que já saltara por cima do rapaz, dessa vez ele não permitiu tal movimento e segurou o tornozelo da jovem, fazendo-a cair no chão.
A japonesa sentiu o ar faltar em seus pulmões por um segundo e levantou seu báculo para atacar o rapaz que se virava para ela com um sorriso irônico nos lábios. Mas este o evitou com sua espada, jogando o báculo da moça alguns centímetros longe dela.
Syaoran (sorrindo de lado): 'Gostou do meu novo truque?' Sakura não respondeu, percebendo estar em uma posição bem desvantajosa: ela caída no chão, ele olhando-a de pé. Mais um golpe e ela poderia se considerar derrotada. Syaoran encarou o silêncio da moça como falta de palavras e continuou. 'Parece que finalmente temos um vencedor, não?'
Sakura ficou quieta, olhando-o nos olhos, como se pudesse tardar o golpe final dele, enquanto isso, sem que Syaoran desse muita atenção, a moça esticou levemente sua mão na direção do seu báculo, a uns dois metros dos deles.
Syaoran sorriu de novo, visto o silêncio da moça, pronto para fazer um leve corte nela, prova de sua vitória. Quando começou a abaixar sua espada, Sakura abriu sua mão com força e Syaoran mal pôde assimilar quando o bastão da garota foi até as mãos dela e ela sorriu-lhe antes de responder às provocações dele.
Sakura (sorrindo com os olhos levemente cerrados): 'Você não é o único que aprendeu novos truques.' E antes que ele pudesse reagir, Sakura bateu o bastão com tudo nas pernas do rapaz, desequilibrando-o. Se ela não iria vencê-lo, ele também não iria fazê-lo com ela. Ficariam os dois ao chão.
Contudo...
A moça arregalou os olhos quando viu que o peso do corpo do rapaz não o forçou para trás ou para o lado e sim para...
Sakura fechou os olhos com a dor do impacto. Um novo peso se adicionando acima do seu próprio...
"Droga!"
Foi a vez dela pensar...
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Touya caminhava por sua biblioteca sem saber exatamente onde tocar, onde sentar, ou até mesmo onde olhar. Passou levemente as pontas de seus dedos sobre o piano de cauda ali, pensamentos distantes. Por um momento pôde escutar aquele instrumento soando, uma bela e simples composição, um Prelúdio de Bach. Fechou os olhos, como se pudesse escutá-la tocar delicadamente as teclas do piano. Como sentia falta daquele som...
Como sentia falta dela...
Abriu seus olhos perdidos calmamente e se encaminhou até uma das prateleiras da biblioteca, buscando por algum título qualquer. Tocou um livro e olhou por instantes para ele. Era o livro que ela lhe dera... Pegou o livro de capa castanho escuro e olhou as letras douradas do mesmo, ainda podia se lembrar da história, assim como do dia em que ela lhe deu.
O rapaz balançou a cabeça com um pouco de força, dissipando tais pensamentos, enquanto guardava o exemplar em sua mão. Suspirou pesadamente... Por que continuava a se lembrar... Se sabia que ela não voltaria?
Lembrou-se do dia em que Eriol havia chegado em sua casa nesse ano. Primeiramente conversaram sobre Sakura e os problemas desta, sem que ela soubesse, era claro. Depois, sob um silêncio incômodo, ele perguntou sobre ela... E o inglês apenas o olhou atentamente, buscando pelas dúvidas nos olhos do primeiro.
Eriol falou calmamente, talvez querendo ver a reação de Touya diante dos fatos. O rapaz bem que tentou não demonstrar seus sentimentos... Mas não era uma tarefa nada fácil, principalmente devido ao que Eriol lhe contava.
De acordo com o inglês, ela havia ido embora, para um lugar que nem mesmo Eriol sabia. Não deixou endereço ou meio de localizá-la... Parecia que havia sumido, ou simplesmente não queria ser encontrada.
O moreno sentiu um leve aperto no peito, um que não sentia havia muitos anos. Suprimiu aquela vontade que sempre tinha de vê-la e tocá-la, ouvi-la falar ou até mesmo tocar brevemente para ele naquele mesmo piano. Já fazia alguns anos desde a última vez que a vira... E desde esta época que se negara em se lembrar ou sentir falta, saudades...
Foi este um dos principais motivos que o levou a noivar com Tomoyo. Talvez um motivo egoísta, mas ele sabia que não conseguiria esquecê-la se simplesmente continuasse a remoer as lembranças. Não fizera nem um ano que ela partira para Inglaterra e ele anunciou seu noivado com a prima. Era um bom motivo para se obrigar a esquecer daquela mulher que tanto o fez feliz e tanto o fez sofrer...
Touya saiu de frente da prateleira de livros e se encaminhou até sua escrivaninha, como se decidido a esquecer o passado. No entanto, mal se sentou e já voltou a se lembrar dos momentos que passaram juntos.
Isso era frustrante... Concluiu pesaroso enquanto pegou um lápis e começou a rabiscar algo para passar o tempo. Desde que Eriol voltara, suas lembranças pareceram querer aflorar com mais afinco. Tinha noção de que Sakura, Tomoyo e Yukito deveriam estar preocupados com ele... Já que não era o tipo do rapaz que fica tão tempo recluso. Tudo bem que era quieto, mas tinha certeza que Sakura estava estranhando a falta de provocações da parte do jovem para com ela.
Quanto a Tomoyo... Suspirou pesadamente, mais uma vez. Sua prima estava alheia a sua história com a outra mulher, não fazia idéia da paixão que até hoje nutria pela "outra". Ele não tinha direito de fazer isso, mais uma vez concluiu exasperado.
Entretanto, talvez ele estivesse se preocupando demais quanto a isso... Sabia que a prima não gostava dele como uma noiva deveria gostar do noivo e ele poderia dizer o mesmo de si... Logo, não tinha por quê se sentir tão culpado...
Além disso(!) Lembrou-se com uma certa raiva... Ainda tinha o fato de que Tomoyo parecia estar nutrindo uma certa afeição por certa pessoa que... Bom, enquanto sabia que a prima "gostava" da irmã, ainda se sentia mais seguro de se casar com ela, uma vez que não privaria a garota da presença de Sakura. Porém... Agora havia outra pessoa... E isso fazia seu sangue ferver.
Não era ciúme... Nem poderia nutrir tal sentimento para com Tomoyo, não seria nem um pouco justo. Talvez se considerasse este um ciúme de irmão para com a irmã... Assim como era com Sakura. Mas tinha que admitir... Não era exatamente ciúme... Era raiva! Raiva por saber, mais uma vez, que era aquele maldito inglês que tentava tirar algo que era dele.
Touya bateu com certa força na mesa, lembrando-se do motivo de tê-la feito ir para a Inglaterra.
Aquele pirralhinho... Aquele moleque inglês... Aquele maldito amigo de sua irmã... Era tudo culpa dele! Mais uma vez a raiva que parecia ter esquecido do jovem voltava. Eriol fora o responsável... Sim... Era ele... Se não fosse por ele, ela não teria ido embora...
Se não fosse por ele, ela não teria dúvidas... Não teria dúvidas do amor que dizia ter por Touya...
O rapaz abaixou levemente a cabeça, tentando controlar suas emoções... Olhou para o papel e se surpreendeu... Não notara que havia escrito...
Voz feminina: 'Com licença...'
Touya levantou a cabeça no mesmo segundo, um tanto surpreso com a presença que chegava e ele não notara. A moça continuou na porta, esperando que ele desse permissão para entrar.
Touya: 'Entre, Nakuru...'
Nakuru sorriu levemente antes de entrar na sala, indo com passos alegres até a mesa onde o rapaz se sentava. Enquanto a moça se aproximava, Touya amassou o papel em que estava rabiscando e jogou no lixo ao lado... Errou a pontaria e suspirou desanimado diante da pequena derrota.
Nakuru (sorrindo): 'Posso me sentar?'
Touya olhou por instantes para a moça, ainda não tinha se lembrado de como a garota era espevitada, bastante espevitada. Acenou levemente com a cabeça e ela sorriu mais abertamente, se sentando confortavelmente na poltrona de frente para a mesa dele.
Nakuru encarou o rapaz, sorrindo e ele a olhou também, curioso. O que ela fazia ali? A moça pareceu se tocar e sorriu sem graça.
Nakuru (com a mão na cabeça): 'Oops, quase me esqueço do que vim fazer.' A moça encarou o rapaz e continuou. 'Tomoyo-chan pediu para avisar que ela não jantará conosco porque foi dar uma volta com Eriol-sama pela cidade. Ela espera que o senhor não se incomode.'
Touya sentiu os nós dos dedos se apertar levemente. Novamente... Novamente era Eriol quem se intrometia em seu caminho.
Contudo, logo o rapaz percebeu a presença da jovem e se controlou, afrouxando um pouco a mão. Nakuru continuou olhando-o.
Touya (sem encará-la): 'Mais alguma coisa, Nakuru-san?'
Nakuru (num tom levemente alto): 'Primeiro!' E levantou um dedo, assustando levemente o rapaz com a exclamação repentina 'Nada de "san"... Não gosto nada disso. Eu posso te chamar só de Touya?' Touya olhou levemente aturdido para a moça, que falava tudo tão rapidamente. E acenou levemente com a cabeça, fazendo-a sorrir mais ainda, se é que era possível. 'E segundo... Eriol-sama e Tomoyo-chan pediram para que eu fizesse companhia para você... Para não ficar tão sozinho.' A moça sorria e o rapaz olhou abobado para ela... Como ela conseguia ser tão... tão... "espontânea" dessa maneira? Para não dizer algo mais agressivo.
Touya: 'Er... Eu acho que eu prefiro ficar sozinho...' Viu a menina fechar a expressão no mesmo instante, fazendo beicinho.
Nakuru (com o lábio inferior tremendo, como se fosse chorar): 'Mas Eriol- sama disse...'
Touya (revirando os olhos): 'Eriol-sama, Eriol-sama... Tanto faz o que ele disse ou deixou de dizer... Não me importo e...'
Nakuru (interrompendo-o): 'Mas eu quero ficar!' Deixou escapar e tapou a boca com as mãos. Touya olhou para a moça meio confuso, piscando uma ou duas vezes os olhos. Por que ela queria tanto ficar?
Ficaram em silêncio por instantes... Até Nakuru voltar a falar.
Nakuru: 'Desculpe-me, não deveria ser tão insistente.'
Nakuru permaneceu com o olhar abaixado por segundos antes de começar a se levantar.
Touya: 'Espere.' Nakuru parou na metade do movimento e olhou-o, interrogativa. 'Não precisa ir... Se você quer ficar, pode ficar.' Nakuru deu um belo sorriso para o rapaz e voltou a se sentar.
Nakuru: 'Se eu estiver incomodando, é só me dizer que saio, está bem?' Touya acenou afirmativamente com a cabeça. E vendo que o rapaz não falaria mais nada, a garota resolveu iniciar uma conversa. 'Eriol-sama já te contou sobre o que está acontecendo?'
Touya (sem olhá-la): 'Basicamente, sim. Mas...'
Nakuru (sorrindo): 'Mas você ainda está preocupado com sua irmã, não é?' Touya olhou para a moça. Como ela conseguia adivinhar seus pensamentos dessa maneira?
Touya: 'Queria ser de mais utilidade... Não suporto ver Sakura sofrendo e não poder fazer nada.' Disse quase em um desabafo. Nakuru sorriu compreensiva e tocou uma das mãos que o rapaz mantinha na mesa. O rapaz olhou para a garota surpreso, enquanto ela apertava um pouco mais sua mão.
Nakuru: 'Você a apóia e isso já é muito para a pequena Sakura-chan.' Touya sorriu com as palavras. E Nakuru logo se viu obrigada a soltar a mão do rapaz, enquanto mudava de assunto. 'Já esteve na Inglaterra, Touya?'
Touya (aturdido com a rapidez de pensamentos da moça): 'Bom, eu pretendia... Mas ainda não tive a chance.'
Nakuru (sorrindo): 'Então me permita contar-lhe.'
Touya sorriu para a moça e ela começou a sua narração. Ficaram um bom tempo jogando conversa fora, apaziguando um pouco os ânimos do rapaz, acalmando a alma, alegrando um pouco aquele clima tão pesado que se formara sobre aquela mansão.
Foram minutos, ou horas (!), preciosos, concluiu Touya, que ria de mais um dos fatos que Nakuru lhe contava. A moça conseguia transmitir animação para qualquer um. Ele poderia ficar horas a ouvindo que não iria se aborrecer. Talvez antigamente fosse assim... Lembrou-se por um momento. Quando Eriol aparecera pela primeira vez e a jovem não "largava do seu p", ele realmente se irritava facilmente. Talvez por saber que seu coração pertencia a outra...
Mas dessa vez ele não deixou lembranças como aquela interromper seu momento de alegria pura e simples. Nakuru amadurecera, ele pôde constatar, e ele também mudara consideravelmente. Talvez faltasse apenas um pouco de diálogo entre os dois para que se tornassem bons amigos.
Voz feminina: 'Com licença, Touya-sama.' Touya controlou o resto de riso que escapava por seus lábios e olhou para a porta, onde um semblante calmo olhava para ele.
Touya: 'O que houve, Rika?'
Rika: 'Só queria informá-lo que há alguns senhores querendo falar com o senhor. Parece ser a respeito da última encomenda que o senhor fez e não chegou.'
Touya: 'Já estou indo, Rika. Peça para eles me esperarem na sala de visitas.' Rika acenou afirmativamente e se retirou da sala. Touya olhou para a companhia a sua frente, sorrindo discretamente. 'Obrigado pela companhia, Nakuru. Mas infelizmente eu tenho outro compromisso agora.' A moça sorriu para ele enquanto acenava afirmativamente.
O rapaz levantou-se de sua poltrona e depois de um leve aceno para a jovem inglesa se retirou calmamente da sala.
Nakuru permaneceu sentada por instantes, até que sentiu os passos do jovem irem longe. Levantou-se calmamente, enquanto seu sorriso desmanchava-se lentamente. Contornou a mesa e foi até um ponto em específico, onde havia um pedaço de papel amassado ao lado da lata de lixo.
A jovem abaixou-se e pegou delicadamente o pequeno embrulho. Lentamente desamassou-o e o pouco brilho que ainda havia em seus olhos sumiram. O rastro de sorriso, já há muito deixado por seu rosto.
Uma leve lágrima desceu pelo rosto da jovem, caindo em cima do pedaço de papel amassado, onde claramente estavam rabiscadas certas letras:
"Kaho".
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Syaoran ficou imóvel por alguns segundos, irritado com sua falta de percepção. Não podia ter se dado ao luxo de achar que a moça não tentaria reagir.
Três vezes... Três vezes!
Três vezes ele a subestimara e três vezes ele se deu mal.
Parou de pensar por um momento ao sentir um corpo se mexer embaixo de si. Um estalo se deu em sua mente, só agora ele percebia onde... Ou melhor... Em quem ele havia caído em cima depois do golpe que recebera...
Syaoran abriu os olhos lentamente, enquanto ouvia um leve gemido em baixo de si. Por um momento vacilou em olhar melhor, mas não pôde evitar à tentação que o cheiro e o calor do outro corpo o faziam sentir. Olhou para a pessoa abaixo de si e encarou, prendendo levemente a respiração, grandes e brilhantes orbes verdes.
Sakura e Syaoran ficaram mudos por instantes, um olhando nos olhos do outro, um sentindo a respiração do outro, um sentindo o cheiro do outro...
Syaoran começou a sentir seu corpo reagir à pele suada da garota abaixo de si, enquanto a mesma se sentia levemente desnorteada com a respiração quente a poucos centímetros de seu rosto.
Ficaram assim por vários segundos. Sakura ainda podia sentir levemente a dor que a queda do rapaz fizera ao cair em cima de si, mas isso era o que menos a incomodava. Aquela presença... Aquele corpo tão perto ao seu... A moça começou a sentir seu corpo ferver.
Sakura (em um sussurro, levemente desnorteada): 'Eu...' Syaoran olhou mais atentamente para a moça. A pequena palavra fora suficiente para ele sentir o hálito quente dela ao seu rosto, próximo a sua boca.
Começou a sentir seu corpo ficar levemente aturdido, a presença da garota provocando algumas reações não muito "puritanas". Resolveu que era melhor se levantar antes que fizesse alguma besteira, antes que...
Não pôde fazer qualquer movimento: Assim que finalmente tomava a decisão de levantar-se, sentiu a moça mover-se embaixo de si e seus olhos se arregalaram quando sentiu a cavidade entre as pernas dela se prensarem contra seu membro.
Sakura também sentiu o toque e reagiu instantaneamente a tal. Os dois engoliram em seco, o pouco controle em si sumindo... Palavras fugiam da mente dos dois. Mais um pouco e...
Syaoran sabia que tinha que se levantar, não iria agüentar mais, se ficasse ali sabia que faria besteira.
Contrariando todos os pedidos de seu corpo o rapaz começou a se mover, prestes a se levantar, seu membro novamente sendo prensado entre as pernas da moça antes de conseguir fazê-lo. Teve que se controlar ao extremo para não se deixar levar.
Syaoran começou a levantar seu corpo...
O rapaz parou novamente... E dessa vez não foi seu corpo que o fizera... Foram duas pequenas mãos, duas leves e suaves mãos que apertaram sua cintura levemente.
Syaoran olhou Sakura nos olhos e pôde ver mais do que deveria naquelas duas esferas verdes. Se não fosse pela cor, juraria ver seus próprios olhos ali... Pois fora a cor... Só havia uma coisa ali...
Desejo...
E dessa vez o rapaz não conseguiu resistir...
Os poucos milímetros que se obrigara a se separar da moça sumiram em fração de segundos, quando o rapaz voltou a deitar, levemente, seu corpo sobre o dela. Mas dessa vez ele tomou o cuidado de não ir de encontro àquele lugar em especial e invés de deixar o meio do seu corpo ali, apoiou um dos seus joelhos entre as pernas de Sakura, abaixo daquela região "sensível".
Olhou com desejo para a garota. Todo e qualquer ódio que supostamente sentia por ela já não fazia sentido em sua mente. A respiração quente dela cofundia-se com sua própria e sentiu quando as mãos dela o puxaram de encontro ao corpo feminino.
E ele cedeu...
Syaoran não pensou nem mais um segundo antes de ceder. E com avidez encontrou os lábios rosados e suados da moça. Lábios mais sedutores devido ao momento, e não menos doces devido ao suor dos dois corpos.
Sakura abriu sua boca, dando passagem para o rapaz, que não tardou em preencher o vazio ali. O chinês aprofundou mais o beijo enquanto apertava mais seu corpo contra o da garota, que agora não segurava mais a cintura dele, mas sim as costas, apertando-o contra seu corpo, com ardor e paixão incontida.
Ali se travava outra batalha, mas não uma batalha entre guerreiros ou rivais... A língua dele pressionava a dela e em seguida explorava a cavidade úmida e quente. Sakura apertou-o com seus braços, enquanto, inconscientemente, levantou um de seus joelhos, buscando mais contato com o corpo masculino.
Syaoran sentiu seu sangue a mil quando a perna dela pressionou a região em que ele evitava ser tocada. Se antes suas mãos apoiavam-se no chão para evitar o contato, agora ele cedia novamente, deixando seu peso cair levemente, fazendo seu corpo quente apertar-se contra o dela ainda mais. Levou suas mãos para a cintura da moça, massageando a região esbelta, abrindo passagem pela blusa colada no corpo sedutor da garota para tocar aquela pele sedosa que ele não se enganara em imaginar daquela mesma maneira em seus sonhos mais proibidos.
Sakura soltou um gemido com o contato, arqueando levemente seu corpo, fazendo o do próprio rapaz reagir com tal ato. O rapaz abandonou a boca da moça e começou a beijar o pescoço dela, deixando um rastro quente e úmido pela pele arrepiada dela.
Outro gemido e Sakura levou suas próprias mãos para dentro da blusa masculina, tocando com suas mãos a pele e o corpo definido do chinês, que imediatamente sentiu em seu membro baixo a reação do contato.
Syaoran já não conseguia pensar claramente com aquela proximidade e apenas uma coisa latejava insistentemente em sua mente, aproximar mais e mais seu corpo ao da jovem. Sakura não se encontrava em situação muito diferente, seus gemidos e seu corpo levemente arqueado provavam tal situação.
E eles não parariam ali... Sakura começou a descer suas mãos pelas costas do rapaz, assim como as dele foram de encontro às pernas da moça, firmemente. Sakura soltou outro suspiro enquanto fechava os olhos... Eles iriam se unir mais ainda se...
Sakura e Syaoran pararam subitamente com suas carícias. Soltaram-se ligeiramente ao mesmo instante, encarando-se assustados.
No instante em que pareciam se entregar totalmente... Naquele instante em que o desejo falara mais alto... Os dois corpos reagiram com mais nitidez a outra reação... A outro poder se não o desejo...
Reagiram a uma grande presença mágica... Que os fizeram recuperar a razão em um segundo, que o fizeram parar com aquele ato tão certo e ao mesmo tempo tão impensado...
Mas assim como veio, a presença se foi...
E apenas ficaram os dois ali... Encarando-se... Vermelhos... De desejo... E de vergonha... Ao finalmente perceberem o que estavam fazendo.
Syaoran levantou seu corpo do da moça em instantes e em seguida ficou em pé, virando-se de costas para a garota que começava a se sentar também. Sakura respirou fundo, buscando a razão perdida por vários minutos, Syaoran bagunçava com insistência os cabelos rebeldes, talvez na tentativa de também se recuperar...
Ficaram longos minutos sem conseguir olhar um para o outro... Sem conseguir proferir palavra alguma... Seja de recriminação, seja de declaração...
Entretanto, aquela situação não podia continuar... Um precisava se pronunciar... E visto que já estava em pé, Syaoran resolveu ser o primeiro.
Syaoran (sem olhar para Sakura): 'Eu... Acho que isso é outro empate...' Sakura murmurou algo como um sim, sem conseguir olhá-lo também. 'Eu...' Ficou mudo por instantes. O que falar em uma hora dessas? 'Eu acho que vou entrar agora... A gente se vê no jantar.' Sakura novamente murmurou, um pouco mais alto dessa vez e o rapaz não esperou por outra resposta para começar a se distanciar.
Syaoran pegou seu bastão no meio do caminho e começou a se dirigir para dentro da mansão. Enquanto Sakura ainda mantinha-se sentada no chão, quieta... Respirando profundamente... Acalmando seu coração e seu corpo... Acalmando seus desejos de mulher...
Sakura (apertando o coração enquanto fechava os olhos e se encolhia levemente): 'Meu Deus... O que foi isso?'
# # #
Os dois caminhavam calmamente pela movimentada cidade. Apesar de ser quase de noite, as pessoas ainda trabalhavam com afinco ou aproveitavam os últimos dias de mais um Festival que ocorria ali. Fazia tempo que eles não caminhavam tão calmamente, em especial ela. Da última vez que fora a um Festival, tinha sido o de Nadeshico.
A garota suspirou pesadamente, aquele foi um triste dia, com certeza. Lembrava-se claramente de como ficou horrorizada ao chegar em casa e ver sua prima sendo socorrida por Touya e Yukito, desmaiada e com sangue por toda volta. Foi uma cena dolorosa, mas mais dolorosa foi a reação da prima quando tudo terminou e ela teve que contar à Syaoran a verdade. Nunca mais se esqueceria do olhar de dor incontido que Sakura demonstrou depois que Syaoran simplesmente a ignorou ao saber da verdade.
Eriol (olhando para a moça): 'Está se sentindo bem, Tomoyo?' Tomoyo olhou para o rapaz surpresa, como se só agora percebesse que estava acompanhada. Suspirou pesadamente, antes de continuar.
Tomoyo (de olhos baixos): 'Apenas me lembrando de certas situações tristes...'
Eriol (colocando o braço no ombro da moça, surpreendendo-a): 'Não se martirize pelo passado. Viva o presente e tente planejar o futuro. Mesmo que este nunca seja do jeito como queremos.' Concluiu sorrindo. Tomoyo abaixou a cabeça, mas concordou levemente com ele.
Andaram mais alguns metros, apreciando a companhia um do outro, em um silêncio gostoso. Quem os visse, imaginaria que formavam um belo casal. Mas não era essa a verdade e pensando nisso, Tomoyo ficou levemente preocupada.
Tomoyo (preocupada): 'Será... Será que Touya se importou de eu ter saído sozinha com você?' Eriol olhou para ela por instantes, antes de encontrar as palavras certas para responder.
Eriol (olhando para frente): 'Touya e eu tivemos nossos pequenos desentendimentos no passado... No entanto, não creio que ele fique realmente irritado... Se é que você se refere a ciúmes.' Concluiu em um sorriso triste, que Tomoyo logo entendeu do porquê. Eriol já havia percebido que o noivado deles era um simples acordo, e bastante rapidamente, diga-se de passagem.
Tomoyo novamente abaixou a cabeça. Quem não perceberia de cara que aquele não era um casamento desejado fervorosamente por ambas as partes? Sabia que Touya estava lhe protegendo ao fazer isso e o fato de poder continuar perto da prima era razão suficiente para ela aceitar esta situação.
Entretanto, tanto ela quanto ele não amavam-se. O que mais deveria importar em um casamento não existia. Era realmente frustrante, mas era sua única solução... Quem poderia aceitar que ela amava sua própria prima? Poucos, se não nenhum... Além de que Sakura não nutria o mesmo sentimento que ela achava nutrir pela garota, essa sendo a principal razão para ela não evitar o casamento com o primo.
Tomoyo (de cabeça baixa): 'Você já percebeu, não é?'
Eriol (olhando-a por um segundo e logo desviando o rosto): 'Que você não ama Touya e vice-versa?'
Tomoyo (balançando a cabeça levemente em negação): 'Não... Que eu gosto de Sakura...'
Eriol (olhando-a com carinho): 'Todo mundo sabe que você gosta de Sakura, Tomoyo... Até mesmo ela...' Ao ver que ela diria outra coisa, ele foi mais rápido e concluiu. 'É uma pena que voc ainda não tenha percebido o jeito que realmente gosta dela.'
A garota parou por um segundo e Eriol fez o mesmo, um pouco mais à frente e sem encará-la. A jovem japonesa ficou realmente aturdida com as palavras do inglês... Como assim o jeito que realmente gosta dela? Oras! Gostava dela como mulher! Como amante! Era isso, não era? Era desse jeito que amava Sakura, não era?
A jovem colocou a mão na cabeça, confusa... Nunca duvidara de seus sentimentos por Sakura. Como? Como que simples palavras poderiam abalar tão gravemente idéias tão enraizadas em seu coração?!
O rapaz tocou o ombro da jovem, fazendo-a se assustar de novo. Ele se aproximara e ela nem notara... Viu o sorriso acolhedor dele e suas dúvidas desapareceram por um segundo.
Eriol (falando carinhosamente): 'Vamos, Tomoyo... Talvez não seja hora nem lugar para você questionar-se a respeito de seus sentimentos. Não concorda?'
A menina olhou-o com um misto de angústia e agradecimento antes de acenar levemente com a cabeça em afirmação e voltar a andar ao lado dele. Era uma bela noite... Não desperdiçaria este momento tão agradável, ao lado daquela pessoa tão especial, por dúvidas que... Nesse momento... Ela preferia achar que eram infundadas.
# # #
Syaoran entrou como um furacão no seu "quarto improvisado". Droga! Aquele quarto rosa(#) tinha o cheiro dela no ar... Não era forte, mas estava ali. Sentou-se na cama com as mãos apoiadas nos joelhos, enquanto apoiavam sua cabeça. Era uma cena desoladora... Mas era mais ou menos como ele se sentia. Desolado, confuso, quente...
Argh! Quente! Sim, ele estava quente e estava "alterado fisicamente" também. Por mais que já estivesse mais calmo depois do que ocorrera há pouco mais de cinco minutos, ainda podia sentir o cheiro dela impregnado por todo seu corpo.
Contudo, não fez nenhum movimento para tirar ao menos a camiseta. Por mais que sua mente dissesse que aquilo era uma idiotice, que ele era um tolo por se envolver com aquele tipo de mulher, seu corpo lhe traía... E seu coração estava acelerado...
Como permitira chegar a uma situação como aquela? Aquele cheiro, aqueles olhos, aquele sabor que a pele e a boca dela tinham, foram suficientes para fazê-lo perder qualquer controle que um dia ele já tivera na vida. Não compreendia como uma mulher conseguia mexer daquela maneira com ele. Também, pudera... A única pessoa com quem supostamente já tinha se relacionado era Meylin, que não dava brecha para alguém tentar levá-lo a um lugar para "adquirir experiência"(# #).
E agora ele estava assim, perturbado, alterado e por quê não admitir logo... Excitado. Aquela japonesa fora capaz de fazê-lo sentir o que nenhuma mulher que tentara se relacionar com ele conseguira. Nem mesmo Meylin, que muitas vezes tentara ser fogosa com ele, conseguira provocar metade da reação que ele sentia agora.
Por Deus! Onde ele estava com a cabeça para se deixar levar daquela maneira? E todas as brigas, as ofensas, as mentiras? Nada mais importava naquele tempo em que a teve em seus braços e isso... Era um tanto quanto assustador para alguém que sempre fora dono de seus sentimentos e desejos como ele.
Passou a mão na cabeça com força, bagunçando ainda mais os cabelos já rebeldes, se não se controlasse se veria obrigado a tomar uma ducha fria. Já devia ter feito isso antes, mas... Syaoran respirou fundo e sentiu o cheiro de flores invadir suas narinas e relaxou por instantes. Aquele era o cheiro dela... O cheiro que tanto o excitara e agora o acalmava. Não podia negar que adorava aquele cheiro, um banho estava um tanto quanto fora de cogitação nesse instante.
Jogou-se para trás, caindo em cima do colchão macio do quarto. Fechou os olhos e se lembrou dos momentos que passara com aquela mulher, tão... Como poderia defini-la? Tão diferente para ele... Tão aterradora e ao mesmo tempo tão acolhedora aos seus olhos... Uma mulher que ele podia odiar em um segundo e desejar tão fervorosamente em outro... Uma mulher tão... Especial...
Sim, esta era a palavra que a definiria melhor em seu dicionário. Grande psiquiatra ele era, não conseguia nem ao menos controlar seus mais simples sentimentos diante dela. Sakura era capaz de fazê-lo odiar em um instante e em outro se sentir a pessoa mais completa do mundo... Simplesmente não entendia... Não conseguia compreender. Droga! Eram seus próprios sentimentos! Como não conseguia se compreender?
Suspirou profundamente antes de se sentar novamente, pegando sua esfera que sempre que precisava se tornava uma arma tão mortal. Não podia estar pensando em tais coisas nesse momento. Sakura era o menor dos seus problemas agora, ou pelo menos ele julgava assim ser. Ainda não havia vencido Tai Ming, ainda não havia se livrado do infeliz e vingado sua mãe pelo que ele havia feito.
Por um segundo sentiu seu sangue ferver, mas dessa vez não era desejo, era ódio, simples e puro. Devia parar de pensar em coisas tão inúteis como o que achava ser seus sentimentos para com a garota japonesa e se preocupar única e exclusivamente com seu treino e como se vingaria do outro chinês.
Syaoran suspirou mais uma vez, enquanto apertava com força sua esfera. Quando falava parecia ser tão fácil... Mas não era exatamente assim na vida real. Por mais que treinara, por mais que meditara, por mais que fora agressivo com Sakura para tentar esquecê-la, não conseguia. Todos os dias... Não havia um dia em que não se via tentado a olhá-la por mais um segundo e mergulhar no mar esverdeado dos olhos dela. Como era fraco.
Voz feminina: 'Ah, finalmente te achei!' Syaoran voltou-se para a moça que entrava no seu quarto sem esboçar reação alguma. Simplesmente colocou sua esfera do lado da cama enquanto ela se aproximava.
Syaoran: 'O que houve, Meylin?'
Meylin (observando a esfera ao lado da cama do rapaz): 'Com quem andou lutando, Xiao Lang?' A garota não respondeu à pergunta do rapaz e Syaoran se viu tentado a fazer o mesmo com ela. Mas aquelas orbes rubis podiam ser um tanto quando insistentes e ele cedeu.
Syaoran: 'Com Sakura.' Syaoran pôde ver um leve rastro de surpresa passar pelos olhos da prima, que logo sumiu. A menina respirou fundo e se sentou ao lado dele.
Meylin: 'E por que lutaram?'
Syaoran (sem olhá-la): 'Um pequeno negócio mal resolvido entre nós no passado.'
Meylin: 'Refere-se ao treino de vocês nas montanhas?' Syaoran limitou-se a acenar afirmativamente com a cabeça. Contara para a prima havia poucas semanas o que acontecera entre ele e Sakura para ele estar tão agressivo com a japonesa. Meylin ficou um tanto quanto surpresa, mas resolvera não palpitar quando ele lhe contara. Não iria julgar Sakura, esse era um problema entre o primo e a amiga. Ela, ali, era uma mera espectadora.
Syaoran: 'O que houve?' O rapaz percebeu o silêncio da moça, algo um tanto incomum e repetiu a pergunta que fizera instantes antes. Meylin pareceu acordar com as palavras, olhando o primo nos olhos.
Meylin: 'Até quando pretendem ficar brigados?'
Syaoran (levemente irritado com o rumo da conversa): 'Você só vai responder minhas perguntas com outras é?'
Meylin (sorrindo de lado): 'Não seja rabugento, Xiao Lang. Achei que essa fase havia passado.' O rapaz se limitou a "fungar" e Meylin se viu tentada a rir da cena, mas se conteve, fechando a expressão. 'Você ainda não a perdoou, não é?' Syaoran ficou quieto por instantes, mas logo respondeu.
Syaoran (sem olhá-la): 'Como quer que eu perdoe alguém que escondeu uma verdade dessas por tanto tempo de mim?'
Meylin (suspirou levemente irritada): 'Você não está pensando racionalmente, Xiao Lang, nem parece um psiquiatra.' O jovem olhou para a chinesa sem entender e ela continuou sem se alterar. 'Você ficou abalado em saber que uma mulher poderia ser dona das Cartas Clow.' Syaoran fez menção de protestar, mas a prima não deixou. 'E não diga que estou mentindo, você sabe que não estou. Você é tão orgulhoso que não se conforma de ter perdido Cartas tão poderosas para uma mulher. Sakura feriu seu orgulho e você não consegue aceitar isso. Está com tanta raiva dela que não percebe que sua raiva é infundada.'
Syaoran (não se contendo): 'Como assim, infundada? Ela mentiu para mim, Meylin! Mentiu algo importante demais!'
Meylin (olhando-o seriamente): 'Não digo que não era importante. Mas isso te dá o direito de odiá-la?' O rapaz não respondeu, desviando o olhar e Meylin continuou, em um tom baixo. 'Você está tentando se esconder por trás desse ódio falso. Não consegue admitir que Sakura mexe com você... Diz odiá- la pois não consegue admitir que está gostando dela de verdade...' Terminou quase em um sussurro, mas o suficiente para o primo ouvir.
Syaoran ficou em silêncio, sem saber como responder às palavras da prima. E logo de quem! Meylin, normalmente, seria a primeira a impedir que qualquer mulher chegasse perto dele, no entanto, por que agia com diferença em relação à japonesa?
Meylin (voltando a olhá-lo): 'Eu disse, uma vez... Que se você não viesse a amar outro alguém... Casaria-se comigo...' Fez uma longa pausa, antes de conseguir forças para continuar, desviando o rosto e abaixando os olhos. 'Está livre do nosso compromisso, Xiao Lang.'
Mudo... Foi tudo o que ele conseguiu fazer ou ficar... Piscou várias vezes, sem conseguir assimilar com clareza as palavras da prima. "Se não viesse a amar alguém...", "Está livre do compromisso..." Mas... Por que Meylin dizia isso? Ele não amava Sakura! Não amava aquela japonesa! Era apenas atração! Não havia sentimentos!
Syaoran se viu tentado a responder às afirmações da prima, mas não pôde. Olhou para Meylin, que ainda mantinha sua face abaixada e não encontrou forças para falar. Como poderia negar se nem ao menos ele sabia se realmente estaria dizendo a verdade? Não conseguiu falar... Não iria dizer algo que não tinha certeza, não iria mentir para a prima...
Ficaram em silêncio por alguns segundos, até Syaoran sentir o peso em sua cama diminuir. Meylin se levantava e olhava para ele sorrindo.
Meylin (forçando um sorriso): 'Vamos, tire sua camisa agora.' Syaoran olhou sem entender para a moça e ela sorriu maliciosamente. 'Não se preocupe, não vou te "assediar sexualmente"' Diante da expressão assustada do primo Meylin não conseguiu segurar a risada, como ele era inocente... 'Aiai, Xiao Lang... Além de você só a Sakura para me fazer rir assim.' Sustentou um sorriso calmo antes de continuar. 'Vai, tira logo... Não fiquei quase uma hora te procurando para passar remédio no seu ferimento à toa.' Syaoran respirou aliviado e ela riu da ingenuidade do primo, às vezes Syaoran conseguia surpreendê-la, ingenuidade não era uma das características mais forte do chinês... Mas tinha que admitir que ele tinha os "seus acessos".
O rapaz começou a tirar a camisa enquanto a chinesa abria a gaveta do criado mudo para pegar a pomada. Meylin olhou o peito trabalhado do primo e sentiu suas faces corarem. Mas que vida cruel! Por que tinha que permitir que seu primo fosse tão lindo assim?!
Syaoran passou os últimos quinze minutos apenas sentindo as mãos delicadas da prima deslizarem por seu abdômen. Suspirou derrotado... Realmente... Meylin não o fazia sentir nem metade das sensações que Sakura conseguia fazer.
# # #
Era uma sala escura, como já dito uma vez. No entanto, muitos dos bancos ali, sempre ocupados, estavam vazios. A maioria dos presentes mantinha-se de pé pelo salão, conversando entre si, em vozes baixas e preocupadas.
O grande salão de reuniões dos Anciões da Família Li estava mais alvoroçado do que costumava ser. Pessoas tão cheias de conhecimento e tão poderosas como eles não costumavam demonstrar suas aflições tão abertamente.
Uma mulher de longos cabelos negros, olhos da mesma cor, com um rosto jovem, porém cansado, com formas esbeltas, porém antigas, conversava com um homem de cabelos brancos e olhos azuis escuros. Conversavam em baixo tom, um tom triste e melancólico.
Shui: 'Ainda não tive a oportunidade de falar abertamente com a senhora... Queria dizer que sinto muito pelo o que aconteceu ao seu filho, Itami...'
Itami: 'Obrigada, Shui. Agradeço o apoio...'
Shui: 'Talvez Tai Ming tenha sido precipitado em enviá-lo às cegas daquela maneira... Talvez fosse melhor termos confiado mais no jovem Xiao Lang.'
Itami (de cabeça baixa): 'Não sei, Shui... Não sei qual seria a melhor solução.' A mulher falava com pouco sentimento, desmentindo qualquer dor que uma mãe poderia sofrer com a perda de um filho, como parecia ser seu caso. 'Saigo não era nenhum santo, você sabe bem. Eu sempre soube que o destino dele não seria muito diferente do que foi...' O homem permaneceu em silêncio com a aparente falta de sentimentos que a mulher parecia ter para com o próprio filho.
Contudo, tinha que concordar. Saigo nada se parecia com a mãe, sempre calma e bondosa. Ele muito mais lembrava o pai, o antigo Senhor da Razão, morto em guerra e substituído no cargo de Ancião por seu irmão mais novo. Satsugai sempre foi um homem ambicioso e morreu devido a sua ambição... Saigo provavelmente não devia ter sido muito diferente, no entanto, suspeitava que a morte dele fora devido à inveja que ele sabia que o rapaz sentia pelo futuro Líder do Clã Li.
O Senhor das Águas permaneceu em silêncio depois do comentário daquela mãe. Sabia o quanto ela sofrera e sempre se mostrara forte devido a isso. Sabia que o casamento dela fora forçado e seu filho nunca foi o que ela esperava que fosse, ou seja, diferente do pai. Não iria julgar a falta de amor dela... Não saberia dizer se reagiria de maneira diferente se estivesse no lugar dela, da Senhora das Almas.
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Em outro canto do salão, uma das mulheres presentes, com longos cabelos castanhos claros e enrolados, que iam até o fim de sua cintura e de olhos castanhos esverdeados, conversava com um homem de cabelos castanhos escuros e lisos, compridos, até a metade da cintura, preso folgadamente abaixo do pescoço; os olhos dele eram de um profundo verde escuro, tão profundo quanto o conhecimento que um homem tão novo como ele normalmente não possui, mas ele sim.
Feng (pesarosa): 'Temo não termos agido certo, Tao...'
Tao (calmamente): 'Eu sei, querida... Entendo sua preocupação...' O jovem senhor tocou levemente o ombro daquela que seria sua futura mulher. Não queria vê-la naquele estado, mas um ancião era sempre um ancião e deveria sempre pensar no que era mais justo para o Clã.
Feng (aproximando-se do noivo): 'Você que é sábio, querido... Você... Acha que Tai Ming realmente disse a verdade ao dizer que raptaram Yelan e agora devemos mais do que nunca ter as Cartas para achá-la?' O homem ficou em silêncio por longos minutos, suas dúvidas eram grandes e não pretendia mentir para a moça, mesmo que quisesse acalmá-la.
Tao: 'Não vou mentir para você... Quando Tai Ming enviou meu sobrinho para o Japão... Para tomar as cartas que Xiao Lang parecia não estar conseguindo, achei-o um tanto quanto precipitado. Agora que Saigo está morto, minhas dúvidas são ainda maiores.'
A mulher ficou em silêncio, não sabia exatamente o que dizer. Temia pela vida de sua querida amiga Yelan, amiga desde sua infância, mas ela, sendo a Senhora dos Ventos e ele, sendo o Senhor da Razão – aquele que substituíra com sabedoria o antigo Senhor da Razão, Satsugai – não podiam se deixar abalar em momento tão crítico como pelo qual passava seu Clã.
Uma Anciã poderosa como Yelan foi supostamente seqüestrada e agora... O Senhor da Astúcia, Tai Ming, convencera a grande maioria dos Anciões que em presente momento só restava uma solução: que eles mesmos entrassem em ação.
Ela teve suas dúvidas se assim deveria ser. Meses já haviam se passado desde a morte de Saigo, o filho da Senhora das Almas, e eles não tinham feito nada, nem ao menos entrado em contado com Xiao Lang. Contudo, agora que Yelan estava fora do alcance deles, foi muito mais fácil fazer com que os anciões aceitassem usar de sua própria força para intervir.
Feng não confiava em Tai Ming, sabia que seu noivo também não... Entretanto, os argumentos dele eram, de certa forma, bastante convincentes. Logo, ela só podia esperar e rezar para que as Cartas Clow pudessem ser finalmente do Clã, que sua querida amiga Yelan fosse salva e que Xiao Lang, o futuro Líder do Clã Li, fosse inocente das acusações de Tai Ming. Pois este dissera, um dia antes de ter permissão do Clã para ir para o Japão, que Xiao Lang havia traído o clã e se juntado ao dono das Cartas Clow. E de acordo com o Senhor da Astúcia, Xiao Lang agora visava ter o poder do Clã totalmente para si, usando de meios duvidosos.
Ela apertou-se mais ao peito do seu futuro marido, buscando conforto. Sinceramente esperava que Tai Ming estivesse errado... Pois entre ele e o futuro líder do Clã Li, tinha que admitir que não desejava ser o rapaz o morto neste confronto não mais evitável...
# # #
(Continua)
18/07/04
Mary Marcato
# # #
(#) O quarto que Syaoran está ainda é aquele anexo ao de Sakura, por isso rosa. Não sei se vocês lembram, mas no dia do incêndio o quarto de Syaoran foi destruído e ele passou a ficar no quarto onde antigamente era o local onde Nadeshico cuidava da filha.
(# #) Quando digo "lugar para adquirir experiência" me refiro a bordel. Acho que a maioria sabe que antigamente (e ainda hoje, também) muitos pais levam os filhos aos bordéis para saber como é fazer "aquilo". Uma atitude machista e idiota, na minha opinião, ¬¬ pois se a mulher não era virgem no casamento era uma desonra descomunal para a família u.u Affs... Deixa quieto.
ATENÇÂO!!! (Leiam que eu julgo ser importante)
(Big) Comentário da Autora: Bom, eu espero que vocês estejam mais do que satisfeitos com a cena entre o Syaoran e a Sakura, hahahaha :P Eu fiquei até vermelha com o que eu pensava em escrever (mente poluída, mente poluída) hehehe. Mas agora eu devo algumas explicações para vocês. Eu não pretendia colocar esta cena dos anciões, porém eu queria escrever um jeito do Tai Ming ter partido para o Japão sem ter que mostrar a conversa que ele teve com os anciões para convencê-los disso e poder falar um pouco sobre esses caras. Ninguém nunca fala como eles realmente são e eu resolvi fazer isso.
Na minha história, muitos deles ainda têm a aparência bastante jovem, devido ao fato de serem imortais até terem filhos. Portanto, agora só me restava esclarecer quem é quem e o significado de cada nome (Eu fiz isso sim! Dessa vez não fui dominada pela preguiça e procurei nomes decentes, hahahaha).
Mais uma coisa, houve um capítulo em que eu coloquei os anciões como "mulher1" ou "mulher2", "homem1", "homem2" e assim por diante... Fiz isso porque queria que os rostos deles não fossem mostrados, mas como seria muito cansativo tanto para mim quanto para vocês ficarem recordando o que cada um disse nesse determinado capítulo (Capítulo5: Desentendimentos) resolvi esclarecer isso nas notas finais:
Voz feminina1: 'Já perdemos muito tempo atrás delas. É realmente necessário que as consigamos?' (Senhora do Fogo: ainda sem nome :P)
Voz masculina1: 'Fundamental. Vós sabeis que não temos outra alternativa, caso contrário pode ser o fim dela.' – reforçou a palavra "dela" como se dramatizasse a situação, houve alguns murmúrios entre os senhores e senhoras do local ao tocarem no assunto. (Senhor da Astúcia: Tai Ming)
Voz masculina2 (num tom grave e forte): 'Não entendo como isso foi acontecer com ela. Os curandeiros já descobriram algo?' (Senhor da Lua: Sin)
(...)
Voz masculina3 (uma voz calma): 'O garoto, apesar de tudo, tem noção das suas responsabilidades, não posso negar.' (Senhor da Razão: Tao)
Voz feminina2: 'Acho que não há motivos para tantas preocupações, senhores. O que for para ser, será.' (Senhora das Almas: Itami)
Voz masculina4: 'Ela tem razão, o fluxo do destino se encarregará do futuro.' (Senhor das águas: Shui)
Voz feminina3: 'Ainda assim temo por ela.' (Senhora da Sol: Xa Mai)
Pronto, estas são as pessoas que falaram naquele capítulo. Agora eu colocarei o significado de cada nome. Ainda há alguns que eu ainda não encontrei:
Senhor das Águas: Shui – Em chinês, Shui significa água.
Senhor da Terra: En Liu – Na história antiga, na cultura de certo povo que eu não pretendo especificar, Emlil era o deus da terra.
Senhora dos Ventos: Feng – Em chinês, Feng significa vento.
Senhora do Sol: Xa Mai – Na história antiga, na cultura de certo povo, Chamach era o deus do Sol.
Senhor da Lua: Sin – Na história antiga, como já dito acima, Sin era o deus da Lua.
Senhora da Luz: Lin Bai – Como já dito, Lin Bai, em chinês, significa jovem branca.
Senhor das Trevas: Yang – Como na teoria Yin Yang, Yang significa masculino e representa a cor negra.
Senhor da Razão: Tao – Em chinês, TAO é um ideograma formado por duas partes: Uma significa cabeça, a outra mostra a estrada. O conjunto leva numa direção, portanto, temos o caminho e temos a consciência em movimento.
Senhor da Astúcia: Tai Ming – Como já dito uma vez, Tai Ming é uma pequena alusão à palavra timing (pronúncia táimin) do inglês, que, entre seus vários significados, pode significar "aguardar o momento certo para agir".
Senhora da Alma: Itami – Homenagem que fiz a um livro que muito gosto: Ninja. Na história, Itami é a mãe de um ninja chamado Saigo. Ela não parece amar seu filho, seu casamento foi arranjado e, mesmo sendo bondosa, aparenta ser fria devido a sua vida sofrida.
O antigo Senhor da Razão: Satsugai - Também recebeu esse nome em homenagem ao livro citado acima. Pai de Saigo e esposo de Itami, Satsugai é um homem cruel e ambicioso que não mede esforços para conseguir o que quer.
Ainda não encontrei nome para a Deusa do Fogo e o Deus da Humanidade. Qualquer idéia, por favor, entrem em contato comigo.
Puxa, acho que já falei demais mesmo, nunca fiz uma nota tão grande Espero que tenham gostado e... Se quiserem que eu acrescente os outros anciões na trama da história, me avisem. Eu adoraria fazê-lo, mas não sei se seria do agrado de vocês. :)
E finalmente:
Agradecimentos: Queria agradecer muito mesmo aos 90 reviews que já recebi só no :) Eu adoro vocês!!! Em especial, queria parabenizar a Andreia pelo aniversário dela e agradecer por ter sido meu nonagésimo review, estava esperando por ele para postar :)
Espero que este capítulo tenha sido digno suficiente para alcançar os 100 reviews :) Eu ficaria muitíssimo contente se o recebesse, sério mesmo! :) Obrigada por toda atenção que vocês sempre me dispensam :) Arigatou, minna- san!!!
# # #
Capítulo15: Nós iremos nos entender um dia?
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Ele arrastou levemente seu pé direito para frente, para melhor se equilibrar, enquanto seu olhar não desviava sequer um segundo do olhar da pessoa a sua frente. Sua arma estava posicionada como se fosse mais um membro de seu corpo e ele tinha que admitir que aquela a sua frente também possuía excelente técnica, independente do fato de fazer mais de anos que ele supunha que ela não tocava em uma arma de guerra.
Ficaram longos segundos se encarando, travando uma guerra silenciosa, de espírito e de olhares. Qual seria o sinal do outro para atacar? Seria ele que deveria começar ou a pessoa a sua frente o faria primeiro? Observou com cautela a técnica do adversário, visão limitada devido ao fato de não terem trocado sequer um golpe. No entanto, suficiente para ele tirar algumas conclusões, como fraqueza de defesa ou de ataque.
Eles usariam magia? Não sabia se iria ser assim, mas eles combinaram que aquele seria o grande desempate entre eles. Por que não haveriam de utilizar? Por alguns segundos ele planejou mentalmente como atacaria, seja física, seja psicológica, seja magicamente. Supunha que seu adversário fazia o mesmo e já tendo concluído seus próprios planos, não daria mais tempo algum para o outro finalizar os seus próprios.
Sem avisar partiu para o ataque, um frontal, perigoso para si, mas também mortal para o adversário. Qualquer erro de estratégia significaria sua própria derrota. Entretanto, ele sabia o que fazia e, ao mesmo tempo que sentiu sua arma ser impedida pela do inimigo, se abaixou, pronto para dar uma rasteira, cuja foi evitada por um salto.
Não deu tempo do outro nem ao menos pousar elegantemente ao chão e partiu para outro golpe, seu bastão seguiu reto ao longo de seu corpo, que só deu tempo da outra pessoa apenas virar seu corpo para a direita, em cento e oitenta graus.
O rapaz sentiu sua guarda abaixada assim que seu ataque foi desviado e percebendo o golpe que levaria pelas costas caso não se movesse, o fez, rolando no chão alguns metros antes de se levantar. Contudo, ele achava que não seria atacado, uma vez que apenas ele o fizera até presente momento.
Ledo engano, um grande e estúpido engano. "Não subestime seu inimigo" as palavras de seu mestre voltaram segundos antes que ele sentisse o bastão do inimigo raspar dolorosamente pela lateral de seu abdômen. Saltou alguns metros, posicionando-se para novo ataque, assim como ela o fez.
Sakura (sorrindo de lado): 'Parece que eu não estivera enganada quando disse que não seria difícil vencê-lo.' Pronunciou tais palavras enquanto se posicionava assim como o rapaz a sua frente fazia. Seu sorriso aumentou ao perceber o leve incômodo que era exalado pela região onde ela acabara de acertá-lo.
Syaoran (sério): 'Uma guerra não é vencida tão facilmente.'
Sakura (partindo para o ataque): 'Mas são as pequenas falhas que definem o mais forte.' E assim que ficou a dois metros de distância do rapaz saltou, atacando-o de cima para baixo, fazendo-o ficar entre um pequeno dilema, amparar o golpe ou desviar.
Ele optou pela primeira opção.
Sakura e Syaoran começaram a medir forças, seus rostos muito próximos, adrenalina e raiva um do outro eram as únicas coisas que corriam pelas veias dos dois. Syaoran ainda não esquecera da "pequena" mentira dela... Sakura não esquecera o jeito como ele a tratava.
Sakura (entre os dentes): 'Vou fazer você se arrepender de cada ofensa que dirigiu a mim nesses últimos meses.'
Syaoran (de olhos cerrados): 'Você é quem vai implorar para ter a chance de nunca mais mentir na vida.'
Olharam-se com chamas nos olhos e logo cada um pulou para um lado. Sakura ofegou por um segundo, sentindo que suas pernas ainda não podiam agüentar tamanha pressão. Syaoran sorriu de lado com tal constatação e partiu para cima dela. Porém, antes de travar nova briga corpo a corpo, o rapaz desviou centímetros dela para a esquerda, enquanto invocava um dos seus ofurôs.
Syaoran (jogando seu ofurô para cima enquanto pegava a esfera de sua espada): 'Deus das Águas, vinde a mim!' O golpe pegou a garota desprevenida, já que esta ainda não tinha invocado seu próprio báculo.
Syaoran sentiu o vacilo da garota e logo que a viu desviar do ataque, partiu para cima dela, com sua espada em punho, seu bastão deixado ao chão. Sakura mal teve tempo de evitar o golpe, que a assustou, era uma lâmina agora, não mais um mero e simples bastão de madeira.
A garota sentiu suas faces contraírem em raiva devido à ousadia do rapaz e começou a correr formando uma parábola. Syaoran começou a persegui-la, em maior velocidade que a moça. Sakura sabia que não tinha o preparo suficiente para correr, ao menos, na mesma velocidade que o rapaz, mas ela só estava adquirindo tempo.
Assim que o viu se aproximar, correu para uma árvore próxima, enquanto pegava impulso com uma das pernas no tronco rijo desta e foi de encontro ao rapaz, assustando-o com a manobra ousada. Syaoran saltou para desviar do golpe veloz e manteve-se distante, o que deu a oportunidade da garota invocar seu próprio báculo.
Sakura: 'Chave que guarda o poder da minha Estrela, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e os ofereça a valente Sakura que aceitou esta missão. Liberte-se! Espada!' Mal ela gritou o nome da carta e já se viu se defendendo de um golpe do jovem chinês, que não perdera um segundo para se aproximar dela enquanto esta chamava seu báculo. Espada contra espada se enfrentando, o atrito provocando um leve rangido e algumas faíscas, assim como os olhos dos dois guerreiros.
Syaoran (olhando-a com raiva): 'Você perde tempo demais invocando seu báculo.'
Sakura (no mesmo tom): 'E você perde tempo demais falando.'
Dessa vez, nenhum dos dois pretendia ceder e aura rosa e verde começaram a se expandir no jardim, demonstrando o quanto de força mágica havia ali, sem contar uma extrema determinação dos dois presentes. A garota sabia que jamais o venceria em força, mas ele temia perder em magia...
Sakura (forçando-se ao máximo): 'Força, auxilia-me neste momento!' No mesmo segundo Syaoran começou a sentir a enorme força que a carta mágica começou a oferecer a sua dona. Não podia permitir-se perder devido a uma única carta, a moça tinha mais de cinqüenta! E ele sabia que ainda podia estar à altura dela.
Syaoran: 'Deus dos Ventos, ajuda-me!' Sakura sentiu o vento contra si, enquanto o rapaz sentia a Força contra ele. Não havia como usar outra carta, nem um, nem outro. Ou eles acabavam com aquele golpe, ou ficariam assim até suas forças serem totalmente drenadas. Optaram pela primeira opção, novamente.
Sakura saltou para trás, assim como Syaoran o fez no mesmo segundo. Em seguida cessaram o golpe mágico, enquanto tomavam fôlego. Syaoran colocou a mão no abdômen, sentindo seu ferimento arder com o esforço. Sakura tremia em suas pernas, aquilo já era demais para elas.
Sakura (passando a olhá-lo): 'Sua magia aumentou...'
Syaoran (sorrindo de lado): 'Eu sei...' Sakura também sorriu, seria demais esperar um elogio para consigo de ser tão arrogante como ele.
Novamente assumiram posição de luta, prontos para mais uma série de golpes.
Dessa vez foi Sakura quem atacou, golpeando-o de cima para baixo. Syaoran amparou com ligeira facilidade o golpe; Sakura poderia ter a mesma habilidade com a espada, ou até mais, que Saigo... Se estivesse mais preparada. Mas Syaoran ainda era superior a Saigo, não havia dúvidas, concluiu com um sorriso irônico.
Assim que desviou do golpe da japonesa, Syaoran se preparou para o seu próprio, atacando-a na lateral, em um momento que ela se recuperava do seu próprio golpe.
Sakura, por segundos, conseguiu abaixar-se, desviando-se do ataque, mesmo que pudesse sentir o ar cortante acima de sua cabeça, a milímetros. Aproveitou a deixa e passou uma rasteira no rapaz, que se desviou novamente.
O jovem saltou para se desviar, dando tempo para a japonesa se levantar também, atacando-o. Sakura foi a sua direção e ele atacou-a com um chute lateral, Sakura saltou, por cima da cabeça de Syaoran. O rapaz sorriu por dentro, já conhecia aquele golpe, já estava preparado para ele... Fora o mesmo que dera a vitória a ele em sua luta com a japonesa nas montanhas quando...
Syaoran (abobado): 'O quê?!' Assim que levantou a perna para golpear a garota quando esta descesse ao chão, espantou-se ao não ver ninguém a suas costas.
"Droga!"
Foi a única coisa que pôde pensar antes de receber um chute no peito, sendo jogado a alguns metros de distância.
Syaoran olhou a japonesa com ódio. Novamente a subestimara. Assim que se virou para atacá-la com um chute quando esta fosse ao chão, Sakura usara seu báculo para evitar a queda e poder se distanciar mais do rapaz. Quando percebeu a confusão deste ao não vê-la no chão, aproveitou a deixa para dar seu próprio chute.
Sakura (sorrindo de lado): 'Não se distraia, o inimigo não o fará.' As faces de Syaoran se contraíram em ódio, quem ela pensava que era para gozar da cara dele com as palavras de seu próprio mestre?
Syaoran não esperou nem mais um segundo para atacá-la. Surpreendendo a moça, devido à agressividade com que o fazia. Syaoran já estava irritado com aquela batalha. Não poderia estar em pé de igualdade com uma moça que acabava de voltar a andar! Está certo que ele próprio estava se recuperando de um grave ferimento... Mas ainda assim!
Sakura desviou de mais um soco do rapaz, este parecia não se importar se ela era ou não uma garota. O que intimamente a agradava, não gostaria nem um pouco de saber que o rapaz maneirava nos golpes simplesmente por saber que ela não "era mais" Tsukishiro Yukito.
Golpearam-se várias vezes enquanto o suor começava a respingar de seus rostos, molhando tanto a terra quanto suas próprias vestes. Sakura sentia o cansaço em seu corpo assim como o próprio chinês. Contudo, a garota temia ainda não estar pronta para suportar tamanha carga de golpes por tanto tempo, estivera parada por muitos anos. Era evidente que logo ele começaria a acertá-la e talvez nem a magia da moça pudesse evitar isso.
Syaoran golpeou a jovem lateralmente, da direita para a esquerda, a garota amparou o este, já esperando a seqüência que sabia que o rapaz iria dar agora, talvez um chute, talvez um soco. Sua mente começava a se cansar daquele joguinho que ele estava fazendo e que ela logo percebera.
O rapaz logo percebeu a irritação da moça e apto a controlar a sua própria não fez como ela imaginara e resolveu surpreendê-la.
Syaoran (invocando uma magia em silêncio): 'Mova-se!'
Sakura se assustou com o golpe, que a fez ficar atordoada por instante, pois o golpe tentara desequilibrá-la. Voltou a ficar em posição, mas já era tarde, Syaoran estava a suas costas. Em um reflexo a moça saltou no ar, para trás, contudo, ao contrário das outras duas vezes que já saltara por cima do rapaz, dessa vez ele não permitiu tal movimento e segurou o tornozelo da jovem, fazendo-a cair no chão.
A japonesa sentiu o ar faltar em seus pulmões por um segundo e levantou seu báculo para atacar o rapaz que se virava para ela com um sorriso irônico nos lábios. Mas este o evitou com sua espada, jogando o báculo da moça alguns centímetros longe dela.
Syaoran (sorrindo de lado): 'Gostou do meu novo truque?' Sakura não respondeu, percebendo estar em uma posição bem desvantajosa: ela caída no chão, ele olhando-a de pé. Mais um golpe e ela poderia se considerar derrotada. Syaoran encarou o silêncio da moça como falta de palavras e continuou. 'Parece que finalmente temos um vencedor, não?'
Sakura ficou quieta, olhando-o nos olhos, como se pudesse tardar o golpe final dele, enquanto isso, sem que Syaoran desse muita atenção, a moça esticou levemente sua mão na direção do seu báculo, a uns dois metros dos deles.
Syaoran sorriu de novo, visto o silêncio da moça, pronto para fazer um leve corte nela, prova de sua vitória. Quando começou a abaixar sua espada, Sakura abriu sua mão com força e Syaoran mal pôde assimilar quando o bastão da garota foi até as mãos dela e ela sorriu-lhe antes de responder às provocações dele.
Sakura (sorrindo com os olhos levemente cerrados): 'Você não é o único que aprendeu novos truques.' E antes que ele pudesse reagir, Sakura bateu o bastão com tudo nas pernas do rapaz, desequilibrando-o. Se ela não iria vencê-lo, ele também não iria fazê-lo com ela. Ficariam os dois ao chão.
Contudo...
A moça arregalou os olhos quando viu que o peso do corpo do rapaz não o forçou para trás ou para o lado e sim para...
Sakura fechou os olhos com a dor do impacto. Um novo peso se adicionando acima do seu próprio...
"Droga!"
Foi a vez dela pensar...
# # #
Touya caminhava por sua biblioteca sem saber exatamente onde tocar, onde sentar, ou até mesmo onde olhar. Passou levemente as pontas de seus dedos sobre o piano de cauda ali, pensamentos distantes. Por um momento pôde escutar aquele instrumento soando, uma bela e simples composição, um Prelúdio de Bach. Fechou os olhos, como se pudesse escutá-la tocar delicadamente as teclas do piano. Como sentia falta daquele som...
Como sentia falta dela...
Abriu seus olhos perdidos calmamente e se encaminhou até uma das prateleiras da biblioteca, buscando por algum título qualquer. Tocou um livro e olhou por instantes para ele. Era o livro que ela lhe dera... Pegou o livro de capa castanho escuro e olhou as letras douradas do mesmo, ainda podia se lembrar da história, assim como do dia em que ela lhe deu.
O rapaz balançou a cabeça com um pouco de força, dissipando tais pensamentos, enquanto guardava o exemplar em sua mão. Suspirou pesadamente... Por que continuava a se lembrar... Se sabia que ela não voltaria?
Lembrou-se do dia em que Eriol havia chegado em sua casa nesse ano. Primeiramente conversaram sobre Sakura e os problemas desta, sem que ela soubesse, era claro. Depois, sob um silêncio incômodo, ele perguntou sobre ela... E o inglês apenas o olhou atentamente, buscando pelas dúvidas nos olhos do primeiro.
Eriol falou calmamente, talvez querendo ver a reação de Touya diante dos fatos. O rapaz bem que tentou não demonstrar seus sentimentos... Mas não era uma tarefa nada fácil, principalmente devido ao que Eriol lhe contava.
De acordo com o inglês, ela havia ido embora, para um lugar que nem mesmo Eriol sabia. Não deixou endereço ou meio de localizá-la... Parecia que havia sumido, ou simplesmente não queria ser encontrada.
O moreno sentiu um leve aperto no peito, um que não sentia havia muitos anos. Suprimiu aquela vontade que sempre tinha de vê-la e tocá-la, ouvi-la falar ou até mesmo tocar brevemente para ele naquele mesmo piano. Já fazia alguns anos desde a última vez que a vira... E desde esta época que se negara em se lembrar ou sentir falta, saudades...
Foi este um dos principais motivos que o levou a noivar com Tomoyo. Talvez um motivo egoísta, mas ele sabia que não conseguiria esquecê-la se simplesmente continuasse a remoer as lembranças. Não fizera nem um ano que ela partira para Inglaterra e ele anunciou seu noivado com a prima. Era um bom motivo para se obrigar a esquecer daquela mulher que tanto o fez feliz e tanto o fez sofrer...
Touya saiu de frente da prateleira de livros e se encaminhou até sua escrivaninha, como se decidido a esquecer o passado. No entanto, mal se sentou e já voltou a se lembrar dos momentos que passaram juntos.
Isso era frustrante... Concluiu pesaroso enquanto pegou um lápis e começou a rabiscar algo para passar o tempo. Desde que Eriol voltara, suas lembranças pareceram querer aflorar com mais afinco. Tinha noção de que Sakura, Tomoyo e Yukito deveriam estar preocupados com ele... Já que não era o tipo do rapaz que fica tão tempo recluso. Tudo bem que era quieto, mas tinha certeza que Sakura estava estranhando a falta de provocações da parte do jovem para com ela.
Quanto a Tomoyo... Suspirou pesadamente, mais uma vez. Sua prima estava alheia a sua história com a outra mulher, não fazia idéia da paixão que até hoje nutria pela "outra". Ele não tinha direito de fazer isso, mais uma vez concluiu exasperado.
Entretanto, talvez ele estivesse se preocupando demais quanto a isso... Sabia que a prima não gostava dele como uma noiva deveria gostar do noivo e ele poderia dizer o mesmo de si... Logo, não tinha por quê se sentir tão culpado...
Além disso(!) Lembrou-se com uma certa raiva... Ainda tinha o fato de que Tomoyo parecia estar nutrindo uma certa afeição por certa pessoa que... Bom, enquanto sabia que a prima "gostava" da irmã, ainda se sentia mais seguro de se casar com ela, uma vez que não privaria a garota da presença de Sakura. Porém... Agora havia outra pessoa... E isso fazia seu sangue ferver.
Não era ciúme... Nem poderia nutrir tal sentimento para com Tomoyo, não seria nem um pouco justo. Talvez se considerasse este um ciúme de irmão para com a irmã... Assim como era com Sakura. Mas tinha que admitir... Não era exatamente ciúme... Era raiva! Raiva por saber, mais uma vez, que era aquele maldito inglês que tentava tirar algo que era dele.
Touya bateu com certa força na mesa, lembrando-se do motivo de tê-la feito ir para a Inglaterra.
Aquele pirralhinho... Aquele moleque inglês... Aquele maldito amigo de sua irmã... Era tudo culpa dele! Mais uma vez a raiva que parecia ter esquecido do jovem voltava. Eriol fora o responsável... Sim... Era ele... Se não fosse por ele, ela não teria ido embora...
Se não fosse por ele, ela não teria dúvidas... Não teria dúvidas do amor que dizia ter por Touya...
O rapaz abaixou levemente a cabeça, tentando controlar suas emoções... Olhou para o papel e se surpreendeu... Não notara que havia escrito...
Voz feminina: 'Com licença...'
Touya levantou a cabeça no mesmo segundo, um tanto surpreso com a presença que chegava e ele não notara. A moça continuou na porta, esperando que ele desse permissão para entrar.
Touya: 'Entre, Nakuru...'
Nakuru sorriu levemente antes de entrar na sala, indo com passos alegres até a mesa onde o rapaz se sentava. Enquanto a moça se aproximava, Touya amassou o papel em que estava rabiscando e jogou no lixo ao lado... Errou a pontaria e suspirou desanimado diante da pequena derrota.
Nakuru (sorrindo): 'Posso me sentar?'
Touya olhou por instantes para a moça, ainda não tinha se lembrado de como a garota era espevitada, bastante espevitada. Acenou levemente com a cabeça e ela sorriu mais abertamente, se sentando confortavelmente na poltrona de frente para a mesa dele.
Nakuru encarou o rapaz, sorrindo e ele a olhou também, curioso. O que ela fazia ali? A moça pareceu se tocar e sorriu sem graça.
Nakuru (com a mão na cabeça): 'Oops, quase me esqueço do que vim fazer.' A moça encarou o rapaz e continuou. 'Tomoyo-chan pediu para avisar que ela não jantará conosco porque foi dar uma volta com Eriol-sama pela cidade. Ela espera que o senhor não se incomode.'
Touya sentiu os nós dos dedos se apertar levemente. Novamente... Novamente era Eriol quem se intrometia em seu caminho.
Contudo, logo o rapaz percebeu a presença da jovem e se controlou, afrouxando um pouco a mão. Nakuru continuou olhando-o.
Touya (sem encará-la): 'Mais alguma coisa, Nakuru-san?'
Nakuru (num tom levemente alto): 'Primeiro!' E levantou um dedo, assustando levemente o rapaz com a exclamação repentina 'Nada de "san"... Não gosto nada disso. Eu posso te chamar só de Touya?' Touya olhou levemente aturdido para a moça, que falava tudo tão rapidamente. E acenou levemente com a cabeça, fazendo-a sorrir mais ainda, se é que era possível. 'E segundo... Eriol-sama e Tomoyo-chan pediram para que eu fizesse companhia para você... Para não ficar tão sozinho.' A moça sorria e o rapaz olhou abobado para ela... Como ela conseguia ser tão... tão... "espontânea" dessa maneira? Para não dizer algo mais agressivo.
Touya: 'Er... Eu acho que eu prefiro ficar sozinho...' Viu a menina fechar a expressão no mesmo instante, fazendo beicinho.
Nakuru (com o lábio inferior tremendo, como se fosse chorar): 'Mas Eriol- sama disse...'
Touya (revirando os olhos): 'Eriol-sama, Eriol-sama... Tanto faz o que ele disse ou deixou de dizer... Não me importo e...'
Nakuru (interrompendo-o): 'Mas eu quero ficar!' Deixou escapar e tapou a boca com as mãos. Touya olhou para a moça meio confuso, piscando uma ou duas vezes os olhos. Por que ela queria tanto ficar?
Ficaram em silêncio por instantes... Até Nakuru voltar a falar.
Nakuru: 'Desculpe-me, não deveria ser tão insistente.'
Nakuru permaneceu com o olhar abaixado por segundos antes de começar a se levantar.
Touya: 'Espere.' Nakuru parou na metade do movimento e olhou-o, interrogativa. 'Não precisa ir... Se você quer ficar, pode ficar.' Nakuru deu um belo sorriso para o rapaz e voltou a se sentar.
Nakuru: 'Se eu estiver incomodando, é só me dizer que saio, está bem?' Touya acenou afirmativamente com a cabeça. E vendo que o rapaz não falaria mais nada, a garota resolveu iniciar uma conversa. 'Eriol-sama já te contou sobre o que está acontecendo?'
Touya (sem olhá-la): 'Basicamente, sim. Mas...'
Nakuru (sorrindo): 'Mas você ainda está preocupado com sua irmã, não é?' Touya olhou para a moça. Como ela conseguia adivinhar seus pensamentos dessa maneira?
Touya: 'Queria ser de mais utilidade... Não suporto ver Sakura sofrendo e não poder fazer nada.' Disse quase em um desabafo. Nakuru sorriu compreensiva e tocou uma das mãos que o rapaz mantinha na mesa. O rapaz olhou para a garota surpreso, enquanto ela apertava um pouco mais sua mão.
Nakuru: 'Você a apóia e isso já é muito para a pequena Sakura-chan.' Touya sorriu com as palavras. E Nakuru logo se viu obrigada a soltar a mão do rapaz, enquanto mudava de assunto. 'Já esteve na Inglaterra, Touya?'
Touya (aturdido com a rapidez de pensamentos da moça): 'Bom, eu pretendia... Mas ainda não tive a chance.'
Nakuru (sorrindo): 'Então me permita contar-lhe.'
Touya sorriu para a moça e ela começou a sua narração. Ficaram um bom tempo jogando conversa fora, apaziguando um pouco os ânimos do rapaz, acalmando a alma, alegrando um pouco aquele clima tão pesado que se formara sobre aquela mansão.
Foram minutos, ou horas (!), preciosos, concluiu Touya, que ria de mais um dos fatos que Nakuru lhe contava. A moça conseguia transmitir animação para qualquer um. Ele poderia ficar horas a ouvindo que não iria se aborrecer. Talvez antigamente fosse assim... Lembrou-se por um momento. Quando Eriol aparecera pela primeira vez e a jovem não "largava do seu p", ele realmente se irritava facilmente. Talvez por saber que seu coração pertencia a outra...
Mas dessa vez ele não deixou lembranças como aquela interromper seu momento de alegria pura e simples. Nakuru amadurecera, ele pôde constatar, e ele também mudara consideravelmente. Talvez faltasse apenas um pouco de diálogo entre os dois para que se tornassem bons amigos.
Voz feminina: 'Com licença, Touya-sama.' Touya controlou o resto de riso que escapava por seus lábios e olhou para a porta, onde um semblante calmo olhava para ele.
Touya: 'O que houve, Rika?'
Rika: 'Só queria informá-lo que há alguns senhores querendo falar com o senhor. Parece ser a respeito da última encomenda que o senhor fez e não chegou.'
Touya: 'Já estou indo, Rika. Peça para eles me esperarem na sala de visitas.' Rika acenou afirmativamente e se retirou da sala. Touya olhou para a companhia a sua frente, sorrindo discretamente. 'Obrigado pela companhia, Nakuru. Mas infelizmente eu tenho outro compromisso agora.' A moça sorriu para ele enquanto acenava afirmativamente.
O rapaz levantou-se de sua poltrona e depois de um leve aceno para a jovem inglesa se retirou calmamente da sala.
Nakuru permaneceu sentada por instantes, até que sentiu os passos do jovem irem longe. Levantou-se calmamente, enquanto seu sorriso desmanchava-se lentamente. Contornou a mesa e foi até um ponto em específico, onde havia um pedaço de papel amassado ao lado da lata de lixo.
A jovem abaixou-se e pegou delicadamente o pequeno embrulho. Lentamente desamassou-o e o pouco brilho que ainda havia em seus olhos sumiram. O rastro de sorriso, já há muito deixado por seu rosto.
Uma leve lágrima desceu pelo rosto da jovem, caindo em cima do pedaço de papel amassado, onde claramente estavam rabiscadas certas letras:
"Kaho".
# # #
Syaoran ficou imóvel por alguns segundos, irritado com sua falta de percepção. Não podia ter se dado ao luxo de achar que a moça não tentaria reagir.
Três vezes... Três vezes!
Três vezes ele a subestimara e três vezes ele se deu mal.
Parou de pensar por um momento ao sentir um corpo se mexer embaixo de si. Um estalo se deu em sua mente, só agora ele percebia onde... Ou melhor... Em quem ele havia caído em cima depois do golpe que recebera...
Syaoran abriu os olhos lentamente, enquanto ouvia um leve gemido em baixo de si. Por um momento vacilou em olhar melhor, mas não pôde evitar à tentação que o cheiro e o calor do outro corpo o faziam sentir. Olhou para a pessoa abaixo de si e encarou, prendendo levemente a respiração, grandes e brilhantes orbes verdes.
Sakura e Syaoran ficaram mudos por instantes, um olhando nos olhos do outro, um sentindo a respiração do outro, um sentindo o cheiro do outro...
Syaoran começou a sentir seu corpo reagir à pele suada da garota abaixo de si, enquanto a mesma se sentia levemente desnorteada com a respiração quente a poucos centímetros de seu rosto.
Ficaram assim por vários segundos. Sakura ainda podia sentir levemente a dor que a queda do rapaz fizera ao cair em cima de si, mas isso era o que menos a incomodava. Aquela presença... Aquele corpo tão perto ao seu... A moça começou a sentir seu corpo ferver.
Sakura (em um sussurro, levemente desnorteada): 'Eu...' Syaoran olhou mais atentamente para a moça. A pequena palavra fora suficiente para ele sentir o hálito quente dela ao seu rosto, próximo a sua boca.
Começou a sentir seu corpo ficar levemente aturdido, a presença da garota provocando algumas reações não muito "puritanas". Resolveu que era melhor se levantar antes que fizesse alguma besteira, antes que...
Não pôde fazer qualquer movimento: Assim que finalmente tomava a decisão de levantar-se, sentiu a moça mover-se embaixo de si e seus olhos se arregalaram quando sentiu a cavidade entre as pernas dela se prensarem contra seu membro.
Sakura também sentiu o toque e reagiu instantaneamente a tal. Os dois engoliram em seco, o pouco controle em si sumindo... Palavras fugiam da mente dos dois. Mais um pouco e...
Syaoran sabia que tinha que se levantar, não iria agüentar mais, se ficasse ali sabia que faria besteira.
Contrariando todos os pedidos de seu corpo o rapaz começou a se mover, prestes a se levantar, seu membro novamente sendo prensado entre as pernas da moça antes de conseguir fazê-lo. Teve que se controlar ao extremo para não se deixar levar.
Syaoran começou a levantar seu corpo...
O rapaz parou novamente... E dessa vez não foi seu corpo que o fizera... Foram duas pequenas mãos, duas leves e suaves mãos que apertaram sua cintura levemente.
Syaoran olhou Sakura nos olhos e pôde ver mais do que deveria naquelas duas esferas verdes. Se não fosse pela cor, juraria ver seus próprios olhos ali... Pois fora a cor... Só havia uma coisa ali...
Desejo...
E dessa vez o rapaz não conseguiu resistir...
Os poucos milímetros que se obrigara a se separar da moça sumiram em fração de segundos, quando o rapaz voltou a deitar, levemente, seu corpo sobre o dela. Mas dessa vez ele tomou o cuidado de não ir de encontro àquele lugar em especial e invés de deixar o meio do seu corpo ali, apoiou um dos seus joelhos entre as pernas de Sakura, abaixo daquela região "sensível".
Olhou com desejo para a garota. Todo e qualquer ódio que supostamente sentia por ela já não fazia sentido em sua mente. A respiração quente dela cofundia-se com sua própria e sentiu quando as mãos dela o puxaram de encontro ao corpo feminino.
E ele cedeu...
Syaoran não pensou nem mais um segundo antes de ceder. E com avidez encontrou os lábios rosados e suados da moça. Lábios mais sedutores devido ao momento, e não menos doces devido ao suor dos dois corpos.
Sakura abriu sua boca, dando passagem para o rapaz, que não tardou em preencher o vazio ali. O chinês aprofundou mais o beijo enquanto apertava mais seu corpo contra o da garota, que agora não segurava mais a cintura dele, mas sim as costas, apertando-o contra seu corpo, com ardor e paixão incontida.
Ali se travava outra batalha, mas não uma batalha entre guerreiros ou rivais... A língua dele pressionava a dela e em seguida explorava a cavidade úmida e quente. Sakura apertou-o com seus braços, enquanto, inconscientemente, levantou um de seus joelhos, buscando mais contato com o corpo masculino.
Syaoran sentiu seu sangue a mil quando a perna dela pressionou a região em que ele evitava ser tocada. Se antes suas mãos apoiavam-se no chão para evitar o contato, agora ele cedia novamente, deixando seu peso cair levemente, fazendo seu corpo quente apertar-se contra o dela ainda mais. Levou suas mãos para a cintura da moça, massageando a região esbelta, abrindo passagem pela blusa colada no corpo sedutor da garota para tocar aquela pele sedosa que ele não se enganara em imaginar daquela mesma maneira em seus sonhos mais proibidos.
Sakura soltou um gemido com o contato, arqueando levemente seu corpo, fazendo o do próprio rapaz reagir com tal ato. O rapaz abandonou a boca da moça e começou a beijar o pescoço dela, deixando um rastro quente e úmido pela pele arrepiada dela.
Outro gemido e Sakura levou suas próprias mãos para dentro da blusa masculina, tocando com suas mãos a pele e o corpo definido do chinês, que imediatamente sentiu em seu membro baixo a reação do contato.
Syaoran já não conseguia pensar claramente com aquela proximidade e apenas uma coisa latejava insistentemente em sua mente, aproximar mais e mais seu corpo ao da jovem. Sakura não se encontrava em situação muito diferente, seus gemidos e seu corpo levemente arqueado provavam tal situação.
E eles não parariam ali... Sakura começou a descer suas mãos pelas costas do rapaz, assim como as dele foram de encontro às pernas da moça, firmemente. Sakura soltou outro suspiro enquanto fechava os olhos... Eles iriam se unir mais ainda se...
Sakura e Syaoran pararam subitamente com suas carícias. Soltaram-se ligeiramente ao mesmo instante, encarando-se assustados.
No instante em que pareciam se entregar totalmente... Naquele instante em que o desejo falara mais alto... Os dois corpos reagiram com mais nitidez a outra reação... A outro poder se não o desejo...
Reagiram a uma grande presença mágica... Que os fizeram recuperar a razão em um segundo, que o fizeram parar com aquele ato tão certo e ao mesmo tempo tão impensado...
Mas assim como veio, a presença se foi...
E apenas ficaram os dois ali... Encarando-se... Vermelhos... De desejo... E de vergonha... Ao finalmente perceberem o que estavam fazendo.
Syaoran levantou seu corpo do da moça em instantes e em seguida ficou em pé, virando-se de costas para a garota que começava a se sentar também. Sakura respirou fundo, buscando a razão perdida por vários minutos, Syaoran bagunçava com insistência os cabelos rebeldes, talvez na tentativa de também se recuperar...
Ficaram longos minutos sem conseguir olhar um para o outro... Sem conseguir proferir palavra alguma... Seja de recriminação, seja de declaração...
Entretanto, aquela situação não podia continuar... Um precisava se pronunciar... E visto que já estava em pé, Syaoran resolveu ser o primeiro.
Syaoran (sem olhar para Sakura): 'Eu... Acho que isso é outro empate...' Sakura murmurou algo como um sim, sem conseguir olhá-lo também. 'Eu...' Ficou mudo por instantes. O que falar em uma hora dessas? 'Eu acho que vou entrar agora... A gente se vê no jantar.' Sakura novamente murmurou, um pouco mais alto dessa vez e o rapaz não esperou por outra resposta para começar a se distanciar.
Syaoran pegou seu bastão no meio do caminho e começou a se dirigir para dentro da mansão. Enquanto Sakura ainda mantinha-se sentada no chão, quieta... Respirando profundamente... Acalmando seu coração e seu corpo... Acalmando seus desejos de mulher...
Sakura (apertando o coração enquanto fechava os olhos e se encolhia levemente): 'Meu Deus... O que foi isso?'
# # #
Os dois caminhavam calmamente pela movimentada cidade. Apesar de ser quase de noite, as pessoas ainda trabalhavam com afinco ou aproveitavam os últimos dias de mais um Festival que ocorria ali. Fazia tempo que eles não caminhavam tão calmamente, em especial ela. Da última vez que fora a um Festival, tinha sido o de Nadeshico.
A garota suspirou pesadamente, aquele foi um triste dia, com certeza. Lembrava-se claramente de como ficou horrorizada ao chegar em casa e ver sua prima sendo socorrida por Touya e Yukito, desmaiada e com sangue por toda volta. Foi uma cena dolorosa, mas mais dolorosa foi a reação da prima quando tudo terminou e ela teve que contar à Syaoran a verdade. Nunca mais se esqueceria do olhar de dor incontido que Sakura demonstrou depois que Syaoran simplesmente a ignorou ao saber da verdade.
Eriol (olhando para a moça): 'Está se sentindo bem, Tomoyo?' Tomoyo olhou para o rapaz surpresa, como se só agora percebesse que estava acompanhada. Suspirou pesadamente, antes de continuar.
Tomoyo (de olhos baixos): 'Apenas me lembrando de certas situações tristes...'
Eriol (colocando o braço no ombro da moça, surpreendendo-a): 'Não se martirize pelo passado. Viva o presente e tente planejar o futuro. Mesmo que este nunca seja do jeito como queremos.' Concluiu sorrindo. Tomoyo abaixou a cabeça, mas concordou levemente com ele.
Andaram mais alguns metros, apreciando a companhia um do outro, em um silêncio gostoso. Quem os visse, imaginaria que formavam um belo casal. Mas não era essa a verdade e pensando nisso, Tomoyo ficou levemente preocupada.
Tomoyo (preocupada): 'Será... Será que Touya se importou de eu ter saído sozinha com você?' Eriol olhou para ela por instantes, antes de encontrar as palavras certas para responder.
Eriol (olhando para frente): 'Touya e eu tivemos nossos pequenos desentendimentos no passado... No entanto, não creio que ele fique realmente irritado... Se é que você se refere a ciúmes.' Concluiu em um sorriso triste, que Tomoyo logo entendeu do porquê. Eriol já havia percebido que o noivado deles era um simples acordo, e bastante rapidamente, diga-se de passagem.
Tomoyo novamente abaixou a cabeça. Quem não perceberia de cara que aquele não era um casamento desejado fervorosamente por ambas as partes? Sabia que Touya estava lhe protegendo ao fazer isso e o fato de poder continuar perto da prima era razão suficiente para ela aceitar esta situação.
Entretanto, tanto ela quanto ele não amavam-se. O que mais deveria importar em um casamento não existia. Era realmente frustrante, mas era sua única solução... Quem poderia aceitar que ela amava sua própria prima? Poucos, se não nenhum... Além de que Sakura não nutria o mesmo sentimento que ela achava nutrir pela garota, essa sendo a principal razão para ela não evitar o casamento com o primo.
Tomoyo (de cabeça baixa): 'Você já percebeu, não é?'
Eriol (olhando-a por um segundo e logo desviando o rosto): 'Que você não ama Touya e vice-versa?'
Tomoyo (balançando a cabeça levemente em negação): 'Não... Que eu gosto de Sakura...'
Eriol (olhando-a com carinho): 'Todo mundo sabe que você gosta de Sakura, Tomoyo... Até mesmo ela...' Ao ver que ela diria outra coisa, ele foi mais rápido e concluiu. 'É uma pena que voc ainda não tenha percebido o jeito que realmente gosta dela.'
A garota parou por um segundo e Eriol fez o mesmo, um pouco mais à frente e sem encará-la. A jovem japonesa ficou realmente aturdida com as palavras do inglês... Como assim o jeito que realmente gosta dela? Oras! Gostava dela como mulher! Como amante! Era isso, não era? Era desse jeito que amava Sakura, não era?
A jovem colocou a mão na cabeça, confusa... Nunca duvidara de seus sentimentos por Sakura. Como? Como que simples palavras poderiam abalar tão gravemente idéias tão enraizadas em seu coração?!
O rapaz tocou o ombro da jovem, fazendo-a se assustar de novo. Ele se aproximara e ela nem notara... Viu o sorriso acolhedor dele e suas dúvidas desapareceram por um segundo.
Eriol (falando carinhosamente): 'Vamos, Tomoyo... Talvez não seja hora nem lugar para você questionar-se a respeito de seus sentimentos. Não concorda?'
A menina olhou-o com um misto de angústia e agradecimento antes de acenar levemente com a cabeça em afirmação e voltar a andar ao lado dele. Era uma bela noite... Não desperdiçaria este momento tão agradável, ao lado daquela pessoa tão especial, por dúvidas que... Nesse momento... Ela preferia achar que eram infundadas.
# # #
Syaoran entrou como um furacão no seu "quarto improvisado". Droga! Aquele quarto rosa(#) tinha o cheiro dela no ar... Não era forte, mas estava ali. Sentou-se na cama com as mãos apoiadas nos joelhos, enquanto apoiavam sua cabeça. Era uma cena desoladora... Mas era mais ou menos como ele se sentia. Desolado, confuso, quente...
Argh! Quente! Sim, ele estava quente e estava "alterado fisicamente" também. Por mais que já estivesse mais calmo depois do que ocorrera há pouco mais de cinco minutos, ainda podia sentir o cheiro dela impregnado por todo seu corpo.
Contudo, não fez nenhum movimento para tirar ao menos a camiseta. Por mais que sua mente dissesse que aquilo era uma idiotice, que ele era um tolo por se envolver com aquele tipo de mulher, seu corpo lhe traía... E seu coração estava acelerado...
Como permitira chegar a uma situação como aquela? Aquele cheiro, aqueles olhos, aquele sabor que a pele e a boca dela tinham, foram suficientes para fazê-lo perder qualquer controle que um dia ele já tivera na vida. Não compreendia como uma mulher conseguia mexer daquela maneira com ele. Também, pudera... A única pessoa com quem supostamente já tinha se relacionado era Meylin, que não dava brecha para alguém tentar levá-lo a um lugar para "adquirir experiência"(# #).
E agora ele estava assim, perturbado, alterado e por quê não admitir logo... Excitado. Aquela japonesa fora capaz de fazê-lo sentir o que nenhuma mulher que tentara se relacionar com ele conseguira. Nem mesmo Meylin, que muitas vezes tentara ser fogosa com ele, conseguira provocar metade da reação que ele sentia agora.
Por Deus! Onde ele estava com a cabeça para se deixar levar daquela maneira? E todas as brigas, as ofensas, as mentiras? Nada mais importava naquele tempo em que a teve em seus braços e isso... Era um tanto quanto assustador para alguém que sempre fora dono de seus sentimentos e desejos como ele.
Passou a mão na cabeça com força, bagunçando ainda mais os cabelos já rebeldes, se não se controlasse se veria obrigado a tomar uma ducha fria. Já devia ter feito isso antes, mas... Syaoran respirou fundo e sentiu o cheiro de flores invadir suas narinas e relaxou por instantes. Aquele era o cheiro dela... O cheiro que tanto o excitara e agora o acalmava. Não podia negar que adorava aquele cheiro, um banho estava um tanto quanto fora de cogitação nesse instante.
Jogou-se para trás, caindo em cima do colchão macio do quarto. Fechou os olhos e se lembrou dos momentos que passara com aquela mulher, tão... Como poderia defini-la? Tão diferente para ele... Tão aterradora e ao mesmo tempo tão acolhedora aos seus olhos... Uma mulher que ele podia odiar em um segundo e desejar tão fervorosamente em outro... Uma mulher tão... Especial...
Sim, esta era a palavra que a definiria melhor em seu dicionário. Grande psiquiatra ele era, não conseguia nem ao menos controlar seus mais simples sentimentos diante dela. Sakura era capaz de fazê-lo odiar em um instante e em outro se sentir a pessoa mais completa do mundo... Simplesmente não entendia... Não conseguia compreender. Droga! Eram seus próprios sentimentos! Como não conseguia se compreender?
Suspirou profundamente antes de se sentar novamente, pegando sua esfera que sempre que precisava se tornava uma arma tão mortal. Não podia estar pensando em tais coisas nesse momento. Sakura era o menor dos seus problemas agora, ou pelo menos ele julgava assim ser. Ainda não havia vencido Tai Ming, ainda não havia se livrado do infeliz e vingado sua mãe pelo que ele havia feito.
Por um segundo sentiu seu sangue ferver, mas dessa vez não era desejo, era ódio, simples e puro. Devia parar de pensar em coisas tão inúteis como o que achava ser seus sentimentos para com a garota japonesa e se preocupar única e exclusivamente com seu treino e como se vingaria do outro chinês.
Syaoran suspirou mais uma vez, enquanto apertava com força sua esfera. Quando falava parecia ser tão fácil... Mas não era exatamente assim na vida real. Por mais que treinara, por mais que meditara, por mais que fora agressivo com Sakura para tentar esquecê-la, não conseguia. Todos os dias... Não havia um dia em que não se via tentado a olhá-la por mais um segundo e mergulhar no mar esverdeado dos olhos dela. Como era fraco.
Voz feminina: 'Ah, finalmente te achei!' Syaoran voltou-se para a moça que entrava no seu quarto sem esboçar reação alguma. Simplesmente colocou sua esfera do lado da cama enquanto ela se aproximava.
Syaoran: 'O que houve, Meylin?'
Meylin (observando a esfera ao lado da cama do rapaz): 'Com quem andou lutando, Xiao Lang?' A garota não respondeu à pergunta do rapaz e Syaoran se viu tentado a fazer o mesmo com ela. Mas aquelas orbes rubis podiam ser um tanto quando insistentes e ele cedeu.
Syaoran: 'Com Sakura.' Syaoran pôde ver um leve rastro de surpresa passar pelos olhos da prima, que logo sumiu. A menina respirou fundo e se sentou ao lado dele.
Meylin: 'E por que lutaram?'
Syaoran (sem olhá-la): 'Um pequeno negócio mal resolvido entre nós no passado.'
Meylin: 'Refere-se ao treino de vocês nas montanhas?' Syaoran limitou-se a acenar afirmativamente com a cabeça. Contara para a prima havia poucas semanas o que acontecera entre ele e Sakura para ele estar tão agressivo com a japonesa. Meylin ficou um tanto quanto surpresa, mas resolvera não palpitar quando ele lhe contara. Não iria julgar Sakura, esse era um problema entre o primo e a amiga. Ela, ali, era uma mera espectadora.
Syaoran: 'O que houve?' O rapaz percebeu o silêncio da moça, algo um tanto incomum e repetiu a pergunta que fizera instantes antes. Meylin pareceu acordar com as palavras, olhando o primo nos olhos.
Meylin: 'Até quando pretendem ficar brigados?'
Syaoran (levemente irritado com o rumo da conversa): 'Você só vai responder minhas perguntas com outras é?'
Meylin (sorrindo de lado): 'Não seja rabugento, Xiao Lang. Achei que essa fase havia passado.' O rapaz se limitou a "fungar" e Meylin se viu tentada a rir da cena, mas se conteve, fechando a expressão. 'Você ainda não a perdoou, não é?' Syaoran ficou quieto por instantes, mas logo respondeu.
Syaoran (sem olhá-la): 'Como quer que eu perdoe alguém que escondeu uma verdade dessas por tanto tempo de mim?'
Meylin (suspirou levemente irritada): 'Você não está pensando racionalmente, Xiao Lang, nem parece um psiquiatra.' O jovem olhou para a chinesa sem entender e ela continuou sem se alterar. 'Você ficou abalado em saber que uma mulher poderia ser dona das Cartas Clow.' Syaoran fez menção de protestar, mas a prima não deixou. 'E não diga que estou mentindo, você sabe que não estou. Você é tão orgulhoso que não se conforma de ter perdido Cartas tão poderosas para uma mulher. Sakura feriu seu orgulho e você não consegue aceitar isso. Está com tanta raiva dela que não percebe que sua raiva é infundada.'
Syaoran (não se contendo): 'Como assim, infundada? Ela mentiu para mim, Meylin! Mentiu algo importante demais!'
Meylin (olhando-o seriamente): 'Não digo que não era importante. Mas isso te dá o direito de odiá-la?' O rapaz não respondeu, desviando o olhar e Meylin continuou, em um tom baixo. 'Você está tentando se esconder por trás desse ódio falso. Não consegue admitir que Sakura mexe com você... Diz odiá- la pois não consegue admitir que está gostando dela de verdade...' Terminou quase em um sussurro, mas o suficiente para o primo ouvir.
Syaoran ficou em silêncio, sem saber como responder às palavras da prima. E logo de quem! Meylin, normalmente, seria a primeira a impedir que qualquer mulher chegasse perto dele, no entanto, por que agia com diferença em relação à japonesa?
Meylin (voltando a olhá-lo): 'Eu disse, uma vez... Que se você não viesse a amar outro alguém... Casaria-se comigo...' Fez uma longa pausa, antes de conseguir forças para continuar, desviando o rosto e abaixando os olhos. 'Está livre do nosso compromisso, Xiao Lang.'
Mudo... Foi tudo o que ele conseguiu fazer ou ficar... Piscou várias vezes, sem conseguir assimilar com clareza as palavras da prima. "Se não viesse a amar alguém...", "Está livre do compromisso..." Mas... Por que Meylin dizia isso? Ele não amava Sakura! Não amava aquela japonesa! Era apenas atração! Não havia sentimentos!
Syaoran se viu tentado a responder às afirmações da prima, mas não pôde. Olhou para Meylin, que ainda mantinha sua face abaixada e não encontrou forças para falar. Como poderia negar se nem ao menos ele sabia se realmente estaria dizendo a verdade? Não conseguiu falar... Não iria dizer algo que não tinha certeza, não iria mentir para a prima...
Ficaram em silêncio por alguns segundos, até Syaoran sentir o peso em sua cama diminuir. Meylin se levantava e olhava para ele sorrindo.
Meylin (forçando um sorriso): 'Vamos, tire sua camisa agora.' Syaoran olhou sem entender para a moça e ela sorriu maliciosamente. 'Não se preocupe, não vou te "assediar sexualmente"' Diante da expressão assustada do primo Meylin não conseguiu segurar a risada, como ele era inocente... 'Aiai, Xiao Lang... Além de você só a Sakura para me fazer rir assim.' Sustentou um sorriso calmo antes de continuar. 'Vai, tira logo... Não fiquei quase uma hora te procurando para passar remédio no seu ferimento à toa.' Syaoran respirou aliviado e ela riu da ingenuidade do primo, às vezes Syaoran conseguia surpreendê-la, ingenuidade não era uma das características mais forte do chinês... Mas tinha que admitir que ele tinha os "seus acessos".
O rapaz começou a tirar a camisa enquanto a chinesa abria a gaveta do criado mudo para pegar a pomada. Meylin olhou o peito trabalhado do primo e sentiu suas faces corarem. Mas que vida cruel! Por que tinha que permitir que seu primo fosse tão lindo assim?!
Syaoran passou os últimos quinze minutos apenas sentindo as mãos delicadas da prima deslizarem por seu abdômen. Suspirou derrotado... Realmente... Meylin não o fazia sentir nem metade das sensações que Sakura conseguia fazer.
# # #
Era uma sala escura, como já dito uma vez. No entanto, muitos dos bancos ali, sempre ocupados, estavam vazios. A maioria dos presentes mantinha-se de pé pelo salão, conversando entre si, em vozes baixas e preocupadas.
O grande salão de reuniões dos Anciões da Família Li estava mais alvoroçado do que costumava ser. Pessoas tão cheias de conhecimento e tão poderosas como eles não costumavam demonstrar suas aflições tão abertamente.
Uma mulher de longos cabelos negros, olhos da mesma cor, com um rosto jovem, porém cansado, com formas esbeltas, porém antigas, conversava com um homem de cabelos brancos e olhos azuis escuros. Conversavam em baixo tom, um tom triste e melancólico.
Shui: 'Ainda não tive a oportunidade de falar abertamente com a senhora... Queria dizer que sinto muito pelo o que aconteceu ao seu filho, Itami...'
Itami: 'Obrigada, Shui. Agradeço o apoio...'
Shui: 'Talvez Tai Ming tenha sido precipitado em enviá-lo às cegas daquela maneira... Talvez fosse melhor termos confiado mais no jovem Xiao Lang.'
Itami (de cabeça baixa): 'Não sei, Shui... Não sei qual seria a melhor solução.' A mulher falava com pouco sentimento, desmentindo qualquer dor que uma mãe poderia sofrer com a perda de um filho, como parecia ser seu caso. 'Saigo não era nenhum santo, você sabe bem. Eu sempre soube que o destino dele não seria muito diferente do que foi...' O homem permaneceu em silêncio com a aparente falta de sentimentos que a mulher parecia ter para com o próprio filho.
Contudo, tinha que concordar. Saigo nada se parecia com a mãe, sempre calma e bondosa. Ele muito mais lembrava o pai, o antigo Senhor da Razão, morto em guerra e substituído no cargo de Ancião por seu irmão mais novo. Satsugai sempre foi um homem ambicioso e morreu devido a sua ambição... Saigo provavelmente não devia ter sido muito diferente, no entanto, suspeitava que a morte dele fora devido à inveja que ele sabia que o rapaz sentia pelo futuro Líder do Clã Li.
O Senhor das Águas permaneceu em silêncio depois do comentário daquela mãe. Sabia o quanto ela sofrera e sempre se mostrara forte devido a isso. Sabia que o casamento dela fora forçado e seu filho nunca foi o que ela esperava que fosse, ou seja, diferente do pai. Não iria julgar a falta de amor dela... Não saberia dizer se reagiria de maneira diferente se estivesse no lugar dela, da Senhora das Almas.
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Em outro canto do salão, uma das mulheres presentes, com longos cabelos castanhos claros e enrolados, que iam até o fim de sua cintura e de olhos castanhos esverdeados, conversava com um homem de cabelos castanhos escuros e lisos, compridos, até a metade da cintura, preso folgadamente abaixo do pescoço; os olhos dele eram de um profundo verde escuro, tão profundo quanto o conhecimento que um homem tão novo como ele normalmente não possui, mas ele sim.
Feng (pesarosa): 'Temo não termos agido certo, Tao...'
Tao (calmamente): 'Eu sei, querida... Entendo sua preocupação...' O jovem senhor tocou levemente o ombro daquela que seria sua futura mulher. Não queria vê-la naquele estado, mas um ancião era sempre um ancião e deveria sempre pensar no que era mais justo para o Clã.
Feng (aproximando-se do noivo): 'Você que é sábio, querido... Você... Acha que Tai Ming realmente disse a verdade ao dizer que raptaram Yelan e agora devemos mais do que nunca ter as Cartas para achá-la?' O homem ficou em silêncio por longos minutos, suas dúvidas eram grandes e não pretendia mentir para a moça, mesmo que quisesse acalmá-la.
Tao: 'Não vou mentir para você... Quando Tai Ming enviou meu sobrinho para o Japão... Para tomar as cartas que Xiao Lang parecia não estar conseguindo, achei-o um tanto quanto precipitado. Agora que Saigo está morto, minhas dúvidas são ainda maiores.'
A mulher ficou em silêncio, não sabia exatamente o que dizer. Temia pela vida de sua querida amiga Yelan, amiga desde sua infância, mas ela, sendo a Senhora dos Ventos e ele, sendo o Senhor da Razão – aquele que substituíra com sabedoria o antigo Senhor da Razão, Satsugai – não podiam se deixar abalar em momento tão crítico como pelo qual passava seu Clã.
Uma Anciã poderosa como Yelan foi supostamente seqüestrada e agora... O Senhor da Astúcia, Tai Ming, convencera a grande maioria dos Anciões que em presente momento só restava uma solução: que eles mesmos entrassem em ação.
Ela teve suas dúvidas se assim deveria ser. Meses já haviam se passado desde a morte de Saigo, o filho da Senhora das Almas, e eles não tinham feito nada, nem ao menos entrado em contado com Xiao Lang. Contudo, agora que Yelan estava fora do alcance deles, foi muito mais fácil fazer com que os anciões aceitassem usar de sua própria força para intervir.
Feng não confiava em Tai Ming, sabia que seu noivo também não... Entretanto, os argumentos dele eram, de certa forma, bastante convincentes. Logo, ela só podia esperar e rezar para que as Cartas Clow pudessem ser finalmente do Clã, que sua querida amiga Yelan fosse salva e que Xiao Lang, o futuro Líder do Clã Li, fosse inocente das acusações de Tai Ming. Pois este dissera, um dia antes de ter permissão do Clã para ir para o Japão, que Xiao Lang havia traído o clã e se juntado ao dono das Cartas Clow. E de acordo com o Senhor da Astúcia, Xiao Lang agora visava ter o poder do Clã totalmente para si, usando de meios duvidosos.
Ela apertou-se mais ao peito do seu futuro marido, buscando conforto. Sinceramente esperava que Tai Ming estivesse errado... Pois entre ele e o futuro líder do Clã Li, tinha que admitir que não desejava ser o rapaz o morto neste confronto não mais evitável...
# # #
(Continua)
18/07/04
Mary Marcato
# # #
(#) O quarto que Syaoran está ainda é aquele anexo ao de Sakura, por isso rosa. Não sei se vocês lembram, mas no dia do incêndio o quarto de Syaoran foi destruído e ele passou a ficar no quarto onde antigamente era o local onde Nadeshico cuidava da filha.
(# #) Quando digo "lugar para adquirir experiência" me refiro a bordel. Acho que a maioria sabe que antigamente (e ainda hoje, também) muitos pais levam os filhos aos bordéis para saber como é fazer "aquilo". Uma atitude machista e idiota, na minha opinião, ¬¬ pois se a mulher não era virgem no casamento era uma desonra descomunal para a família u.u Affs... Deixa quieto.
ATENÇÂO!!! (Leiam que eu julgo ser importante)
(Big) Comentário da Autora: Bom, eu espero que vocês estejam mais do que satisfeitos com a cena entre o Syaoran e a Sakura, hahahaha :P Eu fiquei até vermelha com o que eu pensava em escrever (mente poluída, mente poluída) hehehe. Mas agora eu devo algumas explicações para vocês. Eu não pretendia colocar esta cena dos anciões, porém eu queria escrever um jeito do Tai Ming ter partido para o Japão sem ter que mostrar a conversa que ele teve com os anciões para convencê-los disso e poder falar um pouco sobre esses caras. Ninguém nunca fala como eles realmente são e eu resolvi fazer isso.
Na minha história, muitos deles ainda têm a aparência bastante jovem, devido ao fato de serem imortais até terem filhos. Portanto, agora só me restava esclarecer quem é quem e o significado de cada nome (Eu fiz isso sim! Dessa vez não fui dominada pela preguiça e procurei nomes decentes, hahahaha).
Mais uma coisa, houve um capítulo em que eu coloquei os anciões como "mulher1" ou "mulher2", "homem1", "homem2" e assim por diante... Fiz isso porque queria que os rostos deles não fossem mostrados, mas como seria muito cansativo tanto para mim quanto para vocês ficarem recordando o que cada um disse nesse determinado capítulo (Capítulo5: Desentendimentos) resolvi esclarecer isso nas notas finais:
Voz feminina1: 'Já perdemos muito tempo atrás delas. É realmente necessário que as consigamos?' (Senhora do Fogo: ainda sem nome :P)
Voz masculina1: 'Fundamental. Vós sabeis que não temos outra alternativa, caso contrário pode ser o fim dela.' – reforçou a palavra "dela" como se dramatizasse a situação, houve alguns murmúrios entre os senhores e senhoras do local ao tocarem no assunto. (Senhor da Astúcia: Tai Ming)
Voz masculina2 (num tom grave e forte): 'Não entendo como isso foi acontecer com ela. Os curandeiros já descobriram algo?' (Senhor da Lua: Sin)
(...)
Voz masculina3 (uma voz calma): 'O garoto, apesar de tudo, tem noção das suas responsabilidades, não posso negar.' (Senhor da Razão: Tao)
Voz feminina2: 'Acho que não há motivos para tantas preocupações, senhores. O que for para ser, será.' (Senhora das Almas: Itami)
Voz masculina4: 'Ela tem razão, o fluxo do destino se encarregará do futuro.' (Senhor das águas: Shui)
Voz feminina3: 'Ainda assim temo por ela.' (Senhora da Sol: Xa Mai)
Pronto, estas são as pessoas que falaram naquele capítulo. Agora eu colocarei o significado de cada nome. Ainda há alguns que eu ainda não encontrei:
Senhor das Águas: Shui – Em chinês, Shui significa água.
Senhor da Terra: En Liu – Na história antiga, na cultura de certo povo que eu não pretendo especificar, Emlil era o deus da terra.
Senhora dos Ventos: Feng – Em chinês, Feng significa vento.
Senhora do Sol: Xa Mai – Na história antiga, na cultura de certo povo, Chamach era o deus do Sol.
Senhor da Lua: Sin – Na história antiga, como já dito acima, Sin era o deus da Lua.
Senhora da Luz: Lin Bai – Como já dito, Lin Bai, em chinês, significa jovem branca.
Senhor das Trevas: Yang – Como na teoria Yin Yang, Yang significa masculino e representa a cor negra.
Senhor da Razão: Tao – Em chinês, TAO é um ideograma formado por duas partes: Uma significa cabeça, a outra mostra a estrada. O conjunto leva numa direção, portanto, temos o caminho e temos a consciência em movimento.
Senhor da Astúcia: Tai Ming – Como já dito uma vez, Tai Ming é uma pequena alusão à palavra timing (pronúncia táimin) do inglês, que, entre seus vários significados, pode significar "aguardar o momento certo para agir".
Senhora da Alma: Itami – Homenagem que fiz a um livro que muito gosto: Ninja. Na história, Itami é a mãe de um ninja chamado Saigo. Ela não parece amar seu filho, seu casamento foi arranjado e, mesmo sendo bondosa, aparenta ser fria devido a sua vida sofrida.
O antigo Senhor da Razão: Satsugai - Também recebeu esse nome em homenagem ao livro citado acima. Pai de Saigo e esposo de Itami, Satsugai é um homem cruel e ambicioso que não mede esforços para conseguir o que quer.
Ainda não encontrei nome para a Deusa do Fogo e o Deus da Humanidade. Qualquer idéia, por favor, entrem em contato comigo.
Puxa, acho que já falei demais mesmo, nunca fiz uma nota tão grande Espero que tenham gostado e... Se quiserem que eu acrescente os outros anciões na trama da história, me avisem. Eu adoraria fazê-lo, mas não sei se seria do agrado de vocês. :)
E finalmente:
Agradecimentos: Queria agradecer muito mesmo aos 90 reviews que já recebi só no :) Eu adoro vocês!!! Em especial, queria parabenizar a Andreia pelo aniversário dela e agradecer por ter sido meu nonagésimo review, estava esperando por ele para postar :)
Espero que este capítulo tenha sido digno suficiente para alcançar os 100 reviews :) Eu ficaria muitíssimo contente se o recebesse, sério mesmo! :) Obrigada por toda atenção que vocês sempre me dispensam :) Arigatou, minna- san!!!
