Hm... Tenho que lhes dizer, acho que estou perdendo o dom, cada vez se torna mais e mais e mais difícil de escrever. Se este capítulo saiu, foi apenas por causa de duro e árduo trabalho, nada de inspiração... Por isso não sei se ficou a altura... Normalmente eu pego um dia pra escrever, no máximo dois, e escrevo o capítulo inteiro, dessa vez eu demorei CINCO DIAS pra conseguir! Cinco! Sabem o quanto isso é desgastante e frustrante? Eu sei e peço desculpas por ter demorado tanto a postar, mas o que eu podia fazer? Escrever mal escrito era o que não iria fazer, né? Então, aqui está, aproveitem!
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Capítulo23: Confronto
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Tensão...
Até mesmo o ar parecia ter parado, nenhum vento, nenhum som, seja de árvores seja de animais. A verdade era que ninguém, nada nem ninguém ousava se pronunciar, tamanha a tensão ali.
Dois pares de olhos não se desviavam um do outro nem por um segundo. Já se passara um minuto e o silêncio ainda prevalecia no local. Aqueles que assistiam à pequena guerra de olhares não se pronunciava, talvez por medo ou apreensão e ainda talvez temendo quebrar a "beleza" daquela situação.
Ao menos era isso o que a mulher de curvas sinuosas pensava com um sorriso arrogante no rosto. Há muito tempo ela aguardava aquele encontro. Não exatamente daqueles que se encontravam se encarando tão passionalmente, mas especificamente o seu próprio encontro com aquele lugar e com certa pessoa que ali morava.
Será que se lembraria dela? Talvez não num primeiro momento, mas ela estava ansiosa para ver a reação quando realização se fizesse presente.
Enquanto a mulher cheia de malícia e segredos ponderava em seus próprios pensamentos, as outras duas mulheres presentes observavam aquele encontro com cautelosa atenção. Se uma delas se encontrava praticamente ignorante sobre quem eram esses dois inimigos que apareciam na frente da propriedade, a outra sentia seu peito arder de ódio contido por séculos que não pareciam findar.
A mulher de profundos olhos escarlates observava com, talvez, fúria ainda maior do que aquele rapaz que a pouco conhecera que se encontrava encarando a mesma odiosa pessoa que ela.
Quantos séculos sem fim esperou para poder confrontá-lo novamente? Quantos pesadelos antes de finalmente se deparar com o causador deles? O ódio, desprezo e rancor eram tanto que ela sentia seu peito sufocar implorando por vingança. Implorando para sentir o sangue viscoso e podre daquele que roubara a sua felicidade e de tantas pessoas queridas para ela.
Ele iria pagar... Iria sentir na própria carne cada minuto, cada segundo de sofrimento sem fim que ela tivera que suportar por tantos e tantos anos sem conta...
"No seu sangue em minhas mãos... Finalmente encontrarei paz para meu espírito... Tai Ming..."
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Syaoran encarava com fúria nos olhos aquele desprezível ser a sua frente. Quantos anos o odiou sem entender completamente seu ódio por ele? Quantos anos olhou-o com uma certa apreensão no peito sem conseguir compreender?
Agora entendia parte daquele sentimento... E, por mais que uma parte em si dizia que havia muito mais que ele não sabia, o que já era de seu conhecimento era suficiente para desejar que o maldito sofresse cem vezes mais o terror da morte e do pós-vida.
Tai Ming sempre lhe fora odiado, sentimento que ele nunca compreendera muito bem, já que apesar do homem sempre lhe ter tratado mal nunca fora muito pior do que muitos dos outros anciãos, algo que ele já fora acostumado desde que se lembrava. Mas agora, cada fibra do seu corpo, cada músculo que se contraía em si, parecia lhe repetir cada vez mais e mais alto "vingança, vingança, vingança".
O olhar nos olhos do ancião continha muito mais malícia do que ele jamais fora capaz de detectar, continha muito mais podridão do que ele poderia imaginar. Quantos crimes vis o Senhor da Astúcia já não teria cometido durante todos os séculos em que se sentou entre os Sábios do Clã Li?
Não sabia e nem gostaria de saber.
'Parece que nosso encontro não lhe agradou muito, jovem Xiao Lang?'
A voz pareceu surtir efeito, pois Syaoran pareceu acordar de um transe obscuro ao ouvir aquelas palavras proferidas em perfeito chinês. Tai Ming sorriu presunçosamente ao ver o olhar levemente surpreso, de quem é pego ao divagar em momentos impróprios, daquele jovem que ele tanto odiava.
Por sua vez, Syaoran pareceu recuperar o foco, quase imperceptivelmente perdido por um mero segundo. Olhou com raiva renovada para os olhos negros daquele a sua frente, respondendo à afirmativa desse apenas estreitando ainda mais seus olhos. Algo que pareceu divertir o outro homem ainda mais.
Tai Ming (calmamente): 'Sua reação parece comprovar minhas suspeitas. O que, infelizmente, devo acrescentar, faz ainda mais visível minhas prévias suspeitas em relação ao seu comportamento nos últimos meses.' Falou com falsa tristeza, o que foi ainda mais realçado pelo sorriso malvado que se seguiu após concluir.
Syaoran (com ódio na voz): 'O que está querendo dizer, Tai Ming?'
Tai Ming (com falsa surpresa): 'Mas vejam só... Parece que encontrei um Xiao Lang muito mais selvagem do que o que conhecia há alguns meses, ainda na China.' Fez uma mera pausa, serrando levemente os olhos, concluindo num tom perigosamente baixo. 'Parece que o Japão não lhe fez nada bem... Como já suspeitávamos...'
Syaoran (serrando os olhos também, tentando conter sua raiva): 'É melhor você se explicar melhor, Tai Ming. Não estou com paciência e não hesitaria em lhe mostrar isso...' O sorriso no rosto de Tai Ming aumentou, e ele pareceu ainda mais alto e poderoso ao continuar.
Tai Ming (em tom autoritário e perigoso): 'Meça suas palavras, jovenzinho. Não está em posição alguma de exigir algo, ainda mais de um superior seu.' Fez uma pausa, observando por vários segundos o rapaz a sua frente antes de continuar em tom ainda mais claro e cheio de veneno. 'Estou aqui representando o Conselho dos Anciãos, assim como todo o Clã Li.' Parou por um segundo, observando a reação do chinês a sua frente, o qual não pareceu se afetar com as palavras. 'Li Xiao Lang, o Clã Li o acusa de alta traição, corroboração com o inimigo e ameaça eminente à família Li e à China.'
Houve silêncio após as palavras de Tai Ming, como se Syaoran e suas duas companheiras estivessem digerindo o que acabara de ser dito. Por fim, o jovem chinês estreitou os olhos, tentando conter a raiva que a cada segundo parecia crescer mais em si.
Syaoran (em voz baixa): 'Como você ousa me acusar de algo, Tai Ming... Como ousa usar o nome da minha família para tentar me causar mal!'
Sakura fazia um certo esforço para compreender o que estava sendo dito, já que seu chinês já estava em desuso há mais de seis anos. Entretanto, ao observar o jovem a alguns passos a sua frente não era preciso que entendesse nada que estava sendo dito para que pudesse sentir seu próprio corpo ficar tenso ao ver o tremor de nervosismo nas mãos do rapaz. Aquela situação estava piorando a cada momento e tanto ela quanto Yume, a vários metros de distância dela e de Syaoran, sabiam que não demoraria muito para que o verdadeiro confronto logo tivesse início.
Tai Ming (tentando conter um sorriso de vitória): 'Você está sendo acusado por todo o Clã, Li Xiao Lang. Nós encontramos várias provas e outras suspeitas de que você está nos traindo em benefício próprio e do Mestre das Cartas Clow, Tsukishiro Yukito.' Ao ouvir o nome, Sakura ficou ainda mais rígida, pelo o que parecia, o Clã Li ainda não sabia que era ela a mestra das cartas.
Syaoran (perdendo o controle e gritando): 'Não ouse me acusar e muito menos a Yukito, Tai Ming! Você não sabe de nada e tenho absoluta certeza que você envenenou o Clã contra mim! Até onde irá sua ganância para conseguir a liderança do Clã!'
Tai Ming (ficando tenso e sério): 'Essas são acusações sem fundamento, Xiao Lang. Logo pois, não tenho por quê dar ouvidos a você. Agora... Caso você não tenha nada a dizer a seu favor, irei fazer valer meu direito como representante do Clã Li e puni-lo assim como a lei do Clã prega.'
Syaoran (controlando a voz): 'Não tenho nada a dizer a você, Tai Ming. Sei que sou completamente inocente, que se alguém deveria ser acusado de traição ou qualquer outro crime contra o Clã seria você!'
Tai Ming (com falsa lamentação, olhos fechados): 'Bom... Se isso é tudo que você tem a me dizer... Creio que não me resta outra alternativa se não aplicar nossa lei contra você...' Fez uma pausa, enquanto abria os olhos, olhos cheios de malícia e uma diversão cruel. 'De acordo com nossa tradição, todos os crimes cometidos por um membro do Clã Li de alta traição ou qualquer ato que venha a prejudicar deveras a Família...' Fez outra pausa, dessa vez sorrindo com tamanha malícia que Sakura pôde sentir seu corpo todo arrepiar, enquanto prendia a respiração, já prevendo o que seria dito a seguir. O que logo foi feito. 'Será punido com a Morte.'
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O ar cortava o rosto dos dois seres que voavam a grande velocidade naquele final de tarde um tanto quanto estranho, para dizer o mínimo. O vento que lhes batia no rosto e quase os impedia de ver a mais de dois palmos a frente estava diferente do usual, um tanto quanto violento para aquela época do ano e hora do dia.
Vento da mudança... Os dois o conheciam e sabiam que algo muito grande estava acontecendo, algo que mudaria a vida de muitos, para bem ou para mal. Seja qual fosse, eles não tinham nenhuma idéia de qual seria.
O jovem austero e pálido como a Lua, com belas asas que fariam qualquer leigo acreditar que se tratava de um anjo, estava sério e concentrado, tentando sentir alguma aura, que lhe desse alguma idéia do que estava acontecendo no lugar para onde se dirigia agora. Entretanto, a distância entre eles era grande e dificilmente conseguiria sentir muito mais do que o normal.
O outro ao seu lado, um homem com trajes chineses e longos cabelos presos numa trança, montava um cavalo alado, um cavalo de pura magia que deslumbraria os olhos de qualquer um que o visse, principalmente devido as suas várias cores que brilhavam como se fossem o orvalho refletindo a luz solar após um longo dia de chuva.
O cavaleiro, assim como o "anjo", também estava tenso e deveras preocupado. Mantinha seu olhar na direção contra o pôr do sol, tentando calcular em sua mente quanto tempo ainda lhes faltava para chegar ao seu destino final.
Cavaleiro (sem desviar seu olhar): 'Diga-me, acredita que ele esteja perto da mansão?'
Ser alado (em tom neutro): 'Não consigo sentir nada além do normal, afinal de contas, não há como sentir a distância entre ele e a mansão de uma distância tão grande. Entretanto, visto o tempo que já se passou, acredito que ele já tenha chegado.' Houve um breve silêncio antes do cavaleiro voltar a falar.
Cavaleiro: 'Se demorarmos muito mais... Não sei se poderemos ser de alguma utilidade.'
Ser alado: 'Eu confio nela... E mesmo não o conhecendo bem, sei que, se preciso, ele a protegerá também...' O cavaleiro, levemente surpreso com as palavras vindas deste seu companheiro em especial, desviou seu olhar para ele por um segundo, antes de voltar sua atenção mais uma vez para o céu que começava a ficar estrelado.
Cavaleiro: 'Espero que você esteja certo, Yue...'
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Syaoran não se moveu e muito menos respondeu às acusações e à sentença que Tai Ming proferira segundos antes. Francamente, o jovem chinês estava tão tomado por seu ódio que Sakura começou a temer o que ele faria em seguida.
Apesar de não aparentar, Sakura conhecia o jovem muito bem, afinal, um ano de convivência, numa montanha praticamente inabitável e quase mais um ano em que teve que ficar com ele horas sem fim em sessões psiquiátricas não poderiam ter sido para nada. Syaoran estava em seu limite e a japonesa conseguia sentir isso na aura cada vez mais violenta que emanava dele.
Com passos incertos, a jovem se aproximou do rapaz, e mais cautelosamente ainda, tocou levemente o ombro deste. Sakura sentiu imediatamente o corpo dele ficar rígido, entretanto, ao perceber quem o tocava, seguido da voz baixa e delicada da garota, ela sentiu-o relaxar relativamente.
Sakura (em um sussurro): 'Syaoran... Você precisa se acalmar.' O rapaz não voltou-se para ela, mas Sakura sentiu, mais do que viu, o rapaz fechar os olhos e respirar profundamente antes de voltar a abrir suas orbes castanhas.
O toque e as palavras foram sutis, contudo, não passaram despercebidos pelos olhos astutos e cheios de malícia de Tai Ming. Sentiu um sorriso cheio de pretensões alcançar seus lábios e um brilho perigoso destacou-se em seus olhos. Todavia, o mago chinês não transformou em palavras seus pensamentos, invés disso, voltou ao assunto supostamente principal.
Tai Ming (sorrindo de lado): 'Está pronto para receber sua pena, Xiao Lang?' Ao ouvir novamente a voz odiosa, Xiao Lang voltou a encará-lo, enquanto, sem que palavras precisassem ser ditas, Sakura se afastou dois ou três passos para trás, dando o espaço que Syaoran parecia precisar.
Syaoran: 'Suas falsas pretensões não me interessam e muito menos me afetam, Tai Ming. Sei perfeitamente bem por quê você está aqui e sei ainda mais o que eu pretendo fazer com você.' A voz do rapaz era cheia de ódio e desafio e Tai Ming se viu estreitando os olhos.
Tai Ming: 'Tamanha ousadia vinda de um ser inferior como você é como lixo para mim, inútil e totalmente dispensável. Já que não tem nada mais a dizer, irei concluir o que vim fazer aqui. Entretanto,' Continuou sem rodeios. 'quero que me diga onde está o Mestre das Cartas Clow.'
Syaoran (estreitando os olhos): 'Por que quer saber, Tai Ming?'
Tai Ming (sorrindo ainda mais): 'Oras... Não achou mesmo que o Clã aceitaria sua falha em conseguir as cartas uma terceira vez, não é?' Syaoran não respondeu, mas Tai Ming pôde sentir a tensão crescendo no rapaz. Irritá-lo, mais que um prazer, era favorável para a luta que ele sabia que logo viria a acontecer. 'Primeiro não foi capaz de conseguir as cartas quando elas foram libertadas, perdendo-as para um mero e inferior japonês. Depois, teve a chance de vir recuperá-las e falhou novamente. Dessa vez, o Clã fez questão de enviar alguém qualificável para concluir o que você foi incapaz de fazer.'
Syaoran: 'Se não consegui as cartas é porque por direito elas pertencem à outra pessoa. Não creio que você saiba o que é honestidade ou justiça, mas pode ter certeza que eu sei honrar essas palavras.'
Tai Ming (rindo maldosamente antes de continuar): 'Belas palavras, jovem Xiao Lang, belas palavras...' Fez uma pausa, sorrindo. 'Contudo, vazias de significado para aqueles que buscam algo maior. Não que você consiga entender isso ou vá um dia conseguir isso...' Olhou com malícia nos olhos de Syaoran antes de concluir. 'Tão patético quanto seu pai.'
Não foi preciso mais nenhuma palavra para que a ira até então contida de Syaoran explodisse por fim. Antes que Sakura pudesse se mover para impedi-lo, Syaoran já havia partido, enquanto liberava sua espada, para cima de Tai Ming.
Contudo, milésimos antes que pudesse desferir o golpe o mago chinês já havia desviado, aparentemente sem o menor esforço, com o mesmo sorriso zombeteiro no rosto.
Syaoran (irado): 'Nunca mais ouse pronunciar o nome do meu pai! Ele foi um homem honrado como você jamais poderia ser!'
Tai Ming: 'Tamanha falta de controle é deprimente, Xiao Lang, até mesmo eu esperava mais de você.' Conclui sorrindo zombeteiro. 'Quanto a seu querido e amado pai... Um ser digno de pena... Estúpido e...' Entretanto, antes que pudesse concluir, Syaoran mais uma vez estava em cima dele, espada em punho, respiração acelerada graças ao seu estado de espírito. Não foi preciso muito para Tai Ming desviar novamente, seu sorriso nunca saindo de seu rosto.
Syaoran: 'Cale a boca, Tai Ming! Ou eu juro que você não terá mais língua para proferir mais nada!'
E antes que o mago pudesse retrucar, Syaoran mais uma vez partiu para cima dele, pensamentos nublados, cheios de ódio e ira. Desferiu um golpe de cima para baixo, mas novamente sua espada apenas encontrou a areia do chão. E antes mesmo que Tai Ming pudesse tocar seus dois pés em terra firme, Syaoran mais uma vez estava em cima dele. Todavia, mais uma vez o mago estava desviando.
Sakura olhava toda a cena sem saber como agir. Era óbvio que Syaoran estava em desvantagem, seus golpes não tinham mais aquela técnica firme e forte, porém ágil e cheia de maestria. Não... Seus golpes pareciam rústicos e sem precisão, como um animal que ataca cegamente seu perseguidor numa tentativa desesperada de sobrevivência.
E ela sabia que Tai Ming também estava vendo isso, e não tardaria até ele utilizar a raiva desenfreada de Syaoran contra...
Tai Ming pareceu ler a mente da garota, pois no mesmo momento que tais pensamentos se formavam na mente de Sakura, o mago chinês desviou mais rapidamente e sem se distanciar muito de Syaoran, enquanto sua mão direita parecia entrar pelo meio de sua capa, como se ele estivesse tirando...
Não houve tempo para Sakura impedir o ataque. Pois antes mesmo dela perceber do que se tratava, Tai Ming já tirava uma enorme espada toda entalhada em caracteres chineses de dentro de seu manto.
E se Sakura não teve tempo de agir, muito menos Syaoran que se recompunha neste mesmo momento de um golpe sem sucesso. Antes mesmo que o chinês mais jovem pudesse olhar para onde Tai Ming estava, pôde ouvir o ar cortando diante da lâmina mortalmente afiada da espada de seu inimigo que descia verticalmente, mais veloz do que olhos comuns poderiam perceber, direto para seu pescoço.
Era tarde demais para se desviar ou amparar o golpe...
(...) -
O sorriso de Tai Ming sumiu instantaneamente, milésimos antes de sua espada alcançar o pescoço de Syaoran. Na verdade, antes de sua espada ser impedida de alcançar o pescoço de Syaoran... Por outra espada... Por outra espada toda entalhada em caracteres chineses, caracteres muito parecidos com a de sua espada...
Tai Ming desviou o olhar da espada para o dono desta e seus olhos se arregalaram levemente em ligeira surpresa. A mulher... Aquela mulher que ele mal distinguira por estar tão longe dos outros e por ter-lhe parecido tão sem importância, uma mera civil no lugar errado, na hora errada. Entretanto, a forma como ela manejava a espada e, principalmente, aquela espada em especial nas mãos dela, atraíram qualquer atenção sua que antes não havia existido.
Antes que o mago chinês pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, a mulher já havia pego Syaoran pela cintura e saltado para longe de Tai Ming. Este, por sua vez, abaixou sua espada levemente, sem se mover, agora sua atenção totalmente voltada para aquela mulher anteriormente tão insignificante em seus planos. Poderia ela lhe atrapalhar de alguma forma?
Enquanto o mago mantinha-se quieto e pensativo, Yume pousava levemente Syaoran ao chão ao lado de Sakura. A japonesa moveu-se ligeiramente em direção a ele, mas algo pareceu detê-la. A tensão... A tensão voltara. E dessa vez não era por causa de Tai Ming. Syaoran respirava profunda e rapidamente, sem levantar seu rosto para ela ou Yume. Já a maga a seu lado, matinha seu olhar nele, sem vacilar ou se mover.
O silêncio prevaleceu por alguns segundos, até que Syaoran pareceu recuperar a respiração, voltando-se levemente para Yume. Contudo, seus olhos se arregalaram em certa surpresa ao olhá-la nos olhos. Seu intuito era de agradecer, mas o olhar no rosto da mulher exigia que ele se mantivesse calado. E quem era ele para retrucar contra uma mulher mais de séculos mais experiente que ele?
Yume continuava a encará-lo e o rapaz nem Sakura conseguiam prever exatamente o que ela iria falar.
Surpresa destacou-se nos olhos dos dois quando uma claro e inconfundível som se fez ouvir no espaço ao redor. Sakura arregalara seus olhos, enquanto Syaoran mantinha sua face virada para o lado, exatamente na posição em que parara quando... Yume lhe deu um tapa no rosto...
Yume (com súbita voz alta): 'Garoto estúpido!' As palavras ressoaram na mente de Sakura e principalmente de Syaoran. Diante o silêncio que se seguiu, o rapaz voltou lentamente sua cabeça para encarar Yume, confusão e certa prévia vergonha estampados em seu rosto. Entretanto, a expressão severa não sumiu da face de Yume, mesmo que sua voz tivesse voltado ao habitual tom baixo, perigosamente baixo. 'Escute, Li Xiao Lang, se continuar permitindo que suas emoções tomem conta de você, a única coisa que conseguirá é ficar cego. Sua mente e sua alma ficarão cegos.'
As palavras foram pronunciadas claramente, e logo Yume levantou-se do lado de Syaoran, sem dar mais explicações para o rapaz, as palavras zunindo na cabeça dele. Não mais a atenção da mulher estava nele, não... Mais uma vez seus olhos tinham encontrado seu destino, seu inimigo... O mesmo inimigo dele. E se as palavras dela tinham algo a lhe dizer, algo que o fizesse vencer seu inimigo em comum, ela não parecia que iria lhe dizer mais.
Todavia, Syaoran imediatamente percebeu que ela não precisava mais se explicar, o significado daquilo era tão claro que Syaoran sentiu sua face ficar rubra... Rubra de vergonha e humilhação... Vergonha e humilhação por ter agido tão estupidamente... Imprudente, burra e estupidamente.
Novamente, entretanto, ele não teve tempo de falar nada. Enquanto se levantava ao lado de Sakura e Yume, foram as palavras de outra pessoa que varreram qualquer idéia prévia sua de dizer algo.
Tai Ming (olhando séria e diretamente para Yume): 'Quem é você, mulher?' Palavras secas que cruzaram o ar em direção a Yume. Mas se era seu objetivo fazê-la tremer, ficar com medo ou até mesmo ódio de seu tom de desprezo, em nada pareceu conseguir alcançar estes objetivos, visto que a face da mulher parecia dura e insensível como gelo. Vendo que ela não responderia à primeira pergunta, Tai Ming ficou ainda mais sério e continuou. 'Como conseguiu esta espada? Ela é uma espada chinesa, uma espada do Clã Li! Quem você pensa que é para ousar usar uma arma de tão honrado Clã, sua inferior indigna?'
Yume (em tom autoritário e gelado): 'Meça suas palavras, Tai Ming. Tenho todo o direito de usá-la. E comparado a sua ousadia de usar este tipo de espada, qualquer um teria o mesmo direito.' Tai Ming ignorou a última sentença dela, e continuou seu interrogatório.
Tai Ming: 'Apenas um Li tem o direito de usar estas espadas. E eu não conheço...' O mago cortou imediatamente sua frase, um brilho de certo reconhecimento cobrindo momentaneamente seus olhos. 'Por acaso eu não conheço você, mulher?'
O silêncio foi a resposta que o chinês recebeu e, antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, sentiu Lin, longamente esquecida, aproximar-se lentamente dele. Seus pensamentos pareceram mudar imediatamente e sua próxima sentença fez seus inimigos sentirem seus nervos ficarem levemente tensos.
Tai Ming: 'Lin Bai, cuide destas duas mulheres inferiores, não tenho tempo a perder com elas.' A mulher acenou afirmativamente, antes de se posicionar ao lado do homem. Tai Ming novamente voltou-se para Syaoran. 'Você escapou por pouco desta vez... E, como eu sei que não me dirá onde está o Mestre das Cartas, terminarei rapidamente com isso.' Após as palavras, Tai Ming lentamente tomou sua posição de luta, seus olhos brilharam diante da expectativa do combate.
Por sua vez, Syaoran sentiu seus olhos estreitarem, vendo que finalmente chegara a hora da verdadeira batalha. Sentiu mais uma vez Yume ao seu lado, quando esta se adiantou um passo, e novamente as palavras dela voltaram a sua mente. "Syaoran... Seu estúpido... Como um guerreiro, deveria saber que sua raiva e ódio apenas cegariam você. Quase morreu inutilmente, quase deixou seus entes queridos sem sua proteção... De agora em diante... Não deixará seus sentimentos dominarem você... Não nessa batalha..."
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Sakura observou apreensiva e silenciosamente a troca de olhares entre Syaoran e Tai Ming. Chegara finalmente o momento que ela temia, agora era a grande batalha de Syaoran, assim como a dela. Não estava exatamente com medo, apesar de sentir uma certa apreensão lá no fundo de que talvez o inimigo você muito mais poderoso do que ela poderia suportar. Não, não estava com medo, na verdade, sua atenção nem mais estava no grande "mago todo-malvado"... Sua atenção, desde que ouvira o nome vindo da boca de Tai Ming, estava na mulher ao lado dele. Aquela mulher com longas e belas mechas loiras.
Não entendia o que uma mulher tão bela e tão serena estava fazendo ao lado de Tai Ming. Será que ele estava a enganando também? Será que ela não via que o errado ali era ele? Entretanto, por mais que visse tamanha paz resplandecendo da mulher, não conseguia entender o que era aquele aperto no peito toda vez que a olhava. O que aquilo poderia significar? Estaria ela com receio de enfrentar a aliada de Tai Ming? Não seria certo de sua parte mostrar a esta bela moça de faces angelicais de que ela estava ajudando a pessoa errada?
Sakura olhou para seu lado, passando a observar Yume. O olhar da mulher ainda estava em Tai Ming e, subitamente, sem que Sakura pudesse entender, certo pensamento lhe surgiu na mente. Na primeira vez que descobrira quem Yume era, que na verdade ela não era uma velha, não conseguiu compreender por quê não percebera certa aura mágica na mulher em seu primeiro encontro, sob o disfarce de velha senhora. Depois, sentiu certa apreensão ao saber por ela que o Deus regente de Yume era o das Trevas, mesmo que a mulher tenha lhe dito que a natureza das Trevas não era exatamente má, e sim as pessoas que a possuem. E, por fim, ficou com medo dela ao saber que ela já havia morrido...
Sakura sentiu uma leve pontada no peito, o que era aquilo... Culpa? Arrependimento? Estaria Sakura tão cega pelas aparências, pelas primeiras impressões para não ver a fundo a verdadeira natureza das pessoas? Ver por trás de um rosto assustador, ou de uma expressão doce a verdadeira face de alguém?
Yume lhe ajudara e lhe salvara mais de uma vez e mesmo assim teve medo dela, apreensão... Agora... Ao ver aquele outro rosto se sentia compelida a não desconfiar e a não lutar... Seria ela tão fraca de mente para não ver nada por trás do exterior? Seria ela tão supérflua?
A jovem voltou o olhar mais uma vez para a mulher ao lado de Tai Ming. Por mais que vergonha diante do que acabara de perceber lhe confundisse a mente, Sakura tentou focar-se em Lin Bai. Não no belo rosto dela, não na suave aura dela, não no sorriso dela... Sakura olhou nos olhos, direta e profundamente. E por mais que a distância fosse grande... Não era grande o suficiente para privá-la do que realmente precisava ver...
Uma pontada mais forte fez Sakura apertar o punho contra o peito, enquanto sentia seu olhar fixo nos olhos de Lin Bai... Aqueles olhos... Nunca os vira antes... Entretanto... Aquela sensação não sumia de seu peito... O que seria?
Quem... era Lin Bai?
Sakura sentiu seu olhar divergir da mulher ao perceber que Syaoran não mais encontrava-se ao seu lado. Em um instante, voltou-se para Tai Ming e o viu correr rapidamente para frente também. E antes que qualquer pensamento lhe surgisse, Sakura ouviu o som de duas espadas se chocando.
Finalmente começara.
Yume: 'Sakura...' Imediatamente a garota voltou-se para a mulher, entretanto, Yume ainda mantinha seu olhar na luta a sua frente enquanto lhe falava. 'Não se intrometa na luta dos dois... Seu oponente é outro.' E Yume voltou lentamente sua face para a jovem japonesa e, diante do olhar inquisidor dela, a maga mais velha desviou seu olhar novamente, dirigindo-o, dessa vez, para aquela ao qual os pensamentos de Sakura se direcionaram momentos antes.
Sem mais uma palavra, Sakura acenou afirmativamente, enquanto percebia que sua oponente passara a observá-la também, com um sutil sorriso nos lábios. Sakura sentiu sua expressão contrair-se ligeiramente. Realmente, a primeira sensação de paz e pureza que a mulher lhe transmitira sumira... O coração da japonesa batia com violência. E seus pensamentos mais uma vez foram cortados, dessa vez por uma incrivelmente suave e doce voz.
Lin Bai (sorrindo sutilmente): 'Espero que esteja pronta para morte... Sakura...' Como a mulher sabia seu nome não pareceu passar pela mente da japonesa, ou se passou, ela ignorou. Invés disso, Sakura se viu encarando-a com olhos experientes de um guerreiro, sabendo que a balança de sua Vida e de sua Morte estaria bastante desequilibrada daqui a alguns instantes, sendo que suas habilidades eram a única coisa que impediria que a balança pendesse para o lado errado.
Sakura (estreitando os olhos): 'Mais do que nunca.'
Lin Bai (sorrindo ainda mais): 'Isso é o que iremos ver...' E antes que Sakura pudesse responder, palavras que ela não pôde compreender soaram da boca da chinesa, misturadas com o bater de espadas entre Tai Ming e Syaoran. Em seguida, diante do que agora parecia um campo de batalha, uma enorme lança com duas lâminas largas e arredondadas em uma das pontas 1, toda trabalhada em metais preciosos e resistentes, surgiu nas mãos de Lin Bai.
E Sakura sabia que não havia mais como esconder de mais ninguém quem realmente ela era... Não se pretendia vencer o inimigo e ajudar Yume e Syaoran...
Lin Bai (com um sorriso cheio de entendimento): 'Não há mais volta, não é mesmo, Sakura?' Mas Sakura não se viu nem um pouco tentada a responder, por mais que soubesse a resposta. Não havia volta...
Yume observou atentamente a troca de palavras entre as duas, sem se pronunciar. Ainda não era sua hora de entrar em ação. Na verdade, sua presença ali era totalmente proibida não fosse sua sede de vingança tão grande. Aquela batalha, por mais que quisesse, não era sua. Sabia que, no final, a vida de Tai Ming estaria nas mãos de outra pessoa. E por mais que lhe ardesse o peito em ódio e rancor, sabia que sua contribuição para a queda dele não seria direta...
Se tivesse ou pudesse desempenhar algum papel, principalmente contra Tai Ming, ela saberia a hora de agir. E, ao olhar aquelas duas pessoas tão queridas para ela lutando contra seus inimigos, sabia que agora não era seu momento.
Sem que pudesse pensar em mais nada, sentiu a aura da garota próxima a si. Voltou-se para a ela, sabendo exatamente o que estava para acontecer. Sakura finalmente mostraria àqueles que cruzassem seu caminho qual era seu verdadeiro poder... Qual era o verdadeiro poder da Mestra das Cartas...
E, sem mais delongas, as palavras tão conhecidas começaram a soar, enquanto Yume sentia um sorriso de orgulho teimosamente surgir em seus lábios.
Sakura (clara e seriamente): 'Chave que guarda o poder da minha Estrela...'
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Tai Ming abaixou-se em reflexo, escapando por pouco do golpe lateral de Syaoran. Apertou o punho de sua espada enquanto tentou desferir um golpe no peito do rapaz, sem sucesso, Syaoran saltou, desviando-se rapidamente. Tai Ming levantou o tronco curvado lentamente, observando seu inimigo com bastante cuidado. Não havia dúvidas, Syaoran estava muito mais concentrado do que estivera momentos antes na primeira luta que tiveram, se é que aquilo poderia ser chamado de luta.
O chinês mais novo estava mais concentrado, focado e Tai Ming teve que admitir, ele era um oponente a altura. Talvez tão bom quanto o pai. O mago chinês cerrou levemente os dentes diante do pensamento. Syaoran era quase uma réplica daquele que tentara o expulsar do Clã, algo que nenhum outro havia ousado desde épocas já remotas para ele.
O pensamento inconscientemente o fez olhar para aquela mulher misteriosa que defendera seu inimigo anteriormente. Não conseguia entender exatamente, mas aquele rosto parecia deveras familiar. De onde? E por que a sensação parecia incomodá-lo cada vez mais? Não havia tempo para pensar nisso, apenas em sua batalha atual, como Syaoran fez questão de lembrá-lo ao partir para cima dele neste instante.
Tai Ming desviou mais uma vez, sabendo que aquela incessante disputa de força, agilidade e velocidade não demoraria muito mais. Logo um deles iria ceder e começar a invocar magia, era questão de minutos. E assim que pensou nisso, Tai Ming pôde sentir sua companheira utilizando seus poderes por alguns segundos, parecia que finalmente ela também começaria a batalhar.
O mago não conseguiu evitar um leve sorriso de lado surgiu em seu rosto. Logo aquelas duas mulheres iriam se arrepender seriamente de terem se colocado em seu caminho. Ele, mais do que ninguém, sabia que a aura calma e suave de Lin Bai era nela o mesmo que uma pele de cordeiro encobrindo o lobo.
Lin Bai era perigosa e, ele tinha que admitir, nem ele mesmo saberia dizer até onde iria a extensão dos poderes dela. Sabia que era poderosa, mas nunca foi algo com o que ele realmente se preocupara. Afinal, ele era dezenas, se não centenas de anos mais velho e experiente. Não havia dúvidas para ele que ninguém poderia superá-lo e... Quem o tentou... Apenas sorriu diante do pensamento...
Enquanto defendia-se dos golpes incessantes, porém calculados, de Syaoran, Tai Ming ouviu, mesmo que sem compreender, uma ligeira troca de palavras entre Lin Bai e, quem ele supunha ser, a garota que Syaoran usara como pretexto para vir para o Japão. Ainda não entendera por quê ela estaria ali, certamente a coitada não sabia o perigo que corria. Se soubesse, teria fugido tão rapidamente quanto Tsukishiro Yukito havia fugido, concluiu sem delongas.
Todavia, Tai Ming sentiu seu corpo desestabilizar e quase sentiu a espada de Syaoran encostar-se nele. Saltou para longe de seu inimigo e olhou diretamente para a pessoa da qual a súbita aparição da aura o fizera perder a concentração.
Seus olhos se arregalaram instantaneamente.
Sakura (ainda prestando atenção em sua chave): '... que aceitou esta missão. Liberte-se!'
Tai Ming não encontrava palavras e seus pensamentos corriam a mil diante da cena a sua frente. Mas que maldição estava acontecendo ali! Como! O que aquilo significava...! Quem era essa jovem? Foi a voz de outra pessoa que o tirou de seu transe.
Syaoran (sorrindo de lado): 'Vejo que está um tanto quanto surpreso, Tai Ming.' Sorriu ainda mais quando viu o olhar surpreso do mago voltar-se para ele. 'Será que o poderoso Senhor da Astúcia foi pego de surpresa?'
Tai Ming (ficando levemente irritado): 'Você já sabia disso e não informou o Clã! Traidor!'
Syaoran (ficando irritado também): 'E por quê eu iria contar isso para o Clã? Para eles passarem a persegui-la também!' A essa altura, tanto Yume quanto Lin Bai e Sakura estavam olhando em direção aos dois guerreiros, a batalha esquecida por momentos.
Tai Ming: 'Seu tolo! Deixou essa garotinha infeliz enfeitiçá-lo! E o pior! Nem por magia foi!'
Syaoran (ficando ainda mais furioso): 'Se eu não tomei as cartas dela ou se não informei o Clã, foi porque sabia que as cartas estavam em boas mãos!' Fez uma leve pausa e continuou acusatoriamente. 'O que você não percebeu ainda é que o real motivo para eu ter vindo para cá não foi para tomar as cartas de seu verdadeiro dono, foi para buscar aliados e descobrir de uma vez por todas o que você e os outros Anciãos estariam tramando! Pois não pense que eu não sabia que o coma de minha mãe era intencional!'
Tai Ming (recuperando de pouco em pouco a calma): 'Muito bem, Xiao Lang... Vejo que finalmente me deu os motivos que precisava para matá-lo sem dúvida alguma.' Voltou-se para Sakura, que o encarava seriamente também. 'E tornou meu trabalho ainda mais fácil. Não será de muita dificuldade para eu recuperar as cartas que por direito é de nosso Clã de uma criaturinha tão medíocre!'
Syaoran (apontando a espada para ele): 'Antes terá que passar por mim, Tai Ming! Agora que sei que o verdadeiro culpado do estado de minha mãe foi você! Irá pagar por tudo que cometeu!' Se posicionou novamente, olhando Tai Ming nos olhos. 'E irei vingar meu pai pelo o que você lhe fez...' Tai Ming estreitou levemente os olhos diante do conhecimento que Syaoran estava lhe mostrando ter.
Tai Ming (sorrindo presunçosamente): 'Pelo que vejo... Você está bem informado, meu rapaz...' Continuou, vendo a raiva de Syaoran crescer novamente. 'E, por acaso, tua mãe lhe contou toda a verdade?' A isso, Syaoran sentiu seus olhos se arregalarem de surpresa. Então ele estivera certo... Sua mãe realmente estava lhe escondendo algo.
Syaoran sentiu sua raiva crescer ainda mais diante do olhar zombeteiro de seu inimigo, não demoraria muito para que perdesse qualquer controle que ainda tivesse. Entretanto, antes que ele pudesse partir mais uma vez para cima de Tai Ming, Syaoran sentiu subitamente a aura de Yume crescer novamente por poucos instantes. Parou antes de partir para cima de Tai Ming, como pretendia segundos antes, abaixando a cabeça levemente, enquanto suspirava profundamente. Não precisava olhar para Yume para saber o que ela queria dizer.
"Não perca o controle, Syaoran..." Pensou consigo mesmo.
Syaoran (voltando o olhar para Tai Ming): 'Qualquer coisa que minha mãe não tenha me contado... Ela teve os motivos dela.' Estreitou novamente os olhos vendo o sorriso de Tai Ming. 'Não conseguirá fazer-me perder o controle de novo, Tai Ming...' O dito homem sorriu ainda mais, contudo, não respondeu às palavras de jovem chinês. Seu olhar, ao contrário, desviou-se novamente e pousou na figura pequena, porém firme, da jovem Kinomoto Sakura.
Tai Ming (sorrindo de lado): 'Prepare-se, menina. Se Lin Bai não acabar com você primeiro... Pode ter certeza que eu irei.' E sem mais nenhuma palavra, nem esperando qualquer resposta desta, Tai Ming voltou-se novamente para Syaoran, posicionando-se também. Contudo, sua posição de luta agora era outra e Syaoran sentiu seus músculos ficarem tensos de expectativa, parecia que finalmente lutariam com tudo o que tinham.
Tudo...
Syaoran levantou sua espada, enquanto jogava rapidamente uma carta com caracteres chineses a sua frente.
# # # -
Ela olhava atentamente à discussão entre os dois guerreiros que não mais cruzavam espadas. Estava atenta, ouvia parte do que diziam e sabia que ela era foco da conversa também. Finalmente ela se revelara, não havia dúvidas de que se um deles saísse dali, fosse Tai Ming, fosse Lin Bai ou até mesmo algum ninja espião que eles não tinham detectado ainda, todo o Clã Li saberia finalmente quem era o verdadeiro Mestre das Cartas Clow...
Ficou ainda mais atenta quando sentiu o olhar daquele a quem Syaoran tanto parecia odiar voltar-se para ela. Ficou tensa, porém, nenhum medo pareceu correr por seu corpo, como qualquer um que não a conhecesse realmente pensaria que ela iria sentir.
Tai Ming (sorrindo de lado): 'Prepare-se, menina. Se Lin Bai não acabar com você primeiro... Pode ter certeza que eu irei.'
Sakura sentiu seus olhos estreitarem lentamente, enquanto Tai Ming parecia perder qualquer interesse prévio que tivera nela, voltando-se mais uma vez para Syaoran. Percebeu que a posição que ele tomava era diferente da primeira que vira e sentiu a adrenalina correr por seu corpo, finalmente eles começariam a usar magia.
Entretanto, não teve mais tempo de observar. Assim que Syaoran pareceu pegar uma de suas próprias cartas, pronto para pronunciar as palavras conseqüentes, a voz doce e calma de Lin Bai se fez ouvir. Contudo, aos ouvidos de Sakura, apenas malícia parecia sair dos lábios da bela mulher.
Lin Bai (sorrindo docemente): 'Não deveria prestar tanta atenção na luta deles, querida Sakura.' A jovem sentiu seus dentes apertarem-se uns contra os outros diante da colocação da mulher, enquanto, ao fundo, podia ouvir o barulho de trovões vindo de alguns metros longe dela. Syaoran havia usado a carta do deus Trovão e não havia dúvidas que outras cartas seriam usadas em seguida, contudo, ela não poderia observar a luta, sua atenção obrigatória e totalmente voltada para a mulher chinesa que também lhe encarava.
Sakura: 'Não sei por quê você o apóia e algo me diz que não são por motivos ingênuos ou inocentes.' O sorriso largo da mulher a alguns metros a sua frente apenas fez suas suposições se tornarem ainda mais verdadeiras. 'Mas eu irei ajudar Syaoran no que puder, mesmo que eu tenha que feri-la gravemente.'
Lin Bai (soltando uma risada cristalina): 'Minha querida, por favor... Se eu fosse você, estaria mais preocupada com a sua segurança...' Foram as últimas palavras da chinesa antes dela finalmente tomar sua posição de luta, tão graciosa quanto perigosa, algo tão ironicamente parecido com a própria guerreira, concluiu Sakura em pensamento.
Sakura girou seu longo bastão rosa e dourado para aliviar seu pulso, em seguida, a jovem maga também tomou sua posição de batalha. Encarou a suave face de sua inimiga e sentiu seus olhos estreitarem-se levemente... Algo lhe dizia que esta batalha seria muito mais difícil e dolorosamente mortal do que àquela que ela e Syaoran tiveram contra Saigo e seus ninja.
(...) -
Sem mais delongas, Sakura partiu rapidamente de encontro a Lin Bai, esta, por sua vez, não ficou para trás, indo também de encontro a sua inimiga. Sakura levantava seu báculo lateralmente com as duas mãos, como se este fosse um bastão, enquanto Lin Bai fazia o mesmo com a sua lança.
O encontro foi estrondoso, a pressão que pareceu surgir com o impacto fizeram os cabelos de Yume, que estava a mais de dez metros de distância das duas, voar para trás, mas a mulher em si mal pareceu perceber, seu foco sem se mover um momento sequer das duas que lutavam.
Nem Lin Bai quanto Sakura haviam conjurado alguma magia, as duas mediam forças, o meio de seus bastões pressionados um contra o outro. Sakura tinha sua face concentrada e séria, enquanto um leve sorriso ainda parecia se distinguir no rosto de sua oponente. Ficaram medindo forças por alguns segundos, até que as duas resolveram acabar com a disputa inútil, uma saltando em oposto que a outra.
Lin Bai (sorrindo): 'Minha querida, não me diga que isso é tudo o que tem?' Sakura a olhou seriamente, enquanto se posicionando de novo. Lin Bai sorriu mais uma vez, seguindo o exemplo da outra e assumindo sua própria posição.
As duas saltaram lateralmente, na mesma direção, olhos uma na outra, correndo de lado. Em determinado ponto, Sakura saltou para frente, enquanto Lin Bai parava um segundo depois, desviando pouco antes de Sakura acertar seu bastão nela. Sakura sabia que seu bastão não possuía lâmina, entretanto, se conseguisse acertá-la uma vez sequer sabia que provocaria dano suficiente para desestabilizar sua inimiga. Lin Bai sabia disso e sua defesa parecia perfeita contra todos os ataques de Sakura.
Ficaram trocando golpes por alguns minutos, na verdade, Sakura parecia estar atacando mais, enquanto a face serena de Lin Bai continuava firme, como se ela soubesse algo que ninguém mais sabia. Como se tivesse os segredos da vida escondidos atrás de seu sorriso que ela fazia questão de mostrar a todos mas nunca partilhar.
Sakura estreitou os olhos assim que fez uma pausa, as duas a pouco mais de três metros uma da outra. Apesar de estar atacando mais, Sakura não parecia mostrar-se cansada, entretanto, ela sabia, suas pernas não estavam fortes o suficiente para se aventurar em uma longa batalha, caso isso ocorresse, era quase certeza que perderia.
Não vendo mais escolha, Sakura fechou seus olhos e Lin Bai sorriu ainda mais, enquanto seus olhos estreitavam, ela sabia o que estava para vir. No momento seguinte, Sakura abriu rapidamente seus olhos, enquanto levantava uma de suas mãos com uma de suas cartas, seu bastão indo em direção a esta logo em seguida.
Sakura: 'Floresta!' Em seguida, vários galhos de árvore saíram da carta em questão, partindo para cima de Lin Bai. Esta, por sua vez, começou a desviar rapidamente dos galhos que, ou pretendiam feri-la, ou pretendiam agarrá-la.
Lin Bai (depois de desviar de um galho): 'Deus do Fogo, vinde a mim!'
Imediatamente, labaredas saíram da lança de Lin Bai e Sakura só pode arregalar os olhos enquanto o fogo queimava os galhos de Floresta. O que mais a surpreendia, no entanto, era o fato de Lin Bai não ter usado nenhuma carta. E a mulher pareceu perceber isso no olhar de Sakura.
Lin Bai (assim que o golpe cessou): 'Você está lutando com uma Mestra, não pense que me vencerá facilmente. Ou melhor, reze para eu não te ferir muito...' Sakura pareceu se recuperar do choque inicial. Certamente, Lin Bai sabia o que estava fazendo e, apesar de não aparentar ser muito mais velha que ela, Sakura podia dizer que a aparência escondia a verdadeira idade da mulher, provavelmente era uma Anciã como Tai Ming, logo pois, muito mais poderosa do que qualquer inimigo que fosse da idade de Sakura poderia ser.
Sem mais demora, Sakura saltou para longe, enquanto subitamente Lin Bai mais uma vez a atacava com um de seus golpes mágicos. Continuou correndo enquanto escapava dos golpes, e se não pensasse em uma boa estratégia, provavelmente iria perder. O nível de Lin Bai era diferente do de Saigo, não havia dúvidas, e se Sakura não desse o melhor de si, não sabia o que seria dela e de seus amigos.
Mesmo apenas no começo de batalha Sakura já sabia que aquela seria uma grande oponente. Duvidava que tivesse enfrentado alguém tão forte, até mesmo Syaoran não era capaz de usar os poderes dos deuses como Lin Bai parecia saber. Sakura encheu-se de preocupação enquanto escapava de mais um golpe de Lin Bai. Se ela já era uma oponente muito mais poderosa do que ela imaginava, qual seria, então, a verdadeira força de Tai Ming?
"Tome cuidado, Syaoran..." Pensou ela ao invocar mais uma de suas cartas.
# # # -
Mais um golpe e ele teve que rolar no chão para não ser acertado. Saltou em seguida, enquanto mais chamas vinham em sua direção. Não conseguia parar um segundo sequer, aquilo estava mais difícil do que ele suspeitava a princípio.
Tai Ming (rindo enquanto Syaoran desviava de seus ataques): 'Isso é tudo do que é capaz, rapazinho?' Syaoran trincou os dentes enquanto se desviava novamente, correndo em seguida lateralmente, desviando a toda hora de um golpe que chegava mais perto de si.
Aquilo já estava se estendendo fazia alguns minutos e Syaoran já se sentia exasperado. Não conseguia parar um segundo sequer, nem mesmo abrir a boca para invocar uma de suas cartas e já tinha que se desviar de um ataque. Logo no começo percebeu, através do modo mais irritante, que Tai Ming não precisava usar as cartas para invocar magia, percebendo isso quando um raio atingiu-o, mesmo que de raspão, na perna.
Já estava com algumas escoriações e parecia que receberia mais algumas, enquanto Tai Ming mantinha-se quase sempre no mesmo lugar, apenas apontando sua espada na direção que pretendia usar uma de suas magias. Aquilo era irritante, sem dizer perigoso. Tudo bem que estava lutando com alguém dezenas de anos mais experiente, mas tinha que admitir que seu orgulho de guerreiro não o havia feito imaginar que a diferença poderia ser tão grande.
Entretanto, Syaoran não se daria por vencido. Tai Ming poderia ter mais experiência, mas Syaoran ainda tinha mais motivos e determinação para vencer. Não importava o que tivesse que fazer, Tai Ming não escaparia tão facilmente de seus crimes, concluiu enquanto desviava de mais um golpe do homem.
Syaoran (sussurrando para si mesmo): 'Isso já está passando dos limites.'
E em menos de um segundo, enquanto mais um golpe, agora de ventos cortantes, vinha em sua direção, Syaoran parou sua corrida, invertendo para o outro lado, tão subitamente que Tai Ming não teve tempo de redirecionar seu golpe. Aproveitando os poucos segundos que a estratégia lhe deu, Syaoran levantou uma de suas cartas.
Syaoran: 'Deus dos Ventos, vinde a mim!' Pego de surpresa por estar concentrado em seu próprio golpe, Tai Ming foi jogado para longe pela força do vento. Não chegou a cair, mas teve que apoiar os dois pés com força no chão, enquanto agachava.
Entretanto, de nada adiantou seu controle, pois antes mesmo que pudesse focar seus olhos, Syaoran já estava em cima dele. Tai Ming conseguiu desviar, mas não gratuitamente. A espada de Syaoran atingiu de raspão no braço do homem, deixando um pequeno rastro de sangue no local.
Syaoran se posicionou novamente, enquanto Tai Ming saltava para longe. Assim que estava a uma boa distância, o homem passou a examinar seu ferimento. Pouco depois, levantou lentamente seu olhar para Syaoran, olhar cheio de raiva e fúria.
Tai Ming (em tom perigosamente baixo): 'Não devia ter feito isso, rapaz...' Syaoran estreitou os olhos também, preparando-se para qualquer golpe de Tai Ming.
Contudo, não foi nenhum golpe mágico que veio em sua direção. Em um piscar de olhos, rápido demais para que Syaoran processasse, Tai Ming já estava a sua frente, dando tempo apenas suficiente para Syaoran colocar sua espada a sua frente e impedir que a espada de Tai Ming o acertasse.
Mas não foi o suficiente. Devido ao súbito ataque, Syaoran só teve tempo de pensar na lâmina de Tai Ming, todavia, o inimigo não perderia a chance e antes que Syaoran pudesse fazer ou ver qualquer coisa, o punho rígido e forte de Tai Ming encontrou-se rapidamente com o lado do rosto do jovem chinês.
Tamanha a força foi, que Syaoran foi jogado longe, enquanto rolou uma ou duas fezes pelo chão. Mal pôde ficar em pé, Tai Ming já estava novamente em cima dele, enquanto Syaoran fez um esforço apenas em reflexo com seus braços para aparar um chute lateral de Tai Ming. A proteção foi suficiente para proteger os órgãos internos de Syaoran de qualquer dano mais perigoso, entretanto, não foi firme o suficiente para impedir que ele fosse jogado longe novamente, suas costas arrastando pelo chão por alguns metros.
Syaoran olhou para cima, ainda deitado no chão, e colocou sua espada na sua frente novamente, enquanto a espada de Tai Ming vinha a seu encontro. Assim que o golpe atingiu sua espada, Syaoran não perdeu tempo em levantar uma de suas pernas e acertar as costas de Tai Ming. Não forte o suficiente para fazer qualquer grande estrago, devido a sua posição, mas suficiente para desestabilizar o inimigo e permitir que levantasse, saltando para longe em seguida.
Tai Ming, assim que conseguiu se estabilizar do golpe, olhou quase que de perfil para Syaoran, olhos perigosos e sorriso zombeteiro no rosto, alguns arranhões começavam a se fazer visíveis no mago, mas nada que merecesse uma segunda olhada. Entretanto, Syaoran já não se encontrava no mesmo estado. Depois da sucessão de golpes o rapaz respirava fundo e rapidamente, suas costas arquejando e diminuindo a cada respiração. Um rastro de sangue descia pelo lado de sua boca, a face de seu rosto ligeiramente vermelha.
Tai Ming: 'Agora vê qual é a diferença entre nossas forças, Xiao Lang?' O rapaz não respondeu, contudo, seu olhar denunciava a raiva e determinação que sentia no momento. 'Comparado a mim, você é apenas um filhotinho fraco e desprotegido.'
Syaoran (em tom baixo e olhar desafiador): 'Até os filhotes crescem para acabar com animais baixos e desprezíveis como você.' Concluiu partindo novamente para cima de Tai Ming. Este por sua vez, riu silenciosamente, enquanto novamente se via desviando de Syaoran, levemente mais veloz e preciso em seus golpes que anteriormente, concluiu Tai Ming com certa diversão.
Syaoran, contudo, não estava achando a situação nem um pouco engraçada. E, enquanto Tai Ming parecia entretido em apenas se desviar, Syaoran já bolava em sua mente mais uma estratégia. E, sem que Tai Ming pudesse prever, saltou para longe daquele que atacava momentos antes, levantando mais uma vez sua espada.
Syaoran: 'Deus Trovão, vinde a mim!' O golpe seguiu seu destino, enquanto Tai Ming se preparava para amparar a força do trovão.
Todavia, foi com surpresa que o mago não sentiu nada, o raio desviando dele metade do caminho antes de acertá-lo. Mas Tai Ming não seguiu a trajetória do raio, sabendo muito bem que Syaoran estava prestes a acertá-lo com algo mais, o primeiro ataque apenas uma distração. Não estava totalmente errado, mas não exatamente tão certo.
Syaoran: 'Deus das Águas, vinde a mim!' E dessa vez a rajada veio rapidamente em direção ao homem, que, prevendo o golpe, saltou para longe. O que ele não viu, novamente, é que, no lugar em que estava e que a água deveria acertá-lo, esta pareceu parar e dividir no meio do ar.
Subitamente, Tai Ming soltou um grito alto, enquanto seu corpo parecia ter parado no meio do ar, rajadas de algo dourado a sua volta. Dor profunda percorreu o corpo do mago enquanto ele tentava se libertar do que for que estivesse o prendendo. Contudo, o golpe não acabava aí e antes que ele pudesse perceber, pressão fez-se contra seu corpo e subitamente a dor pareceu aumentar dez, cem vezes...
Syaoran ficou parado, concentrando sua energia, enquanto Tai Ming finalmente parecia tomar controle do seu corpo, soltando um grito de guerra, enquanto o golpe se dissipava rapidamente a sua volta.
Tai Ming caiu no chão, um dos joelhos encostando-se na terra enquanto apoiava um dos braços no outro, dobrado a sua frente. Sua cabeça estava baixa, enquanto ele respirava com força. Sua roupa, uma vez imaculada, agora estava rasgada em alguns pontos, certa fumaça rodeava seu corpo, cabelo meio desalinhado, rosto um pouco mal tratado. Em seguida, sem que se permitisse mais um momento de dor, Tai Ming encarou Syaoran, olhos perigosamente cerrados. O rapaz, por sua vez, encontrava-se no mesmo lugar em que o atacara, ele mesmo respirando profundamente, tentando recuperar-se de toda energia que utilizou no golpe.
O mago chinês levantou-se lentamente, ainda encarando seu inimigo. Olhou-o por vários instantes, enquanto Syaoran ainda mantinha sua espada a sua frente com as duas mãos.
Tai Ming (mais sério do que nunca): 'O que você fez comigo, rapaz?' Syaoran olhou-o nos olhos por vários segundos, antes de finalmente se endireitar melhor, um sorriso zombeteiro surgindo em seu rosto, pela primeira vez surgindo na pessoa oposta em que estivera aparecendo até agora.
Syaoran: 'Surpreende-me que não tenha previsto meu golpe, Tai Ming.'
O dito cerrou ainda mais os olhos, enquanto o sorriso de Syaoran aumentava ligeiramente. Syaoran ficou caldo por um instante, agora os dois em silêncios, ouvindo as explosões e golpes a vários metros de distância deles, vindos, sem duvida alguma, de Lin Bai e Sakura. E o rapaz rapidamente desviou seus pensamentos da garota, concentrando-se mais uma vez unicamente em seu inimigo, antes de continuar.
Syaoran: 'O primeiro golpe, aquele o qual você provavelmente achou que era apenas distração, era, na verdade, uma corrente de vários raios em que eu vim trabalhando há algum tempo. As correntes rodearam você, se encontrando no alto, como em uma jaula. Para que você não as percebesse, rapidamente usei um jato d'água. E este, o qual você achou que era o verdadeiro golpe, na verdade era apenas a distração, para você desviar e esbarrar em um dos vários raios a sua volta.' Pausou novamente, sabendo que Tai Ming já compreenderia o resto.
Tai Ming (fúria nos olhos ao entender o resto): 'E, por final, você não utilizou a água para me acertar a princípio, mas no final, quando eu já estivesse preso em uma das rajadas elétricas. E, quando a água se encontrou com a eletrecidade, um curto tornou o golpe dezenas de vezes pior...' Como resposta, Syaoran apenas sorriu e Tai Ming sentiu seu sangue esquentar em fúria quase incontrolável pela primeira vez desde que chegara ali. 'Muito bem, Xiao Lang... Parece que eu subestimei as suas capacidades...' Falou novamente em voz plana, o que alertou ainda mais Syaoran do que estava prestes a vir. 'Assim sendo, acho que não preciso ficar apenas na brincadeira com você, não é?'
Syaoran viu seu corpo ficar novamente tenso, enquanto Tai Ming se posicionava de maneira diferente das quais Syaoran estava habituado. Assim sendo, o jovem chinês se posicionou na defensiva, pronto para qualquer golpe súbito que seu inimigo iria fazer. Contudo, nem um golpe veio, e apenas quando Syaoran apurou mais seus sentidos é que pôde ouvir sussurros vindo de Tai Ming.
Os olhos de Syaoran se arregalaram por um instante ao perceber o que o mago estava prestes a fazer. Seu primeiro instinto foi de atacá-lo, entretanto, sem saber que espécie de feitiço o outro mago estava conjurando, isso seria ainda mais perigoso do que ficar onde estava. Nesse meio tempo, enquanto decidindo-se o que fazer, Syaoran ouviu um golpe mais alto vindo atrás de si. Seus olhos arregalaram-se imediatamente.
Sem perder mais um segundo, já percebendo o acúmulo de energia que se formava em torno de Tai Ming, enquanto nuvens, trovões e raios se faziam presentes no alto céu, Syaoran voltou-se para onde sabia que Sakura e Lin Bai lutavam. Elas estavam mais próximas deles e o pensamento de que Lin Bai sabia o que Tai Ming estava fazendo repentinamente lhe ocorreu.
Se isso fosse realmente verdade, como parecia ser, o golpe não era apenas destinado a ele. Sakura iria ser outro alvo, e um mais frágil ainda, visto que ela não estava prestando atenção neles, apenas nos golpes que Lin Bai lhe desferia, trazendo-a cada vez mais para perto dele e de Tai Ming.
Os sussurros de Tai Ming começaram a ficar mais altos e Syaoran se viu correndo na direção de Sakura. Com sorte, ele conseguiria tirar os dois do raio de ataque de Tai Ming antes que ele concluísse o feitiço. Mas com Sakura movimentando-se a todo momento, desviando-se com toda velocidade que podia dos ataques de Lin Bai sua tarefa se tornava próxima do impossível. Sem outra alternativa, tudo o que lhe restou foi gritar, enquanto, para seu desespero, Tai Ming parecia estar concluindo o feitiço.
Syaoran (gritando e correndo em direção a Sakura): 'Sakura! Saia de perto daqui!'
A garota, ouvindo seu nome na voz do chinês, desconcentrou-se por um instante, quase sendo acertada pela lâmina mais que afiada da lança de Lin Bai. Saltou para longe, enquanto olhava para trás, buscando o rosto familiar. O que viu fez seu sangue gelar. Em volta de Syaoran, ou ao que parecia olhando do lugar que estava, uma gigantesca aura negra girava cada vez com mais força.
Ao ver Syaoran mais perto de si, pôde distinguir de quem vinha aquela energia toda. Não era, como imaginara antes, vinda de Syaoran, mas sim de quem estava atrás dele... Tai Ming... Os olhos da garota se arregalaram quando ela percebeu o que estava acontecendo, parada, sem saber como agir.
Lin Bai sorriu, vendo que fizera certo quando imaginou sentir uma aura específica vinda de Tai Ming. Aquela batalha não demoraria muito mais, finalmente conseguiriam o que queriam... Pensou por fim, saltando o mais longe possível de Syaoran e Sakura.
Syaoran já estava próximo de Sakura, vendo, na expressão desta, que ela já percebera o que estava ocorrendo. Contudo, não havia mais tempo dele ou dela se distanciarem mais, pois, quando quase sentia seus braços alcançarem o corpo imobilizado de Sakura, Tai Ming concluía o que estava fazendo.
Tai Ming (em tom forte e poderoso): 'Eu o convoco neste momento, Mestre e Senhor da Astúcia!'
E as palavras que Sakura e Syaoran ouviram em seguida, não foi nem de Tai Ming, nem de Lin Bai. Todavia, nem a súbita intervenção da voz foi capaz de evitar o que estava para acontecer.
Yume (gritando em fúria e desespero): 'Maldito!'
E tudo ficou negro...
# # # -
(Continua)
08/07/2005
Mary Marcato
# # # -
Comentários da autora: Ahhhhhhhhhhhhhh! Eu consegui! Eu consegui! Nem acredito (vou chorar, juro que vou chorar)... Vocês não têm a mi-ni-ma idéia do quão, quaaaaaaão difícil foi fazer este capítulo. O mais difícil capítulo de tooooooodos. Não têm idéia... Achei que nunca ia conseguir escrever. Vou fazer de tudo que puder pra postar o próximo capítulo o mais rápido possível. Não quero nem sonhar em demorar tanto tempo como este demorou. Então espero sinceramente que me compreendam, minha vida está muito complicada e fanfiction não é minha prioridade agora, desculpem-me. Mas espero sinceramente que gostem e continuem a ler e revisar, OK?... Arigatou minna-san. Ja ne!
Agradecimentos: Eu pretendia agradecer a cada um, mas deu preguiça, hehehe Mas nos próximos capítulos eu faço isso, ok? Só queria dizer que eu reli os últimos reviews e fiquei tão emocionada, tão feliz, tinha esquecido como é bom receber review. Adoro todos eles e adoro vocês por escreverem eles para mim, vocês são lindas maravilhosas e encantadoras! Queria sempre poder escrever, sempre estar animada, só pra ver o que vocês acham, cada dificuldade compensa os reviews que recebo. Adoro vocês meeeesmo!
