Nota: Os personagens de Inu-Yasha não me pertencem. Pertencem a Rumiko que é muito má e deixa o Sesshy a série inteira solteiro :) só porque ele é o mais bonito da história.


Capitulo 2: Olhando através de um espelho.

Não faltava muito para amanhecer, com seus sentidos apurados podia sentir com exatidão o cheiro das gotas de orvalho se desprendendo das folhas das arvores. O doce cheiro da terra molhada pela fina garota que dera no inicio da noite. Mas nenhum desses detalhes lhe importava agora. Passara o resto da noite apenas pensando, como se fosse possível fazer outra coisa alem disso, depois do abalo que sofrera. Realmente, era patético; ele não pode deixar de pensar, quando um leve puxar dos lábios revelava um sorriso sádico.

-"Como ela esta diferente, mas não menos interessante"; ele pensou, enquanto permanecia de olhos fechados sentado no mais alto galho de um carvalho. –"O que será que aconteceu nesses nove anos para que ela mudasse tanto?"; ele se perguntou.

Já podia enxergar ao longe o sol nascendo. Enquanto ouvia o barulho das pessoas acordando aos poucos no vilarejo.

-"Ela deve estar acordando também"; ele concluiu. –"Aquele olhar, como pude demorar tanto pra reconhece-lo"; ele pensou frustrado. –"E desde quando ela me chama só de Sesshoumaru"; ele recordou de como ela falara com ele antes, deixando a sobrancelha levemente arqueada.

Murmurando um "Puff" ele saltou da arvore caindo graciosamente no chão. Logo apareceu um Jaken todo chutado ajoelhando-se na frente do inuyoukai, enquanto o youkai dragão olhava a situação de forma confusa.

-Sr gostaria de saber se posso voltar ao vilarejo procurar a sacerdotisa e saber sobre a menina? – ele perguntou num misto de hesitação e aflição, sabia que de alguma forma a punição que recebera do inuyoukai tinha relação com isso, apesar de ter estranhado ele não ter agido na hora e sim bem depois, mas preferiu ignorar o fato.

-Já disse que não será necessário, leve Ah-Uh para dentro da floresta onde for mais seguro, eu mesmo vou falar com a sacerdotisa; ele disse sério, nem se dignando a olhar pra o youkai sapo enquanto ordenava.

-Mas senhor ela pode querer...;

-Não ouviu o que eu disse, Jaken? – ele perguntou com os olhos cerrados numa ameaça velada de que ele não teria piedade de manda-lo para o mundo dos mortos sem passagem de volta.

-S-sim senhor; Jaken respondeu abraçando-se mais ao cajado de duas cabeças e pegando as rédeas do dragão começou a caminhar floresta adentro; - "O que será que aconteceu com o Senhorrrrrr Sesshoumaruuuuuu"; ele pensou.

-"Eu disse que queria respostas e vou tê-las, não importa como"; Sesshoumaru pensou enquanto se dirigia a entrada do vilarejo.

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Deitada sob o futon ela não pregara mais os olhos. Sentia-os levemente inchados por causa das lagrimas, mas nem por isso deixaria de lado seus afazeres para ficar deitada olhando pro teto.

Com muito custo conseguira levantar-se. Logo ouviu leves batidas na porta e sem precisar ver quem era já disse.

-Pode entrar Saiyo!

Uma garotinha humana de cabelos negros presos numa frouxa transa, aparentemente tinha uns treze anos, entrou timidamente a casa da sacerdotisa. Mas ao vê-la arrumando o futon abriu um largo sorriso.

-Bom dia Rin-sama! – ela disse contente.

-"Sama, isso soa tão estranho que não consigo me acostumar"; ela pensou não podendo reprimir um sorriso. – Bom dia Saiyo.

Eram poucas às vezes que ela se permitia sorrir com tanta espontaneidade, alias eram raras, somente quando estava junto da garotinha que lembrava a si mesmo às vezes que chegava a lhe confundir. Talvez fosse exatamente isso, era como olhar para um espelho e ver uma fase de inocência pela qual passara, mas que não iria voltar.

-Rin-sama, algum problema? – a menina perguntou olhando-a confusa, mal percebera que ficara em silencio tanto tempo.

-Ahn! Não, estava apenas pensando; ela disse balançando a cabeça para os lados tentando afastar os pensamentos. – E então, vai comigo procurar algumas ervas hoje?

-Sim; ela disse com um sorriso alegre. – Mas Rin-sama parece triste, o que aconteceu? – ela perguntou com o semblante ainda confuso e com uma pontada de tristeza ao fitar diretamente os olhos da sacerdotisa.

-Não é nada, apenas lembrei de algo desagradável; Rin disse agitando os braços nervosamente, tentando mudar de assunto. – Mas vamos logo, chame os outros se quiser; ela disse prendendo as madeixas num rabo de cavalo baixo com alguns fios soltos.

-Certo; a menina disse saindo da cabana e encontrando outras crianças por perto.

Ao sair de casa, deixou que seus olhos vagassem em busca do nada. O céu azul nada indicava que durante a noite uma tempestade se anunciara. Ou melhor sua própria tempestade começara. Ainda não sabia o que o trazia aquele lugar, mas sem duvida isso lhe perturbava.

Ouviu ao longe a voz de Saiyo lhe chamar, era melhor parar de divagar e prestar atenção no que tinha de fazer, não pretendia mudar sua rotina por saber que ele voltara. Ou pior que havia ignorado seu aviso e ainda permanecia próximo à entrada do vilarejo. Ela podia senti-lo. Da mesma forma que Kagome outrora sentia os fragmentos da jóia, agora Rin parecia ter uma habilidade semelhante, era apenas pensar em alguém saberia indicar onde esta se localizava, mas ele não sabia disso, afinal foram nove anos.

Sentiu alguém puxar lhe pela mão e abaixando os olhos viu Saiyo, olhando-a intrigada. Sabia que a menina não tardaria a perguntar o que estava acontecendo, então apenas sorriu e começou a puxa-la para as proximidades de um bosque onde poderiam pegar as ervas.

-Rin-sama essa erva serve para que? – Saiyo perguntou com um ramo pequeno de folhar verdes.

-Para fazer curativos, é muito eficaz quando nos cortamos, ajuda a cicatrizar rápido; ela respondeu, enquanto pegava a erva das mãos da menina e colocava dentro de uma cesta pendurada no braço esquerdo. Foi quando sentiu como se estivesse sendo observada. Não era necessário virar-se pra saber quem era.

Continuou mais um tempo colhendo mais algumas ervas e explicando as crianças o que se podia fazer com elas.

-Bom, vamos parar por hoje; Rin falou, limpando as mãos uma nas outras para tirar a terra.

-Então já vamos voltar? – Saiyo perguntou com ar decepcionado.

-Vão vocês na frente, que eu tenho que resolver uma coisa; Rin completou.

-Se quiser posso ficar e te acompanhar, Rin-sama; Saiyo sugeriu.

-Obrigada, mas não é preciso; Rin completou, mesmo vendo o olhar decepcionado da menina preferiu afasta-los. Já que não podia evitar aquilo que fosse pelo menos sem testemunhas, ela concluiu.

Com um suspiro cansado, Rin viu as crianças se distanciarem. Umas corriam outras brincavam entre si até sumirem do seu campo de visão. Sentiu seu olhar ficar frio e não se dignou a voltar-se para trás.

-Por quanto tempo mais vai ficar me espreitando Sesshoumaru? – ela perguntou seca.

-Eu disse que queria respostas que você ainda não meu; ele falou com ar impassível saindo de trás de uma arvore e parando a centímetros de distancia da costa dela.

-Achei que tivesse sido bem clara quando mandei você ir embora; ela disse voltando-se pra ele com um olhar que faria o inferno gelar.

Era como olhar para si mesmo sob o reflexo de um espelho, tão parecidos e tão diferentes. Mesmo que não quisesse admitir, sentia-se confuso na presença dela. Como uma garotinha tão gentil e carismática tornara-se a sua encarnação fria e insensível. Vira como ela lidava com as crianças, aquela garotinha chamada Saiyo lembrava a ela quando mais nova. O tempo poderia ter passado, mas ele ainda tinha certeza que aquela garotinha ainda vivia ali, por baixo daquela mascara.

-Não lembro desde quando você acha que acato ordens de alguém; ele respondeu no mesmo tom. –E desde quando você tem liberdade para me tratar assim? – ele perguntou seco.

-Desde quando! – ela rebateu a pergunta. – Você quer realmente saber isso, ou só pergunta porque se sente frustrado em voltar e não encontrar uma fedelha submissa a sua indiferença?

-Grrr! Não abuse da sorte; ele não conseguiu evitar um rosnado de aviso.

-Ou o que? – o leve arquear da sobrancelha, a postura impassível e o olhar de desafio.

-"Por Kami como ela conseguiu se parecer tanto comigo"; ele pensou frustrado.

-Sabe qual o seu problema Sesshoumaru? – ela começou frisando o nome ignorando o olhar de aviso. – Você subestima de mais as pessoas, acha que é superior a tudo e confunde a palavra respeito com medo; ela completou respondendo parcialmente o questionamento dele.

-Da no mesmo; ele respondeu eloqüente.

-Engano seu, nunca tive medo de você, eu tinha respeito, mas agora...; Ela não completou a frase. – Isso não importa mais; ela disse dando as costas para ele. Mas sentiu-o a segurar pelos dois braços impedindo-a de avançar. Agora sim ele havia conseguiu surpreende-la, desde quando ele tinha os dois braços. Ainda lembrava-se de Jaken reclamando de como Inuyasha conseguira feri-lo e cortar lhe o braço esquerdo, mas quando o recuperara. Ah! Claro. Nove anos; ela concluiu.

-Porque não me mata então? – ele disse quase um sussurro próximo ao seu ouvido. O choque foi instantâneo, quando sentiu o corpo estremecer involuntariamente, não podia mostrar-se fraca na frente dele, não agora.

-Sabe que não posso; ela respondeu calmamente. – Outrora você salvou a minha vida e me protegeu, que espécie de pessoa você acha que eu sou pra matar aquele que me salva a vida? – ela perguntou mais para si do que para ele.

-Foi você mesma quem disse isso na noite passada; ele questionou ainda a segurando de costas, queria encarar lhe para saber o que aqueles olhos transmitiam, mas ainda sim a tinha sob seu alcance, então era melhor continuar daquela forma.

-Mesmo que eu não queria ainda lhe respeito, Sesshoumaru-sama; ela começou. – Tenho minha honra não sou como alguns seres que ignoram isso e matam como um bando de patéticos; ela respondeu.

Sentiu-o apertar mais as mãos entre seus braços, podia sentir a circulação do sangue correr de forma mais lenta e as pontas dos dedos ficarem dormentes.

-O que quer dizer com isso? – ele perguntou num tom perigoso.

-Entenda como quiser! – ela respondeu impassível, não deixando transparecer o quando aquilo a estava deixando abalada. Aquela proximidade era perigosa. Sem duvidas aquilo era um teste de auto controle muito cruel e ela já percebera isso. Poderia acabar falando uma besteira num momento de explosão. Tentou mais uma vez soltar-se dos braços dele, mas foi em vão.

-Já disse que quero algumas respostas suas e você não vai embora até que eu as consiga; ele disse num sussurro.

Aquilo só podia ser provocação. Ele queria respostas, certo; ela pensou, quando um sorriso maroto passou por seus lábios rapidamente, ela não fugiria, então ele já poderia soltá-la, por bem ou não...;

-Pode me soltar agora, não vou fugir; ela falou calmamente. Sentiu a respiração do youkai chocar-se com a lateral de seu rosto. Foi quando fechou os olhos tentando se concentrar.

-Não vou soltá-la, sei que vai fugir; ele falou.

-Eu costumo honrar a minha palavra, mas já que você insiste em me segurar; ela disse. Sua energia espiritual começou a fluir até que uma pequena descarga de energia passou pelo seu corpo e como se intencionalmente foi atraído para o do inuyoukai que a segurava.

O efeito foi rápido, Sesshoumaru sentiu como se uma corrente de estática passasse por ele dando lhe um choque. A surpresa foi bem maior do que a dor do golpe, mas isso serviu apenas para ele soltá-la.

-O que foi isso? – ele perguntou pela primeira vez demonstrando certa confusão;

-Se tivesse me soltado quando pedi eu não precisaria apelar para o meu poder espiritual; ela disse ofegante, sem duvidas aquilo roubava lhe as forças muito rapidamente e usara de mais. Sabia que Sesshoumaru não era um youkai fraco que ela derrubava com facilidade. Para usar aquilo ela teve que dispor de quase toda sua energia, se tivesse que se defender de algum youkai estaria com problemas, num mesmo dia não podia usar aquela técnica mais do que uma vez. Mas só agora se dera conta de sua negligencia, quando sentiu uma leve tontura e o corpo pender.

Sesshoumaru viu a começar a cair, entendera rapidamente que aquilo era a reação do uso do poder, a exaustão. Antes que ela caísse, ele a amparou com os braços.

Foi quando sentiu um estalo em sua memória, lembrava-se como se aquilo tivesse acontecido a menos de vinte e quatro horas. Uma garotinha humana em seus braços perguntando se ele não a esqueceria. A cena se repedia, mas ela agora não era mais uma garotinha e sim uma mulher. Como conseguira passar nove anos longe dela. Ele se perguntou, enquanto pegava a jovem desacordada em seus braços. Tomando o devido cuidado de esconder a cesta de ervas entre algumas folhagens antes de dar um salto e desaparecer no meio do bosque.

Continua...

Bom, mais um capitulo chega ao fim. Sinceramente espero que estejam gostando dessa fic da mesma forma que eu gostei de escrevê-la. Muitas coisas ainda estão para acontecer. E prometo fortes emoções para o próximo capitulo.

Meus sinceros agradecimentos a The Blue Memory que me mandou um comentairo.

kisus

ja ne...