Poker, Drinks and Cigarettes.

- Whisky, Beer & Wine -

-Que putaria é essa? – Xingou Walden tentando se livrar da poeira abrindo a janela e abanado-a para fora – Quem é que vocês p...- Parou sua frase quando a poeira já estava suficientemente baixa para ele poder ver o rosto dos três homens. – Conheço vocês. O que é que vocês acham que estão fazendo aqui? – o homem deu um passo para trás, tinha uma expressão estranha. Um misto de pura fúria e medo.

-Você sabe o que viemos fazer aqui e eu não estou com demasiada paciência para formalidades e explicações.- disse Lucius, sua voz fria e arrastada cortava o local como uma faca - Agora se não se importa, temos uma maldita missão para cumprir e se você puder se apressar vai realmente ajudar.

-O QUE? Eu não vou voltar para aquele lugar! Prefiro ficar nesse perdigueiro imundo com esses bêbados nojentos do que voltar para aquilo lá!

Foi à vez de Rodolphus se pronunciar. Ele estava apoiado no batente da porta com uma óbvia expressão entediada. Ele ainda segurava a garrafa de Whisky que comprará a poucos instantes. Quando disse sua voz soou para os outros como sendo igual ao dos outros bêbados que estavam no bar. Ao repararem na garrafa que carregava perceberam o porquê.

-Você fala como se tivesse escolha! Há, ser um Comensal não é a mesma coisa que trabalhar em um desses botequinhos que você pode pedir demissão e ajeitar o pagamento. É um trabalho para vida toda. Você não quer que aconteça com você o mesmo que aconteceu com aquele Black, não é? O Regulus se recusou a continuar os serviços após descobrir da missão que teremos com os Potter e fomos obrigados a matá-lo.- Lançou um sorriso cínico e psicótico - Realmente uma pena, nunca vi ninguém fazendo uma batida de Whisky e Vodka melhor do que ele. – Fingindo falso desapontamento.

-Você está me ameaçando? – Walden deu um passo à frente como se quisesse encarar Rodolphus, mas estava um tanto quanto hesitante.

-Não enquanto você não se decidir. –Virando o último gole da garrafa, Rodolphus passou por Lucius, Rabastan e Walden parando em frente a uma antiga mesa desgastada pela umidade do local. Rodolphus fez um movimento engraçado com a mão largando a garrafa no chão ao lado de outras latinhas de alguma cerveja trouxa. Vasculhando os papeis que estavam em cima da mesa reparou na grande quantidade de revistas pornô, números e nomes de garotas que o homem logo reconheceu como sendo de algumas vadias qualquer.

Afastou o exemplar de uma revista com duas garotas se beijando na capa ("Divina Comédia"), e descobriu logo abaixo dela uma caixa desgastada pelo tempo e semi carcomida pelas traças. Abriu e sorriu.

-Meu Deus Walden, quem diria que no meio de tanto lixo e imundice fossemos encontrar algo realmente... interessante? – Comentou enquanto tirava um baralho de dentro da caixa e começava a brincar com as cartas.

-Sua vulgaridade não tem mesmo limites, não é Lestrange? – Sibilou Lucius, espanando as vestes onde alguns grãos de poeira insistiam em ficar presos– Mesmo durante uma missão você consegue achar tempo para se embebedar e pensar em cartas? Será que você não consegue, ao menos por cinco minutos, deixar de ser um vagabundo e fingir ser o Comensal que todos esperam que seja?

-Não, não Lucius, dessa vez você não vai nem precisar pagar para se divertir através de mim, como estou de bom humor hoje eu vou me permitir dividir desse vicio com você, vou lhe dar um sopro de vida. O que estaríamos perdendo? Já encontramos o ratinho assustado mesmo. – Lestrange apontou com a cabeça para Walden ainda jogando as cartas de uma mão a outra.

-Ora francamente Lestrange. Achas mesmo que eu perderia meu tempo sentando em meio essa imundice para gastar alguns dos meus valiosos minutos, jogando contra você? – Respondeu Lucius sem se alterar.

Rodolphus riu. – Não se esconda atrás dessa ironia Lucius, ela não vai funcionar comigo.

-Odeio atrapalhar a briguinha do casal, mas temos que resolver certos assuntos pendentes ainda. – Interrompeu Rabastan arrancando olhares frios dos outros dois homens.

-Não há assuntos pendentes! – Rebateu Walden – Já disse que não volto! – E terminou a frase cuspindo no chão.

-Meu caro trasgo, não percebes? Não há saída. – Disse Lucius sarcástico olhando em volta para o cômodo fechado, pousando o olhar em cada parede suja. – Ou volta com a gente, ou passará de carrasco à vítima. De um jeito ou de outro acabaras morto.

Walden rangeu os dentes, olhou em volta e de novo para os comensais a sua frente, uma gota de suor frio escorreu por sua testa, indo sumir na gola de sua camisa encardida.

-Por quê? Por que virem atrás de mim? Por que não me deixarem viver em paz. Levando uma vidinha medíocre de trouxa? – Perguntou Walden com desespero na voz. – Não fará diferença, usem Obliviate em mim se desejarem, mas eu não quero mais fazer parte disso!

Rodolphus, Rabastan e Lucius trocaram olhares e soltaram risadas sarcásticas. Rabastan foi o primeiro que se manifestou.

–Meu caro Walden, acha mesmo que ser um Comensal é a mesma coisa que ser sócio de algum bordel? – Disse ele se aproximando de Walden e puxou-o pela gola da camisa, trazendo-o mais para perto do próprio corpo. – Tsq tsq, não é não meu querido colega. É um serviço para a vida inteira, como disse meu querido irmão. Não dá para simplesmente pedir as contas e resolver criar ovelhas em algum lugar distante, de uma hora para a outra. Se resistir e não quiser voltar, teremos mesmo que te matar, porque você já possui a marca negra. – ele fez uma pausa e deu uma boa olhada no corpo de Walden. – Mas te matar seria realmente uma perda em tanto para o nosso lado.

Rodolphus parou de brincar com o baralho e ele e Lucius trocaram olhares e sorriram.

- Ainda bem que estamos levando essa missão realmente a sério. – Disse Lucius finalmente guardando o lenço novamente dentro dos bolsos das vestes. Rabastan pareceu não se importar com a indireta. – Bom, "adoraria" ficar mais tempo dentro desse... quarto... mas creio que nada mais nos prende aqui. – Acrescentou, mas nem bem essas palavras tinham saído de sua boca, quando uma coruja parda entrou pela janela que Walden havia aberto, e pousou com as penas eriçadas em cima da mesa de centro.

Os quatro homens se olharam, Rabastan ainda segurando Walden pela camisa, Lucius perto da porta e Rodolphus, que estava ainda com o baralho na mão, á alguns centímetros da mesa. Este que estava mais próximo foi quem se aproximou para pegar a carta que estava presa à perna da ave. Puxou o pergaminho sem cerimônias e leu em voz baixa. Assim que terminou, levantou os olhos para Lucius e soltou uma risada rouca antes de jogar o pergaminho para o mesmo.

- Aí está seu motivo que nos prende aqui. – Disse cruzando os braços e esperando uma reação do loiro que havia aparado o pergaminho ainda no ar e agora o lia. – Aurores! Aurores Lucius! Em toda a Inglaterra, vigiando cada entrada! O Lorde está nos mandando esperar por aqui até que as coisas esfriem por lá. – soltou outra risada e recomeçou a embaralhar as cartas, se jogando numa cadeira. – Estamos trancados, nos fundos de um bar, com um baralho, sem missão e sem prazo para voltar. Diga-me, tem como isso ficar melhor?

Lucius havia terminado de ler a carta e agora jogava o pergaminho amassado para Rabastan ler.

- E você está achando tudo isso muito divertido, não é Lestrange? – Disse irônico, passando as mãos pelos cabelos loiro-prateados e encostando-se à beirada de um balcão.

- Hilário, se quer mesmo saber. – Respondeu Rodolphus rindo. – Vamos lá Lucius, agora você não tem saída. Por que não desce do seu posto de "dono da situação" e se junta aos mortais? – Acrescentou oferecendo o baralho á Lucius.

Lucius olhou o maço de cartas mofadas, enojado. – Por que, em nome do Lorde, eu faria isso?

- Porque até segunda ordem estamos condenados a apodrecer aqui, a não ser é claro, que você tenha outra sugestão de como passar o tempo... – Respondeu Rodolphus, lançando um olhar penetrante para Lucius.

Lucius refletiu um momento, então sorriu. – Se vamos mesmo fazer isso, tornemos as coisas realmente interessantes. Walden, meu caro, ainda tem esperanças de escapar de três Comensais?

Walden olhou desde Rabastan que estava a sua frente, para Rodolphus com os pés em cima da mesa, embaralhando as cartas, até Lucius, encostado imponentemente no balcão. Então finalmente respondeu em alto e bom som – Não, eu volto com vocês.

- Excelente – Acrescentou Lucius sorrindo. – Me poupou de apelar para a magia, e dos Lestrange usarem a força bruta.

- Então estamos resolvidos. – Sorriu ainda mais Rodolphus. – Vamos comemorar! Walden, onde fica o estoque de whisky dessa espelunca?

- Numa sala a três portas daqui, junto com os vinhos... – Respondeu o homem, de mau humor.

- Ótimo. Rabastan vá e traga alguma coisa para nos distrair. – Ordenou Dolphus.

- Não sou seu elfo. Se quiser beber, vá você mesmo. – Respondeu Rabastan finalmente se separando de Walden.

- Não, realmente não é meu elfo. – Disse Rodolphus parando de sorrir e puxando a varinha. – Mas não há nada que uma "Imperius" não resolva.

Rabastan olhou furioso para o irmão, mas não questionou mais e saiu do quarto, em direção ao corredor escuro, voltando minutos depois com quatro garrafas de whisky, três de vinho e uma caixa de cervejas baratas, flutuando a frente.

- Achei estas no corredor. – Acrescentou sobre as cervejas.

- Muito bem, "maninho". – Disse Dolphus abrindo uma das garrafas de whisky e entornando metade do recipiente garganta a baixo. Quando finalmente baixou a garrafa, estampava um sorriso bobo no rosto. – Então o que vai ser?

Lucius já havia se servido do vinho, e estava bebericando na boca da garrafa. – Poker, é claro.

Rabastan seguiu o irmão no whisky, mas Walden ficou com as cervejas, tomando uma lata inteira num único gole e em seguida jogando a lata vazia ao monte que já havia no chão. Ambos apoiaram Lucius.

- Poker então? – Disse Rodolphus entornando mais uma grande quantidade de bebida. – Ótimo, sentem-se todos, darei as cartas na primeira rodada.

Os outros homens se acomodaram ao redor da mesa, Dolphus transferiu seus pés da mesa para uma cadeira lateral, ainda sem perder a pose imponente.

Ao final de uma hora, mais três garrafas de whisky, duas de vinho e toda a caixa de cervejas, os homens já riam-se sem motivo e alheios ao jogo.

- Quer saber? – Rabastan deu soco forte na mesa, completamente embriagado. – Isso está muito monótono. É a sexta rodada que o Walden perde. É melhor a gente começar a fazer valer a pena esse jogo!

- E o que você sugere "maninho"? – Disse Rodolphus abrindo outra garrafa de whisky. – Jogar paciência para ver quem dorme primeiro?

Todos riram.

- Não. – Sibilou Lucius, lançando um olhar para Rabastan. – Acho que ele está sugerindo que joguemos Strip Poker, não é mesmo Lestrange?

- Exatamente, meu caro Lucius! – Disse Rabastan dando outro soco na mesa e rindo. – Quem sabe agora as pessoas se sintam mais empenhadas a ganhar... Ou... A perder. – E lançou um olhar de canto de olho para Walden.

Continua...