Capitulo 7: Epílogo
I've tried to go on like I never knew you
I'm awake but my world is half asleep
I pray for this heart to be unbroken
But without you all I'm going to be is incomplete
(Incomplete, Backstreet Boys)
Havia se passado alguns meses desde que Thora havia visto os Weasleys pela última vez. Trabalhava ainda no Dragon's Cry e vivia na mesma rotina de sempre. No começo ainda sentia uma ponta de esperança de ver a qualquer momento um ponto ruivo se aproximar e vir até ela.
Em alguns dias, felizmente, ela havia esquecido este desejo e o deixara bem escondido, não adiantava ficar sonhando. Dizem que sonhar não faz mal, pois digo que só sonhar também não faz muito bem.
Thora sentia-se calma sobre si mesma e o que passara, não tinha o que reclamar. Ela tivera uma ótima experiência que ela não desperdiçaria de modo algum, mas agora tinha acabado e não havia o que fazer, apenas se contentar com a nova e antiga realidade.
- Thora, há uma mesa para você cuidar. – O Sr.Buckers apareceu atrás dela.
- Sim, já vou. – Thora pegou seu caderninho. Como Lina havia faltado, ela tinha não só de trabalhar como gerente e caixa, mas como garçonete também.
Dirigiu-se a mesa sem olhar seus dois ocupantes, e continuou sem olhar mesmo enquanto anotava seus pedidos, estava cansada demais:
- Não fala com amigos? – Uma voz divertida que Thora conhecia falou.
- Paul? Que surpresa agradável! – Olhou para o lado vendo o segundo individuo. – Carlinhos? O que fazem aqui?
- Estávamos com saudade dos tempos que vínhamos aqui quase todos os dias após um dia por demais cansativo no trabalho. – Paul brincou.
- E hoje foi um desses, hein? – Thora sorriu.
- Não me diga, sério. – Carlinhos sorriu. – Você não pode se sentar conosco?
- Eu posso abusar do meu cargo de gerente, mas estamos um tanto ocupados...
- Só por alguns minutos. – Paul insistiu.
- Está bem. – Thora fraquejou.
Ficaram os três a conversar sobre bobagens, descobriam diversos gostos em comuns e Thora ficou surpresa ao lembrar que seu pai gostava tanto de dragões quanto aqueles dois.
Era engraçado pensar que desde aquela confusão ela nunca mais voltara a pensar no pai como antes, na verdade, se arriscava a dizer que era a primeira desde então, mencionava seu nome sem mais aquela nostalgia.
Parecia-lhe obvio porque tivera toda aquela atração por Carlinhos, ele e seu pai eram parecidos. Thora lembrava que seu pai tinha cabelos loiros avermelhados e olhos claros. E tinha como hobby pesquisar o máximo possível sobre dragões.
Pensando agora parecia que isso tudo estava tão longe, Thora perdera o pai muito nova, com uns 9 anos no máximo, mudara-se para a casa de uma tia-avó e então fora para a escola de onde saíra já independente.
- Mas Thora, o que tem feito, desde então? – Paul a perguntou tirando de seus pensamentos.
- Pensando bem? Nada.
- Como assim, nada? – Paul ficou escandalizado.
- Minha vida não é das mais animadas, se me entende.
- Isso porque você não quer!
- Não é assim, eu nunca fui acostumada. – Thora se defendeu. – Eu nunca tive muitos amigos, também. Minhas amigas de escola todas se casaram e já tem filhos, e também, elas já estão muito ocupadas indo as festas de alta sociedade.
- Você estudou em um colégio caro?
- Sim. Morei por alguns anos com uma tia-avó que pagou meus estudos num colégio sofisticado, na verdade, o motivo a qual ela nunca mais veio a falar comigo foi porque eu me recusei a ter qualquer relação que fosse com um sujeito. – As lembranças viam-lhe a tona, era engraçado, há quanto tempo não se lembrava disso. – Ele era um bom rapaz, mas eu não gostava dele, e eu não iria me casar por dinheiro, ia? Minha tia ficou enfurecida, disse que eu ia me arrepender por isto, sabe o que é engraçado? Eu nunca me arrependi, na verdade, eu vivo me esquecendo disto.
- Eu jamais imaginaria isso tudo. – Paul parecia surpreso. – Imagina Thora como grã-fina com um sujeito todo ajeitadinho.
- De jeito algum, não fica bem. O estilo dela é mais despojado que faz o que gosta e não se importa tanto com o dinheiro, não é? – Carlinhos piscou de modo maroto para Thora que corou ao entender a indireta dele.
- Essa minha tia-avó é meia irmã do meu avô, não temos tanto parentesco assim, entendem? Aquele não era meu mundo mesmo, de certa forma, eu até gosto da minha vida pacata, acho que já me acostumei a ela.
- Você é realmente encantadora. – Paul deu um risinho. – Mas eu adorei sua decisão, senão não estaríamos nos falando agora. Você não teria salvado Carlinhos e ele poderia não estar mais aqui e para além de que, certamente, você já não mais seria o que é agora.
- Sim, eu penso nisso às vezes... – Thora ficou pensativa.
- Que papo filosófico, hein? – Carlinhos riu. – Fico feliz Thora, que estejamos aprendendo um pouco sobre você.
- Não há muito o que saber sobre mim, basicamente é isto. Minha tia-avó que me criou por um tempo, meu pai e eu que viajamos direto, eu nunca cheguei a ver minha mãe, acho que realmente, é só isto.
- Você e seu pai viajavam muito?
- Bastante, eu conheci praticamente toda a Europa Oriental.
- Mesmo? Porque veio para a Romênia, então?
- Meu pai gostava mais daqui, nunca soube o porquê. Eu dizia que preferia a Finlândia, mas fiquei por aqui mesmo. Havia minha tia a enfrentar na Finlândia também, é claro, mas o que me fez permanecer aqui foi meu pai mesmo.
- Vocês eram bastante ligados, não é?
- Demais até. Eu demorei séculos para me tocar que ele não estava mais aqui, que havia passado. – Thora levantou a cabeça. – Mas não fico mais triste em pensar que ele se foi, no final ele já estava muito doente.
Carlinhos e Paul ficaram sem saber o que falar. Thora ao ver o desconforto deles iria começar um outro assunto qualquer, no entanto, o Sr.Bucker apareceu pedindo para que ela voltasse o mais rápido que pudesse ao trabalho.
- Bem, eu tenho de ir, vamos... vamos... combinar de nos encontrar algum dia. – Thora sugeriu, um tanto incerta. – Para não perdermos contato.
- Claro! – Paul sorriu – Mande-nos uma coruja.
E os dois levantaram pagando a conta e dirigindo-se a porta, no entanto, Carlinhos parou no caminho surpreendendo Thora. Pois esse se voltou a ela.
- Na verdade Thora, algo me leva a acreditar que talvez a gente se reencontre mais do que você possa desejar.
- Não compreendo. – Thora sorriu sem graça.
- Espere até acabar seu turno. – Carlinhos sorriu enigmático.
Thora agora fechava o bar com uma das meninas um tanto ansiosa, afinal, o que Carlinhos quisera dizer? Pensara em todas as possibilidades, mas na mais óbvia, é claro, ela não pensara.
Ouviu um barulho na porta, mas não deu atenção, devia ser um dos antigos fregueses que embora soubessem que o bar fechava em certa hora insistiam em ao menos entrar e comer algo rápido. A menina foi atender e curiosa se dirigiu a ela:
- É para você, Thora. Disseram ser amigos, parecem ser estrangeiros.
- Estrangeiros? – Thora ergueu uma sobrancelha.
Sim, claro, porque ela não pensara nisso? Era tão óbvio. Carlinhos dissera à ela que acreditava que algo a forçaria a reencontra-lo, deveria ter combinado com a família de ir visitá-la, mas fora antes para alerta-la sobre a visita. Não queria ser metida, mas acreditava que poderia ser isso, que os Weasleys, apesar de tudo, gostavam dela e tinham ido visitá-la.
Foi com um belo sorriso que ela se virou para cumprimentar-los, no entanto, viu-se chocada ao ver Gui na frente do Sr. e da Sra. Weasley acompanhados de sua filha caçula, Gina. Disfarçou e dirigiu-se a eles.
- É realmente um prazer ver vocês... – Começou.
- O prazer é nosso, querida, como vai? – Começou a Sr. Weasley.
– Ficamos com saudades, porque sumiu? – A Sra.Weasley começou - Gostaríamos de manter contanto, você é um amor, Thora, querida, porque haveríamos de querer que você sumisse de nossas vidas?
- Mãe... – Gina a cutucou. – Você não a deixa falar.
- Oh, perdoe-me, querida. – Molly riu sem graça. Thora balançou a cabeça como se dissesse que não tinha importância. – Mas Thora, querida, gostaríamos que soubesse que não temos raiva de ti, muito pelo contrario, lhe somos totalmente gratos. Contaram-me que você ficou receosa de contar a verdade por causa de meu problema do coração, mas não precisa. O que mais doeu foi o fato de eu não tê-la mais como futura nora, mas isso pode ser mudado em pouco tempo e...
- Mãe... – Agora fora Gui quem falara pelo canto da boca encabulado.
- Está tudo bem. – Thora sorriu. – Fico muito feliz de ouvir isso, Molly, sinceramente. Um pouco aliviada também. Como vão os outros, bem?
- Oh, sim, ótimos. – O Sr.Weasley sorriu. – Não vieram, pois achamos melhor, graças as circunstâncias, a menor quantidade de pessoas possíveis.
Thora deu um risinho sem graça, não podia compreender, era a segunda vez que falavam como se algo fosse acontecer, algo especial. Talvez ela estivesse apenas entendendo mal, eles estavam assim, pois não sabiam se ela gostaria de rever-los.
- Thora esqueça mamãe e papai, eles estão enrolando e, atrapalhando, aliás. – Gina olhou os pais com censura. – Na verdade, há um motivo em especial para estarmos aqui, o...
- Gina, deixe comigo, está bem? – Gui virou-se para a irmã e então depois para Thora. – Bem, não é simples falar com a presença deles aqui, mas concordamos que acharíamos que você se sentiria mais segura se soubesse que eles apóiam, não é mesmo?
Gui parou e Thora se sentiu perdida. Não compreendia o que ele dizia, olhou-o tentando o encorajar a continuar a falar.
- Bem, acho que Carlinhos disse que eu sinto algo por você, não disse? Deve ter dito, ele não tem muitas restrições nessa hora, ele fala mesmo. Embaraço para ele não existe, as coisas são mais simples para ele. Oras, estou saindo do assunto novamente. – Respirou fundo. – Eu realmente me sinto bem quando estou a seu lado, e sinto algo que nunca senti antes com nenhuma outra mulher. É difícil explicar, é algo que não se resume a palavras, não acha? Aprendi que não devemos desperdiçar as coisas raras que apareçam na nossa vida, as profundas e que se mostram capazes de durar toda a vida. E eu nunca senti antes por ninguém o que sinto por você, por isso eu acredito que... – Ele ergueu algo para ela. – Que eu realmente gostaria de passar o resto da minha vida com você. Aceita casar-se comigo, Thora Ingalls?
Thora sentiu-se congelar. A mente era um turbilhão de idéias fazendo com que ela não conseguisse pensar direito. Gui a pedira em casamento? Ali? Daquele modo? Na frente da irmã caçula e dos pais? Parecia irreal demais para a verdade, mas era a verdade e ela tinha de enfrentar.
Não era sensato concordar, eles não se conheciam tanto assim, nem ao menos haviam namorado antes, mas... nessas horas o sensato pouco importa, não é mesmo? Thora sorriu pegou a caixinha e deu sua resposta sorrindo:
- Sinceramente, nada me deixaria mais feliz.
Gui sorriu realmente aliviado, feliz e um pouco emocionado. Abraçou com os aplausos do pai e da irmã e dos choros de alegria da mãe. Falou à noiva, bem baixinho no ouvido de forma que só ela ouvisse:
- Eu preferia algo mais reservado, foi idéia de Carlinhos satisfazer nossa mãe com essa declaração, a propósito, o discurso foi feito por ele, está bem?
Thora riu, algo a dizia que aprenderia a apreciar a simpática amizade daqueles dois irmãos, algo a dizia que ela iria se divertir muito com eles a partir daquele dia.
- Não parecia mesmo ser você.
Gui preferiu não responder porque ela estava certa. Esperou Thora pedir à menina que a ajudava, que estava de platéia dentro do bar, fechar este e a abraçou. Logo eles, o Sr. e a Sra.Weasley e Gina começaram seu caminho até a casa de Carlinhos, onde se encontrariam com ele a fim de dar a noticia que ele já parecia saber a resposta, antes mesmo de todos.
Thora sorriu, e olhou para o céu. Seu pai podia enfim descansar, ele não teria mais de se preocupar com ela, mesmo depois de morto a zelando. Finalmente, ela encontrara uma família.
E a melhor que ela poderia ter encontrado em sua opinião.
.FIM.
N/A: Bem, terminou, né? Meio diferente do filme, não é mesmo? Só a idéia central mesmo que eu quis usar. Gostaria de pedir perdão porque acredito que o Gui ficou OOC.
Notas Finais: Devo dizer que embora ela tenha sido iniciada há tanto tempo atrás, esta fic ficou por um bom tempo parada no meio do capítulo 3, até que por fim, neste ano eu resolvi me movimentar e escrever. Mas foi só num final de semana que eu fiquei de castigo sem usar a internet por uma semana, que eu resolvi terminar a fic e no durar da semana consegui terminá-la. O curioso dela é que ela acabou tendo apenas 7 capítulos igual a outras fics que eu após um bom tempo paradas eu em uma semana consegui termina-las. Curioso, não?
Fic Iniciada em Outubro de 2003. Terminada em Setembro de 2005.
