Notas da autora: O yaoi começa a se desenrolar entre Goku e Vegeta.
Ah, Trunks e Goten estão, respectivamente, com 17 e 16 anos nesta história.
Palavras em itálico são pensamentos.
Qualquer sugestão, por favor, estou aberta!
Capítulo IV
Assim que se viu sozinho, Goku tomou uma decisão. Não tinha feito isso antes por causa dos outros. Não queria assustá-los. Não queria que ficassem mais nervosos do que o necessário.
Mas a verdade era que ninguém sabia quando, ou como Cell iria agir. E Goku achou que a hora de saber isso era já.
Com sua técnica de teletransporte, ele surgiu na frente do andróide. Ele estava voando acima das nuvens, numa região inabitada. Isso causou alívio em Goku.
Cell parou e o encarou.
- Até que enfim, Son Goku. Eu já o esperava. Demorou para sentir meu ki?
Goku o olhava fixamente.
- Vamos, Cell. Diga logo o que pretende – disse, ignorando a pergunta.
- Você não parece surpreso em me ver. Se foi Trunks que veio novamente, diga a ele que não importa. O poder dele é insignificante comparado ao meu. É só você que me interessa, Goku!
O sayajin compreendia as palavras do monstro.
- Então, veio a esta época só para me enfrentar, Cell?
- Mas é lógico. De onde venho, você já está morto. Só resta aquele lixo do Trunks. Quando me matou, eu era bem diferente.
Goku reparou bem nele. Parecia bastante com o Cell perfeito dessa época, exceto pelos olhos. Eram avermelhados. Provavelmente, pertenciam ao tal andróide Zargon.
- Nem pense em me comparar com o Cell que vocês derrotaram. Trunks me contou tudo, antes de me matar. Parece que me tornei uma criatura perfeita quando vim a essa época. Se me achavam poderoso naquelas condições, agora vão tremer de horror!
- Então é verdade que você se fundiu com outro andróide?
Cell sorriu com maldade.
- Exatamente. Como pode ver, isso não interferiu em minha aparência. Zargon só me trouxe habilidades, e muita força. Foi criado unicamente para isso, pelo fabuloso dr. Gero!
Goku tinha a testa franzida e seus olhos não desviavam dos de Cell.
- Não vai dizer o que pretende?
O monstro o observou por um instante, balançando a cauda de um lado para outro, fazendo a terra tremer a cada batida no chão.
- Goku! Quero que me mostre todo o seu poder!
- O que!
- Isso mesmo! Libere todo o seu ki, agora!
Assustado por um momento, Goku logo se recuperou, decidido a fazer como Cell mandara.
- HÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
Aos poucos, o chão foi tremendo. Pedrinhas, depois pedras maiores, começaram a levantar do chão. Montanhas balançaram e a ventania teria levado homens e casas, se estivessem perto. Goku estava rodeado por uma aura inacreditável de ki, que não parava de aumentar.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH...
Cell o observava, impassível.
Com o rosto voltado pro céu, e os punhos apertados, Goku continuava liberando energia.
O céu havia escurecido, nuvens surgiam acima deles. E Cell estava perdendo a paciência.
- Não brinque comigo, eu sei que você tem muito mais! Mostre agora, Goku!
- HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – Goku gritou, ao ir para sua forma de Super Sayajin, e depois para a segunda fase. A aura em torno dele tornou-se dourada, e os olhos já não eram tão gentis.
Ficou deste modo encarando Cell um tempão, deixando a fúria transparecer em seus olhos. Mas ainda não era um desafio. Cell percebeu isso muito bem.
- Son Goku. Essa sua forma não me impressiona em nada. Não me diga que o que eu vi no passado era uma ilusão? Vamos, mostre-me!
Era isso que ele queria ouvir. Então, aquele monstro realmente vira...
A ventania tornou-se mais forte e pedras enormes começaram a rachar, quando Goku iniciou sua terceira e última transformação. As pupilas quase sumiram dentro dos olhos. Quando voltaram a surgir, brilhavam perigosamente. Os cabelos cresceram e cresceram, chegando até a cintura.
O poder que emanava era infinito.
Cell olhou para ele, satisfeito.
- Então, Goku...este é o super sayajin nível 3? Devo admitir que é mesmo impressionante...
Envolvido por aquele ki absurdo, Goku encarava Cell com fúria contida.
- Mostrei o que eu sei. E agora, Cell, o que fará?
- Agora, é minha vez!
O andróide posicionou-se, e, como Goku, liberou sua força máxima. Do mesmo modo, a terra tremeu e rochas de todos os tamanhos levitaram, antes de se espatifarem contra o ki imensurável de Cell.
Ainda em sua forma de super sayajin 3, Goku constatava, sem dúvidas, que a força daquele monstro era mais do que equivalente à sua própria...
Na mesma hora, o sayajin sentiu a ansiedade de ter alguém à sua altura para uma batalha.
Os dois se encaravam. Aquilo havia sido apenas uma mostra do que eram capazes. Mas ambos sabiam que a luta ainda estava por vir.
- Goku, deixarei isso bem claro: só quem me interessa aqui é você! Entende? Piccolo, Trunks, Gohan, Vegeta, todos eles são lixo. Quero lutar com você!
- Faça como quiser, Cell. Mas não subestime o poder deles. Garanto que eles te enfrentariam.
- Impossível. Mesmo você está abaixo de mim agora, Goku. Ou não percebeu?
- Sim, eu percebi – ele admitiu, sem hesitar – por isso, sei que você me dará mais tempo para treinar. Quer que eu me fortaleça para enfrentar você, não é isso?
- Exatamente. Como você é esperto, Goku. Tem sorte de eu ter no meu corpo células de sayajin. Desejo um grande desafio, do contrário matava você aqui mesmo.
Goku o olhava com desdém.
- Bem, nos veremos daqui a três meses. Ouviu bem, Goku? Você tem três meses se quiser salvar a Terra. Adeus!
Goku esperou ele se distanciar, mas Cell voltou de repente.
- Ah, esqueci. Tome isso de volta, não preciso mais agora – disse, e jogou para Goku o radar do dragão. Depois, teletransportou-se para Deus-sabe-onde.
Voltando para sua forma normal, Goku pensava de que modo iria aumentar seus poderes em tão pouco tempo.
Preciso de um adversário de luta...
Vegeta...
Dois dias se passaram. Goku tinha avisado a todos sobre as intenções de Cell. Só não mencionou que ele os chamara de lixo, principalmente por causa de Vegeta. O príncipe dos sayajins era capaz de ir atrás de Cell agora mesmo para enfrentá-lo, só por causa do insulto. Já havia quase feito isso, quando Trunks comentara a opinião de Cell sobre a força de todos. E Goku não queria nem um pouco vê-lo morto por aquele monstro.
Vegeta estava irado. Havia afirmado que seria ele o guerreiro a derrotar Cell. Ele sozinho. Ninguém mais, gritara, iria lutar. E ao dizer isso, olhara direto para Goku, que não disse nada. Apenas retornou o olhar de Vegeta, tentando assim passar-lhe calma. A verdade era que Goku não suportava mais ver Vegeta nesse estado. Ele estava sempre tenso com sua obsessão. Goku sentia-se mal em saber que, de certa forma, era o culpado.
Verdade que, na época de majin Boo, Vegeta havia admitido, sem ressentimentos, que Goku era o mais forte. Todos poderiam pensar que ele aceitara este fato; e realmente parecia que ele havia deixado de lado sua frustração.
E agora, ele estava decidido a ser o único a vencer esta luta.
Decidido, não. Desesperado.
Goku sabia. Enxergava isso claramente.
Escutava a mente obstinada de Vegeta.
Depois, cheio de raiva, o príncipe dos sayajins havia voado para bem longe, esperando que a cápsula de gravidade ficasse pronta. A outra, na qual treinara na época de majin Boo, havia explodido. Aquelas coisas não resistiam à energia imensa de um sayajin. Toda hora, o pai de Bulma era obrigado a construir uma nova.
Agora, Goku estava sentado com as pernas cruzadas, acima de uma cachoeira. O barulho forte da água corrente era bom para meditar, antes de começar o treino pesado.
Ainda não havia pensado num jeito bom de treinar. Piccolo estava com Gohan; os dois haviam resolvido praticar num local rochoso e desabitado, onde havia espaço e silêncio. No entanto, Goku achava aquilo insuficiente. Se ao menos pudesse entrar novamente na Sala do Espírito e do Tempo... Havia esgotado todo o tempo que podia passar lá dentro.
Trunks e Goten estavam treinando juntos em algum canto, não muito distante.
Havia o Trunks do futuro. Mas ele fora atrás de Vegeta. Queria que seu pai o treinasse. Provavelmente, se Vegeta não fosse teimoso demais, estariam treinando juntos agora. Goku sabia muito bem que mirai Trunks queria também passar um tempo sozinho com Vegeta.
De súbito, sentiu um ki forte se aproximando dele. Não havia dúvidas; era mirai Trunks. Estava vindo em sua direção.
Poucos minutos depois, ele chegou. Parecia frustrado, a testa franzida fazendo-o parecer muito com Vegeta.
- Goku, desculpe incomodar seu treino. Preciso falar com o senhor.
- Trunks! Não estava com Vegeta?
- Estava. Mas é impossível. Ele insiste em treinar na gravidade 400 vezes aumentada. E depois, disse que vai aumentar para 500.
Goku não se surpreendeu. Vegeta está decidido mesmo...
- Eu não suportei. É demais para mim, mesmo transformado em super sayajin. E sabe o que eu acho? Meu pai também está se forçando muito para agüentar. E aquela cápsula parece até que vai explodir às vezes, por causa da pressão.
Goku sorriu para ele.
- Não se preocupe, Trunks. Seu pai sabe o que está fazendo. Ele já treinou lá antes. Se Vegeta acha que esse é o melhor modo de ficar mais forte, vamos deixá-lo.
Trunks ficou pensativo por um tempo. Depois disse, cabisbaixo:
- Parece que meu pai não mudou nada. Continua ambicioso. Só consegue pensar em superar você, Goku.
- Não é bem assim, Trunks – Goku explicou com calma – o seu pai está diferente, ele lutou pela Terra quando majin Boo nos ameaçou.
O viajante do tempo escutava com atenção. Não escondeu sua surpresa com as palavras de Goku.
- E agora – continuou o sayajin – acho que Vegeta só quer ficar mais forte para derrotar Cell.
- É, talvez você tenha razão, sr. Goku.
Trunks achou que não era hora de perder tempo se preocupando com isso. Tinha que arranjar um novo jeito de treinar. Ergueu o olhar, que estivera baixo, e deparou-se com o rosto compreensivo de Goku.
- Pode treinar comigo se quiser, Trunks.
- Sério? Puxa, muito obrigado, sr. Goku...
Enquanto isso, Piccolo e Gohan haviam terminado sua concentração mental. Estavam agora fazendo um aquecimento para depois começarem um treino mais sério. Trocavam chutes e socos, a fim de descontrair os músculos. Voavam em alta velocidade.
Piccolo não escondia sua surpresa. Mesmo estando todo esse tempo sem prática alguma, Gohan ultrapassava de longe suas forças. A verdade era que ele mal acompanhava o ritmo de seu discípulo. Gotas de suor lhe caíam pelo rosto sem parar, embora Gohan não parecesse estar se esforçando tanto.
Piccolo logo percebeu que o filho de Goku estava contendo suas forças.
- Pare, Gohan.
- Ãh!
Gohan deteve-se bem a tempo de evitar que um soco acertasse seu mestre bem na cara. Piccolo havia parado abruptamente o treino.
- O que houve?
O namekuseijin o observou com seriedade
- É impossível nós treinarmos juntos. Meu nível já não se compara ao seu.
- Sr. Piccolo... – Gohan ia argumentar, mas foi interrompido.
- Não discuta, Gohan. A Terra vai precisar da sua força, é melhor que você treine com alguém que possa sustentar um desafio a você.
O rapaz olhou nos olhos de seu mestre, e Piccolo viu sua tristeza. Gohan gostaria de treinar ao seu lado, mas seria perda de tempo numa hora dessas.
Mas Gohan ouviu e escutou seu mestre, como sempre fez.
- Se você acha isso, então tudo bem...
Piccolo aproximou-se, colocando a mão no ombro de seu discípulo.
Vá, então – disse, com uma gentileza que só dirigia a Gohan.
Olharam-se ainda mais uma vez e sentiram a força da ligação entre ambos. Seguro de que esta não seria quebrada, Gohan partiu em busca de um adversário de luta.
Atrás dele, Piccolo tinha um sorriso discreto.
Dentro da sala de gravidade, Vegeta estava caído no chão. Havia acabado de ser atingido por uma esfera de energia que ele próprio havia lançado, e que fora refletida por um dos robôs que estavam ali para ajudá-lo a treinar. Já estava cansado e um pouco ferido. Ainda não se acostumara perfeitamente àquela gravidade, mas conseguir era obrigação dele. Qualquer coisa era melhor do que aquela humilhação de novo, de ser um estorvo para os outros. Só de lembrar de sua impotência diante dos inimigos anteriores, enchia-se de tanto ódio, que se erguia do chão imediatamente, ferido ou não. Além disso, gostava da sensação de estar ultrapassando todos os seus limites.
Assim, evitava aqueles pensamentos que o atormentavam o tempo todo.
Cell nem quer se dar ao trabalho de lutar comigo. Foi o que disse Trunks! Aquele andróide quer lutar com Kakarotto! Como se atreve?
Fechou os olhos com força, tremendo, e levantou-se do chão. Ficou parado, reunindo energia para recomeçar agora um treino mais sério.
Não posso ficar de brincadeira. Não posso deixar passar esta chance de mostrar quem eu sou.
Kakarotto não vai lutar!
- HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Vegeta liberou de uma vez suas forças, tornando-se super sayajin. Isso facilitou bastante seus movimentos debaixo da gravidade tão alta. Treinou alguns socos e chutes no ar; seus membros agora se mexiam com mais agilidade. Jogou raios de ki contra os robôs, que ficaram refletindo uns contra os outros, até que não agüentaram e derreteram.
- Droga! Preciso de robôs mais resistentes!
Os raios de ki continuavam se movendo, até que se chocaram uns contra os outros, provocando uma pequena explosão. Vegeta desviou-se. Já conseguia mover-se razoavelmente melhor na gravidade 400 vezes maior. Era hora de aumentá-la.
Fez isso. Foi difícil ficar de pé. Abaixou-se e começou a fazer várias flexões, para habituar-se à nova pressão sobre o corpo. Estava difícil. Vegeta sentiu todos os músculos do braço se contraindo quanto tentou forçá-los.
Trincou os dentes e continuou. Ignorando completamente a dor, o príncipe dos sayajins pensava num modo de obrigar seu corpo a adaptar-se logo àquelas condições.
Então teve uma idéia. Com esforço sobrenatural, levantou-se. Suava frio. Lançou várias de esferas de ki, controlando-as para que parassem ao seu redor, até estar completamente cercado por sua própria energia.
Agora, faria os raios virem rapidamente em sua direção.
Tinha que desviar de todos. Ou morrer tentando.
Curvava-se sob a imensa gravidade. Os punhos fortemente fechados. Cada músculo em seu corpo contraía-se com o esforço. Ele iria resistir.
Cruzou os braços para se defender. E os ataques vieram contra ele.
Goku estava impressionado de verdade. Como Trunks estava mudado! Era claro que havia treinado exaustivamente em seu tempo. Isso não era surpresa, já que o rapaz era o único guerreiro naquela dimensão. E por se importar com a paz, que já lhe fora tirada uma vez, ele se considerava o responsável pela Terra.
Mas Trunks estava muito mais poderoso.
Nem se compara ao Trunks daqui...
Ambos estavam em suas formas de super sayajin 2. Lançavam chutes e socos cada vez mais velozes um contra o outro. Não se acertavam; aquilo era ainda um aquecimento. Goku colocou mais força no braço e lançou o punho contra Trunks. O viajante do tempo não teve dificuldade alguma em barrá-lo, e levou o joelho ao estômago de Goku. O sayajin o deteve com um dos braços; o outro acertou em cheio o ombro de Trunks, que foi lançado um pouco para trás.
- Que bom, Trunks! Já vi que não preciso conter meus poderes com você!
Trunks sorriu de um modo que o deixava parecido com Vegeta.
- Mas é claro, sr Goku!
Liberando mais ki, Trunks partiu para atacar. Desta vez foi com toda a sua agilidade, e por um tempo Goku só ficou na defensiva, bloqueando os golpes de Trunks. Estava satisfeito; aquela luta exigia muito dele.
Trunks percebia aos poucos que não conseguia quebrar a defesa de Goku. De repente, ele próprio teve que se defender, pois o sayajin começou o ataque, e partia para cima de Trunks com todas as forças. Goku lançou contra ele um soco, que Trunks bloqueou, mas não foi rápido o bastante para se defender de um chute em seu estômago. Seu rosto contraiu-se de dor, e ele quase não se recuperou a tempo de impedir mais um chute em seu ombro.
Ambos se encararam, excitados.
Um pouco irritado pelos golpes que levou, Trunks foi com mais velocidade ainda, arriscando vários chutes; um acertou Goku de leve no peito. Mas logo o sayajin agarrou seu tornozelo e o jogou para longe. Enquanto Trunks ainda era arrastado pelo ar, Goku lançou contra ele uma esfera de energia. O viajante do tempo conseguiu frear-se e cruzou os braços na frente do corpo para se proteger. A esfera de ki chegou até ele, mas ele a bloqueou.
Já estava ofegando. Trincando os dentes, procurou em volta, mas nada de Goku.
Droga, ele vai usar o teletransporte!
Pensado assim, Trunks rapidamente virou-se e lançou o cotovelo com força para frente. Na mesma hora, Goku surgiu no local, e foi golpeado no rosto.
Trunks sorriu satisfeito.
- Muito bem, Trunks! Adivinhou onde eu ia surgir!
Goku estava empolgado.
Porém nem um pouco disposto a perder.
Apertou os punhos e reuniu mais forças. Trunks sentiu seus poderes aumentando.
Então, ele não lutava com tudo até agora. E ainda nem me mostrou o super sayajin 3...
Goku o encarou com seriedade. De repente, surgiu atrás dele, e golpeou seu pescoço. Trunks gritou de dor, e o sayajin já estava na frente dele, acertando o punho em seu queixo. Ele foi lançado para cima com o impacto do golpe, mas parou no meio do caminho. Esticou os dois braços e mandou um enorme ataque para cima de Goku, que estava ainda perto dele.
Por essa ele não esperava!
O sayajin mal teve tempo de unir os braços para se defender. O raio de ki encostou nele de leve, e ficou um pouco machucado pelo poderoso ataque de Trunks. Enxugou um fio de sangue que lhe escorria da boca e olhou surpreso para seu adversário. Para alguém que treinara sozinho esses anos todos, Trunks era muito bom.
Posicionou-se e esperou que o rapaz viesse. Trunks partiu para o ataque usando toda a sua força em cada golpe. Mandava sem parar chutes e socos contra Goku, que também usava toda a sua agilidade para se defender. Então, o sayajin bloqueou um soco que iria acertá-lo na cara, e imediatamente acertou o punho no estômago de Trunks. O viajante do tempo curvou-se de dor e recebeu uma pancada nas costas. Estava indo de encontro ao chão, e Goku preparou-se para lançar contra ele um kamehameha que iria encerrar a batalha.
De repente, parou. Os braços penderam para baixo.
Trunks conseguiu cair de pé no chão, e olhou para Goku.
O sayajin estava parado no meio do ar, com o olhar assustado.
- Trunks...O ki de Vegeta...o ki do seu pai decaiu muito de repente...
Trunks concentrou-se e sentiu. Realmente, algo estava errado com Vegeta.
Como Goku percebeu isso tão rápido?
- Sr. Goku, o que será que houve?
Goku desceu e pousou na frente de Trunks. O rapaz viu que ele parecia preocupado.
- Não sei – respondeu, levando os dedos à testa – vou lá descobrir agora mesmo.
Vegeta ergueu com esforço o braço que ainda não estava completamente ferido, e conseguiu parar a última esfera de ki que o atacara. Depois, caiu de joelhos no chão, sem forças. Estava tremendo, tremendo de raiva.
Que fracasso!
Havia planejado aumentar sua agilidade, para poder se deslocar sem problemas na gravidade 500 vezes maior. Atacando a si próprio com várias esferas de energia, Vegeta tentara se forçar a ser veloz para desviar-se.
Agora, o príncipe dos sayajins jazia caído no chão, vencido por seus próprios golpes.
Todos eles haviam explodido contra seu corpo.
Uma vergonha!
A gravidade de 400 ele já havia dominado bem. Porque toda essa dificuldade em se adaptar a uma maior?
Foi demais, foi um aumento brusco, e eu não tive forças para bloquear meus ataques!
Maldição!
De jeito nenhum pretendia ficar ali, jogado no chão feito um inútil. Sentindo cada membro do seu corpo protestar, Vegeta ergueu-se do chão. Sentado por um instante, esticou as pernas e os braços, ignorando a dor intensa que percorreu seus músculos. O que tinha a fazer agora era levantar e exercitar-se incessantemente. Ficou de pé, e no mesmo instante curvou-se de dor. Uma ou duas costelas estavam quebradas. O príncipe dos sayajins cuspiu sangue e amaldiçoou sua fraqueza, sentando-se novamente.
Então, Goku surgiu na sua frente.
A primeira reação foi um susto; depois Vegeta irritou-se. Não podia sequer levantar para encarar seu rival de frente.
- O que está fazendo aqui, Kakarotto?
Goku viu as condições do sayajin caído na sua frente, e não escondeu a preocupação na voz.
- Senti seu ki decrescer drasticamente, Vegeta. O que houve? – perguntou, aproximando-se.
- Não é da sua conta, e fora daqui, Kakarotto!
Vegeta ficava cada vez mais nervoso por estar numa posição tão humilhante diante de Goku. Reunindo as poucas energias que lhe sobravam, apoiou-se no braço menos dolorido, tentando erguer-se. Seu rosto contraiu-se de dor, e ele voltou a cair.
- Vegeta!
Goku abaixou-se ao lado dele, colocando a mão sobre o seu ombro. Vegeta enfureceu-se mais ainda e empurrou bruscamente a mão de Goku.
- Não se aproxime! Já falei que é pra sair daqui!
Goku levantou-se e ficou assistindo as patéticas tentativas que Vegeta fazia para levantar. Já sabia que o príncipe dos sayajins não aceitaria ajuda, e resolveu esperar para ver o que acontecia.
- Puxa, Vegeta! Essa gravidade é muito alta. Deve ser bom para treinar aqui – comentou, movendo os braços para testar sua resistência – nossa, é bem difícil, Vegeta! Não me diga que já está habituado!
Vegeta já havia se frustrado bastante tentando se mexer, e compreendeu que era impossível. Seus ferimentos sangravam muito e ele lutava contra a dor. A gravidade alta pesava sobre seu corpo machucado. Além disso, percebeu que Goku não pretendia ir embora, como ele havia mandado.
O imbecil deve estar com pena de mim!
Goku podia ver o quanto Vegeta estava sofrendo, mesmo que tentasse esconder. Foi até o controle da cápsula e a desligou. A gravidade voltou ao normal, e Vegeta sentiu o peso abandonando seus ombros. Irritado por Goku ainda estar ali, e ainda por cima interferindo no seu treino, Vegeta o encarou, ameaçando-o com os olhos.
- Sa...saia, Kakarotto – mandou, fazendo um esforço absurdo para se erguer. Sem gravidade aumentada era mais fácil, e ele pôde ficar de pé, porém curvado. Deu um passo a frente e cambaleou. Então, Goku perdeu a paciência. Aproximou-se e o segurou pela cintura, para apóia-lo. Antes que ele reclamasse, o outro sayajin levou os dedos à testa, e eles sumiram da sala de gravidade.
Surgiram na sala principal da Corporação Cápsula, onde Bulma estava sentada no sofá. Na mesma hora, Vegeta empurrou o braço de Goku, e caiu no chão.
- IDIOTA! Quem mandou você fazer isso! – berrou, os olhos brilhando com ira.
Goku o olhou fixamente nos olhos.
Como é teimoso!
Incapaz de encarar o outro sayajin, Vegeta desviou os olhos, fixando-os no chão.
Quanta humilhação!
- O que houve? – Bulma perguntou, correndo para junto de Vegeta.
- Não sei, ele não quis me dizer. Talvez para você ele conte, Bulma – Goku respondeu direto, e os dois olharam para Vegeta. Ele estava sentado de costas para eles.
O príncipe dos sayajins estava se contendo para não tremer. Somente Goku percebeu seus ombros tremendo bem de leve.
Vegeta... Porque se sente assim?
Bulma já estava ao lado de Vegeta, examinando seus ferimentos. Ela o tocou bem de leve para verificar se havia algo quebrado. Ele permanecia em silêncio, sozinho com seus pensamentos amargos.
Enquanto isso, Goku, atrás deles, só observava. Não podia fazer mais nada; se chegasse perto de Vegeta, o sayajin teria outro ataque. Por quê? Porque ele tinha que ser sempre motivo de aborrecimento para Vegeta? Porque despertava tanto ódio nele?
Gostaria que você me visse de outro modo, Vegeta.
Então, Goku despediu-se de Bulma, e foi embora.
- Muito bem, Vegeta! Acha legal o que você fez?Podia ao menos ter agradecido o Goku por te ajudar! – Bulma gritou
- Cale-se! Eu não pedi nada a Kakarotto, e mandei o idiota não se aproximar!
- E você acha mesmo que ele te deixaria lá, ferido e sozinho? Por favor, Vegeta!
Vegeta resmungou alguma coisa inaudível e cruzou os braços, que estavam agora cheios de curativos. De repente, lembrou-se dos olhos de Goku sobre si, firmes e magoados. Estremeceu e afastou a memória.
Sempre dependendo do idiota! Isso vai acabar! Vou dominar a gravidade de 500 e mostrar a ele!
