Capítulo 3
Após
uma ótima noite na pequena "caverna", Ron foi para casa
ver seu pai, junto com Hermione. Ron tivera uma irmã mais
nova, mas esta falecera ao entrar no trabalho de parto de sua filha
cujo pai era o noivo dela, Colin Creevey. Tivera também dois
irmãos gêmeos, Fred e Jorge, que morreram no mar, para o
desgosto de sua mãe, que morrera de tristeza ao ver apenas um
filho vivo.
O
pai de Ron, Arthur, era um homem culto e, pelo incrível que
parecesse, estudara em um dos altos colégios de Londres com
uma bolsa e condição de limpar a escola depois das
aulas. Claro, sofrera bastante discriminação, mas o
sonho dele era saber, então conseguira, por fim, se formar e
tomara a carreira de escrito. Não teve muita sorte, portanto
deixou a tarefa de ser escritor para as poucas horas vagas e fora ser
carpinteiro. Mas, ainda assim, ele escrevia muito.
Andavam
por um bairro pobre e sujo de Londres, entrando num beco para chegar
até a casa que Ron e seu pai alugavam. Ron entrou apressado,
mas quem primeiro o viu foi seu pai:
-
Oh, meu filho! Finalmente voltaste, estavas demorando tanto. Esse
velho estava morrendo de medo!
-
Pai, porque está tão magro? Você está bem?
Me parece tão magrinho...
-
Oh, não és nada, filho! Apenas são males
passageiros da velha idade. – Arthur riu, fraco.
Não
era bem a verdade. Arthur vinha sofrendo de fome, o dinheiro que o
filho deixara não conseguia cobrir o aluguel da casa e a
comida. Assim que Ron saíra da cidade, o dono do lugar, Peter
Pettigrew, aumentara estupidamente o aluguel. Pettigrew tinha uma
profunda implicância com Ron, certamente por esse, diferente
dele, ser honesto, trabalhador e um homem direito.
Pettigrew
tinha fama de dar calotes em seus sócios em negócios;
dizia-se bastante bondoso ao "ajudar" famílias carentes,
emprestando-lhes dinheiro, mas os juros que cobrava eram absurdos,
prejudicando cada vez mais os carentes. Era um homem covarde,
arrogante, mesquinho e, enfim, um hipócrita.
-
Não se preocupe meu filho, apenas não me alimentei como
antes, já que tinha de pagar o aluguel. – disse Arthur,
buscando tranqüilizar o filho.
-
Como assim, o dinheiro que deixei não foi suficiente?
Pettigrew não podia me esperar? O senhor passou fome! Eu não
acredito!
Ron
se sentou ao lado do pai e pegou a mão dele. Virou-se para
Hermione.
-
Mione, querida! Você não fez nada?
-
Ron, eu tentei, mas ele insistia que estava bem. Por Deus, Ron, eu
tenho minha mãe para cuidar!
Hermione
foi até os dois homens, um pouco preocupada.
-
Arthur, porque não me falou que estava passando fome?
Antes
que Arthur respondesse, Ron disse:
-
Não se culpe Hermione, não culpe meu pai, a culpa
apenas é de Pettigrew. Isso, completamente culpa de Pettigrew.
Ficaram
alguns minutos quietos, então se ouviu uma batida na porta.
Hermione a atendeu, e por ironia do destino quem entrou na casa era
ninguém mais, ninguém menos do que Peter Pettigrew.
-
Entre, meu amigo. – Ron disse, entre os dentes.
-
Olá, amigo Prewett. – Peter sorriu com seus dentes metade de
ouro, metade ligeiramente podres – Olá, formosa dama
Granger.
A visita do "amado" Pettigrew foi curta. Ron trocou poucas palavras bem frias que pareciam divertir a visita indesejada. Arthur se mantinha quieto em frente a pequena lareira e Hermione na cozinha fingia não estar atenta à conversa. Finalmente, o inconveniente Pettigrew fora embora. Vendo-o sair pelo portão, Ron não pode se segurar:
- Ei, Pettigrew! – e então o homem se voltou para ele – Obrigado por cuidar do meu pai.
Pettigrew sorriu de seu modo horroroso e levantou seu chapéu. Saiu pela rua despreocupado e até um pouco feliz, pensando em como era engraçado tirar uma com cara dos outros, como estava fazendo com os Prewett e outras famílias.
Viu de longe Snape e Draco se aproximarem dele. Ali havia coisa, quando aqueles dois estavam juntos, significava trapaça ou encrenca. E era tudo que ele mais amava. Com um sorriso maldoso, se juntou a eles:
- Há quanto tempo, não é senhores?
- Meses infernais se passaram – Draco disse por fim, parecendo estar ainda mais bêbado que no dia anterior.
- Estão a fazer o quê juntos? – Pettigrew perguntou, interessado.
- Nada de teu interesse... – Snape sibilou.
- Acalme-se Snape! Sabem, eu estava visitando os Prewett, valha Deus, como odeio aquele jovem metido a certinho. Ninguém pode ser assim tão honesto. – Draco comentou algo como "ele é bastante estressado" – É impressionante como ele se dá bem...
Snape olhava para ele com uma cara de quem achava que tudo estava indo bem. Draco o seguiu ao ver que Pettigrew poderia ser aliado deles.
- Algum problema, meus senhores?
- Nenhum.. – Snape sorriu maldosamente – Talvez o senhor esteja interessado em nos ajudar a prender o jovem Prewett.
- Isso seria no mínimo interessante, extremamente tentador. Mas, por favor, não sonhem meus senhores, o jovem é muito correto, duvido que acharemos alguma prova para prendê-lo.
- Aí que você se engana, meu caro. – Snape parecia mais feliz do que uma criança depois de ganhar um doce que sonhava há dias – Conte nossas provas contra o jovem Prewett, jovem Malfoy.
- Certamente que sim. – Draco sorriu maldosamente – Acontece que, em nossa viagem, embarcamos na ilha onde Riddle se mantém retido, sim, isso mesmo, lá. – Draco riu – E nosso amado Prewett trocou acordos com Riddle, isso mesmo, em troca do empréstimo do médico particular de Riddle, Ron teria de entregar uma carta a alguém. E, o tonto, sem nenhum cuidado guardou no bolso e nem desconfia que eu li a carta. Tente adivinhar o que continha nela? O óbvio! O que qualquer um saberia, menos o idiota do Prewett. Conteúdos secretos com planos de volta de Riddle. Isso não o faria ir imediatamente à cadeia?
- Seu plano seria perfeito se não tivesse esquecido de um pequeno detalhe: o jovem Prewett é analfabeto.
- Oh, é verdade... – Snape pareceu desolado – Não iria dar uma cadeia muito longa para ele. No máximo, um mês.
- Decepcionante, fiquei até feliz no começo com a idéia de ver o santinho se ferrar. – Pettigrew passou o braço pelo ombro de Snape – Então, meu camarada, vamos? Preciso ver algumas coisas com você.
- Sim... até, Malfoy!
Draco acenou aos dois homens mais velhos que o viram crescer. Olhou para o bar um pouco adiante. Iria lá afogar as mágoas mais uma vez, pensar em um plano diabólico para acabar com Ron. Parou e pediu um vinho ao garçom.
Então, de repente, chamou o garçom novamente:
- Poderia me emprestar uma pena com tinteiro e um papel por alguns instantes?
O garçom estranhou, mas obedeceu. Logo trouxe o que Malfoy pedira. Draco pensou um pouco e, em alguns minutos, escreveu:
"Um
amigo do louvável Cornelius Fudge informa ao procurador do
local, que da nau estrela Black saiu uma carta de Riddle contendo
planos contra o presidente. Ela foi trazida pelo capitão Ron
Prewett.
Assinado,
Um
fiel amigo do governante."
Olhou para a carta, estava perfeita. Chamou o garçom novamente e mandou-o entregar a algum dos guardas perto do bar. Virou-se para frente e deu um sorrisinho, agora sim, ele podia ver Ron ferrado, nem que fosse por um mês.
Remus Lupin assinava papéis e mais papéis. Era impressionante como nunca acabavam! Qualquer outro enlouqueceria na certa, mas ele não. Sua falecida esposa dizia que ele era o homem especial para lidar com papéis, tanto para entendê-los e redigi-los como para guardá-los de modo organizado.
Se tinha uma coisa que Remus se orgulhava era de seu escritório, perfeitamente arrumado por ele mesmo. Nada sumia.
Enquanto relia um papel com alguma coisa em relação à nau Algas Marinhas, comandada pelo anão Flitwick, Remus ouviu alguém entrar. Se levantou e viu um homem pouco mais novo que ele aparentemente, porém antes de perguntar como poderia ajudá-lo, o jovem começou:
- Por algum acaso a nau estrela Black já desembarcou?
- Sim, meu senhor, já faz um dia. Por quê?
- Procuro por uma pessoa que estava lá...
- Posso ajudá-lo se me dizer o nome, dar-lhe um endereço, talvez.
- Não é preciso... obrigado.
- De nada. – Remus seguiu o estranho homem sair do escritório. Voltou a seu trabalho, caso acelerasse as coisas poderia ir para casa e desfrutar um tempo com sua filha, Luna, seu genro, Neville, e sua netinha, Lindsay.
- Não deveria ter tratado Pettigrew assim, meu filho. – Arthur repreendeu Ron enquanto comia – Ele pode nos expulsar.
- Se ele nos expulsar, meu pai, iremos a uma casa melhor, agora que ganharei mais. – Ron disse, sem preocupação.
- O problema não é esse, Ron, querido. – Hermione disse – O problema é que Pettigrew pode querer acabar com nossa vida, lembra o que ele fez com Simas e Parvati?
Isso foi uma facada para Ron. O casal era amigo de Ron e Hermione desde pequenos, se casaram jovens e eles foram os padrinhos. Sofriam dificuldades porque Simas não ganhava muito e as rendas feitas por Parvati não davam muito dinheiro, mas eram felizes. Até que enfrentaram Pettigrew e esse acabou com a vida deles, de modo que Parvati se suicidou e Simas também, ao ver sua amada morta. Caso não tivessem morrido, seriam os padrinhos de Ron e Hermione.
Ron, por fim, respondeu a Hermione, mexendo em sua comida:
- Não se preocupe, Mione. Eu terei cuidado.
- Ron... – ela começou.
- Se acontecer qualquer coisa, podemos contar com nossos amigos...
- Sobraram poucos – Hermione disse triste, olhando para seu prato – Só Dino, Nev e Draco.
- Mas eles poderiam te abrigar, se for o caso. – Ron parecia um pouco confiante demais para o gosto dela – Tenho certeza que não discordariam em nos ajudar.
Dino Thomas, um pintor amigo deles, desenhava e pintava muito bem. Era um ótimo expressionista, mas infelizmente não era reconhecido pelos grandes pintores do local. Também havia o jardineiro e pesquisador Neville. Extremamente atrapalhado, mas tinha uma boa vida. Ótimos amigos, sem dúvida. Os ajudaria se precisassem, com certeza.
Ron foi brutalmente tirado de seus pensamentos por uma batida na porta e o berro "Guardas, abram a porta agora!". Hermione estremeceu e receosa foi abrir a porta. Logo ficou ao lado de Ron, tentando se proteger.
- Algum problema, cavalheiros?
- Problemas sérios, jovem Prewett... eu suponho. – O guarda deu um sorriso cínico - Você está sendo acusado de tentar trair o presidente, um problema seríssimo. Peço-lhe que me acompanhe sem resistir, senão eu e meus amigos teremos de tomar uma providência cruel.
O sorriso do guarda agora era assassino, na opinião de Hermione, que ao acabar de ouvi-lo, abraçou apavorada Ron. Antes dela perguntar se era verdade aquilo, ele respondeu ao guarda:
- Vamos logo então, vamos para eu mostrar-lhe que isso não passa de um terrível engano.
Ron foi embora então, seguindo os guardas, enquanto seu pai e Hermione o seguiam com os olhos até onde puderam. Os guardas levaram Ron até o palácio da justiça de Londres, um lugar incrivelmente chique. O arrastaram até a sala do procurador.
Ao entrar, primeiro pensou em como aquela sala era mais chique que o escritório de seu senhor, Lupin.
O procurador da cidade era Bartolomeu Crouch, um homem ambicioso e sedento de poder, casado com Jodie Redfield. Tinham um filho chamado Bartolomeu Crouch Junior, mais conhecido como Bartô, do qual diziam ter sido um grande seguidor de Riddle. Essa amizade dos dois enfurecia Bartolomeu.
Estava em seu escritório anotando coisas e assinando papéis quando Ron entrou, acompanhado por três guardas que o mandaram sentar num banquinho de frente para Crouch.
- Bem, meu rapaz, há uma acusação muito grave contra você. No entanto, não me parece um criminoso, e pelo que sei de você, não é mesmo. Responda com honestidade para logo estar livre: como recebeu a carta e quem é o destinatário?
Calmamente, Ron contou tudo a ele, desde a tentativa frustrada de salvar seu comandante, a chegada a cidade e até mesmo como chegara ao escritório do procurador.
- Bem, mas você sabe qual é o conteúdo desta carta? – Crouch fez a pergunta energicamente. – Conhece o destinatário?
- A resposta das duas perguntas é não, meu senhor. Tenho aqui o endereço de uma casa, destina-se pelo que eu sei por um tal de Bartô.
Crouch empalideceu. Tom Riddle e Bartô, seu filho! Odiava-o com todas as forças, por causa dele poderia perder a chance de ser conselheiro de Cornelius ou algo parecido. Pegou a carta das mãos de Ron e a abriu, fazendo-o arregalar os olhos. "O procurador abrindo uma carta que não era para ele? Que falta de respeito..." Então, Crouch falou com uma voz um tanto desconfiada:
- Jura que não conhece nenhum Bartô? Jura? Jura não saber o que contém essa carta? – com gestos vagos, mostrava o envelope na mesa.
- Juro, senhor. Jamais violaria uma correspondência!
Os dois ficaram em silêncio. Crouch pensava numa saída. Pouco lhe importava o jovem Prewett. A sua reputação é que importava! Então, ainda trêmulo, soltou:
- Acredito em você, meu bom jovem. Você, pelo que sei, é sincero e mostrou isso. Na sua idade ninguém consegue mentir assim tão bem. – ele se levantou e circulou Ron – No entanto, temos um problema aqui. A denúncia existe e eu preciso dar um destino a ela. Estava pensando, seria melhor se nós a queimássemos. Assim não teremos nenhuma prova contra você, contudo me prometerá que apagará o nome e o endereço dessa pessoa para sempre.
Ron não se continha de felicidade e beijou a mão do procurador, sorrindo.
- Juro por tudo que tenho e amo que meus lábios e memórias estarão selados para sempre a partir de agora.
- Pois bem... está resolvido. – Crouch jogou a carta na lareira – Cumpri minha parte e você a sua. Agora pedirei que levem-no para casa com minha carruagem.
Tocou uma sineta e três guardas levaram Ron, que agradecia Crouch sem pararenquanto este o acompanhava até a porta. Mal sabia o jovem que na verdade seria conduzido ao castelo-prisão da ilha de Bosweton.
Finalmente, quando foi conduzido a um barco, começou a estranhar. Crouch sorriu e foi embora enquanto Ron, desesperado, perguntava:
- O que está havendo? Oh, céus! O que está acontecendo?
Com um golpe de mestre, livrou-se dos dois guardas o segurando e começou a correr desembestado. Ele era inocente, não deveria ser preso! Quando despistou alguns guardas, correu para casa de Draco, pois ele o ajudaria.
(continua...)
N/A: Poor inocent, Ron. Mas tudo bem, daqui a uns dois caps a gente vêem um Ron não tão inocente u.u' E ai? Gostaram?
