Capítulo 4:
Ron
entrou correndo pela gigantesca porta da mansão Malfoy. Foi
atendido pela antiga criada da família, Madame Pomfrey.
-
Tudo bem, Ron? – A bondosa senhora perguntou, incerta.
-
Eu diria que não, onde está Draco? – Ron estava
tentando se recompor – Lá em cima? Acordado?
-
Creio que sim. Ron o que está...?
-
Me dê licença, por favor – Ron a cortou, apressado.
Madame
Pomfrey o acompanhou com os olhos, preocupada. Vira o garoto crescer,
assim como o jovem mestre Draco. Ele não era do tipo que
entrava na casa daquele jeito, pois mesmo estando apressado falaria
direito com ela e depois correria para seu destino. Virou-se com a
vela no castiçal, que levava em sua mão, se apagando
aos poucos. Havia alguma coisa errada ali.
Ron
pulava os degraus, subindo-os de dois em dois, da enorme escada. Os
guardas na certa chegariam logo e ele precisava rapidamente da ajuda
de Draco. O amigo sempre tinha uma saída.
Para
sua sorte, ou azar, Ron deu um encontrão em Draco, que parecia
surpreso demais em vê-lo ali.
-
Ron?
-
Draco! Draco, meu amigo! Preciso de sua ajuda o mais desesperadamente
possível! Eles querem me prender, Draco! Você está
entendendo o total absurdo?
-
Acalme-se. – Draco tentou se mostrar surpreso – Vamos à
sala de armas, me conte as coisas mais detalhadamente.
-
Lembra de quando embarcamos na ilha de Riddle? – Draco disse que
sim, enquanto pegava uma espada e uma pistola – Pois então,
lá Riddle me pediu para entregar uma carta, e sabe o que
continha nela? Planos dele de voltar ao poder! O Promotor fingiu me
achar inocente e me mandou para Bosweton. Mas, você sabe, eu
sou inocente, sei que só você pode me ajudar. – Ron
pegou uma espada que Draco o passou despreocupadamente – Só
fico pensando como eles descobriram a carta...
-
Ron, meu caro, você é... – Draco empunhou sua espada e
fez um movimento atacando Ron, que desajeitadamente se defendeu –
estúpido... e ingênuo, eu diria.
-
O que é isso, Draco? Eu não sei lutar com espada e não
tenho tempo para isso. – Ron disse, se defendendo de mais um ataque
e dessa vez sendo ferido no pulso – Está louco?
-
Talvez – Draco deu um sorriso maldoso.
Ron,
enquanto dava gemidos de dor pelo seu novo machucado, olhou pela
janela e viu os guardas chegando.
-
Vamos Draco, deixe disso, me ajude!
-
Não irei te ajudar Ron, você ainda não percebeu?
– Draco disse, impaciente, o machucando na perna.
-
O quê? – dessa vez, ele se enfureceu e partiu pra cima de
Draco, sendo ferido no braço.
-
Fui eu que te dedurei! Fui eu! Não quero te ajudar, e sim te
ver naquela prisão! – Draco riu de um jeito demoníaco
– Você é tão ingênuo.
-
E você uma cobra! – Ron berrou, mais uma vez tentando atacar
Draco, que chutou a espada de Ron. – Por quê, Draco? Nós
não éramos amigos?
-
NÓS NUNCA FOMOS AMIGOS, IDIOTA! – Draco rugiu – Eu nunca
gostei de você, seu pobretão! Eu te ODEIO!
-
Eu não acredito no que estou ouvindo – disse, com indignação
– Por que me dedurou Draco? Por que me odeia?
-
Porque eu sou mil vezes superior a você e não deveria
sentir inveja nem ciúmes. – mais uma vez, atacou-o, agora em
seu rosto – Você acha que eu ia agüentar até
quando a inveja, por você ter todas as coisas que eu desejo?
Hermione, bom relacionamento com os pais, felicidade... E o
principal, eu não deveria querer ser como você.
-
Você é desprezível, Malfoy – disse ele, se
levantando.
-
Eu sei. – Draco olhou para trás, os guardas chegaram –
Levem-no, o atrasei para poderem chegar a tempo. Traidores do
presidente devem ser severamente punidos.
-
Você me paga, Malfoy! – Ron disse, antes de ser arrastado
porta afora da mansão.
Draco
ficou observando, de uma das enormes janelas da sala de armas, Ron
ser levado e colocado no transporte de presos. Se virou e sentou em
uma poltrona.
Estava
livre agora, Ron saiu de seu caminho. Tinha de aproveitar e ir logo
atrás de Hermione, mas sabia que não seria tão
fácil convencê-la a ficar com ele.
Se
levantou e dirigiu-se a seu quarto, era melhor começar a
pensar em como persuadi-la.
Ron olhava para o mar a sua frente, se estendendo e se mexendo sem dó. Na certa, furioso em ver um de seus homens ser injustamente preso. Ron não tinha uma expressão de desespero, mas sim de ódio. Levava a cabeça baixa e os olhos ligeiramente fechados.
Tinha um ódio inédito. Odiava o promotor, Draco e outras pessoas que ele nunca gostou e certamente lhe rogavam pragas. Pensava em Hermione, como seria agora? Mandariam a ela uma carta dizendo que ele fora preso e... o que ela sentiria?
Esperava que ela cresse em sua inocência, mas tinha Draco. Como ele fora tão idiota em nunca perceber que Draco tinha uma queda por ela, ou era apaixonado? Ele sabia que o "amigo" iria encher a cabeça dela de caraminholas, de mentiras.
- Mas eu sou inocente – disse a si mesmo, convicto.
- Inocente? – um dos remadores do barco riu maldosamente, seu nome era Crabbe e ele não calava a boca – Todos somos inocentes.
Ron jogou a ele um olhar mortal. Sem muitas esperanças olhou, para o horizonte, vendo a ilha deserta, praticamente era só areia e o forte, onde localizava-se a prisão Bosweton. Lá, pediria para enviar uma carta a Hermione, explicando todo o ocorrido. Ele não podia deixar seu pai e sua Hermione pensarem que ele fosse um traidor.
Quando finalmente chegaram ao forte, Ron foi rudemente arrastado, por Crabbe e Goyle, para dentro. Era simplesmente asqueroso. Talvez nem sua pobre casa fosse tão desarrumada e maltratada quanto aquela prisão. Aquelas não eram condições dignas a um ser humano, por mais cretino que este fosse. Ratos e baratas andavam a seu lado, sem contar a miscelânia de vários odores fétidos.
Fechou os olhos repetidas vezes, tentando se convencer que tudo iria ficar bem, ou que aquilo era apenas um pesadelo. Na última vez que fizera isso, se viu em uma sala, talvez em melhor condição do que os corredores e salões que passara até chegar lá.
Havia uma mesa meio podre, aparentando não ser cuidada durante anos. Vários papéis na mesa, uma garrafa de vinho em cima de uma pilha de livros e uma cadeira também com aparência podre. Havia muitos arquivos pela sala.
Ron não pode mais prestar atenção nos detalhes. Alguém entrou, fazendo bastante barulho. Era um homem aspirante a velho, de cabelos desgrenhados e cheios de nós cor pele-de-rato. Tinha um sorriso horrível, composto por dentes estragados ou dourados.
- Então, senhor Prewett. Tem alguma coisa a falar antes de ir à sua nova casa?
- Eu preciso mandar uma carta! – Ron se mexia como se quisesse se libertar de Crabbe e Goyle.
- Ótimo, nós também, não é camaradas?
Os dois brutamontes não responderam, apenas riram de um jeito desprezível, na opinião de Ron.
- Eu tenho meus direitos, certo? – disse, mais calmo – Preciso mandar uma carta a minha noiva.
- Você não tem mais direitos, meu caro. – o homem deu as costas, mas depois fez reviravoltas, batendo com força na mesa – NÃO TEM NENHUM DIREITO DE SEQUER ABRIR SUA BOCA NOJENTA, TRAIDOR!
Ele se ajeitou pigarreando e andou em volta de Ron e dos dois brutamontes.
- Então, senhor Prewett, eu sou Argus Filch, diretor de nossa enorme prisão Bosweton. E esse... – Ele apontou para um homem pequeno que acabara de entrar – É o Flint, e te dará a comida todos os dias. Mais explicações serão dadas quando chegarmos a sua cela.
Ron acalmara-se e nem sabia como, porque dentro de si instalou-se uma grande revolta. Não era do seu feitio ficar quieto, mas sua mente obrigara seus músculos a isso, porque quanto mais ele se debatia, mais os dois brutamontes o apertavam. Seus pulsos realmente doíam. Sem contar os tapas que recebia uma vez ou outra caso demorasse muito a subir as escadas.
- Chegamos, Prewett. – Filch disse, abrindo uma cela cuja porta fazia um barulho horrível ao ser aberta.
Ron viu um rato rapidamente passar, e então olhou sua cela. Bem, ele não podia reclamar, não tinha esqueletos ou um fedor insuportável como os corredores. Mas a gente nunca fica satisfeito com o que tem, portanto ele começou a pensar que estava na pior cela daquela prisão.
Crabbe e Goyle o arrastaram para dentro, pegando algumas correntes a fim de prendê-lo. Ron começou a entrar em pânico, o que eles estavam fazendo? Não ia ficar para sempre amarrado a correntes, ia?
- Então, como eu ia dizendo, Prewett... – Filch o rodou, deixando-o meio tonto – Está vendo aquelas marcas de dias que se passam? Você não precisará disso. – Filch riu expondo mais uma vez aqueles dentes podres – A cada um ano de estada aqui, ou seja, a cada aniversário de sua estadia na nossa prisão nós iremos fazer isso...
- Isso o...? – Ron não pode perguntar, recebera uma chibata nas costas e doera demais, mais do que as chineladas de sua mãe ou quando tinha de erguer pesos com as costas.
Antes que ele pudesse gemer recebera mais uma chibata e assim prosseguiu. Podia ouvir os risos demoníacos de Filch e grunhidos de Crabbe e Goyle. Na porta, Flint sorria maldosamente.
- Por que Deus, por que eu? – gritou, em meio a uma das chibatadas.
- Deus? Bem, eu diria que Deus não anda olhando pela Inglaterra há muito tempo, eu creio. Ele não olha por nós – Filch disse.
Quando finalmente as chibatadas cessaram, Ron sentiu-se despencar principalmente quando Crabbe e Goyle soltaram seus pés e mãos da corrente. Seus olhos arregalados pareciam querer sair das órbitas.
- Até o próximo ano, Prewett. - Filch se virou e já ia embora, quando se lembrou – A refeição é dada duas vezes por dia, não se esqueça de deixar a tigela perto desse buraco na porta.
E antes de Ron perguntar algo ou responder, ele fechou a porta com um estrondo. Não soube quanto tempo ficou ali jogado no chão, mesmo com a existência de uma pequenina janela. Pensou em olhar a ilha e o mar, mas era tão alto... ele nunca chegaria lá.
Mirou as paredes. Havia muitas frases e nomes ilegíveis para ele, vários "pauzinhos", certamente marcadores dos dias. Entre tudo isso, uma enorme frase meio apagada lhe chamou a atenção: "Deus fará Justiça". Com seu prato de comida, reforçou a frase, visando deixá-la mais evidente. Aquilo começou a ser sua esperança. A única esperança.
Em Londres, Hermione, Draco e o Sr. Prewett esperavam poder falar com o promotor geral.
Draco ia contra seu gosto, mas se queria o coração de Hermione, teria de se fazer de bonzinho e desentendido sobre o que acontecera.
Hermione ia com o coração na mão, sabia da inocência de Ron, sem importar-se com a falação alheia. Uma das melhores qualidades dele era a lealdade. Nestas condições, assim como o Sr. Prewett, ela estava decidida a provar que Ron era inocente.
Podiam ver que a coisa estava preocupante em Londres, já que Riddle ameaçava atacar brevemente. No palácio da justiça, vários homens pegavam móveis, quadros e mobílias, levando as carruagens que seguiam em uma linha para fora de Londres. O promotor Crouch parecia preencher as últimas linhas de algum documento querendo sair correndo.
- Sr. Promotor, – Hermione se dirigiu ao homem – estamos aqui para tentarmos provar a inocência de Ron Prewett.
- Me desculpe, minha senhorita, mas não há nada que possam fazer. Há provas contra o amigo de vocês.
- Mas não é possível! Meu filho nunca foi e nem é um traidor. – o Sr. Prewett se exaltou.
- Me desculpe senhor, mas ele era.
- Não há nada que possamos fazer? Nada mesmo? – Hermione perguntou, já perdendo de verdade as esperanças.
- Nada. – Crouch disse, pondo um fim na conversa.
Draco mandou o Sr. Prewett ir na frente com Hermione. E assim que eles sumiram no corredor, ele começou a negociar com o promotor.
- Bem, meu caro promotor, eu preciso de um favor seu. – Draco se sentou na última cadeira que restara na sala.
- Huh? – Crouch tirou sua atenção dos papéis. – E o que seria? Dependendo do negócio, preciso que o senhor também faça um favor para mim.
- Preciso que escreva uma carta dizendo que Ron Prewett morreu. Na verdade, seria a mesma coisa porque ele realmente está morto preso, mas Hermione não pensa assim.
- Ah... já entendi tudo, o senhor gosta dela.
- Não é da sua conta.
- Receio que seja, jovem Malfoy. Estou de acordo. Já o favor que quero que faça para mim é matar uma pessoa. Não no papel e sim de verdade.
- Que assim seja.
- Eu estou começando a gostar de você... – Crouch disse, começando a escrever uma carta para Hermione e o Sr. Prewett.
Haviam se passado, no mínimo, 4 anos. Sim, quatro anos a se contar todas as vezes que levara chibatadas.
Ele já se cansara de contar os dias e daquela frase, "Deus Fará Justiça".
- Não há Deus, não há justiça – ele se via resmungando várias vezes.
Agora não pensava em fugir. Perdera as esperanças. Estava em meio a seus pensamentos ou lembranças quando ouviu um barulho.
- Agora você ficou esquizofrênico...
Olhou para o chão e viu uma das pedras se mexer.
- Valha-me Deus, eu virei maluco e esquizofrênico de vez!
E antes de que ele voltasse a reclamar, a pedra foi empurrada por uma mão e logo apareceu uma cabeça de um senhor, de cabelos bem brancos e desgrenhados.
- Vixe, errei de lugar. – o homem virou para Ron e disse – Ah, olá, meu jovem.
(continua...)
N/A: Hhahaha, agora chega meu personagem favorito Após o Ron/Edmond.. claro
