Capítulo 11:
Ron se olhou mais uma vez no espelho. Harry deu um muxoxo ao ver que o amigo estava se olhando no espelho fazia uns quinze minutos.
- Me diga que você não está assim só porque irá ver sua amada depois de anos?
- Amada? Ela é uma traidora – Ron sibilou. – Deixe de história, estou me olhando assim para ver se estou muito parecido com antigamente.
- Oh, bem. Entendo. – Harry falou sarcasticamente.
- Você está muito insolente, hoje – Ron revirou os olhos. – A carruagem está pronta?
- Sim, senhor. – Harry segurou um riso.
- Você está com sorte de que eu estou com pressa. A festa já começou, e eu tenho de manter as aparências não chegando atrasado.
- Eu sei, senhor. – Harry novamente foi sarcástico, agora balançando a cabeça.
Ron virou-se para Harry com um olhar ameaçador. Como dizem, se olhar matasse, Harry estaria apenas em meio a cinzas. Apertou o punho e, dando um muxoxo, voltou a seu caminho anterior. Saindo do casarão, assim.
- Eu me preocupo com o mestre – Nancy disse, surgindo. – Eu não deveria ficar ouvindo, mas... porque ele quer maltratar a mulher que ele amava anteriormente?
- Você não deveria. Você sabe, ouvir atrás da porta, mas é o que criados fazem. É inevitável. De qualquer modo, essa é uma longa história a ser contada, sobre essa história dele querer se vingar. Acredite, você irá querer privar seus ouvidos disso.
- É tão ruim assim?
- Acredite em mim, é pior do que parece – Harry suspirou. – Mas não temos de pensar nisso, se me entende, a casa precisa de reparos, ainda. Ele disse que poderia acabar fazendo convites de visitas, e os lordes do mundo gostam de aparecer do nada.
- Sim, é verdade. Senhor Percy ficava furioso – Ela abafou um risinho cobrindo a boca com a mão. – Você tinha de ver. Ele te xingou bastante quando você veio visitá-lo sem avisar, sabe?
- Eu imagino – Harry sorriu.
- De qualquer modo – O sorriso na face de Nancy sumiu. – Eu ainda me preocupo pelo patrão, ele me parece uma ótima pessoa, mesmo eu nunca tendo conversado com ele. Eu posso sentir isso.
- Ele é. Não se preocupe com ele, pelo menos, não por enquanto. Bill o acompanhará. E além disso, eu sei o suficiente sobre ele para saber que se a mulher fraquejar, ele irá também.
- Você acha?
- Eu aposto.
- Então você realmente veio – Ron tentou iniciar uma conversa com Bill na carruagem.
- Se você não se importar, claro. Eu gostaria de ir e, além disso, o garoto pensa que eu sou o seu guarda-costas ou até mesmo irmão, afinal, ele também me incluiu no convite.
- Impossível achar que somos irmãos, você foi tratado como servo quando ele foi nos visitar.
- Desculpe-me, não lembrava – Bill disse desgostoso. – Você me parece nervoso, quer se acalmar?
- Eu? Nervoso? Está me querendo dizer o que afinal, Bill?
- Nada, só disse que você parece ner...
- Está bem! Entendi, me deixe em paz!
Bill ia responder, mas preferiu ficar calado. No fundo, ele sabia muito bem a causa do nervosismo de Ron.
A carruagem parou e um criado veio atendê-los, abrindo a porta e os conduzindo pela casa até o anunciante, que os observou tentando se lembrar de tê-los visto alguma festa anterior.
- O senhor Conde Weasley e o senhor O'Bannon!
Os dois entraram no casarão com olhares curiosos, geralmente direcionados a Bill. Não que Ron ficasse por último, ele aparecera do nada com uma enorme riqueza, todos desconfiavam dele.
- Veja, pai! Eles chegaram – Observou alegremente Albert, interrompendo uma conversa do pai com algum funcionário de alto escalão dos serviços públicos.
Draco fuzilou o filho com o olhar, seria possível que aquele moleque não percebesse que a conversa que estava tendo era importante para sua reputação?
- Com sua licença senhor, preciso conhecer o salvador do meu filho.
- Sim, entendo. Oh, o conde Weasley? Ele é uma pessoa misteriosa, não? Mas realmente parece um bom homem, não sabia que ele havia salvo seu filho.
Draco deu um sorrisinho sem graça e se virou. Tinha de conhecer o grande bem-feitor que todos elogiavam. Nem conhecia o homem, mas já sentia antipatia por ele. Desceu as escadas de sua bela mansão olhando fixamente para o homem o qual Albert falava animadamente.
Era ruivo, e isso fez ele criar mais antipatia ainda. Também havia um homem ao seu lado, igualmente ruivo. Ruivos. Eles não gostava de ruivos. Lembravam uma certa pessoa. Lembrava o ruivo que ele mais odiava no universo. Ron Prewett. E além disso, ruivos lembravam pobreza. Ele detestava a pobreza.
- Então, esse é o homem a qual meu filho deve a vida? – Comentou com sua voz sarcástica. O nariz empinado e seu sorriso cínico.
- Oh, não diga tal coisa. Não me devem nada – Ron sorriu cinicamente. – Um nobre deve ajudar um nobre, afinal, nós temos sangue...
- Nobre – Bill completou com um enorme desejo de revirar os olhos.
- Com certeza – Draco observou atentamente os dois a sua frente. – Por favor, entrem e se divirtam! Se são convidados de meu filho, são meus convidados.
- Obrigado – Bill se adiantou fazendo uma reverência. Não conseguia tirar de sua mente que Draco Malfoy era realmente parecido com um dos homens que viera junto a Tom Riddle acabar com a casa dos Potter.
- Então... – Começou Draco, mas parou ao ver Hermione se aproximar deles. – Essa é minha mulher, Hermione. Estamos muito agradecidos dos feitos do Sr. Weasley, não é, querida?
Hermione se virou para eles e pousou os olhos longos em Ron. Chocada, era o que sua expressão facial anunciava, mas se recuperando resolveu contornar a situação, ao ver os rostos desconfiados de seu filho e de marido.
- Você não sabe o quanto fico-lhe grata, senhor. Só uma mãe que passasse pela aflição de seu filho ter sido seqüestrado, saberia.
- Você não deve me agradecer senhora, seu filho daria um jeito, ele se mostrou bem valente – Ron riu desviando os olhos de Hermione.
Draco olhava para um e outro direto, sendo acompanhado por Albert, enquanto Bill reparava na semelhança facial de Albert e Ron. Era algo assustador, os olhos e o rosto eram realmente parecidos, quase idênticos. Exceto pelo fato de que Albert não tinha sardas.
- Então – Ron voltou a quebrar o silêncio. – Poderia roubar sua esposa por alguns instantes, Sr. Malfoy?
- Desculpe-me? – Draco deu um pulo chocado.
- Para a valsa – Ron explicou tentou impedir a vontade de rir.
- Ah, claro! – Draco sem recompôs e olhou para Bill, que o observava fazia um tempo. Definitivamente não gostara daqueles senhores.
- Ele não é o máximo? – Albert disse excitado para o pai, quando Ron e Hermione se distanciaram para dançarem.
- Ah, sim. Claro que é – Draco revirou os olhos e deu uma última olhada em Bill que se afastara um pouco deles, mas ainda podia ouvi-los. Algo o dizia que aquele homem era perigoso.
Ron fazia tanta força com os dentes que parecia que eles iriam quebrar. Era a raiva que fazia isso, mas também havia um pouco de paixão ali. Derretera um pouco ao ver como Hermione estava. Continuava linda na opinião dele, certamente, horrorosa para suas colegas na vida nobre que agora levava.
Não ele não iria se enganar, estava um pouco impressionado ao vê-la anos depois. Mas a sua raiva era maior. Era verdade, ela realmente havia se casado com Draco. Era humilhante, de certa forma, para ele.
Quase cravou as unhas no braço dela, enquanto dançavam. Sabia que seria um ato infantil, e a última coisa que um conde faria. Mas isso não importava para ele. O que fez parar é se lembrar que ela o chamaria de infantil como sempre fizera. Não importava o que ele fizesse, sempre era o infantil.
- Você me lembra muito uma pessoa que conheci – Hermione quebrou o silêncio.
- É mesmo? – Ron deu um sorrisinho cínico e olhou para o lado.
- Uma pessoa muito querida, que não vejo há quinze anos – Ela fixou o olhar nele.
- Que coisa triste. Faz muito tempo, não é? – Ele tentou desviar seus olhos do dela.
- Sim – Ela continuou a olhar para ele fixamente.
A música acabou e então Ron retirou sua mão da cintura dela, fazendo uma reverência.
- Minha doce senhora, se me dá licença, vou agora procurar meu amigo.
Ron se distanciou, antes que Hermione o parasse, conhecia ela o bastante para saber que ela iria chateá-lo o bastante até conhecê-lo bem.
Bill circulava a casa, a observando. Na verdade, ele estava seguindo Malfoy, era impressionante como aquele homem lembrava uma das pessoas que entraram encapuzadas na casa dos Potter, botando-a em chamas.
Charlie dizia que aquilo era paranóia dele, mas ele não conseguia esquecer, por mais que tentasse. Foi quando estava andando por um corredor com quadros de antepassados do mestre da casa que entendeu a semelhança.
Ali estava, como o último falecido da família, o homem loiro a qual Draco lembrava. Lucius Malfoy. Sim, fora aquele homem, ele fora um dos que atacara a mansão Potter.
No entanto, Bill não pode continuar a pensar nisso. Draco veio até ele:
- Esse era meu pai, um grande homem.
- Oh, sim. Tenho certeza de que foi – Bill tentou esconder um quê de raiva em sua voz.
- Então, de onde veio, Sr. O'Bannon? Nunca tinha ouvido falar do senhor antes.
- Oh, isso porque desde pequeno viajo pelo mundo – Bill sorriu cínico. – Mas venho de Londres, minha amada Londres.
- Que coincidência! Também nasci em Londres, me criei lá, no entanto, vi que Manchester era um lugar mais... – Bill o interrompeu.
- Pacato, calmo e Cornelius permanece muito mais em sua casa aqui do que em Londres – Completou.
- Tirou as palavras de minha boca! – Draco riu sarcástico.
- Bem, todos viemos para cá por isso, certo?
Bill deu um sorriso e não pode se conter dando logo após um olhar fuzilante ao quadro na frente deles. Virou-se para Draco.
- Se me dá licença, procurarei meu amigo.
- Sim, foi uma ótima conversa.
- Com certeza que sim.
- O Sr. e a Sra. Crouch! – foi anunciado.
Draco arregalou os olhos e sem se conter apertou forte o copo de vinho na sua mão, poderia tê-lo quebrado se não ouvisse a voz de Albert a seu lado.
- Ele não é demais, pai? Você não achou? Ele tem muita classe, eu queria...
- Albert, cuide-se, filho. Sua admiração por esse Conde está ficando doentia. Não me diga que teremos de agüentar sua paixão por ele o resto do mês. Eu agradeceria se você parasse.
- Mas pai...
- Depois, filho, preciso resolver algumas coisas.
E sem ouvir o filho protestando Draco se encaminhou até o Sr. e a Sra. Crouch que subiam as escadas.
Queria matar aquele casal, afinal, Crouch era idiota? O combinado eram não se verem em público e se alguém desconfiasse das parcerias nada honestas que faziam? A parceria entre esses dois homens tinha anos.
E não há exatamente uma coisa que eles faziam, eram muitas coisas. Roubos, homicídios, desvios de dinheiro entre outras coisas do mundo da ladroagem.
- Oh, onde está o nosso aniversariante? – A Sra. Crouch se adiantou, perguntando a Draco.
- Albert me parece estar com alguns amigos – Draco esboçou um sorriso falso. – Boa noite, senhora.
- Ora, não me chame de senhora, Sr. Draco – Ela riu afetada. – Apenas de Violet.
O Sr. Crouch censurou a mulher com o olhar e essa, se sentindo um pouco ameaçada, resolveu se distanciar dos dois e procurar suas amigas na alta sociedade. Draco a acompanhou com o olhar, definitivamente, aquela mulher enlouquecera desde que seu filho fora morto, será que ao menos ela sabia quem havia o matado? Ele duvidava muito.
- Se quer saber, Draco... Quem insistiu que eu viesse foi o misterioso Conde Weasley.
- O quê? – Draco deu um pulo.
Draco apertou os olhos. Não, ele realmente não gostava daquele ruivo. O que ele queria com Crouch? Fizera amizade com aquele rato? Então estava indo ao fundo do poço, porque quando se faz tratos com Crouch precisa ser no mínimo cuidadoso.
Ele era um caso à parte. Sabia que se Crouch resolvesse acabar com ele. Ele poderia soltar segredinhos que deixariam Crouch na miséria. Nenhum dos dois se gostavam mas devido ao pacto, negócios e segredos, eram forçados a se manterem juntos.
- Isso que você ouviu, meu caro. O misterioso Conde Weasley me perguntou se eu podia ajudá-lo com algo. E sugeriu que conversássemos aqui, já que os dois haviam sido convidados e...
- Isso não justifica o fato de você ter vindo – Draco disse duro.
- Claro que justifica, meu amigo – Crouch disse sarcástico. – Eu não posso fazer desfeita com um rapaz tão rico como esse.
- Rapaz?
- Se é rapaz ou não, não sei. Mas me parece ter sua idade mais ou menos, Draco.
- Isso não importa, mas e quanto ao amigo dele?
- Isso, é algo que, infelizmente, eu ainda não descobri. Mas não me lembro de tê-lo visto na festa que o Conde deu.
- Você quer dizer que ele não é rico, como nosso amado Conde? – Draco ironizou.
- Não sei, demorará um tempo para podermos descobrir.
Draco se sentiu irritado. Aquele ano estava sendo um inferno, as economias não iam bem, só apareciam mais e mais nobres e Albert inventara essa história de viajar a cada semana.
- Com licença, senhores – Uma voz fez a irritação de Draco dobrar. – Sr. Crouch, podemos ter nossa conversa?
- Com certeza Sr... – Ron o censurou com o olhar. – quero dizer, Conde Weasley.
Draco seguiu com o olhar aqueles dois homens. Tinha de dobrar os cuidados, seu instintos diziam que tinha de tomar cuidado com aquele Conde. E seus instintos nunca falhavam.
Ron caminhava com passos contados, dentro de si tinha vontade de matar o homem ao seu lado, mas precisava se conter. Ao ver um corredor vazio resolveu começar a explicar a parceria que propunha a Crouch:
- Recomendaram o senhor como o melhor advogado em exportações.
- Que honra, fico realmente...
- Portanto... – Ron o cortou. – gostaria de saber se poderia me ajudar num caso de exportação de alguns pertences que infelizmente deixei na Itália. Pelo que soube, os deixaram em Londres e depois me mandaram por terra.
- Se pede minha ajuda, já a tem garantida, senhor – Crouch riu cinicamente.
- Isso de fato me alivia. Preciso agora retirar-me, com sua licença, vou procurar meu amigo, o Sr. O'Bannon.
Dizendo isso, Ron virou-se com um sorriso vitorioso, o peixe já fisgara a isca.
- Vou partindo – Ron disse a Bill, que conversava com uma dama. – Mandarei a carruagem vir buscá-lo em seguida.
- Com sua licença – Bill pediu à dama. – Tudo bem você ir na frente?
- Nenhum. Boa noite, Bill.
- Igualmente – Bill tentou um sorriso e voltou a conversar com a dama, mas com o rabo do olho viu Ron ir embora, atrás dele, pode ver a Sra. Malfoy o seguir.
Bill sorriu.
- Vamos rápido, porque estou com pressa – Ron disse ao cocheiro.
- Pode ficar tranqüilo, sr. Ron. Estaremos lá num minuto!
- Ótimo! – Ron deu um pequeno sorriso e entrou na carruagem.
Sentou-se e suspirando acomodou-se. Ia fechar os olhos como se fosse dormir quando viu alguém a sua frente. Não teve tempo de se alarmar:
- Boa noite, Conde Weasley. Ou melhor, Ronald.
Era Hermione.
(Continua...)
N/A: Nossa senhora, que capítulo demorado de se fazer! Encalhei feio nessa última página. Estúpido, não?
