Capítulo 1: As aparências enganam.

Acordei essa manhã e vi Luka pela porta entreaberta preparando nosso café da manhã que

provavelmente seria uma surpresa para mim, na verdade pelo meu aniversário, e depois que vi aquela a cena dele todo atrapalhado com o leite quente que transbordava pela chaleira eu percebi uma coisa, que minha vida é perfeita, apesar das brigas um pouco constantes, ela é perfeita. Vi que ele estava se virando em direção ao quarto e tratei de fingir que estava dormindo.

--Abby. Abby. Acorda preguiçosa! Hora do café!

E eu com medo que ele percebesse fui me espreguiçando.—Bom Dia!

--Bom dia Bela Adormecida. O bobo da corte trouxe seu café na cama!

--Obrigada –Eu agradeci dando-lhe um selinho. --Mas por que isso?

--Por ontem, por hoje e por amanhã. Feliz Aniversário, Abby.—E ele me deu um beijo daqueles.

--31 anos! Eu tenho que começar a refazer minha lista.

--Que lista?—Ele perguntou com um ar curioso, como de quem não espera coisa boa.

--A lista.

--Qual?

--Você não sabe? A lista dos trinta.—dei uma risada pelo ar inocente que ele fazia—A lista que você começa a fazer depois dos trinta, sabe, das coisas que você quer fazer até chegar aos 40.

--Eu nuca ouvi essa história.

--Fala sério, a juventude da Croácia está perdida, você faz a primeira com 15 anos que você tem que cumprir até os 30, e depois com 30 até os 40.—Expliquei como a coisa mais simples, e para mim realmente era, mas ele parecia ta ouvindo história para boi dormir.

--E você conseguiu realizar as coisas da primeira lista?

--Só faltou uma.

--Qual era?

--Você realmente quer ouvir meus planos de 16 anos atrás enquanto a comida ta esfriando? Vamos comer que eu to morrendo de fome!

--Por onde você quer começar?

--Tô de olho nos biscoitos.

--Tanta fruta saudável, e você vai comer chocolate, é?

--Até parece que não me conhece.

Ficamos na cama comendo, conversando, rindo, até a hora dos nossos plantões que por milagre, ou pelo meu aniversário, foram na mesma hora, coisa quase impossível nos últimos tempos. Eu me arrumei e já estava quase pronta, só faltava vestir a blusa, Luka ainda procurava alguma coisa dentro do guarda roupa, e o telefone toca.

--Alô

--Alô—Estremeci ao ouvir a voz do outro lado da linha.—Era Maggie.

--Abby? Parabéns.—Ouvia um barulhão vindo do outro lado.

--Obrigada. Maggie tudo bem com você? Onde você está?—Eu realmente não queria e não podia pergunta aquilo, mas era preciso, apesar de tudo era minha mãe.

--Eu to bem. E você? Como vai o Luka?

--Tá tudo bem comigo e com o Luka. Você ainda está em Chicago?

--Tô.

--Por que você não vai até o hospital na hora do almoço, e podemos almoçar juntas.—Mas uma vez não devia ter falado nada, mas ela parecia tão bem...não posso me iludir, se ela recusar não vou insistir.

--Tudo bem. Agora tenho que desligar.

--Aonde você ta?

--Desculpa Abby, mas realmente tenho que desligar. Até a hora do almoço.—Eu nem acreditava, uma conversa civilizada, talvez ela realmente tenha mudado...ou não. Luka entrou na sala me encarando.

--Quem era?

--Maggie.

--Sério?—ele perguntou com uma expressão de quem foi surpreendido.

--Foi. Por que a surpresa?

--Não ouvi gritos, nem palavrões...

--Pode parar.

--Mudando de assunto, não sei se você lembra, mas, além do seu aniversário, hoje nós devíamos estar comemorando outra coisa também.

--O que?—Tentei me lembrar de alguma data, mas deu branco.

--Você não lembra? Ano passado, no dia do seu aniversário...--Veio a luz --Meu Deus!Feliz Aniversário de primeiro beijo.—Pulei nos seus braços, não sei da onde tirei aquilo, "Aniversário de primeiro beijo"? E lembrei do ano passado, quando no dia do meu aniversário, saímos depois do plantão para comemorar, eu, Luka, Chen, Susan e Carter, tava meio deprê, o Luka tentou me animar com bebida...eu que sou fraca no mundo para esse tipo de coisa tomei um porri legal, não só eu, como todo mundo, daí sempre tem aquele que inventa um jogo idiota, nesse caso, quem? Eu. Só me lembro que todo mundo beijou todo mundo...Foi uma coisa linda!Mas claro que não passou de beijos, beijos de amigos, menos os meus e o do Luka, segundo a Susan que era a mais sóbria na ocasião, mas só começamos a namorar mesmo uns 2 meses depois.—Percebi que ainda estava nos seus braços.

--Só uma coisa, no nosso...Como é mesmo?

--Aniversário de Primeiro Beijo.

--Você não pode ir vestida assim no nosso aniversário de primeiro beijo. Experimenta isso aqui.—Ele me entregou um embrulho verde de papel brilhante e pegou a blusa que eu iria vestir para guardar.

--Valeu...Valeu mesmo. Te amo.—Pulei de novo nos braços dele. Parecia uma adolescente quando vi aquelas blusas, eram aquelas do tipo "I ♥ NY", só que na minha dizia: I ♥ Luka e na dele I ♥ Abby!Que lindo, estavam perfeitas.

Vestimos as blusas e eu me olhei no espelho para ver como tava, corei quando vi minha imagem refletida.

--Narcísea você é linda. Quantas vezes vou ter que dizer isso para você sair de frente do espelho!—Ele falou da porta me encarando.

--Hahaha. Eu to indo, Você acha que eu quero ouvir um discurso de por que você não deve se atrasar da Weaver no dia do meu aniversário?

Entramos no carro e seguimos para o County, o trânsito não tava muito legal, então provavelmente iríamos chegar atrasados, passei a 'viagem' toda lembrando do meu aniversário do ano passado.

--Vamos Abby, já estamos atrasados e você ainda fica dormindo dentro do carro, sai logo!

--Já vou.—Ele saiu andando na frente e me puxando pelo braço.

--Espera.—Eu falei fazendo-o parar—Obrigada por tudo.

--Não tem o que agradecer. Vamos logo.

Entramos no hospital pela porta dos fundos, quando eu entrei não acreditei no que eu vi. Tudo decorado com balão, chapeuzinho e até língua de sogra. E mais, tava todo mundo lá, todo mundo mesmo, até a Weaver, e o Jerry...o Jerry tava com nariz de palhaço, quer dizer todo mundo menos...faltava uma pessoa, Carter.

--Parabéns para você...—Todos começaram a cantar. Uma pessoa veio por trás de mim, tampou meus olhos—Adivinha quem é?—Não acreditei quando ouvi aquela voz, foi meu melhor presente.

--Eric!Eric!

--Como é para minha irmãzinha ta fazendo mais um ano de vida?

--Eric que saudades, tanto tempo que a gente não se vê.—O Abracei o máximo que pude, era meu irmão que eu não via há meses! Depois que notei que ao seu lado estava Maggie.

--Você também!—A abracei também, não com a mesma intensidade, claro. Queira ou não sempre vai haver uma pequena barreira entre a gente.

Depois cortamos o bolo, claro que o primeiro pedaço foi para mim depois todo mundo comeu, muitos me deram presentes que resolvi abrir só depois, me cumprimentaram, o dia estava bastante calmo, nenhum trauma.

--Gente, por favor, atenção, a Abby gostaria de dar somente uma palavrinha.—Ouvi aquela voz, só podia ser quem? Quem? Coisas de Susan. Era o que eu menos queria, tudo bem estava entre amigos e tudo, mas tinha muita gente que eu nem conhecia que só vieram para comer! Eu sei que é normal, porque já fiz isso muitas vezes! Eu tava num hospital, não tinha clima...Mas, fazer o que? Lá vai...

--Bom gente, eu não sou muito boa com palavras, mas eu queria agradecer a presença de todos, agradecer também pelos presentes que eu ainda não abri mas sei que vou gostar de todos e...Bom é isso muito obrigada por dividirem esse dia tão especial comigo.

Sempre tem que ter um engraçadinho que deixa você morta de vergonha, desse vez quem? Susan novamente.

--Abby e essa blusa, quando vai ser o casório?—Acho que é a convivência e as horas e horas no telefone que deixam as pessoas tão íntimas uma das outras para fazer piadinha em público. Vi que alguém chegava atrasado, todo molhado pela chuva que eu nem vi caindo.

--Casório, que casório?—perguntou por ouvir só metade da conversa, só depois me viu com o microfone.—Abby você vai casar?—fiquei chateada com a pergunta, parecia a coisa mais absurda do mundo, será que sou tão chata assim que ninguém agüentaria viver comigo pro resto da sua vida? Não, acho que eu não agüentaria.

--Não, claro que não.

--Tô só de brincadeira, Carter.—Susie explicou porque viu que o clima ficou meio pesado.

Luka fez uma cara meio estranha para mim. Mas acho que foi só impressão.

Depois que vi que Carter segurava um buquê de flores e um embrulho que parecia um livro ou DVD. Ele fez sinal para eu ir pegar.

--Obrigada John.—Ele me entregou os dois. O buquê era lindo, rosas vermelhas, minhas favoritas e ele sabia disso, também vinha um cartão no buquê.

Alguns terminaram de comer, beber (refrigerante, claro), e o povo foi se dispersando. Despedi-me de Eric e Maggie, que avisou que não poderia almoçar já que tinha começado em um novo trabalho e tava fazendo hora extra.

Atendi alguns pacientes, vi uma meninha que estava fazendo aniversário também, 9 anos, muito esperta para idade, ela tinha caído e quebrado o braço, já estava engessado só faltava as instruções quando cheguei perto, percebi que estava desacompanhada.

--Onde estão seus pais? Você não devia estar sozinha no dia do seu aniversário.

--Eu vim com minha mãe, ela deve ta fumando lá fora.—cena de cortar o coração.

--Parabéns!

--Como sabe que hoje é meu aniversário?

--Vi o cartaz na entrada 'Parabéns querida Abby'. –Para falar verdade nem eu tinha percebido esse cartaz.

--E como você sabe que eu sou a Abby?

--Seu crachá.

Mandei a Frank atrás da mãe dela, dei uma bronca por ter deixado ela sozinha, dei as instruções e liberei.

O resto do dia se passou e quando vi já estava no final do meu plantão e eu nem tinha almoçado, também, com o café reforçado ainda comi bolo. Durante o dia falei com o Luka umas duas vezes, mas ele não respondeu, deve ta muito distraído, será que ele ta com algum problema?

--Abby. Abby.—Ouvi a Susan me chamando.—Vem cá!—Acenando para a sala de descanso.

--Que foi?

--Você já viu os presentes?

--Não.

--Nem o do Carter?

--Não! Por que?

--O Luka disse você não ia gostar do presente do Carter. Achei que você já tivesse visto.

Susan pegou o cartão que veio nas rosas (que já estava aberto) e me entregou, lemos juntas o dizer: 'Feliz Aniversário, continue essa pessoa maravilhosa que você é.", na identificação tava assim: "Para: Abby Wyczinskie uma mulher de talento/De: seu eterno amigo John Carter.

Nem quis mais saber de presente nem nada. Rodei o hospital todo, mas finalmente achei o Dr. Kovac do lado de fora do hospital.

--Ei!Ei! Luka, você mexeu nos meus presentes?

--Mexi—falou gaguejando.

--Quem mandou? Isso é invasão de privacidade.

--Só queria ver o que o Carter tinha te dado.

--Vai começar com ciúme bobo de novo?—Nessa altura do campeonato já estava gritando.

--Vou. Por que? É proibido ter ciúmes da minha namorada?—Ele engrossou a voz, o que me assustou um pouquinho.

--Não, não é proibido, mas eu não te dou motivos para você ter ciúmes, e mesmo que eu desse você não tinha o direito de mexer nas minhas coisas, NÃO TEM.

--Se não gostou, vai reclamar com o Carter, ou melhor, com seu eterno John.

--Carter, Carter, Carter...Para com criancice Luka, o Carter é meu amigo, só isso. Apesar de eu achar que você às vezes você deseja o contrário.

--O que você está insinuando?—Seu único defeito, único, a droga do ciúme.

----Não tô insinuando, to afirmando que seu verdadeiro desejo, é que eu tenha alguma coisa com o Carter, não é?

--Não, não é. Mas se você quer realizá-lo assim mesmo, pode ir eu não quero nem mais saber. To de saco cheio, de você e de suas amizades coloridas.

--De saco cheio to eu, que não agüento mais essa sua frescura de achar as coisas e não falar nada, hoje, por exemplo, você podia ter vindo falar comigo, mas não, seu orgulho é muito grande, né? Ao invés disso ficou frio o dia todo, sabe de uma coisa? Quem não ta mais nem aí sou eu. Dane-se você e seu ego do tamanho do mundo. Tchau, eu vou realizar seu grande desejo!

--Já vai tarde!

Claro que eu não tinha a menor intenção de ir atrás do Carter, meu plantão estava no fim, o hospital calmíssimo, Chuck tinha ido visitar Susan juntamente com Cosmo, meu afilhadinho parecia cada vez maior(não ia estragar o momento chamando a Susan para ouvir minhas dores de cotovelo), então resolvi seguir para o Magoo, e me juntar a um preto quentinho.

--Um café puro.—falei para a garçonete que devia estar nos seus dezessete anos.

--Procurando por companhia?—Foi tão bom ouvir aquela voz familiar, meu eterno amigo John Carter, me virei de costas—Claro!Por que, não?—logo fui me sentando.

--Então...gostou do presente?

--Para falar a verdade ainda nem tive tempo de abrir! Vou fazer isso quando chegar em casa.

--Tem um palpite do que seja?

--Um livro—chutei.

--Em cheio.

--Qual?

--Isso você vai ter que descobrir sozinha.—Não tava com saco de insistir, com aquela dor de cabeça que eu tava que veio junto com o cheiro do café.

--Mas então...sozinha no dia do seu aniversário?

--Não to sozinha...Tô com você.

--Eu quis dizer, achei que você ia passar com o Luka ou com sua mãe.

--Das suas opções, Maggie seria minha escolha.

--Brigou com Luka de novo?—Não gostei da entonação do "de novo?", será que nossas brigas já estavam tão comuns e só eu não percebia?

--A gente têm gênio difícil.

--Qual o motivo dessa vez?

Tentei dar uma disfarçada...

--Será que meu café ainda vai demorar?...mas acho que ele percebeu.

--Abby, qual o motivo? Por favor não diz que foi ciúmes do Luka de novo?—O que eu faço?Falo logo e deixo ele ficar com peso na consciência ou devo ficar com o peso nas minhas costas?

--Ah não...Foram outras coisas.

--Até já conheço vocês dois. Não esquenta. Amanhã vocês já estão de bem.

--Não sei não Carter...Não que dessa vez tenha sido diferente das outras, mas sabe, a gente brigou e eu não senti nada, nem remorso nem saudades muito menos vontade de pedir desculpas, achei que depois que passasse meu aniversário ia ser diferente, a gente não ia brigar mais, mas não foi bem assim, acho que esgotei de tanta briga, é melhor cada um ficar para seu lado.

--A esperança é a última que morre.

--Mas sabe que desde de criança eu sou assim?

--Seu café. Desculpe pela demora.—A garçonete colocou a xícara bem perto de mim e eu até senti o calor do café.

--Assim como?—Ele retoma a conversa depois que ela se afasta.

--Quando eu era criança sempre esperava que minha vida fosse mudar depois do meu aniversário, para melhor claro, eu acreditava que a Maggie ia tomar seus remédios, meu pai iria voltar, nossa família iria ganhar um novo membro e seríamos feliz, mas acabava que o meu aniversário passava e nada mudava.

--Talvez esse ano mude.

--John, já desisti.—será que eu tinha que chamá-lo de John?Será?

--Você não pode, você sabe o que vai acontecer amanhã quando você acordar?

--Sei!Eu vou estar mais uma vez atrasada e vou ouvir sermão da Weaver mais uma vez, só para não fugir ao costume.

--É sério Abby. Sua vida pode sim mudar da Noite para o Dia.—Minha dor de cabeça piorou, e eu não ouvia mais nada do que ele falava, tentava ler seus lábios, mas realmente não conseguia.

Que sono, será que estou atrasada? Pera aí, que barulho é esse? Onde que eu estou, essa não é minha cama.

--Oi.

--Carter? O que eu estou fazendo aqui?

--Você não lembra?De ontem à noite?—com essa pergunta comecei a me desesperar, será que eu fiz alguma besteira?

--Não.

--Deve ter sido o remédio.

--Que remédio?

--Você tava morrendo de cor de cabeça ontem quando a gente tava no Magoo, não sabia onde era sua casa, você não podia ir sozinha e você não queria me dizer onde era, então eu passei na farmácia e comprei o remédio. Mas você sabe que esse tipo dá um pouco de sono.

Daí eu te trouxe para cá. Você não lembra nem do resto da nossa noite?

--Nossa noite? Que noite?—Era o que eu temia. O que eu fiz?

--Foi maravilhosa Abby, queria tanto que você se lembrasse, eu disse que sua vida poderia mudar da noite para o dia.

--Do que você ta falando Carter? Eu não lembro de nada disso.—acho que minha cara era mais de desespero do que de outra coisa porque ele começou a rir de mim.

--Tô de sacanagem Abby. Não aconteceu nada, não.

--Então...Como eu vim parar no seu apartamento?

--O começo da história é verdade eu te trouxe para cá, e sim você tomou o remédio, mas logo depois desmaiou de sono. Relaxa, não aconteceu nada entre a gente, eu dormi no sofá.

--Hã.—Ainda tava meio assustada, juro que queria matar ele.—Que brincadeira, hein?

--Foi mal. Não podia deixar essa escapar, precisava ver sua cara.—só eu mesmo para cair numa dessa.

--Pára de rir Carter, por favor.—Eu implorei por isso, morrendo de vergonha.

--Tudo bem, mas você acha que eu realmente seria capaz de me aproveitar de uma mulher com dor de cabeça?—ele falou brincando comigo, na verdade enchendo o saco.

--Acho —também revidei.

--Abby, sou mais cavalheiro do que você pensa. Eu até deixei você dormir na minha cama.

--Agora é sério Carter, obrigada.

--Ei, nós estamos atrasados, não?

--Pior que sim.

Passei em casa, troquei de roupa e seguimos para o hospital.

Quando chegamos lá quem é a primeira pessoa que eu dou de cara? Luka Kovac. Ninguém merece.

--A noite foi boa, hein Carter?—O Frank tinha que piorar tudo com piadas sem graça, passei de morta de vergonha para cabeça dentro do buraco.—Pensei que ela fosse do Kovac é rodízio, agora?

--Frank pare de se meter na vida dos outros e vá trabalhar!—Nunca pensei que ia falar isso, mas dessa vez a Kerry me salvou.—Abby você está atrasada mais uma vez.

--Eu sei, desculpe.

--Não peça desculpas, só seja pontual.—isso já é um hino do County, ela fala isso para todo mundo que chega.

Carter parou logo para ver uma paciente que acho que ele conhecia. Eu segui para o Lounge, onde encontrei Susan.

--Abby me conta tudo!—O que eu menos queria era tentar explicar algo que não aconteceu.

--Não tem nada para contar, eu passei mal e dormi na casa dele e para deixar bem claro, ele dormiu no SOFÁ.

--Ah...—ela fez uma cara meio de decepção, ela dizia que não, mas sempre tentou juntar eu e o Carter, mas nunca deu certo.

--O que você queria? Eu ainda nem resolvi as coisas com o Luka.

--É, eu sei, ele me contou o que aconteceu, você nem me chamou para conversar, preferiu e com o Carter, né?

--Susy, é sério, pára. Não foi preciso.

--Tá bom, parei. Mas você devia ir fala com o Luka.

--Eu vou. No fim do meu plantão.

Meu plantão foi super agitado, foi tiro, facada, criança vítima de espancamento, e por aí vai. Quando eu vi era 18:00 e eu tava livre, finalmente, o que eu mais precisava era um banho quente e cama. É meu melhor remédio, mas ainda tinha que resolver uma coisa antes de ser feliz, falar com Luka, o que me parecia ser o mais fácil.

--Luka!Luka!—depois de chamar 5 vezes ele vira de costas.

--O que foi?—começou com grosseria, então vai levar.

--Tô querendo conversar com você, pode ser ou ta difícil?

--Para Abigail Lockhart, deixa eu ver, ta difícil.

--Luka! Não começa, meu dia não foi um dos melhores e eu to sem saco para ouvir pirraça.

---E como você acha que meu dia foi? Fácil? Ver que minha namorada não esperou nem 24 horas para ir correndo atrás de outro.

--Não aconteceu nada entre mim e o Carter. Sim, eu dormi na casa dele, mas foi porque eu estava passando mal e ele passou a noite no sofá.

--Claro. É o seguinte você não me deve satisfações de nada, eu não quero ouvir os detalhes da sua vida amorosa com o Carter, ta legal, Abby?

--Mas eu quero conversar, porque não quero que a gente termine assim, com um clima chato.

--Como você queria que fosse? Eu fui traído, se toca.—Já estávamos chamando atenção de alguns pacientes, mesmo estando falando baixo.

--Sabe de uma coisa? Acredita no que você quiser, mas ninguém pode dizer que eu não tentei. Ah, engole isso aqui.—joguei a blusa na mão dele, virei de costas e fui andando, mas ainda ouvi ele sussurrar.—Você deveria ter me dito que seria assim, para mim não perder tempo.—Tive vontade de voltar lá e jogar tudo de novo na cara dele. Jogar que eu não fiz nada demais, que o único motivo do nosso rompimento foi o ciúme idiota. Tudo bem, eu não lutei para que a gente continuasse juntos, mas ele também não, e se a gente não tinha vontade de lutar é porque só estávamos juntos por acomodação. Mas eu realmente me segurei e não falei nada, fui para casa, e fui feliz.