Capítulo 5: Menina dos olhos.

--Você acha que ele ainda ta chateado?—Perguntei esperando uma resposta positiva, mas desejando uma negativa.

--Claro né Abby! Faz duas semanas do rompimento de vocês.

--Susan, nem foi um rompimento de verdade. A gente sempre foi assim depois do segundo mês de namoro, no começo do dia tava tudo bem, repleto de beijos e palavras amorosas, no meio do dia o clima já ia pesando, guardávamos coisas que sentíamos para nós mesmos, um relacionamento não deve ser assim, aí no fim do dia era o terror, eram brigas, discussões, a maioria vinda de mim, o Luka nunca falava nada do que ele sentia, e isso me dava nos nervos.

--Ah, não sei não, Abby. Vocês pareciam tão bem.—Conto tudo para ela, mas parece que ela não sabe da metade da história.

--Por fora sim. Brigas e brigas só deixam o namoro cansativo, sabe? Tinha dias que torcia para não encontrar com ele, pois sabia que íamos discutir. Não sei o que eu tinha na cabeça, já devia ter posto um ponto final nisso há muito tempo.

--É, mas uma coisa você tem que admitir, ele cuidava de você.

--Eu não preciso que ninguém cuide de mim. E, além disso, ele não cuidava, ele grudava.

--Bom, não sei, mas que ele ainda ta chateado, ele ta, nem fala com você. E é melhor deixar isso longe da Weaver, se ele ficar sabendo, vai sobrar pros dois.—O pior é que ele está completamente certa, uma hora ou outra vamos ter que trabalhar juntos novamente.

--Dr. Lweis! A sua paciente está tendo uma parada cardíaca.—Que saco. Justo agora?

--Conversamos mais tarde.—Ela saiu correndo para fora da Lounge, e finalmente fiquei mais uma vez só, numa sexta feira às 18:30, num final de plantão.

--Abby acorda!—Ouvi um sussurro no meu ouvido, era aquela voz doce. Doce? Da onde tirei isso?

--Hã? Que horas são?

--Oito horas. Pensei que seu plantão terminava às seis.

--Seis e meia, mas acho que adormeci aqui no sofá. Ai, minhas costas.

--Tá com fome?—Ele perguntou com um jeito de pena, tanto de mim quanto dele.

--Isso é um convite?—Eu adoro bagunçar com John.

--Encare como quiser. Vamos, eu te dou uma carona, mas antes a gente passa no McDonald's e come um hambúrguer.

--Não era esse tipo de encontro que eu esperava, mas, esse ta legal.—Ele fez uma cara tipo de desentendido, envergonhado e assustado.—É uma piada, John.

--Se você fosse palhaça, morreria de fome. Vamos?—Eu me levantei com sua ajuda, peguei meu casaco e seguimos para a porta.

--Só um minuto, me lembrei que tenho que guardar um livro meu que emprestei pro Gallant, ta na recepção, eu já volto, não saia daí.

--Pode deixar.—Sentei de novo no sofá, fechei meus olhos por um segundo, quando vi Carter já tinha saído e Luka estava dentro da sala. Ele preferiu não falar comigo, mas eu não ia fazer o joguinho infantil dele.

--Ainda bem que você ta aqui, eu a gente precisa conversar.—Ele nem se quer olhou para mim enquanto eu falava.

--Eu não tenho nada para conversar com você.—Meu Deus!Que cara mais grosso!

--É mais eu tenho. É sério Luka, quer você queira, quer não, nós trabalhamos no mesmo lugar e a gente tem que saber lidar com isso.

--Não por muito tempo.—Ele continuava sem olhar para mim, ele não queria olhar nos meus olhos, então fingia que estava se servindo de uma xícara de café.

--Hã!—Não por muito tempo? Do que ele tava falando?

--Não que eu te deva informações, mas acho que vou passar uns meses de novo na África e já marquei uma entrevista no Mercy para quando eu voltar.

--Mas...Soube que estão ocorrendo muitas epidemias na África, está em todas as revistas, jornais, até na TV, e você sabe como a parada das guerras internas é complicada lá.—Tudo bem, eu não amo o Luka, mas eu gosto dele como amigo, apesar dos últimos dias ele ter agido como um canalha comigo.

--Por quê você se importa, Daniela?—Ele finalmente olha nos meus olhos, e me chama de Daniela? Mulher nenhuma gosta que troquem seu nome, mesmo que o cara não seja nada para ela.

--Desculpe, intrometer, mas, Abby você não vem?—Agora que estava mais perto dele eu me viro assustada e com pressa, era ele, meu anjo da guarda.

--Já estou indo.—torno a me virar para Luka.—Eu não sou e nem quero ser sua Daniela, mas estou te pedindo, não vá!—vou até a porta encontrar com Carter, mas eu sabia que ele ainda ia falar alguma coisa. Ele tinha que falar, ele é sempre dá a última palavra.

--Me dê só um, Abby!

--O quê?

--Um motivo.