Capítulo III – Mathew

Harry olhou o garoto de cima a baixo. Ele usava roupas antigas, daquele tipo que são largas nas pernas e nos braços, mas nas pontas são apertadas. Bem, Harry não sabia bem o que, mas achava que era apenas uma coisa vermelha e preta do estilo século XV totalmente fora de moda. A boina em sua cabeça cobria, sem dúvida, todo o seu cabelo. Ele tinha os olhos azuis e as bochechas coradas. Ele sorriu ao ver Harry, que se abismou ao ver o estado das roupas do garoto.

Er... Oi!
Olá, eu sou Mathew Dungleous, o aluno de intercâmbio.

Ah, Harry Potter. Entre, seja bem vindo à casa dos Dursley. – Harry acenou com a mão para os três parados a um canto. Desta vez foi Mathew que se assustou. Os Dursley pareciam tão formais, mas o garoto no meio, Duda, tinha os botões da camisa quase estourando de tão apertadas. Valter sorria como um imenso javali incomodado com os dentes, e Petúnia, que estava com o nariz mais levantado do que nunca, apenas levantou um canto da boca.

Seja bem, vindo, garoto... – Valter se adiantou. – eu sou Valter Dursley, e quero que se sinta o melhor possível enquanto estiver na minha casa. – Ele balançava com força a mão do garoto.

E eu sou Petúnia. Qualquer coisa que quiser é só me pedir.

Dudley. Papai, posso subir agora?

Espere só um pouco, Duda... bem, como se chama, garoto? – Valter ainda sorria escondendo os olhos e levantando o queixo.

Sou Mathew Dungleous, da França.

Oh, Mathew... esperávamos por você. Duda, leve-o até o quarto de hóspedes, e garoto, você leva as malas. – Valter apontou para Harry que bocejava a um canto da sala.

Mathew começou a seguir Duda, e Harry ia atrás dele. Durante todo o percurso,Mathew olhava para Harry. Ao chegar no quarto, Harry colocou as malas a um canto. Duda olhava da porta as coisas que o novo menino fazia. Harry encarou o garoto de frente, ele estava sério agora e mexia nervosamente as mãos.

Bem... acredito que queira trocar de roupa, para se sentir mais... confortável.

Ah, quero sim... Obrigado. – ele se virou para Duda – Bom... Dudley, pode me dar licença... preciso trocar de roupa.

Claro. Anda, Harry! – Duda fez um movimento com asmãos enquato saia do quarto. Harry o seguiu, mas Mathew segurou de leve o seu braço. – Harry, por favor... me espere... eu acho que ainda não decorei o caminho.

Tudo bem. – Harry fez um movimento muito leve para se livrar das mãos do outro. Ele saiu do quarto e fechou a porta, se escorando na parede ao lado da porta.

Harry, vem! O que você tá fazendo aí? – Duda já estava em frente a escada.

Ao contrário de você, Dudão, ele ainda não conhece a casa!

Ai, ele não decorou o caminho não? – Dada andou nervosamente até Harry. – Caramba, mas que garoto lerdo!

Não, Duda! Ele não é você!

Pior pra ele!

Se você acha pior ser um porco reumático, tudo bem...

O que quer dizer com isso? – Duda cerrou o punho apontando-o para Harry.

A porta se abriu, e de lá saiu uma pessoa mais normal do que Harry deixou no quarto. Ele usava uma camisa de linho azul e uma bermuda como a de Harry preta. Seu cabelo estava visível agora, ele era curto e loiro, como Harry deduziu. Parece que ele tinha se esquecido de se pentear depois de tirar a boina. Seu cabelo era muito liso, o que o deixara com um efeito de uma pequena mecha em cima da outra. Ele lançou um olhar bravo a Duda, quase imperceptível, e sorriu novamente para Harry.

Obrigado... podemos ir?

Claro. Por aqui. – Harry andava ao lado do garoto pelo corredor. Duda ia na frente, todo orgulhoso.

Mamãe preparou um grande lanche de boas vindas para você, Mathew. Espero que goste da comida dela.

Ahhhhh... obrigado... – ele fingia entusiasmo.

Você vai adorar Little Whinging... É um dos únicos lugares da Inglaterra onde moram pessoas normais.

Harry se esforçou para não rir. Duda chegou aos pés da escada e lhe lançou um olhar fuzilante.

Sim... eu percebi. Sua família é muito normal, Dudley... – Mathew também se esforçava para não rir.

Valter se levantou quando viu os garotos aparecerem. Petúnia terminou de colocar as comidas na mesa e ficou de pé ao lado de uma cadeira.

Por favor, Mathew. Acente-se. Tome um café com a gente.

Obrigado, sr. Dursley.

Os garotos se assentaram, fazendo Harry provocar raiva em Valter, que tentou se conter durante todo o lanche. Harry e Mathew estavam um de frente para o outro. Durante todo o tempo Harry pôde sentir os olhos do garoto em cima de si, sem dar confiança. Aquilo o irritava. Por um estante Harry quase se ergueu e perguntou o que ele queria, mas Valter o interrompeu, falando ao garoto sobre seu importante e digno trabalho. Ao que todos terminaram o lanche, Valter se ergueu denovo.

Matthew, me desculpe, mas tenho que ir ao trabalho agora. Qualquer dúvida, pergunte a Petúnia. Duda, mais tarde quero que mostre o bairro a ele. E não se incomode co o meu sobrinho, ele é muito irritante e revoltado, mas é só ignorá-lo.

Não... eu gostei do Harry. – disse Mathew, o que fez Duda, Petúnia, Valter e até o próprio Harry se boquiabrirem.

Você gostou do Harry? – Duda se escorou para a frente, quase fazendo a camisa estourar.

Sim. Achei ele legal. Eu gosto das roupas dele.

Todos o olharam abismados. Valter tentou tirar sua atenção do garoto para sair.

Bem, eu tenho que ir. Tchau para todos, e Duda, quando voltar trarei para você algumas roupas novas.

Eu também tenho que sair. Vou na casa dos Nellay visitar Nora. Dudinha querido, não deixe o Harry fazer nada feio na frente do Mathew.

Tá, ma-mãe... – ele disse cansado.

A mulher passou acenando para Mathew e apertou as bochechas de Duda, saindo logo em seguida. Harry foi para a sala, e se assentou em uma poltrona ao lado da lareira. Finalmente sozinho. Poderia pensar agora, se bem que ele não queria muito pensar, pois iria pensar em seu sonho, e na carta que enviara a Dumbledore e se lembraria que não enviara uma carta a Draco. Mas também, estava cansado de gete o seguindo o tempo todo. Não que Mathew fosse chato, mas ele era muito estranho. Não gostava que o encarassem.

Pensando em mim, Harry? – Harry assustou ao se dar conta da presença de Mathew, sentado no sofá ao lado da poltrona.

Ele não pensa, Mathew! – outro susto ao ver Duda na porta.

Eu já disse que não sou você! E você não tem mais nada pra fazer, não?

Na verdade não. – ele se assenteou ao lado de Mathew.

Você nunca tem nada para fazer! Só fica cheirando com os seus amigos. É por isso que você é um imprestável, Duda!

Duda se levantou num pulo apontando o pulso para Harry. Mathew se levantou e falou bem alto.

Será que não tem nenhum piano por aqui?

Duda parou bruscamente, Harry já estava quase dando um soco na barriga dele. Mathew se assentou novamente, sendo acompanhado por Duda.

Não. Ninguém aqui toca piano! – disse Duda.

Eu nunca vi nenhuma casa sem nenhum piano!

Bem... eu gosto de piano – Duda coçou a nuca sem graça.

Você, Dudão? Ah, desde quando? – Harry riu.

Se você não sabe, eu sou muito culto, Harry!

Você? Culto? Dudão... eu não nasci ontem!

E você? É tão idiota que não tem papo para fazer amigos! E você ainda é virgem!

Ah... este é um papo interessante... – Mathew riu.

Como você sabe, Dudão? Pelo que eu me lembre você só me vê nas férias. E nem é em todas as férias!

Ah, desde criança você nunca teve uma namorada! Duvido que você já beijou alguém!

Dudoquinha, só porque eu nunca namorei nenhuma dessas piranhas que "dão" pra todo mundo e que são feias como a tia Guida não quer dizer que eu nunca beijei ninguém!

Deixa até a tia Guida saber o que você acha dela. E as garotas de Little Whinging são tão femininas como você, Harry!

Desta vez foi Harry que se levantou com o pulso cerrado para Duda. Mathew se levantou e segurou os braços de Harry levemente, fazendo-o se assentar. Ele olhou diretamente em seus olhos.

Não vale a pena. – disse baixinho.

Depois, ele se virou para Duda, olhando-o nervosamente.

Você está ofendendo ele, Dudley! O Harry é mais homem que todos os homens dessa cidadezinha idiota intera! E você é só uma criança. – Harry olhou-o estranhando. Como ele sabia?

O Harry? Mais homem que eu? Não! O Harry é gay!

Harry começou a rir.

Se gay para você é não namorar meninas que vendem o corpo por dinheiro, ou sejam, prostitutas, sim, eu sou muito gay, obrigado!

Está vendo, Mathew? Ele confessa que é! Se eu fosse você não ficava muito perto dele não, pode ser contagioso!

Bem, Dudoquinha... se tem alguém que não desgruda aqui, é você. E eu não estou bem! Vou para o meu quarto.

É, a viagem foi muito cansante... eu estou com sono. Vou para o meu também. – disse Mathew, seguindo Harry.

Harry e Mathew subiram as escadas calados. Duda os seguia de perto. O quarto de Mathew era em frente ao de Harry, que foi mais uma vez segurado pelo braço daquela forma tão leve e macia. Estava começando a gostar disso. Se isso continuasse teria que ir embora de Little Whinging bem depressa. Olhou para o garoto, que estava sério denovo.

O que você tem, Harry?

Nada preocupante. Só... dor de cabeça.

Eu estou preocupado. O que quer que eu faça?

Harry riu.

Você não pode fazer nada. É como os Dursley dizem, "coisas do meu mundo".

Harry se livrou dos braços de Mathew e entrou em seu quarto. A cicatriz doía mais uma vez. Foi direto até sua cama. Estava sentindo. Hoje teria mais um ataque.

Draco estava em seu quarto, sentado na cama abraçando as pernas. Estava sentindo algo de ruim acontecer com ele. Algum laço muito forte havia se ligado entre os dois. Agora, era como se Harry e ele fossem um. Já tinham isso há um tempo. Draco sentira isso quando Harry estava à procura do manimomidioglota. Harry, mais uma vez, precisava dele. Draco precisava de Harry. Precisava fazê-lo sentir-se bem. Pensou em invadir seu quarto, mandar os idiotas dos tios dele para um lugar onde a água não molhava e a vida era morta. Segurar Harry em seus braços e apertar tão forte que ninguém possa soltá-los. Ele queria fazer com que Harry se sentisse protegido. E mostrar a ele que não existia mais nada, além dos dois.