Harry acordou gritando. Estava molhado e cansado. As lembranças ainda envolviam seus pensamentos. Voldemort atacara mais uma vez. Harry viu a si mesmo matando mulheres grávidas, velhos e crianças por todos os lados. E para piorar, ria de tudo como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Ligou o chuveiro. É, este sonho o deixara com nojo. Precisava fazer alguma coisa rapidamente. Enquanto a água caia em sua cabeça, pensava em como deter este assassino. Teria que mandar outra carta a Dumbledore. E teria de ser rápido. Terminou rapidamente o banho, vestindo-se e indo logo para a escrivaninha em seu quarto. Pegou o papel que tinha pegado no escritório de Valter e uma caneta.
"Professor Dumbledore.
Surgiram mais problemas. Voldemort atacou mais uma vez. Desta vez foi uma vila trouxa. Ninguém está a salvo. Ele está com muita raiva. Isso não acontecerá em algum tempo. Aquilo foi só para se "divertir". Avise a ordem, e me leve para lá o mais cedo possível. Estou muito preocupado. Por favor, me avise sobre qualquer coisa que souber.
Harry."
Dobrou o papel e colocou no bico de Edwiges, que já estava pulando, fazendo o seu aquecimento. Pulava de uma patinha para a outra, piando a cada pulinho e levantando e abaixando as asinhas. Harry ficou algum tempo aquela coruja a sua frente pulando como uma atleta e riu. Abriu a gaveta, levantou alguns papéis e o fundo falso. Pegou um biscoito e deu a Edwiges. A coruja foi bicando todo o biscoito. Depois voou até o ombro de Harry e bicou sua orelha, brincando. Guardou no bico o pedaço de papel e voou pela janela aberta. Harry se levantou e saiu do quarto. Os roncos dos Dursley pareciam rugidos de tão altos. Duvidava que Mathew pudesse ter pelo menos piscado os olhos durante a noite. Desceu as escadas. O sol começava a sair nesta hora do dia. Se quisesse comer alguma coisa antes de trabalhar teria meia hora antes dos Dursley acordarem. Entrou na cozinha impecavelmente limpa e olhou na geladeira. Pegou leite e no armário ele pegou torrada e mel. Serviu-se com a torrada e o leite e voltou a guardá-los. Enquanto passava mel na torrada se lembrava de outra coisa: mais um dia sem falar com Draco. A saudade era tanta que Harry já pensava em ir ao Beco Diagonal comprar mais uma coruja. Agora Draco ficaria muito triste mesmo. E Harry podia até sentir essa tristeza.
"Harry?"
"Ma-Mathew?" – Harry engasgou-se – "Você me assustou."
"Harry!"
– Harry e Mathew se viraram para trás – "Papai não
vai gostar de saber que você está comendo
escondido!"
"Então não conte a ele!" –
Harry continuou a comer, desta vez com mais pressa.
"Eu vou contar sim!"
"Você disse que ele não ia gostar. E porque você está acordado agora? Você deveria acordar em no mínimo quatro horas."
"Isso não te interessa!"
"Harry, você está bem?" – Mathew se assentou ao lado de Harry.
"Sim, estou bem. Porque?"
"Você dormiu ontem o dia inteiro. Fiquei um pouco preocupado."
"Eu estou bem. É sério, e você não pode me ajudar."
"E nem queira!" – Duda se intrometeu, pegando a caixa de leite e bebendo da forma mais barulhenta, babada e sem educação existente.
Duda foi até a estante e pegou uma revista escondida atrás de vários livros, depois se assentou de frente para Harry e Mathew, sem que nenhum dos dois pudesse ver nada além da capa indecente da revista. Harry terminou as torradas e ficou bebendo o leite por algum tempo. Mathew estava sentado do seu lado direito e Harry segurava o copo com a mão esquerda, deixando a mão direita descansar sobre a mesa. De repente, sentiu o calor da mão de Mathew segurar sua mão. Harry olhou de esguelha para a mão do garoto, e puxou o braço de repente, se levantando e batendo na mesa.
"Mathew, o que pensa que está fazendo?"
"Harry..."
Harry pegou o prato e o copo de leite, indo nervosamente para a pia, com Mathew atrás de si.
"Harry... deixa eu te falar!"
"Eu não quero falar com você! Vê se fica longe de mim!"
"Mas Harry... você..."
"Eu estou avisando, Mathew. Fique longe de mim!"
"Harry!" – e denovo, Mathew segurou o braço de Harry, que o encarou.
"Escute aqui, eu vou falar só uma vez. Fique longe de mim. Pergunte ao Duda o que aconteceu quando ele me irritou demais. Se eu fosse você eu teria medo de mim, e além de tudo eu sou COMPROMISSADO! E você não faz o meu tipo."
Harry fez um movimento brusco e se livrou do braço de Mathew, indo guardar as coisas que lavou e voltando a se assentar na mesa. Duda acompanhava toda a cena sem entender nada, mas tendo um grande sorriso abobalhado nos lábios. Quando Mathew se assentou ao lado de Harry também tinha um grande sorriso, o que fez Harry se irritar ainda mais. Quando Valter e Petúnia entraram na cozinha, mandando um olhar nervoso Harry por ele estar sentado ali e não arrumando o café, Duda escondeu a revista dentro da camisa.
"Tenho que tomar meu café logo!" - Duda esperneou. – "Vou mostrar a cidade para Mathew!"
"Oh, Dudoquinha... mamãe já vai preparar suas panquecas especiais, está bem?"
"Como está o Dudoquinha do papai? Sonhou com os anjinhos, filho?"
"Sim, papai..." – Duda olhou Mathew irritado. Ele e Harry abafavam o riso.
"E você, filho? Sente-se bem na casa dos Dursley?" – Valter se assentou na ponta da mesa, olhando para Mathew.
"Sim, senhor Dursley. Os senhores são muito gentis e elegantes. Estou adorando a estadia." – ele forçou um sorriso.
"Ah, é deste tipo de classe de pessoas que gostamos. Que são educadas e que tem sempre certeza do que dizem." – Harry abafou um riso maior ainda. Valter o olhou de esguelha. – "Pena que nem todos são assim."
Petúnia serviu a todos, menos a Harry. Depois que todos comeram e Valter já estava saindo, Petúnia chegou perto de Harry a um canto.
"Já pode comer. Sobraram alguns farelos de torrada."
"Não estou com fome, obrigado!"
"É melhor comer, Harry! Não quero encrencas com aquela gente!"
"Porque se preocupa?"
"Não me preocupo nem um pouco. Você é importante para eles. Se algo te acontecer vão usar... aquilo... contra nós."
"Já disse que não tenho fome, obrigado!"
Duda chegou perto de Petúnia, que parou de conversar com Harry na hora.
"Vou mostrar o bairro a Mathew!"
"Oh, Dudinha... tudo bem. Mas cuidado, lindinho. Tem muitos vândalos por aí."
"Harry, vem com a gente." – Mathew insistiu.
"Não tô a fim. Obrigado."
"Ele está te chamando! Vai, ou quer que ele pense o quê dos Dursley?" – Petúnia pegou Harry pela orelha, levando-o até Mathew.
"Ai, me solta! Não sou um Dursley! Não me importa o que ele pensa!"
"Mas vai importar se quebrarmos aquela... coisa anormal! Anda, vai embora!"
Harry esfregava a orelha encarando duramente a tia, mas preferiu ir até a porta e esperar Duda e Mathew no jardim. Duda veio rindo feito um palerma e Mathew veio um tanto sério. Parecia envergonhado.
"Que isso, hein, Harry? Apanhando de uma mulher?"
"Pelo que eu saiba você não me bateu, Duda!"
Duda ficou sério no mesmo instante. Cerrou os punhos e foi em direção a Harry, levantando as mangas da camisa.
"O que quer dizer?"
"Ah, você não tem nem uma idéia?"
"Ei!" – Mathew passou no meio dos dois empurrando um para cada lado. – "Eu ainda quero conhecer o bairro."
Duda e Harry resolveram seguir Mathew, encarando um ao outro fuzilantemente. Mathew estava no meio, ouvindo atentamente, ou muito bem disfarçado, as palavras de Duda. Agora eles desciam uma ladeira perto da casa de Duda.
"Aqui só tem casas? Não tem um shopping, ou cinema?" – Mathew perguntou.
"Tem, mas é muito longe. Não dá para ir a pé."
"Não dá pra você, lontra preguiçosa!" – Harry intrometeu-se.
"Você nem sabe onde é o shopping! Nunca foi lá."
"Ô, besta ambulante! Onde você acha que eu comprei minhas roupas? Tanto fui quanto estou indo agora!"
"E o que você vai fazer lá?"
"Desde quando eu devo satisfações a um elefante como você?"
"Ah... eu não agüento mais!"
Duda empurrou Mathew, que caiu sentado, e foi para cima de Harry. Os dois caíram e saíram se socando e rolando pela ladeira. Mathew gritava lá de cima, descendo o mais rápido que podia. Os óculos de Harry se quebraram e saíram. Ao fim da lareira, os dois pararam de rolar no meio fio. Mathew viu que Harry não se mexia e Duda se levantara e chutava seu estômago. Correndo ainda, chegou já empurrando Duda contra a parede. As pessoas faziam um círculo para ver o que acontecia.
"Seu idiota! O que você fez?" – Mathew o empurrava contra a parede de uma casa, fazendo-o bater a cabeça toda hora.
"O quê? Desde quando você defende o Harry?"
"Eu perguntei o que você fez!" – Mathew empurrou Duda mais forte e chutou-o bem em suas partes, fazendo o garoto gritar e se contorcer. Muitos amigos de Duda riam, algumas pessoas mais idosas murmuravam, mas ninguém os separava.
"Eu... não fiz nada!" – ele puxava o ar o máximo que podia. – "Ele... começou!"
Mathew deu um soco na barriga de Duda, e depois começou a socá-lo em todas as partes que podia. Se antes a boca de Duda sangrava, agora era a boca, o nariz e até a sobrancelha. Quando Mathew resolveu parar de bater no menino ele correu até Harry. Harry estava desmaiado porque tinha batido a cabeça no meio fio e sangrava muito. Mathew tirou a jaqueta que usava e rasgou sua manga, amarrando-a na cabeça de Harry, depois o pegou no colo e começou a correr pela ladeira de volta para a casa dos Dursley. Em poucos minutos já estava lá, ofegante. Petúnia viu o garoto correr com Harry direto para o quarto dele e o seguiu. Viu Mathew colocar o garoto na cama ao chegar.
"O que está acontecendo aqui?" – perguntou, se aproximando e vendo o estado de Harry.
"Dudley bateu nele. Eles rolaram na lareira e Harry bateu a cabeça no meio fio."
Petúnia abriu a boca, gaguejando e depois soltou uma gargalhada.
"Duda? O meu Dudinha?" – ela riu mais ainda – Dudinha não é um vândalo! Aposto que este garoto se matou sozinho para incriminar o Duda.
"Não! Eu vi ele partir para cima do Harry! Ele fez de propósito"
"Vamos esquecer tudo isso, está bem?"
"Ele está sangrando. Mais uma cicatriz. Acho que ele não vai esquecer isso. Ele pode se vingar."
Um arrepio veio até tia Petúnia. Ela arregalou os olhos e olhou de um lado para o outro, encolhendo-se.
"Tudo bem... eu vou conversar com o Dudoquinha. Vai pra lá. Eu cuido dele."
Mathew ficou na porta do quarto, olhando Petúnia desenrolar a jaqueta da cabeça de Harry e passá-la secando o sangue. Depois ela saiu do quarto, indo até o próprio quarto e pegando uma maleta de primeiros socorros.
Uma luz vinha da janela e iluminava o chão do quarto de Harry. Ele acordou com a cabeça doendo muito. Levou a mão a testa. Tinha um pedaço de gaze onde doía. Assentou-se e acendeu o abajur. Tinha um pedaço de papel na escrivaninha. Harry pegou e leu:
"Você sabe onde tem tudo. Tem que comer para não piorar. Pode pegar um pedaço de carne no forno. Petúnia."
Petúnia estaria doente? Se importando com Harry? Um pio anunciou Edwiges, que estava no canto do quarto, onde geralmente dormia. Ela voou até a escrivaninha, olhou bem para Harry e soltou um pio fraco e curto.
"Sim, Edwiges. Mas vai parar de doer. Você está bem?" – a coruja soltou mais um pio. – "Pode levar uma carta ao Draco agora?" – a coruja começou a saltitar, fazendo seu aquecimento. – "Ótimo!" – disse pegando biscoitos na gaveta. – "Coma isso enquanto eu escrevo a carta."
Harry colocou alguns biscoitos na mesa e Edwiges começou a bicá-los. Harry pegou papel e começou a escrever:
"Docinho de mel.
Eu sei que você deve estar triste e zangado por eu não ter escrito há dois dias, mas aconteceram alguns imprevistos. Voldemort aprontou denovo. Isso não é coisa para se dizer em uma carta, mas eu queria que você soubesse. Estou com tanta saudade que eu vejo você em todos os lugares. Vou terminando aqui. Estou com dor de cabeça por causa do marshmallow gigante. E pra piorar ele ganhou um aliado para me irritar agora. Te amo muito e mal posso esperar pra te ver. Do seu 'lindo', Harry.
Edwiges já estava pulando novamente quando Harry lhe entregou a carta. Ela saiu voando toda contente pela janela. Harry se levantou e foi até o armário. Pegou o pijama que tinha comprado, porque ainda estava com a roupa que tinha saído. Tirou a camisa e pegou a toalha, já estando na porta quando ouviu um pio.
"Edwiges?" – ele olhou para trás. A coruja trazia um biscoito no bico. – "Edwiges! O que fez com a carta?" – a coruja soltou mais um pio. – "Edwiges? Você trocou a cara por um biscoito? Você é muito gulosa! Quem fez você fazer isso?" – a coruja piava indignada. – "Por sua culpa eu terei que escrever denovo, coruja comilona! A sua sorte é que eu não escrevi nada de mais!"
"Raio de sol.
Me desculpe por não ter escrito para você. Você deve imaginar e saber que é tudo culpa de Voldemort. Estou com dor de cabeça por causa do bolacha gigante e de Edwiges, que me fez escrever duas vezes. Estou morrendo de saudade e meu coração está derretendo. Por favor, eu quero você logo. Um beijo daquele que te ama muito, Harry."
Harry entregou a carta a Edwiges, que piava com muita raiva.
"E vai ficar sem biscoito! Já comeu três, sua gulosa! Estou muito triste com você, Edwiges!"
Edwiges saiu voando novamente. Harry pegou o pijama e a toalha e foi para o banheiro. Ligou o chuveiro deixando a água cair em seu corpo. Estava um pouco dolorido e febril. Sentia fome também. Tomou um banho rápido porque não estava se agüentando muito tempo de pé. Já estava terminando de se vestir, faltava apenas a camisa quando sentiu dois braços o envolverem em um abraço.
"Enfim, sós."
Harry reconheceu a voz de Mathew e o pânico subiu em seu corpo. Concentrou-se e colocou toda sua força em uma cotovelada, que o acertou em ceio. Mathew caiu segurando a barriga e gemendo. Harry se ajoelhou e o segurou pela gola da camisa, preparando-lhe um soco.
"Nunca mais toque em... Draco?"
"Eu também estava com saudade... Harry" – disse sem fôlego.
ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ
N/A: oi gente... como vão? Eu estou bem. Desculpem por não ter respondido os reviews do 2º capítulo. Curiosos? Satisfeitos? Ótimo, então quero reviews, e no mínimo cinco, ou eu não publico o próximo capítulo, ok? Sim, é uma chantagem, mas o que eu posso fazer, vocês amam minhas fics! Então vcs sabem o que fazer, né? Beijos.
Aline Potter: Aposto que adorou este capítulo... eu te conheço, garota! Entra no fim de semana, ok? Beijos.
aNiTa JOyCe BeLiCeOh... eu também adoro o Harry... E continue a mendar reviews. Você deve ter adorado esse capítulo, mas eu quero reviews para confirmarem minha hipótese, ok? Beijos.
Lua Malfoy: Oi, sumida! Eu vou derreter denovo, peraí... quer dizer que esta é a melhor H/D? Oh... obrigada! Você é muito gentil... Beijos, e brigadão.
