Capítulo X – Beco Diagonal (parte dois)

Durante todo o resto do dia Draco ficou quieto em um canto. Ou sozinho no quarto, ou olhando o crepitar do fogo na lareira, ou mesmo lendo os livros de Hermione. Harry se sentiu tão sozinho quanto ele todo o resto do dia, preferindo deixar o garoto pensar, até a hora do jantar, onde todos se encontravam destraídos na sala de jantar. Procurou e todos os cantos da casa e encontrou Draco no último lugar que pensaria procurar: o quarto de Bicuço. O garoto estava sentado escorado na parede, jogando ratos mortos para o hipogrifo a intervalos regulares. Andou até o garoto e se abaixou a sua frente. Draco evitava seus olhos.

"Ei... o que foi, Quinho?

"Nada. Estou só... me divertindo."

"Se divertindo? Com o animal que quase 'arrancou' seu braço?"

"Ele é inofensivo. Eu exagerei."

"Todos sabemos disso, mas eu me recuso a acreditar que você prefira ele do que eu."

"Só se eu fosse louco."

Harry segurou carinhosamente o queixo de Draco.

"Por favor, Quinho. Você não comeu nada o dia inteiro."

"Não estou com fome."

"Mas eu estou com fome da sua presença. Você acha que eu me diverti o dia inteiro? Acha que ficar olhando Rony e Hermione se beijarem a cada segundo foi agradável sem você?"

Draco desviou o olhar de Harry.

"Você está me castigando, Draco? Mas me diga, o que eu fiz a você?"

"Harry, me desculpe eu..."

"Você vai se levantar e lavar estas mão para jantar. Vai se assentar a meu lado, sem ligar para o que ninguém vai pensar. E se for pensar em se isolar denovo, por favor, me leve com você."

Draco olhou para Harry, sorrindo. Levantou-se e foi ao banheiro do andar anterior.

"Assim está melhor." – Harry observava Draco lavar as mãos. – "Vai precisar de um banho mais tarde. Você está cheirando aos alimentos de Bicuço."

Draco secou as mãos e andou até Harry, segurando sua cintura.

"Só você para me fazer feliz."

"Ah... que bom que você reconhece." - Harry abraçou Draco, deslizando a mão até seus cabelos, que ele apertou entre seus dedos. Draco abraçou Harry pela cintura, beijando-o meigamente em seguida. Draco sentiu sua tristeza ir embora e toda a coragem que pudesse ter explodindo para fora. Harry separou os lábios, dando breves beijos consecutivos em Draco.

"Eu..." – beijou – "comprei..." – beijou – "um..." – beijou – "presente..." - ... – "para..." - ... – "você."

"Presente, é?"

"É." – Harry tateou o bolso. – "Eu achei muito parecido com você."

"Então com certeza é lindo!"

Harry estendeu a mão com o cordão a Draco. Draco olhou o cordão, paralisado. Pegou devagar o pingente, olhando a espada cortando os dois círculos. Percebeu que o punho da espada tinham cravados pedaços de jade.

"Uau! Harry... é lindo! É fascinante! É maravilhoso! É muito parecido comigo!"

"Modesto..." - Harry riu, pegando o cordão e colocando-o no pescoço de Draco.

Harry sorriu, olhando os olhos cinzas.

"Lembre-se de não se entristecer. Eu estou do seu lado, faça o que fizer, diga o que disser, está bem?"

"Ah... o que é você sem mim... digo, o que sou eu sem você?"

"Um Malfoy metido e idiota."

"Isso eu sou com ou sem você." – Harry sorriu e beijou o loiro, puxando, com o beijo, o garoto até o corredor.

Desceram as escadas e entraram na sala de jantar, agora vazia. Harry destampou as panelas da mesa e começou a se servir, Draco fazendo o mesmo.

"Ótimo!" – Draco se assentou de frente a Harry. – "Um jantar a dois."

"Faltaram as velas." – Contestou Harry.

Draco empunhou a varinha e num aceno as luzes se apagaram e velas apareceram suspensas sobre suas cabeças.

"Mais alguma coisa?" – Draco colocou o rosto entre as mãos, encarando Harry.

"Bem... sim." – Harry pulou em cima da mesa, puxando Draco pela nuca e beijando seu pescoço.

"Quinho... QUINHO! Acorde!"

Draco sentia-se levemente balançado. Estaria num navio? Aquilo parecia o movimento do mar. A voz de Harry se aproximava. Ele ouvia chamar seu nome cada vez mais nitidamente. Não queria ser incomodado, não agora. Tentou falar alguma coisa. O que saiu foi um gemido que parecia implorar por clemência. O balanço parou. Draco ouviu uma risada e, logo, um calor em seus lábios. Os sentidos voltaram e ele abraçou Harry, beijando suavemente o garoto. Harry tentou se livrar dos braços de Draco, com esforço.

"Ei... espere aí. Então é só assim que você acorda?" – Harry escorou os braços do lado de Draco, apoiando o queixo nas mãos.

"Você é a primeira pessoa que me fez acordar a vida toda. Isso seria um sonho?"

"Bem... se sim, será bom que ninguém irá conseguir te acordar."

"É... então me fale logo antes que eu acorde por mim mesmo. Qual é a emergência?"

"Temos que sair daqui. Vamos logo, antes que os outros acordem."

"Ir pra onde? Eu tô cansado. Que horas são? Temos mesmo que ir?"

"Calma... deixe-me respirar. Vamos para um lugar onde ninguém vai nos incomodar. São cinco e meia e sim, temos que ir. E agora. Anda, vista isso por cima do pijama e vamos logo." – Harry se levantou de um pulo e jogou um roupão de seda que estava ao pé da cama no rosto de Draco.

"Tá... calma aí." – Draco se levantou e vestiu o roupão. Harry o pegou pela mão e começou a puxar o loiro pelo corredor. – "Onde estamos indo?"

"Você vai ver." – Harry chegou à lareira e puxou Draco para dentro dela, pegando um pouco de pó de flú num pote e jogando na lareira. – CALDEIRÃO FURADO!" – ele sussurrou.

Logo, estavam em um cômodo quase escuro, iluminado apenas pela luz fraca que vinha de um abajur atrás do balcão. Harry se aproximou do balcão, sendo seguido por Draco. Havia um homem abaixado, procurando alguma coisa em um armário baixo. Harry olhou para trás, verificando se Draco estava com ele. O garoto lançou-lhe um olhar duvidoso. Harry voltou a olhar o homem.

"Er... Jim?"

O corcunda olhou para eles. A boca totalmente suja de algum tipo de chocolate. As mãos também estavam totalmente lambrecadas. Draco soltou um grito, enojado.

"Oh... senhor Potter! Aceita doce de ovos de pavão?" – o homem estendeu a mão a Harry, que se afastou.

"Agora não... obrigado..."

"O Tom não me deixa comer durante o trabalho, por isso eu como escondido. Está querendo a chave, não é?"

"Bem... é. Mas deixa que eu pego. Pode voltar a... comer."

"Oh... obrigado, senhor Potter."

Harry deu a volta no balcão e pegou uma chave sobre a mesa, quase correndo de volta a seu lugar. Olhou para o número inscrito no chaveiro. Olhou para Draco e pegou sua mão. O garoto quase empurrava Harry escada acima.

"Obrigado! Eu achei que não sobreviveria pra contar a história."

"Jim é assustador, mas é um bom homem."
"Ele saiu de onde? Da casa dos Addams?"

"Não sei." – Harry parou de frente a uma porta, destrancando-a rapidamente. – "Estou com muito sono pra pensar. Entre." – Harry sorriu para Harry e o segurou pela mão, puxando devagar. Draco olhava para todos os lados do quarto. Harry trancou a porta. Estavam num quarto bem iluminado e arrumado. Tinha uma enorme cama, um guarda roupa, uma poltrona e uma porta, onde só poderia estar o banheiro. Harry abraçou Draco por trás, apoiando a cabeça no ombro do garoto.

"Podemos voltar a dormir agora."

"Porque saímos de lá no meio da noite?"

"Draco, você conhece a senhora Weasley. Não nos deixaria sair nem por um segundo."

"É. Está certo." - Draco olhou para o rosto de Harry escorado em seu ombro. O garoto estava de olhos fechados, quase dormindo. Draco se virou para trás, segurando o garoto.

"Eu não dormi ainda."

"Mas está quase. Venha, deite-se aqui." – Draco puxou Harry até a cama, sentando o garoto em seu colo. Harry deitou-se nos braços de Draco, agarrando-se ao pescoço do garoto.

"Eu tenho que lhe contar uma coisa, mas você pode esperar até eu acordar, não pode?"

"Claro. Descanse um pouco. Vou tentar dormir também."

"Sinto tristeza em sua voz..."

"Que nada! É só cansaço... durma." - Draco se deitou junto a Harry, puxando o garoto contra seu peito.

Draco viu o sol nascer e grande parte da manhã passar. A preocupação não deixava que ele pregasse os olhos, então ele passou todo este tempo acariciando os cabelos de Harry, olhando-o dormir como uma criança, transparecendo tranqüilidade. Draco ficou olhando o garoto, até que ele acordasse novamente. Harry abriu os olhos, sorrindo ao ver Draco olhando para ele.

"Você já acordou?"

"Eu não dormi."

"O que? Você estava morrendo de sono!"

"Não, eu estava te protegendo."

Harry sorriu e levou as mãos ao rosto de Draco, puxando-o para um breve beijo. Depois, se levantou e foi até o banheiro.

"Vamos ficar trancados aqui durante todo o dia?"

"Não..." – Harry entrou pelo quarto com a escova de dentes na mão. – "Vamos comprar seus materiais."

"De pijama?"

"Eu trouxe roupas." – Harry voltou para o banheiro, enxaguando a boca.

"Quando? Eu não vi você trazer nada."

"Eu tive que vir aqui antes fazer a reserva, então eu trouxe."

"Você reservou isso no meio da noite?"

"Bem..." – Harry entrou pelo quarto, pegou uma sacola que estava em cima da poltrona e tirou roupas de lá, jogando algumas para Draco. – "Se eu quisesse que viéssemos em segredo eu teria de vir durante a noite, não é?"

"É, esta certo." – Draco se levantou e começou a trocar de roupa. – "Bem pensado."

Harry terminou de vestir suas roupas e foi até Draco, ainda sem camisa. Harry abraçou o loiro, fechando os olhos.

"Porque você está triste?"

"Eu? Não estou triste. Não tenho porque ficar triste. Sou lindo, fofo, gostoso e popular. Me diz, o que poderia me entristecer?"

"Eu estou sentindo você triste. Eu fiz alguma coisa?"

"Além de me acordar? Não."

"Então é isso?" – Harry olhou os olhos de Draco.

"Claro que não!" – Draco riu, passando a mão pelos cabelos do moreno. – "Não é nada."

"Não vai me contar, não é?"

"Não tenho nada pra contar."

"A consciência é sua. Estarei aqui quando ela pesar."

"Harry, não fica assim. Eu não tenho nada. Vamos embora, aqui está muito quente."

Na verdade, não tinha nada quente ali. Harry se afastou e Draco vestiu a camisa. O loiro andou até a porta de saída e viu que Harry nem se mexera.

"Harry, o que foi?"

"Tem certeza que vai me deixar assim, sem contar?"

"Contar o que?"

"Eu vou usar legilimência em você!"

"Eu sou um ótimo oclumente. Não vai conseguir nada!"

"É?" – Harry forçou os olhos, Draco o encarou, curioso. Logo, o garoto voltou ao normal e andou até Draco.

"Pode me dizer com o que aquele brasão idiota te preocupa?"

"Não valeu! Eu não estava preparado!"

"Fale, Draco!"

"Harry, esqueça isso! Será melhor não cutucar a ferida aberta."

"Quer que eu faça denovo?"

"Não! É... bem, eu não... não quero falar aqui."

"Está bem."

Harry passou por Draco, andando na frente até chegarem ao Beco Diagonal que, como sempre, estava lotado.

"Diga então."

"Harry... é melhor..."

"Di-ga a-go-ra!

"Está bem. Aquele brasão está com a minha família, mas eu não tenho nada a ver com isso. Meu pai é que cuida dele. Eu não gosto daquilo, me dá medo. Meu pai dizia que aquilo dava glória a qualquer homem, mas eu não quero glória desse jeito. Eu nem sei onde ele está... Eu quero..."

"Ei... era só isso?" – Harry levou a mão à boca de Draco. – "Draco... eu não vejo nada de mais nisso. Eu conheço você! Você é você e o seu pai era um idiota! Porque não disse isso antes?"

"Eu..."

"Vem, vamos embora. Você precisa de livros."

Os dois passaram quase o dia inteiro no Beco Diagonal, tomando sorvete ao anoitecer.

"Você quer ficar mais essa noite aqui no Caldeirão Furado ou quer ir embora agora?"

"Eu prefiro ficar. Lá nós estaremos acompanhados, sabe?"

"Tem razão. Vamos dormir aqui e amanhã a gente vai."

"Harry!" – Gina veio correndo na direção dos garotos e pulou em cima de Harry, quase derrubando o garoto. – "Aqui está você! Estávamos preocupados achando que ele..." – Gina o soltou e olhou para Draco, que tinha o rosto entre as mãos e balançava a cabeça negativamente. – "Ah..."

"O que você quer, Gina?"

"Está claro o que ela quer: você!" – Draco se levantou, ficando ao lado de Harry.

"Como você é inteligente!" – Gina sorriu, fazendo Draco ferver de raiva.

"Escute aqui, garota, vá embora antes que eu faça algo que me arrependa depois."

"Como continuar vivo?"

"Ah... você está pedindo..."

"Draco... calma."

Harry se levantou e segurou o braço de Draco, que encarava a garota sem piscar.

"Me diga, Harry. Como você agüenta um futuro comensal da morte do seu lado?"

"Pare, Gina."

"Tem que ter muito estômago."

"Gina..."

"Ainda mais se for este Malfoy."

"CALE A BOCA, GINA!"

Harry ficou cara a cara com a menina, que colou seus lábios. Harry a empurrou para longe o mais rápido que pôde, tossindo e cuspindo para todos os lados. Quando parou de fazer cena, olhou para Draco, estranhando ver o garoto parado no mesmo lugar. Os pulsos fechados, ele parecia tomar o máximo de si para ficar sobre controle. De repente, tudo começa a tremer. Os sorvetes caíram da mesa. Harry e Gina olhavam aquilo assustado.

"Draco, vamos sair daqui... parece que vai ter um ter..." – Harry olhou para Draco e se assustou. Uma fumaça azul estava envolvendo o garoto, ficando cada vez mais escura, até ficar roxa.

"Harry... o que está acontecendo?" – Gina olhava Draco boquiaberta.

"Cale a boca, a culpa disso tudo é sua. Draco... fale comigo..."

O tremor ficava cada vez mais forte. Harry se colocou na frente de Draco.

"Draco, o que você tem?" – ele segurava o garoto, que ainda encarava Gina. – "Fale comigo! Faça isso parar! DRACO!"

Harry empurrou o garoto, que caiu no chão. Tudo parou de repente, inclusive a fumaça. Gina saiu correndo e Draco olhou para todos os lados, confuso. Harry se ajoelhou a sua frente.

"Eu não quis fazer isso, Harry. Eu juro! Eu não sei o que aconteceu! Você acredita?"

"Eu conheço você, Draco. Eu conheço."

N/A: Bem... este capítulo... sem comentários. Só deixem reviews.

Aline Amor da Minha Vida Potter: Coitados dos troll... E este passarinho é bem esperto. Talvez ele esteja certo, talvez não. Eu te conto este mistério só porque você é uma pessoa muito legal e porque eu te adoro e porque você me adora e porque a minha fic é a melhor das melhores (¬¬). Mas não agora, ou todos saberão de tudo. Se entrar no sábado eu te conto... (olha a chantagem...) Nação da Sibéria? Morrendo de Malária? Por Deus, em que ano eu estou? Bem... Vou pesquisar isso afundo. Beijos.

Aislin RFD: É, os Weasleys são maus. Mas vai ter troco, pode esperar. Beijos.

Chally Maculan: Chally! Senti sua falta! Que bom que conseguiu se ajeitar aí. Agora só falta deixar review em todos os meus capítulos, né? MSN? Eu? Deve ser errado, ninguém entrou no meu MSN. Procure que aí estará certo. Beijos.

Os malfeitores: Capítulo legal? Valeu, e eu nem caprichei nele, hein?

Rei Owan: Boa viagem. Eu estou continuando a postar, e você continue a deixar reviews, ok?

Anita Joyce Belice: Pra mim não é normal! Sou uma criança inocente, apaixonada e carente! Não conheço essas coisas! Ainda. ¬¬

Mione03: Ah... Brigada... vamos fazer um aordo? Você adora minhas fics e eu adoro reviews. Não atrase e eu não atraso, viu? Beijos