Harry estava assentado em uma mesa ao lado de Rony com uma pilha de livros sobre poções em sua frente. Agora que Hermione não estava mais entre eles precisavam de muitas horas para terminar um simples relatório que explicasse a utilidade de alguns ingredientes. Harry já tinha feito metade de seu relatório quando Hermione e Ichiro entraram pelo retrato da mulher gorda. Hermione lançou um olhar para a mesa dos garotos, encontrando o semblante fuzilante de Rony olhando em sua direção. Harry estava de costas e não se interessou em ver quem entrava pelo recinto.
"Harry... será que nós... podemos conversar?" – Hermione arriscou.
Rony se levantou depressa, batendo as mãos na mesa.
"O Harry não tem nada para falar com você!"
Harry segurou a camisa do ruivo e o fez assentar-se novamente.
"Pare de falar sozinho, Rony! Isso pode prejudicar a sua mente."
"Harry, não precisa ser tão mal educado!" – Falou Ichiro.
"Mal educado?" – Harry riu, levantando-se. – "Por enquanto eu ainda não tenho nada contra você, Ichiro. Mas quem anda com cobras acaba sendo mordido!"
"Harry... você tem todo o direito de ficar nervoso, mas..." – Começou Hermione.
"Nervoso?" – Harry forçou uma risada. – "Ora, Granger! Eu não estou nervoso. Você me livrou de um peso. Eu deveria te agradecer, sabia?" – Harry falou com sinismo.
"Quantas vezes eu vou ter que falar que foi contra a minha vontade?" – Hermione começou a perder a paciência, aproximando-se de Harry.
"Eu sei. E desculpe se algum feitiço da minha varinha acertar você. Ela tem vontade própria."
"Você deveria deixar de tirar conclusões precipitadas!"
"Conclusões precipitadas? Eu vou te explicar. Eu vi. Sabe o que significa ver? Significa presenciar, observar e deixar que as conclusões cheguem à sua cabeça. Por um dia e duas noites eu tentei mudar essa conclusão. Mas o que posso fazer? Ela sempre esteve certa. Você e Malfoy são dois frascos de veneno idiotas!"
"Tudo bem. Siga sua intuição. Mas eu acho que gostaria de saber que existe um espião entre nós."
"Espião?" – Harry riu. – "Granger... sempre há um espião em Hogwarts. Quirrel, Perebas, o falso Moody, talvez Umbridge e eu não me espantaria se tivesse de lutar contra Creevey."
"Falta o deste ano, Harry. Será que sua intuição está novamente enganada? Ou será que ela quer realmente te deixar vulnerável ao Mestre?"
"Mestre? O que você quer dizer?"
Hermione riu.
"Francamente. Acho que eu faço muita falta para você, não é?"
"Faz... Assim como uma forte urticária."
"Você deveria saber, Harry, que quando se trata do Mestre não deveríamos confiar em nossos instintos."
"Quem você está chamando de Mestre? Será que ama tanto o Malfoy assim, ou se juntou a Vol..." – Harry olhou assustado para a garota.
"Demorou para cair a ficha, não é, Potter!" – Hermione sorria.
Rony se juntou ao lado de Harry.
"O que? Eu namorava uma... uma Comensal da Morte?"
"Não. Eu me separei de você antes. Acha que eu seria tão burra de namorar com você se posso ter coisa muito melhor com o Mestre?"
"O que?" – Ichiro se juntou aos dois. – "Você está namorando com... Voldemort?" – ele e Rony tremeram.
"Bem que eu queria..." – Harry jurou ter visto uma ponta de nojo na fae da garota. – "Mas ele não quer. E ele tem seguidores imperdíveis."
"Eca!" – Rony tentou vômito. – "Eu beijava uma futura Comensal?"
"Não seja idiota, Rony! Se isso fosse verdade porque ela contaria pra gente?"
"Porque quero que, assim como eu, todos tenham orgulho do que me tornei. Acha que eu gostei de ter forjado toda aquela cena com Malfoy? Ele é só um traidor que negou o Mestre. Ninguém diz não ao Mestre. Malfoy é um fraco que não sabe o que quer. Primeiro ele cai na minha história e briga com você. Depois ele chora durante as aulas."
"Ele... chorou?" – Harry tentou disfarçar o interesse.
"Você não deve ter visto. Estava atrás dele. Mas durante a última aula de Transfiguração ele chorou como uma menina. Não dava pra perceber. Ele não soluça quando chora. Mas, sim, ele chorou."
"Malfoy chorando? Isso é uma mentira! Alguém como ele não chora. Ele é cruel e insensível!" – Bradou Rony.
"Ele é um mero mortal, Weasley. Mas não seria se não tivesse negado ao mestre."
"Se isso é verdade Draco não é um mortal. É um herói." – A voz de Harry tinha um timbre ameaçador.
"Como quiser." – Hermione se virou e andou em direção ao retrato da mulher gorda. – "Mas esteja avisado, Potter. O mestre e eu estamos de olho em você."
A garota saiu da sala comunal e Ichiro e Rony se jogaram no sofá de frente à lareira.
"Eu não acredito. Eu namorava uma Comensal!" – Falou Rony.
"Eu não acredito. Eu iria namorar uma Comensal!" – Ichiro parecia arrasado.
"Não se preocupem. Ela não será um desafio muito grande. Vão dormir."
"Ficou maluco?" – Ichiro se levantou e encarou Harry. - "Eu não vou conseguir dormir sabendo que estou apaixonado por uma Comensal da Morte! E sim, Harry, ela é um enorme desafio. Sabe mais maldições que qualquer um e tem acesso ao nosso quarto a hora que desejar! Você precisa avisar ao Dumbledore!"
"Eu não vou avisar nada a ele!" – Harry pareceu nervoso. – "E vocês também não vão dizer nada!"
"Como quiser. Mas eu não vou dormir aqui esta noite." – Ichiro saiu da sala comunal. Ele parecia estar tremendo.
Rony se ajoelhou no sofá e apoiou as mãos em seu encosto, olhando para Harry. Seus olhos lacrimejavam.
"E-eu também não quero dormir aqui, Harry!" – Ele gaguejou.
"Tudo bem. Vamos sair."
O.o.O.o.O
Ichiro saiu do buraco para a sala comunal e andou até Hermione.
"E aí. Como eles ficaram?" – Hermione parecia ansiosa.
"Estatelados. Pareciam que tinham visto um fantasma. Você foi muito bem. Mas exagerou na hora e dizer que estava apaixonada por Ele."
"Nem me fale..." – Hermione fez cara de nojo. – "Só de pensar me embrulha o estômago... mas o importante é que eles acreditem e o Harry fique mais animado."
Os dois ouviram um barulho vindo do retrato e Hermione se encolheu num canto.
"Devíamos ter saído logo daqui!"
Ichiro pegou a capa da invisibilidade que estava escondida dentro de sua capa e jogou em cima dele e de Hermione.
Harry e Rony saíram calados. Rony olhava para todos os lados, receoso. Quando eles desapareceram pela escada Hermione saiu de debaixo da capa.
"Boa idéia, mas o Harry deve ter sentido falta dela."
"Eles estão confusos. Não iriam se lembrar disso."
"Certo. Espero que não mesmo."
O.o.O.o.O
Rony andava de costas e olhava para todos os lados antes de dar o próximo passo.
"Rony, você não está com sono?" – perguntou Harry.
"Eu tô morrendo de sono mas também estou morrendo de medo!"
"Vai pra sala precisa. Com certeza lá você vai poder dormir em paz e sozinho."
"É? Ok... então eu vou."
Eles passaram por um corredor que poderia levá-los rapidamente à sala precisa, mas Rony continuou ao lado de Harry, que seguiu em frente.
"Ah... Rony?"
"Que é?"
"Você não vai para a Sala precisa?"
"Ah! É. É... é por ali, não é?"
"É. Tchau, Rony."
"Ah... Harry?"
"Que foi?"
"Não quer ir até lá comigo?"
Harry começou a perder a paciência. Virou-se para Rony dominando todo o controle que tinha e apalpou seus bolsos. Quando encontrou a varinha de Rony a colocou na mão do ruivo, que se tremia por inteiro.
"Pronto. Isso vai te proteger."
"Ah... tá. Ok, então. Acho que é... tchau, não é?"
"Sim, Rony! É tchau!"
"Ok... então tchau."
Harry pôde, enfim, ficar sozinho. Era tudo que ele queria. Andava pensativo pelos corredores de Hogwarts. Suas mãos procuravam calor em seus bolsos. Harry pensava em Draco. E em Hermione. Não queria acreditar que ela fosse uma Comensal, mas, por outro lado, estava contente de poder, talvez, anormalizar sua situação com Draco. Hermione falara com tanta convicção, parecia ter ódio em seu olhar, ou seria apenas raiva e nervosismo? Mas o que mais tocou ao moreno foi saber que Draco chorara. Ele era tão forte e tão inquebrável. Harry estava triste por isso. No momento, queria apenas abraçar Draco Malfoy e desviar sua tristeza. Queria fazê-lo feliz como nunca fizera antes, só para se livrar da imagem do garoto chorando em sua mente. Harry virou um corredor e teve o impulso de se esconder ao ver uma sombra, mas seus pés não conseguiam sair do chão. Draco estava parado. As mãos no bolso lhe davam um ar misterioso. Ele assustou-se ao ver Harry, mas também não conseguiu se mover. Depois de muito tempo, o loiro quebrou o silêncio.
"Potter."
Harry se decepcionou. Ele ainda estava aborrecido.
"Malfoy." – falou no mesmo tom.
"Não deveria estar fora da cama tão tarde. Pode se meter em encrencas."
Draco reparou que por um segundo Harry desviou seu olhar, embora não tivesse feito nenhum movimento.
"Você também." – Draco assustou-se ao se encontrar na mira da varinha de Harry enquanto este se aproximava devagar. – "Sabe, Malfoy... eu odeio traidores! Toda vez que eu descubro mais um eu tenho vontade de rancar-lhe o pescoço!" – Draco não conseguia se mexer. Harry iria ataca-lo? – "Mas agora, eu estou tendo a chance única de acabar com um e acredite..." – Harry encontrava-se agora muito perto de Draco, que suava frio. – "Eu não quero perdê-la. EXPELIARMUS!"
Draco estava de olhos fechados quando ouviu um barulho e passos que corriam para trás dele. Abriu os olhos depressa e olhou para trás. Harry corria atrás de alguém. Seguindo seus impulsos, ele começou a correr atrás de Harry. Eles passaram por um corredor iluminado e Harry pôde ver que era uma garota. Os cabelos castanhos e com leves mechas cacheadas balançavam enquanto ela corria. Estavam indo em direção ao salão principal. A garota virou o último corredor restante, seguida de perto por Harry. Mas quando este passou em frente à escadaria de mármore sentiu alguém empurrá-lo. Ele desmaiou depois de ouvir o grito de Draco chamando por seu nome. Draco virou o corredor e encontrou Harry rolando pela escada.
"HARRY!"
Ele viu um vulto correr pelo corredor, mas não se importou. Desceu as escadas correndo para acudir o garoto, que tinha hematomas em todo o rosto.
O.o.O.o.O
Harry encontrava-se em um lugar escuro. Tinha fumaça voando pelo chão e um cheiro agridoce enjoou-o logo que o sentiu. Havia um volto andando em sa direção. Um vulto grande e negro. Harry sentiu sua cicatriz latejar e levou a mão até a testa, apertando o pulso contra a cicatriz. Harry não precisou ver seu rosto para saber quem era.
"Há quanto tempo... Harry!" – A voz de Voldemort soou fria como sempre.
"Com saudades?"
"Digamos que sim. E você? Sentiu minha falta."
Harry riu.
"Quer que eu responda a mesma coisa que eu respondi à sua fiel seguidora?"
"O que? Como você a descobriu?"
'Então é verdade...'
"Deveria ter escolhido alguém menos metida."
"Cale-se! Não foi por isso que eu te chamei aqui!"
"Não? Ora, eu estou ansioso para saber para quê, então!"
Harry apalpou os bolsos, procurando sua varinha, mas ela não estava lá. Voldemort gargalhou.
"Não... Harry, eu não quero lutar. Quero ter uma conversa, digamos, amigável!"
"Vai me matar enquanto estou desarmado? Mas que covardia!" – Harry finjiu medo.
"Pior. Sei de suas intenções com o meu futuro Comensal, Draco Malfoy."
Harry cerrou os punhos.
"Fica longe dele!" – Harry falou entredentes.
"Oh... que sentimento será esse? Será o... ciúme?"
"Ele não vai se aliar a você!"
"Tudo bem. Mesmo que não se alie, quero que mantenha distância dele!"
"Ah, é? E o que vai me obrigar?"
"Simples. Beije-o e ele estará pronto para a morte."
"Você não faria isso!"
"Não?" – Voldemort se aproximou. – "Pois experimente. Eu não costumo deixar de cumprir minhas promessas. E lembre-se." – Ele tocou a cicatriz de Harry, fazendo-o gritar. – "Não pode esconder nada de mim!"
O.o.O.o.O
N/A: Bem... espero que tenham gostado desse capítulo. Eu fiz com muito amor para todos os meus leitores e fãs (se é que eu tenho algum). Bem, como está tarde e eu estou com sono, não vou escrever muito mais não, só peço que não abandonem Relíquia em seu momento mais importante porque aí poderemos pensar em uma boa surpresa para o próximo capítulo.
Mione03: Ok, é só você me chamar, porque às vezes eu não presto muita atenção no MSN, mas aí você me chama, ok?
Kevin: Ah, o que eu posso fazer se você é um ótimo beta e ainda faz parte dos "Malfeitores"? Não preciso falar mais nada! Mas, valeu pelo toque.
Anita Joyce Belice: Valeu...
Srta Potter Malfoy: Ah... se foi Emilia, Pansy ou Mione fez de propósito você saberá logo, logo. E para não perder o costume: Continue lendo!