Título:
Constelações
Autora: Jade Toreador
Gênero: Yaoi
Casal: Aiolia X Shaka
Sumário: O que
pode acontecer quando Deuses maléficos resolvem atacar a encarnação de Buda,
aproveitando essa natureza humana dele, essa fragilidade, para destruí-lo?
Aiolia, Cavaleiro de Ouro de Leão, um homem marcado pela desonra de carregar o
sangue de um "traidor" em suas veias, ama esse Deus, esse menino, e
jurou protegê-lo a qualquer preço. Aiolia irá desafiar até mesmo os Deuses para
salvar Shaka!
Boa Leitura!
CONSTELAÇÕES
- Capítulo 3 -
O beijo foi interrompido. Aiolia chegou a sentir um calafrio de frustração. Teve que usar mão de todo seu autocontrole para manter a mesma de serenidade de Shaka. Mas por dentro, suas emoções ferviam.
Era Milo que chegava correndo para quebrar aquele momento único de felicidade... Mas Shaka o queria! Não havia deuses ou mortais que fossem, naquele instante, criador ou criatura mais feliz do que ele, Aiolia... Mesmo com a interrupção do irreverente cavaleiro de Escorpião!
Shaka corou, sem jeito, se perguntando se Milo havia presenciado o beijo deles, e, recatadamente, fechou os olhos, como sempre fazia... Milo sorria, um ar maroto e condescendente. Via-se nos olhos dele, Escorpião, um brilho de alegre cumplicidade:
- É só para avisar os pombinhos... O pé no saco do Shura está procurando por Shaka... Por ordens de Ares. O grão mestre quer que o cavaleiro de Virgem se apresente no templo.
Aiolia ficou tenso. Mestre Ares não chamaria um cavaleiro para ir até a grande sala cerimonial do templo de Atena, a menos que fosse uma missão de grande importância...
- Shaka...
O hindu sorriu, um sorriso que, em vão, tentava confortar o cavaleiro de Leão. Ah, sentia o cosmo de Aiolia vibrar de amor e preocupação...
- Não se preocupe... Seja o que for, eu estarei preparado...
Agoniado, Leão assentiu com a cabeça... Ficou ali, vendo Shaka se afastar com Milo... Seus sentimentos iam do mais puro êxtase ao pior anticlímax, pois nenhum tempo do mundo seria o suficiente para Shaka estar em seus braços... E ele havia estado por apenas poucos segundos!
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As horas se arrastavam, intermináveis... A casa segundo, Aiolia olhava para o grande relógio de sol que havia no centro da entrada do atrium que se elevava próximo a grande estátua da deusa...
A sua frente, sob seu comando, quatro "eirenes", instrutores de treinamento, faziam o ritual de açoitamento nos jovens aprendizes de cavaleiros. Os jovens que passavam pela provação seguravam nas mãos uma barra de ferro, presa entre duas colunas do atrium.Eram três meninos que levavam a violenta surra: um discípulo dele, Leão, outro de Shura e um terceiro, discípulo de Shaka. Estavam sendo violentamente açoitados com varas de vidoeiro, da largura de polegar. Quando os eirenes, cavaleiros de prata fortes e vigorosos, finalmente se exauriam, eram substituídos por outros, descansados, com braços prontos para desferir com presteza as violentas chibatadas.
A violência embrulhava o estômago de Aiolia, mas ele sabia bem como aquele ritual era considerado essencial no Santuário. Ele mesmo já havia passado por aquilo. Apenas após aquela cerimônia de iniciação era que um garoto seria considerado um verdadeiro aprendiz. À frente de Aiolia, perto dos meninos, uma amazona segurava em suas mãos uma pequena estatueta de Artemis, deusa caçadora, irmã de Atena. Segundo a tradição, a estatueta deveria receber os respingos de sangue humano durante o açoitamento.
Na verdade, a aparente exibição de crueldade poderia ser cessada no exato instante em que qualquer um dos garotos largasse as mãos da barra de ferro que segurava. Se assim o fizesse, imediatamente seria socorrido pelos mestres. Teoricamente, deveriam os aprendizes fazer esse gesto de rendição quando atingissem a inconsciência, mas muitos, a grande maioria, soltavam a barra quando simplesmente não agüentavam mais a dor. Aiolia sentiu a presença de Shura ao seu lado, no exato instante que o terceiro menino desmaiava...
- Sinto a revolta em seu coração, Leão. Por você, esse ritual jamais existiria... Nós mesmos não passamos por ele? Lembro-me de que você foi o último a largar a barra... Suas costas estavam em carne viva... Seu irmão gritava para que você se entregasse, mas você persistiu... A carne de suas costas estava tão dilacerada, quando finalmente você se entregou, que se podia ver a fáscia e os músculos mergulhados num mar de sangue...
Aiolia respondeu, sem olhar para Shura, num tom evidente de desprezo pelo colega:
- Minha resistência ao ritual não quer dizer que eu concorde com ele...
Shura cruzou os braços...
- Acha que os "eirenes" têm prazer em infligir essa agonia aos nossos jovens?
- Não.
- Não querem dobrar a vontade dos meninos, nem tão pouco romper a determinação deles... A idéia e a de insensibilizar a mente deles contra a dor. Contra Fóbos. A idéia e treiná-los para o momento em que precisarem superar todo o medo, todo o sentimento pessoal e toda a dor...- Havia lágrimas nos olhos rasgados de Shura naquele instante - Como foi o momento em que levantei meu braço contra seu irmão Aiolos...
Ao ouvir o nome do irmão, Aiolia virou-se e lançou para Shura um olhar de puro ódio...
- Diga o que quiser, Capricórnio, invente as desculpas que for, mas o traidor verdadeiro foi você, o melhor amigo dele, por acreditar que ele foi capaz de trair Atena... Eu JAMAIS vou perdoar você por isso.
Shura deu um sorriso triste... Entendia o inconformismo do jovem Aiolia. Via nos olhos dele a mesma dor que havia no próprio coração dele, Shura. Uma dor que o corroia dia a após dia, mês após mês. A certeza de ter cumprido com o seu dever perante a deusa não trazia consolo ao vazio que agora havia em sua alma...
- Um dia, Leão, você vai entender que o destino nos faz marionetes para a diversão dos deuses...
Sem esperar pela resposta de Leão, Shura se afastou para socorrer os meninos que haviam sido açoitados... Leão, nesse instante, viu, ao longe, Shaka saindo do grande tempo... correu para perto dele...
- O que foi, porque você perdeu o ritual de iniciação do seu pupilo?
- Ele resistiu bem?
- Sim. Foi o último a largar a barra de ferro...
Shaka suspirou...
- Devo levá-lo para a Índia... Para que os monges comecem a ensiná-lo como fizeram comigo. Foi uma ordem pessoal de Ares.
O coração de Aiolia quase parou...
- Você está partindo? Por quanto tempo ficará fora?
Shaka sentia na alma de Aiolia a mesma agonia que sentia na própria. Céus, agora entendia porque Eros era dominador, um deus que exigia total atenção e que fazia os mortais se esquecerem de tudo que não fosse o culto à paixão fomentada por ele, o deus do amor... Seus lábios ainda queimavam por causa do beijo fugaz que trocara com Leão horas atrás... Todo seu corpo parecia estranhamente enfermo, clamando por aquela energia sexual e cósmica. Mas...
- Não sei, Aiolia... Cronos não nos pertence, pertence aos deuses!
- Você não se importa, não é, Shaka, para você tudo é uma questão de autocontrole, e subserviência aos caprichos dos imortais!
- Não, Aiolia, tudo é uma questão de me manter integro diante dos compromissos que assumi...
- Acho que entendia o recado! Talvez eu não seja integro o suficiente, não é? Sou "o irmão do traidor...".
Querendo desforrar em Shaka toda sua frustração, Aiolia virou-se para sair dali. Agoniado, Shaka o segurou...
- Espera! Não é nada disso! O que eu sinto... ah, céus, entenda, Leão, o que eu sinto não é menos intenso só porque eu mantenho meus sentimentos sob o manto de uma determinação férrea!
- Com todo o respeito, Cavaleiro de Virgem, enfie a sua determinação férrea no rabo!
Sem esperar pela resposta do outro, Aiolia se afastou com um ar altivo, pleno de orgulho.
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Estocolmo. Suécia... Fazia um frio terrível lá, algo que nada tinha a ver com o sol vigoroso da Grécia. Porém, mesmo assim, as rosas cresciam exuberantes, soberanas, no suntuoso jardim de inverno da imponente mansão que ocupava todo um quarteirão da área mais nobre da cidade.
Tulipas, que eram as flores tradicionais dos "países baixos" não tinham vez ali, mas sim aquelas rosas, numa profusão de cores, notadamente, as negras! Rosas negríssimas como o ébano reverberavam no jardim de Afrodite.
Ele, mesmo com o rosto ainda inchado por causa da intervenção cirúrgica que lhe salvara o nariz, tinha uma beleza estonteante e, naquele instante, paradoxalmente melancólica.
Fitava com amor as rosas negras e as tocava devagar, como se acariciasse gentilmente um amante...
Tudo ali era exageradamente bonito e imponente. Quando, seu tutor adentrou o frondoso jardim, não pode deixar de sentir uma pontada de agonia por ter aquele menino, tão lindo, de novo perto de si... Desabafou com Afrodite, mas era como se falasse considerações para si mesmo...
- Eu jamais deveria ter consentido em deixar você, quase um bebê ainda, ter ido para o Santuário...
Afrodite, sem desviar o olhar das suas amadas rosas, retrucou:
- Era à vontade de meu pai. Estava no testamento dele, como condição para que as empresas permanecessem no seio da família... Acha que minha tia ou meus primos teriam movido um único dedo para me conservar com eles?
Graco suspirou. Era um homem atraente nos seus quase quarenta anos.Não era uma beleza andrógena como a de Afrodite, mas seus olhos, de um cinza profundo, e seus cabelos levemente grisalhos davam a quem visse Graco pela primeira vez a estranha sensação de estar admirando um lobo prateado...
- Fique, Afrodite. Sua tia Anne faleceu. Agora, mais uma vez, este lugar voltou a ser seu lar.
- Meu lar é o Santuário, Graco. O dinheiro, as empresas, tudo isso, não faz mais sentido para mim agora... Acho que nunca fez.
- Seu pai, com aquele testamento, foi de uma crueldade extrema... Eu era muito apegado a você, mas, mesmo tendo sido nomeado seu tutor legal , com o consentimento de sua tia, não pude lutar contra os abutres da sua família... Havia o pedido expresso da sua partida para o Santuário no maldito testamento...
- Não fale mal dos mortos, Graco. Você ganhou muito com a minha partida: as atenções de minha tia, a gestão das empresas, o poder...
- Mas ainda assim, me revolto vendo seus primos gastando o que é seu por direito... Você é benevolente demais com aqueles perdulários.
Afrodite riu...
- Ah, sei que você os mantém com rédea curta. Afinal, você foi também um mestre um dia. Um mestre de Asgard... Por isso, parcimônia e disciplina aqui são algo tão austero quanto no templo de Atena...
Graco empalideceu. Não imaginara que Afrodite, no Santuário, pudesse ter descoberto o seu passado como cavaleiro de Asgard... Peixes, vendo a surpresa do olhar prateado, explicou...
Eu estava vendo os nomes dos antigos mestres de Asgard nas aulas de história do Santuário quando me deparei com o seu...
Graco suspirou. Não gostava de se lembrar que um dia tivera a posse da armadura Delta dos cavaleiros de Odin... Havia deixado tudo para trás quando era só um garoto... Um desertor, como dizia o pai de Afrodite...
Ah, jamais imaginou que a beleza do filho, um dia, superaria a beleza do pai...
- Não estamos falando do meu passado, mas do seu futuro, Dite...
- Meu futuro já foi selado, Graco... Pertence a Atena.Ou a mim mesmo... Não me importo, na verdade... Sei que os deuses têm grandes planos para mim...
Estavam muito próximos agora. Graco controlava sua vontade de segurar aquele rosto pálido em suas mãos para roubar um beijo dos lábios macios. Afrodite era capaz de mexer com a libido até dos homens radicalmente heterossexuais, tamanha seu poder de sedução!
Graco sussurrou nos ouvidos de Afrodite, lhe causando um delicioso calafrio na espinha...
- Faça o seu futuro comigo...
Afrodite, mesmo perturbado pela pele eriçada de prazer, riu...
Vira, desde sempre, Graco apenas como um tutor, um substituto ocasional do pai que não tivera, nos meses em que vinha com seu mestre treinar ali, na Suécia, sua terra natal. Jamais levaria a sério uma conversa naquele sentido... Deliciosamente sórdido!
- Você está brincando!
Antes que Graco pudesse abrir a boca para retrucar, o mordomo adentrou o jardim...
- Sinto interromper, senhor, mas um jovem insistiu em vê-lo... Não quis dizer o nome, disse que o senhor o conhece por... Máscara.
Afrodite chegou a empalidecer de raiva. Aquele cretino tinha tido a ousadia de ter ido até a Suécia atrás dele! Graco também não gostou nada daquela interrupção...
- Mande esse carcamano dar meia volta e nadar até o Santuário!
Mas Máscara da Morte já havia adentrado o lugar, com aquele seu sorriso irritantemente irônico... e lindo.
- Ora, titio, se quer me dizer algo, diga você mesmo... Só que lhe aviso que vim por ordem do grão mestre...
Diante dessas palavras, Afrodite engoliu os desaforos que queria dizer ao cavaleiro de Câncer e segurou o braço de Graco, que evidentemente desejava socar o outro...
- Tudo bem, Graco, pode deixar que eu converso com ele...
Graco saiu, engolindo sua fúria e frustração...
Máscara da Morte, por sua vez, foi se colocando a vontade, sentando-se na cadeira de ferro, pintada de branco, que ficava diante de uma profusão maravilhosa de flores. Arrancou uma delas do roseiral e começou a brincar com ela, estraçalhando pétala por pétala...
Afrodite, na defensiva, se colocou diante dele, sem ter a menor idéia de como seu ar raivoso o deixava sedutor, os cabelos azuis lhe caindo graciosamente sobre os ombros largos...
- Diga o que você quer de uma vez! O grão mestre não o mandaria para me dar recados!
- Você sabe, alguns dos aprendizes de Shaka, Shura e Aioria já foram selecionados... Shaka foi para Índia... Camus na Sibéria... Aldebaran foi para o Brasil... Aioria e Milo ficaram de vigília nas casas zodiacais...
-...
- O mestre mandou que eu fosse até a Sicília, escolher no centro de treinamento de lá alguém da minha constelação como aprendiz, mas disse que, antes disso, eu deveria parar aqui e me certificar de que você já pode voltar ao Santuário... Deve haver mais alguém de vigília nas casas zodiacais, já que Mu ainda está em Jamiel.
- Você sempre foi terrível nos estudos, carcamano, mas até você sabe que a Sicília fica muito longe da Suécia. O mestre não o mandaria gastar passagem aérea à toa... Somente para falar comigo...
Máscara riu...
- É verdade, mas como eu estava dois dias adiantados do prazo marcado para a minha chegada lá, achei que você, rico como Midas, não ligaria em repor o dinheiro que gastei com a passagem, desde que fosse para nós dois termos algumas horas juntos...
Afrodite chegou a dar um gritinho de fúria.
- Ora, seu... Se pensa que eu vou pagar para...
Antes que ele completasse o pensamento, Câncer voou da cadeira e o tomou nos braços num beijo furioso e punitivo.
Segurava os cabelos azuis com força, paixão, e tomava a boca bonita com uma fúria de quem não admitia recusas.
Afrodite acabou se deixando largar nos braços do outro, o prazer agora suplantando à ira. Os modos truculentos e fogosos do cavaleiro de Câncer despertavam nele uma libido visceral e premente que o fazia esquecer-se das desavenças habituais deles dois. Agora, Afrodite somente conseguia perceber o atrito dos corpos e as mordidas deliciosas do outro cavaleiro, marcando a sua pele alva.
Peixes notou que suas roupas e as do cavaleiro de Câncer eram arrancadas, enquanto ele, Peixes, era colocado de quatro ali mesmo, no chão do jardim, para ser cavalgado como se fosse um potranco indômito! Tentou protestar, mas a verdade é que queria aquilo! Máscara da Morte sempre despertava nele o que havia de mais instintivo e passional...
Logo, os dois estavam numa cópula frenética. Peixes era cavalgado com fúria, os cabelos azuis sendo segurados com força como se fossem rédeas, enquanto Câncer, ainda furioso por imaginar que Aiolia havia "conhecido" o outro cavaleiro, extravasava toda sua raiva e prazer através daquelas violentas estocadas . Peixes gritava: dor e prazer se misturavam, enquanto seu corpo transpirava pelo esforço de suportar aquele sexo enorme sendo arremessado dentro de suas nádegas como um aríete romano!
- Você vai me rasgar!
Ouviu a risada máscula e cruel do outro...
- A idéia é essa... Desse modo, você vai pensar antes de agir como o puto que é!
Afrodite estremeceu. Mordia os lábios com dor, e as gotas de suor escorriam pelo seu rosto. Sabia que não tinha como escapar daquilo, a não ser que elevasse o cosmo e provocasse uma explosão ali dentro do seu adorável jardim e, bem, a verdade, é que não queria escapar!
Arrebitou as nádegas para ter um pouco mais de conforto na penetração e começou a friccionar seu próprio sexo, para que o prazer o distraísse da dor punitiva das estocadas. Gemia alto, sofridamente, mas aquentava firme, colocando seu corpo totalmente a mercê do outro, que ficou ainda mais alucinado de prazer... Ficaram ali, copulado e copulador, num crescente frenesi, até que explodiram quase ao mesmo tempo um gozo irrefreável. Peixes exultou quando Máscara finalmente tombou, vencido pela força da libido saciada... Riu...
- Só assim para você se render, Máscara...
Máscara olhou mal humorado para Peixes...
- Eu nunca me rendo. Para ninguém...
Contrariado, Câncer sabia que estava mentindo... Sempre se sentia vulnerável quando Afrodite o olhava, daquele jeito, logo depois do sexo que faziam... Suas pernas amoleciam, seu coração disparava... Era algo... terrível... ainda mais com aquele sorriso lindo que o outro lhe dava agora...
- Você se rendeu agora. Tombou nos meus braços...
- Como eu faria com qualquer piranha!
Afrodite suspirou... Ergueu-se. A visão do seu corpo nu diante das rosas era algo de para o coração de qualquer mortal...
- Você sabe como ser insuportável, Câncer!
- Ora, o que você queria que eu dissesse?
Afrodite olhou para Câncer como se houvesse caído numa armadilha... Mas era assim que Câncer se sentia também... caindo numa armadilha, pois,cada vez mais, era difícil fazer aquele ar de superior diante daquele rapaz lindo como os próprios deuses! Ficaram os dois em silêncio, procurando as peças de roupas que estavam espalhadas pelo chão e se vestindo com elas... Finalmente, Afrodite disse...
- Você tem razão... Não há o que ser dito... Apenas... bem, você... Não gostaria de tomar um banho comigo e depois dar uma saída pela cidade? As baladas por aqui são super legais...
Câncer fez uma cara de garotinho perdido... Não esperava um convite espontâneo de Afrodite, que, subitamente, acenava uma bandeira de trégua entre eles...
- Está me dizendo que é para eu sair com você como se fossemos um casal de gays? Dois cavaleiros de ouro dançando num bar!
- Não iríamos fazer nada demais!
- É a coisa mais estúpida que já ouvi...
- Estúpido é você, seu grosseiro, e quer saber de uma coisa? SUMA DA MINHA FRENTE...
- Olha, eu só...
- Cale a boca! Tome o dinheiro da passagem e suma para Itália de uma vez. Já que fodeu como o cachorro que é, agora saia! Tome a paga pelo seu "trabalho"!
Peixes apanhou a carteira que estava na sua calça e jogou as cédulas que estavam dentro dela no rosto de Câncer, com força... Os olhos dos dois trocaram chispas de ódio e também de uma estranha energia que parecia impregnar o ar...
Os dois percebiam aquela estranha sensação que parecia ter a força de mil cosmos juntos! Por um instante, Peixes achou que Câncer iria atacá-lo de novo, mas este se controlou... Abaixou para apanhar o dinheiro, enfiou-o no bolso da sua jaqueta de couro e disse, novamente com aquele sorriso odioso nos lábios...
- Muito bem, meu lindo, eu vou aceitar a grana porque acho que quebrar o nariz seu por duas vezes seguidas no mesmo mês seria de mau tom... Até uma outra hora...
- Saia!
- Até depois, meu putinho...
Câncer passou pela porta de vidro. Ainda furioso, num súbito acesso de raiva, Afrodite fez suas rosas voarem em direção à porta de vidro por onde o cavaleiro havia passado. Como ali as paredes da estufas eram também de vidro, todas elas explodiram num estrondoso ruído, enquanto rosas e estilhaços voavam por toda o espaço...
Graco apareceu correndo...
- Ficou louco?
- Eu odeio aquele cretino!
O olhar de Graco era de mágoa e reprovação...
- Se o odeia, deveria saber se dar o devido respeito...
Sem jeito, Afrodite se deu conta que qualquer perceberia, pelas manchas arroxeadas em seu pescoço e sinais de mordida em seus ombros, que ele agira como uma cadela sem dono... Ainda mais alguém observador como seu tutor...
Envergonhado, escondeu esse sentimento atrás de uma revolta quase infantil...
- Ora, cale a boca, eu não pedi os seus conselhos!
Correu para seu quarto e bateu a porta com a fúria de uma criança quando faz birra.
Graco ficou ali, observando o que sobrar do belo jardim, estilhaços e rosas destruídas por todo o chão. Uma imagem bem parecida com o desalento que sentia no próprio coração... Como podia querer um menino que sempre lhe fora como um filho e que tinha, para piorar tudo, metade da idade que ele próprio tinha! Era mesmo estranho os desígnios do destino...
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Santuário. Seis horas da manhã... Aiolia estava já se exercitando na sala de musculação, quando foi chamado com urgência para se apresentar na sala do grão mestre... Estava suado por causa do esforço físico. Enxugou-se numa toalha e adentrou a sala cerimonial, colocando se de joelhos conforme mandava o protocolo...
- Desculpe-me pela aparência imprópria, senhor...
A voz de Ares soou estranhamente tensa...
- Cavaleiro de Leão... Noticias nada agradáveis chegaram da Índia... Um grande massacre aconteceu ao norte de Nova Delhi. Todo um vilarejo foi chacinado. Mandei ordens para o centro de treinamento de lá investigar a causa do massacre entre os nativos e, estranhamente, o cavaleiro de Virgem não respondeu o meu chamado... Ele está desaparecido a quase três dias... Alguns sensitivos disseram que sentiram uma grande explosão cósmica ali, na hora do massacre... Investigue, quero saber se Shaka está envolvido nisso. Se assim for, quero que o mate.
Aiolia empalideceu como se houvesse perdido todo o sangue do seu corpo...
Continua...
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