Título:
CONSTELAÇÕES
Autora: JADE TOREADOR
Gênero: YAOI
Casal: AIOLIA X SHAKA
E-mail: jadetoreador arroba uol. com. br
Sumário: O que pode acontecer quando Deuses maléficos resolvem atacar a encarnação de Buda, aproveitando essa natureza humana dele, essa fragilidade, para destruí-lo? Aiolia, Cavaleiro de Ouro de Leão, um homem marcado pela desonra de carregar o sangue de um "traidor" em suas veias, ama esse Deus, esse menino, e jurou protegê-lo a qualquer preço. Aiolia irá desafiar até mesmo os Deuses para salvar Shaka!
CONSTELAÇÕES
- Capítulo 4 -
Aiolia havia acabado de chegar à Índia. Ainda não acreditava na crueldade que os Deuses tramavam em seu destino. As palavras do grão mestre ecoavam em sua mente, elevando para o infinito a agonia da sua alma...
"Investigue, quero saber se Shaka está envolvido nisso. Se assim for, quero que o mate".
Matar Shaka? Impossível. Mas contrariar a ordem do grão mestre era contrariar Athena...
Deprimido, Aiolia andou um pouco pelo mercado das ruas centrais de Nova Dheli. Sabia que o tempo estava contra ele. Logo um cavaleiro de prata estaria ali para conduzi-lo ao núcleo de treinamento mantido pelo Santuário na Índia e, depois de feita as apresentações de praxes aos mestres que ali treinavam os aspirantes a cavaleiros, ele, Aiolia, partiria para sua difícil missão... A primeira missão que recebia como cavaleiro graduado e, com certeza, a mais difícil de sua vida... Como enfrentar Shaka com toda sua força? Como matá-lo, se o amava tanto? Aquilo só poderia ser um grande pesadelo...
Recebera ordens diretas do grão mestre para adentrar pelo interior da Índia até as florestas, a procura de pistas do que acontecera na vila de nativos... Mas, em seu coração, tinha uma convicção genuína de que não fora Shaka quem causara a morte de tantos aldeões, mas... Se não fora ele, quem fora? Por que ele estava desaparecido? Quem, além dele, tinha tamanho poder cósmico?
Aiolia, sem o menor apetite, parou diante de uma barraquinha de um mercador ambulante.
Sabia que teria que comer algo antes de partir, porque fazia vários dias que não tinha a menor disposição para comer nada. Anêmico e enfraquecido, sustentado apenas pela angústia do amor reprimido, não iria conseguia enfrentar o inimigo, fosse ele quem fosse.
Olhou os bolinhos e verduras condimentadas com curry, indiferente. Por fim, preferiu pedir um prato adocicado.Pagou alguns "cents" por ele e apanhou a folha onde a comida era aparada.Levou-a à boca. A princípio estranhou a mistura: Havia ali, na exótica comida: mangas, maças, uvas e também vinagre, gengibre picado... Até alho e limão! Era aquele sabor como o Amor... Doce, ardente, desesperadamente incongruente...
Disse, divagando seus pensamentos em voz alta:
- Como pode ser tão gostoso com coisas tão diferentes? A manga é tão doce, mas fica bem com os condimentos!
A velha que o servira riu e disse, num inglês arrastado que usava com os turistas:
- Esse prato chama-se Chutney de manga... É um dos principais pratos da nossa culinária, menino.E a manga, é o símbolo do amor...
Aiolia olhou para a mulher aturdido. Ela lera seus pensamentos?
- Por quê? Conte-me!
- Uma lenda antiga nossa diz que a primeira mangueira nasceu das cinzas de uma princesa, que foi queimada por uma feiticeira. O imperador se apaixonou pelas flores dessa mangueira e por seus frutos. Quando, um dia, a manga amadureceu e caiu no chão, a linda princesa emergiu de dentro da fruta, por isso, essa fruta é o símbolo do amor para o nosso povo...
Aiolia lembrou-se do beijo que havia trocado com Shaka, tão doce quanto aquela fruta!
Ah, céus, como podia agora estar ali para matá-lo? NÃO! Ele, Shaka, deveria estar precisando de sua ajuda. Tinha certeza de que o cavaleiro de Virgem não era o responsável pelo massacre que acontecera na aldeia...
Aiolia jogou fora o resto da comida, tomou um pouco de água e partiu para a floresta que ficava ao norte de Nova Dheli. Sabia que seriam vários dias de árdua caminhada com a caixa de sua armadura nas costas, mas não ligava. Só queria encontrar logo Shaka são e salvo!
De repente, ouviu uma voz chamá-lo. Era um hindu magro, de meia idade. Não tinha a majestade de um cavaleiro... Mas seu olhar impunha respeito.
- Depressa, Aiolia, um cavaleiro do núcleo indiano de treinamento vem buscá-lo logo. Não deixe que ele o encontre. Não ainda, venha, venha comigo! Precisamos lhe falar em segredo!
Curioso, Aiolia o seguiu. O homem não tinha forças para enfrentar sequer uma mosca... Mas, e se fosse uma armadilha?
- O que quer comigo...?
- Falar sobre Shaka...
Aiolia ouviu aquele nome como um feitiço poderoso que o convenceu a se arriscar a cair numa armadilha. Seguiu o hindu. Os dois caminharam até que começaram a se afastar da cidade...
- Como sabe meu nome? Quem é você?
- Sou amigo de um dos sobreviventes ao massacre. Ele se negou a falar com os cavaleiros que estão treinando aqui na Índia, mas o velho Hameshi o convenceu a falar com você...Apenas com você...
Aiolia estremeceu. Hameshi. Já ouvia escutado esse nome. Era um antigo asteca hindu, um eremita, que vivia segundo os preceitos de Buddha...Um homem santo! Shaka falava dele com veneração...
De certo ele, Aiolia, não deveria quebrar as regras do Santuário, mas... Se o homem santo e o sobrevivente queriam vê-lo, sem que os outros cavaleiros soubessem, era porque Shaka corria perigo... Poderia jogar fora sua chance de continuar como cavaleiro da armadura de Leão seguindo aquele homem e escapando do cavaleiro de prata que iria se encontrar com ele ali ,no mercado, mas... Não podia negar a chance de provar a inocência de Shaka naquilo tudo. Tinha que encontrá-lo. E salvá-lo.
- Então houve sobreviventes?
- De centenas de aldeões, apenas um menino sobreviveu... O único que está em condições de contar algo é o pequeno Ágora. Toda a família dele morreu durante o massacre, e ele viveu, acredito que apenas por um milagre...
Aiolia estava impaciente...
- Demoraremos a chegar até o velho Hameshi e o menino?
- Até o anoitecer estaremos na gruta do homem santo. Só espero que os Deuses mantenham Ágora vivo até chegarmos lá...
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O coração de Aiolia se apertava em agonia. Torcia para que nenhum cavaleiro de prata os seguisse, pelo menos, torcia para que eles dois não fossem alcançados antes que conseguisse falar com a testemunha do massacre, sozinho... Caminhava atrás do homem que lhe servia de guia pela floresta...
Era já noite alta quando, finalmente, o cavaleiro de Leão e o hindu alcançaram a gruta onde o velho eremita habitava. Aiolia baixou-se para poder caber na pequena gruta que o oprimia tanto quanto aquela situação. Sentiu no ar um cheiro de ervas e mato. Ouviu ao longe um leve gemido.Depois outro... Eram os sons do sofrimento na garganta de uma criança, provavelmente a que lutava contra o senhor da Morte...
Uma luz tênue vinda de um velho lampião era a única coisa que não deixava a pequena caverna mergulhar num breu absoluto, mas, logo depois de andar de costas curvadas alguns passos atrás do hindu que o conduzia, Aiolia notou que a gruta aumentava de proporções, como se fosse um quarto natural e que havia agora ali no ambiente soturno mais uma luz, porém uma luz cósmica.
Surgiu diante do cavaleiro de Leão a cena de um velho ao lado de um menino enfermo. Corretamente, Aiolia deduziu ser ele, o velho, Hameshi, o homem santo, pois era dele que vinha a luz suave, mas firme, que mantinha aquela sala de pedras clara e aquecida! O menino parecia mesmo muito mal...
Respeitosamente, Leão se colocou ao lado do homem e esperou que ele falasse. O hindu que lhe servira de guia saiu da gruta, deixando-os sozinhos.
Agoniado, Aiolia implorava a Atena que o garoto que gemia ali, cheio de graves queimaduras, não morresse. Era a única testemunha que poderia lhe contar o que havia acontecido durante o massacre...
Como se lesse o pensamento, o velho eremita disse ao menino moribundo...
- O garoto me contou o que aconteceu antes de entrar em coma. Disse que o pai dele havia recebido um grupo de pessoas que vinha pegar vasos e ervas para vender na cidade... Sempre vinham como amigos, uma vez por mês... Dormiam nas cabanas como hóspedes, mas, de repente, eles atacaram a aldeia...
- Com facas?
- Não... Com lenços... Lenços e cordas negras... Sufocavam as pessoas com as cordas e depois cortavam os corpos... Punham fogo em tudo... E empilhavam as cabeças de um lado, e os corpos de outro... Construíram uma montanha feita de cabeças...
Aiolia não conseguia acreditar no que ouvia. Era a descrição da antiga seita Tugues!
Alarmado, quase em choque, lembrou-se da antiga conversa que um dia tivera com Shaka sobre a infância deste... Eram mesmo Tugues, adoradores de... Kali! Intrometeu-se no interrogatório. Shaka... Havia sido resgatado pelos monges do meio dessa seita quando ainda um menininho...
- O que mais aconteceu? Ele disse?
- Disse que um anjo com cabelos de ouro apareceu e dançou sobre as cabeças dos mortos que estavam no chão... Depois da dança, destruiu todo o lugar com uma grande bola de luz... Um anjo... Muito bonito... Matou tudo o que vivia...
Aiolia respirou fundo... Shaka! Não era possível... Dançar sobre cabeças? Não, não... Jamais...
O eremita emanava seu cosmo sobre o garoto continuamente, como se fosse um alo sobre ele, mesmo quando falava, ou se afastava, o velho Hameshi mantinha o menino preso naquela aura de luz... Ficaram em silencio por algum tempo, até que Hameshi, o homem santo, falou para o cavaleiro de Leão:
- Venha, quero lhe mostrar algo...
- Se você se afastar...
- O menino, enquanto ficar sob a minha energia, ficará bem e vivo. Não se preocupe. Mesmo afastado, minha aura caí sobre ele...
Ainda sob o impacto da revelação, Aiolia acompanhou o eremita até o fundo da caverna. A luz que o homem emanava ainda mantinha o lugar sob uma luz tênue e agradável que permitiu a Aiolia vislumbrar os desenhos que havia na parede.
O velho apontou para três divindades desenhadas em um círculo dourado... O homem santo anunciou-os:
- Brahma, Vishinu e Sheeva... A trindade sagrada do meu povo...
- Com todo o respeito, senhor, não tenho tempo para ouvir a crença hindu sobre seus Deuses...
- Se não ouvir, orgulhoso garoto, não conseguirá ajudar seu amado, e terá que mata-lo, exatamente como deseja o grão mestre do Santuário.
Aiolia olhou aturdido para o velho. Como ele sabia?
O velho, sorrindo, respondeu a pergunta como se pudesse mesmo entrar na mente do cavaleiro:
- A aura do amor é visível até para um cego, menino... Agora, escute com atenção, pois o panteão de Deuses ultrapassa o limitado Olimpo de sua adorada Atena...
Chocado, Leão assentiu com a cabeça, como se lhe pedisse desculpas... O velho continuou:
- O Senhor Brahma é o criador, Vishinu é o Preservador e Sheeva o destruidor... Juntos, ele mantêm o equilíbrio perfeito de tudo o que existe... Uma das esposas de Sheeva é a Deusa Kali, a divina mãe. A palavra esposa e para os leigos compreenderem as facetas do Deus Sheeva... Kali é a Deusa do tempo e da transformação, que é a morte. O portal primeiro que aterroriza os mortais... Ela deseja sempre trazer para terra Maya, sua irmã, a ilusão que destrói a totalidade cósmica. Kali quer que Maya governe a terra no lugar de Athena.
-!
- Isso mesmo. A cada vez que Atena encarna, Kali tenta fazer com que sua irmã Maya, a ilusão, domine a terra no lugar dela... As forças harmônicas, tanto no Olimpo, quanto fora dele, ameaçam se desestruturar, cavaleiro... Isso acontece sempre que Atena retorna à Terra a cada encarnação...
- O que Shaka tem a ver com tudo isso?
O velho sorriu...
- Qual é o boato mais falado sobre seu amigo?
- Que ele... Que ele é reencarnação de Buddha...
- Veja estes desenhos ao lado dos Deuses...
Impressionado pela perfeição das formas, Aiolia vislumbrou, em uma grande parte da gruta, desenhos. Eram vários desenhos de diferentes personagens, na verdade, dez ao todo. Figuras pintadas em cores primárias com extrema perfeição, o que causava a quem as visse, um forte impacto emocional. O eremita disse, enquanto Aiolia observava as imagens:
- Aqui estão representadas as dez encarnações do Senhor Vishnu... Como Athena é a protetora da Terra, quando ela encarna, o senhor Vishnu também assim o faz, para tentar ajudá-la a combater as forças do mal que tentam derrotá-la... Ele o faz com vários avatares, várias vidas, que são terrestres, mortais, mas sagradas diante do destino dos Deuses...
Aiolia olhava tudo impressionado, enquanto o velho continuava sua explanação...
- Veja, olhe bem: Matsua, a primeira encarnação... Kurma, um apoio imortal, o monte Mandara, usado por Deuses e demônios, é a segunda encarnação do Deus Vishnu... Varaha, a terceira encarnação do Senhor Vishnu, matou o demônio Hiranyaksha, que havia roubado os Veda, e trouxe a Terra dos confins do Oceano...
Aiolia murmurou, sem perceber... - O domínio de Poseidon...
- Veja: sucessivamente, o Grande Senhor da Preservação vem reencarnando em suas formas terrestres para ajudar Athena, e impedir que Kali desequilibre as forças do Universo com sua irmã Maya... Olhe, aqui, mais adiante, veja bem a nona encarnação do Senhor Vishnu... Observe bem o desenho...
Aiolia se aproximou de um belíssimo desenho, feito em tons pásteis de azul, verde e dourado...
- Buddha!
- Isso mesmo. O jovem Siddhartha Gautama.
Mas, se ele, Buddha, é encarnação de Vishnu e, se dizem que Shaka é a encarnação dele, Buddha, então...
- Exato, cavaleiro. Sua dedução é correta. Tudo indica que Shaka é a encarnação atual do Deus Vishinu. Veio diretamente a Terra para proteger Athena e os sagrados cavaleiros dela. Sua existência como cavaleiro tem uma propositura nas águas do destino...
- Mas isso só prova o que eu digo, Shaka jamais faria mal aqueles pobres aldeões!
- Ele não tem consciência de sua natureza divina, e nem deve ter. Ele veio com o manto do esquecimento sobre ele, e tornou se homem... Tornou-se carne, humano, e, por isso, teve descobrir sua potencialidade sozinho, formar o seu próprio destino...
Aquela revelação causava um forte impacto sobre o jovem cavaleiro...
- Mas Kali...
- Ah, a mãe negra... Com a ajuda de Maya, ela pode Sim dominar o jovem Shaka e o manter sob o seu domínio...
- Então ele fez esse massacre?
- Duvido. Maya, a ilusão, adora tomar forma de outros seres para confundir e semear discórdia. Mas tenho certeza de que Shaka não vai conseguir escapar das garras da Deusa, que deseja tirá-lo do caminho de Atena...
- Ela vai...
- Matá-lo? Não, ela não ousaria. Seria quebrar um ciclo terrestre do próprio senhor Vishnu. Mas ela o quer para si, vai mantê-lo cativo, sugando toda sua energia, para que ele não possa mais servir a Deusa Atena...
Aiolia sentia seu coração descompassado, as pernas bambas pelo impacto da revelação! O cavaleiro de Virgem... Era Vishnu, o Deus... Era Buddha, o sagrado... Era Shaka, o homem que ele amava... Céus, como podia o destino fazer ele, Aiolia, se apaixonar por alguém inatingível como as próprias constelações do céu?
- Não me interessa o que ele foi nas vidas passadas, ou o lugar que ele ocupará no Olimpo ou no Nirvana ! O que me interessa é que ele... É um homem, como eu, e que precisa de mim. E eu não vou virar as costas para ele.
O velho deu um sorriso enigmático.
- Ótimo. Eu não esperava que você dissesse mesmo outra coisa...
- Vou enfrentar as Deusas e destruí-las.
- Não vai ser os golpes e as lutas de um cavaleiro que vai derrotar as Deusas Kali e Maya, mas sim a força do amor de um jovem...
-!
- Escute-me até o fim... O Um é a realidade. A ilusão é criada com a fragmentação do Um, do todo em pedaços separados... O que causa a perda da consciência do homem é a fragmentação feita na encarnação, que separa o homem do seu todo cósmico. Maya é a ilusão que cria ignorância, que faz a morte de transformação de Kali se tornar obsoleta e sem sentido. Faz a morte aterrorizante... O final de tudo aos olhos humanos... Para vencer Maya, e a grande mãe negra Kali, você deve evocar o todo, O UNO, o absoluto, o primeiro dos Lordes... Zeus, ou Brahma, como nós os chamamos...
- Evocar o Deus? Isso me parece uma tarefa difícil para santos, o que dirá para um garoto como eu!
- O grande Deus pode aparecer numa evocação e lhe dar forças para lutar contra o mal, mas, para tanto, Aiolia, é preciso reunir os sete mantras sagrados de evocação, que se encontram espalhados em sete locais protegidos por sete guerreiros...
- Guerreiros?
- Sim, homens santos, que, como vocês, os cavaleiros, protegem os quatro Vedas e que carregam consigo os manuscritos dos mantras sagrados... Sete, ao todo, porque são cada um deles protegidos por um dos sete chacras que formam o kundalini.
- Kundalini?
- Não há tempo para eu explicar tudo a você! Entenda os chácras como fontes de energias, exatamente como são os cavaleiros de Atenas protegidos pelas constelações... Tome desses guerreiros os mantras sagrados e conseguirá derrotar Kali e sua irmã, Maya...
Um barulho quase imperceptível fez Aiolia emitir um gesto de impaciência, pedindo silêncio...
- Quieto, tem alguém nos ouvindo... Alguém que ocultou seu cosmo até agora!
Saiu correndo da caverna em velocidade espantosa, e emitiu um raio energético em direção onde sentia um cosmo que não era nem do guia, nem do eremita e nem do menino moribundo... Droga, porque não perceber aquele cosmo antes!
- Seja quem for, apareça!
Aiolia iria mandar uma poderosa energia de ataque, o seu "Cápsula do Poder". Porém, de repente, reconheceu uma figura odiosa, mas que, de qualquer forma, não poderia ser atacada, pois era também um cavaleiro sagrado de Athena!
- Máscara!
O outro veio se aproximando com um ar cheio de desdém no olhar bonito...
- Ora, ora, bem que eu disse ao Grão mestre para não mandar um moleque fazer a missão de um homem... Você deveria ter se apresentado aos mestres da Índia em primeiro lugar...
O sangue de Leão ferveu, foi com muito custo que ele conseguiu se controlar...
- O que você está fazendo aqui?
- Conseguir convencer Ares, e ele me deixou certificar-me de que você não sairia da linha, e faria as ordens dele à risca... Pelo jeito, começou mal...
- Você não tem o direito de duvidar de minhas qualidades como...
- Tenho todo o direito do mundo, já que faço parte da Krypteia. E já que você é o irmão de um traidor!
Aiolia olhou para Máscara, cheio de ódio. A Krypteia! A organização, tão antiga como a antiga Esparta, era formada por guerreiros especiais que controlavam a ordem e a disciplina, matando qualquer um que desafiassem as regras sagradas, e os traidores.
- Para mim, os Krypteis não passam de assassinos. Shura e você não passam disso.
- Não me interessa sua opinião. O próprio grão mestre me autorizou a vigiá-lo, Aiolia, aceite, você tem o sangue da traição nas veias...
- E você, quantos inocentes matou?
- Pouco me interessa! Por mim, eu dançaria na cabeça de mais alguns deles, como fez Shaka, ou Maya, ou sei lá quem...- Riu - Eu mesmo coleciono algumas dessas cabeças na Casa de Câncer... E gosto de colecioná-las!
- Você é indigno de ser um cavaleiro, estava oculto, ouvindo nossa conversa como um...
- Claro que estava. Sou um espião, um agente da Krypteia a serviço do grão mestre, o responsável pela ordem do Santuário! E pouco me lixo para essa estória de Deuses. Você não acreditou nessa estória da fadas, acreditou? Você tem um trabalho a fazer, é isso o que conta. E eu vou ficar de olho em você... Se meu relatório não for favorável, vai ser acusado de traição, cavaleiro...
Aiolia pensou em retrucar um desaforo, mas o velho eremita fez um sinal para que ele se acalmasse...
- Você ainda tem muito que fazer para ajudar o cavaleiro de Virgem. E se querem brigar, briguem com os inimigos... Não entre vocês... Vocês devem matar os guerreiros sagrados e tomar o manuscrito com a evocação do grande Deus!
Máscara retrucou, cheio de deboche:
- O velhote tem razão... Briguemos depois! Mas você não acreditou em toda essa baboseira, acreditou? Vai mesmo atrás desses guerreiros?
Aiolia ficou pensativo... Havia algo
errado ali... Sentia o cosmo de Shaka. Quando vira a imagem do Buddha, a
sensação de que Shaka estava ali, naquela caverna, ficava ainda maior... Por
quê?
Respirou fundo... Atena que mandasse inspiração para ele, pois a vida de Shaka
e de muitos outros dependia da decisão que iria tomar agora...
- Não, não vou. Não porque tenho medo, ou porque você está palpitando com seu ceticismo habitual, mas simplesmente, porque o velho Hameshi, o verdadeiro, foi morto no massacre. Não é Hameshi quem está aqui na nossa frente, é Maya, a ilusão!
Dizendo isso, Aiolia fez sua esplendorosa armadura de ouro acoplar-se em seu corpo entrou novamente na gruta. Mascara, intrigado, vestiu sua armadura de Câncer e entrou atrás dele. Foi para perto onde Aiolia e o velho estavam. Surpreso, viu Aiolia mandar sobre o eremita o seu poderoso golpe "Cápsula do poder". O hindu gritou. Debateu-se como se queimasse em chamas, e, sob o efeito da energia do violento golpe cósmico, se transformou em Maya, uma belíssima Deusa, mas cujo cosmos, agora descoberto, mostrava ser de uma maleficência terrível.
Ela estava furiosa por ter sido descoberta em seu disfarce:
- Odioso! Como você descobriu quem eu era?
Aiolia gritou, já preparando outro golpe...
- Um homem santo jamais pediria a morte de um outro ser vivente, fosse qual fosse o motivo! Ainda mais dos guerreiros que protegem os vedas da verdade! Além disso, fiquei reparando no cinto que o guia que me trouxe aqui usava... Era um cordão negro com sete nós, o símbolo dos assassinos tugues! Justamente a corda que eles usam para estrangular as vítimas que são ofertadas a Kali!
A mulher riu, um riso horripilante...
- Isso mesmo, cavaleiro, você tem uma astúcia admirável, mas, mesmo assim, posso matar você como a uma mosca...
Mascara se meteu...
- Correção, "signorina", são duas moscas, não uma, e elas vão é cagar na sua cabeça divina...
- Insolente! Se aproximem e veja, ele morre!
Diante deles dois, O menino moribundo se transformou em Shaka. Um Shaka pálido e enfraquecido por um campo dimensional que o mantinha preso. Aiolia se agoniou... ah, céus, era ele quem estava ali, e a luz que o prendia, não era uma luz cósmica positiva! Na verdade era uma terrível energia, negra como a aura da Deusa que estava ali! Mesmo preso ali, naquele campo de energia poderosíssimo, Shaka o iluminara, lhe dera a visão da verdade diante das ilusões provocadas por Maya! Hameshi, o menino, tudo não passara de uma ilusão criada por Maya!
- Largue-o, bruxa, ou vai sentir a minha ira!
- Você é que vai lamentar falar assim com uma Deusa...
Máscara e Leão não se gostavam, mas o fato é que, em combate, eram perfeitos. Os dois combinaram os dois ataques, as "Ondas do Inferno" e o "Relâmpago de Plasma". Os dois poderosos golpes cósmicos, assim tão fortes, foram tão intensos que a caverna rachou como se fosse uma abóbora madura, diante da explosão de luz que se formou. A Deusa gritou e fugiu. Aquele ataque era mesmo forte até para ela! As pedras começaram a desmoronar... Máscara gritou:
- Depressa, pegue Shaka!
Aiolia correu o mais depressa que pode e tomou Shaka em seus braços, enquanto tudo desmoronava a sua volta, inclusive sua alma, que espatifava de pura aflição... Céus, tão gelado, tão frio... Parecia sem vida...
Máscara gritou novamente:
- Ande, vamos fugir ou seremos soterrados aqui dentro!
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Peixes havia acabado de chegar ao Santuário... Havia, após um dia de intensivo treinamento, se enfiado na cama de um aspirante à cavaleiro de Bronze... Um gladiador grosseirão que nada tinha além de força bruta, mas Afrodite não ligava. Entregava sua carne para o primeiro brutamontes que aparecesse na sua frente, desde que o satisfizesse a contento. Foi quando, no meio de um sexo cruento e sádico, ouviu ruídos do lado de fora do quarto. Percebeu quatro cosmos nada agradáveis...
- Tem alguém lá fora...
Estavam os dois numa fornicação animalesca. O homem grunhiu e não quis parar, mas Afrodite o empurrou e o tirou de cima dele.
- Já disse que tem alguém lá fora!
- Eu não senti ninguém!
- Seu cosmo é mais fraco do que o de uma barata! Ande, saia de cima de mim e vá ver o que é!
Resmungando, o brutamontes se desencaixou do corpo delicioso de Afrodite, se enfiou numa túnica e foi ver o que era... Afrodite, curioso, aguçou os ouvidos atrás da porta... Foi quando ouviu a palavra odiosa Krypteia! Era a polícia secreta do grão mestre Ares... O quê? Não era possível... Máscara... Era um deles... E conseguira permissão para vigiar o cavaleiro de Leão?
Afrodite se enfiou em seu "peplos" e saiu correndo dali. Quando o seu parceiro daquela noite voltou para a cama, já não o encontrou mais...
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Ares estava lendo alguns relatórios no escritório que ficava ao lado da grande sala sacerdotal quando sentiu um cosmo conhecido e um delicioso cheiro de rosas... Inquietou-se...
- Afrodite, apareça!
Afrodite surgiu de trás de uma grande coluna e se ajoelhou diante do grão mestre. Lindo, a boca rosada inchada pelos beijos recebidos, os olhos claros brilhando agonia e beleza. O peplos desalinhado em seus ombros mostrava as marcas das mordidas que o gladiador deixara na pele alva e sedosa.
Aquela visão tão fresca de um sexo sedento mal acabado deixou Saga extremamente excitado. Um sorriso de pura luxúria brilhou por de trás da máscara que sempre ocultava o rosto dele. Puxou Afrodite para si, com um tranco violento, mas cheio de desejo:
- Você ainda está com o cheiro do homem que fodia você, sua cadela!
Afrodite encostou-se no corpo de Ares. Não imaginava que era Saga quem estava ali, mas, mesmo assim, foi de um atrevimento assombroso:
- Eu acho que você não se importa...
Saga enfiou as mãos por debaixo da túnica de Peixes e começou a afagá-lo. Deu um gemido de satisfação quando sentiu as coxas quentes e o sexo túrgido do outro.Na hora, sua excitação também chegou ao máximo. Afrodite aproveitou aquele instante para se encaixar ainda mais no corpo do grão mestre...
- Eu preciso de um favor...
- Eu posso tomar o seu corpo como qualquer um desse santuário faz... Não preciso lhe fazer nenhum favor para ter esse direito!
- Mestre, eu imploro! Máscara é parcial, não gosta de Aiolia! Se ele foi oficialmente representando a Krypteia para avaliar as atitudes do cavaleiro de Leão, deve haver uma outra testemunha junto com ele. Por favor, me deixe partir atrás deles dois! Eu devo ver se realmente tudo vai sair como Máscara afirmar...
Saga, fazendo as carícias mais ousadas naquele corpo lindo que estava a sua disposição, disse:
- Um cavaleiro desaparecido e dois fora do santuário são um número alto demais...
- Por favor, grão mestre, deixe-me ir! Há muitos outros cavaleiros por aqui e será por pouco tempo a minha ausência!
- E desde quando você vai ser imparcial?
- Juro pela minha honra de cavaleiro!
O falso Ares riu ainda mais... Colocou Afrodite de bruços sobre a mesa de mármore, fazendo os papéis caírem pelo chão e levantou a túnica do garoto, até que seu corpo lindo ficasse indecentemente exposto:
- Não estou interessado na sua honra agora, cavaleiro... Se você me deixar realmente satisfeito, vou pensar em atender o seu desejo, por isso, agora, atenda os meus...
o0o
Continua...
Agradecimentos a Ia-chan, por ter comentado a fic.
Beijos
Jade Toreador
