Capítulo XX – A Testemunha

Harry assentou-se ao lado de Rony e deitou a cabeça sobre a mesa.

"Cara, você não parece muito bem..." – Rony falou entre uma colherada e outra.

"Não, é? Pois só estou cansado."

"Não é a primeira vez que você chega assim. Porque não dorme mais no dormitório da Grifinória? Está escondendo alguma coisa de mim?"

"Escondendo?" – Harry bocejou. – "Porque eu esconderia alguma coisa de você?"

"Isto é o que me intriga. Eu sou a única pessoa em que você pode confiar." – Rony olhou para Didy, que rosnava. – "Claro, além desse seu carrapato gigante."

"Besteira! Não há nada que eu precise esconder de você." – Harry levantou a cabeça e começou a se servir com um pouco de mingau.

"Foi o que pensei." – Rony voltou a tomar seu mingau.

A manhã estava profundamente gelada e a chuva que caía do lado de fora do castelo desanimava a todos que tinham aulas de Vôo, Trato das Criaturas Mágicas ou Herbologia. O dia tinha se tornado nevoento e completamente cinza e os alunos não conseguiam enxergar muito além de três metros. Harry parou de olhar para a chuva que ameaçava cair sobre sua cabeça através do teto enfeitiçado do Salão Principal e direcionou seu olhar para a mesa da Sonserina, encontrando rapidamente o loiro por quem procurava. Draco parecia cansado e sonolento. Ele escorava o rosto na mão enquanto tomava seu mingau, lutando para não cair no sono. Era totalmente compreensível que ambos estivessem com sono, já que passaram a noite inteira estudando, conversando e fazendo planos.

"Draco, eu já estou cansado de tanto estudar. Será que a gente não pode dormir?" – Harry fechou o livro e colocou-o sobre o criado ao lado da cama em que estava junto a Draco.

"Dormir? Agora? Mas daqui a meia hora temos que ir tomar café. Se eu te abraçar agora para que a gente durma eu não vou querer acordar até a hora do almoço no mínimo. É melhor a gente fazer outra coisa."

"Como o que?"

"As férias! É claro! Temos que nos preparar para as férias. Dezembro não está tão longe."

"Ótimo. Vamos ficar aqui e nos encontrarmos secretamente todas as noites. Mais alguma coisa pra fazer?"

"Mas é claro que não vamos ficar aqui! Vamos viajar. O que você prefere? Ir para a minha casa em Marrocos ou ir para a minha casa no Hawaii?"

"O que? Nós vamos... viajar no natal?"

"Claro que vamos! Eu não vou deixar você ter mais um natal monótono e chato aqui dentro. Vamos ter o melhor natal que se pode ter. Lareira, chocolate quente, castanhas, presentes..."

"Verdade?" – Harry se ajoelhou em frente a Draco. – "Um natal bem bonito, só pra nós dois?"

"Exatamente. Nós vamos fazer as compras para o jantar de natal e vamos trocar presentes, mas primeiro você tem que escolher a casa onde vamos ficar."

"Ótimo, quais são mesmo as opções?"

"Marrocos e Hawaii."

"Oh... é difícil dizer... pode me dar algumas descrições?"

"Bem... não preciso falar muito sobre a casa do Hawaii. É só pensar em um lindo lugar cheio de árvores verdes e pássaros que cantam todas as manhãs. Mas, como é natal lá deve estar bem frio. Mas em Marrocos não. A minha casa de lá fica em um imenso deserto. É escondido, claro. Não há trouxas por perto, mesmo porque eles nunca conseguiriam penetrar por lá. Só um bruxo sabe como passar pelo portal e onde ele está. Você vai gostar de lá."

"Ótimo, então vamos para Marrocos."

"Sim! Você vai adorar a areia, os camelos, as torre e o bra..." – Harry olhou para Draco, esperando que ele terminasse, mas o garoto parou de falar, assustado.

"O que foi?"

"Acabei de me lembrar de uma coisa. Harry, me desculpe, mas não poderemos ir para Marrocos. Teremos que ficar com o Hawaii."

"Draco!" – Harry sorriu. – "Isso não faz a menor diferença! Mas porque você mudou de idéia tão repentinamente? Do que se lembrou?"

"Ah... é que minha mãe está lá. Você sabe, fugindo de Voldemort e seus Comensais."

"Tudo bem, então. Vamos para o Hawaii... só nós dois, curtindo tudo o que o estado tem de melhor no inverno."

"É isso aí, mas agora é melhor que eu vá para o Salão Principal. Já deve ter gente lá e eu sempre era um dos primeiros a chegar."

"Ótimo. Daqui a pouco eu vou. Mas vai ser difícil me manter acordado durante o dia inteiro. Estou morrendo de sono."

"Nossa primeira aula é de Transfiguração. Tenho uma poção que pode nos manter acordado, você quer que eu leve?"

"Quero, mas primeiro..."

Harry se aproximou, colando seu lábios aos de Draco.

"Harry... Harry... HARRY!" – Harry se assustou, saindo de seu transe ao ouvir o grito de Rony.

"Ai, o que é?" – perguntou impaciente.

"Estou te chamando há séculos! Mas você está aí, olhando para o Malfoy como se nunca o tivesse visto antes. Não está pensando em esquecer de tudo o que ele fez, não é?"

"Bem, segundo Hermione ele não fez nada."

"E você vai acreditar nas palavras de uma Comensal da Morte?"

"Claro que não! Estava aqui, pensando no quanto eu fui burro."

"É assim que se fala, mas não era pra conversar sobre isso que eu te chamei."

"E pra que foi, então?"

"Pra você deixar de voar até a mesa da Sonserina e vir logo! A aula começa em cinco minutos."

Harry olhou no relógio. O tempo realmente voou enquanto ele observara Draco. Pegou sua mochila e a jogou sobre o ombro, enquanto se levantava. Olhou mais uma vez para Draco, que piscou para ele despistadamente. Harry sorriu para Draco, que esperou que o garoto sumisse pela porta e se levantou, andando devagar em direção à sala de Transfiguração. Tateou o bolso, procurando o pequeno vidro que pegara em seu dormitório minutos antes de voltar para o café da manhã. Andava lentamente pelo corredor. Por alguma razão ele sempre gostou de se atrasar para a aula de Transfiguração. Talvez fosse porque não gostasse muito de McGonnagal. Os alunos passavam correndo por ele, mas ele não se importava. Parecia não perceber o que acontecia a seu redor, até que ouviu uma voz chamando-o em uma sala a seu lado. Pensou ter ouvido coisas e continuou a andar, até que, novamente, ele ouviu seu nome. Entrou pela sala e logo reconheceu a voz. Cruzou os braços e sorriu, impaciente.

"Você ainda tem a coragem de me perseguir?"

"Você pensa que eu sou um comensal. Eu lhe dou o direito de pensar o que quiser, mas eu só peço que me escute." – Yurick falou, calmo.

"E porque eu faria isso?"

"Talvez porque não queira ver Harry ferido."

"O que?" – Draco encarou o garoto, boquiaberto. – "Isso é uma chantagem?"

"Desculpe se foi assim que fiz que entendesse. O verdadeiro Comensal, ou, se preferir, o outro Comensal, pretende fazer alguma coisa contra o Harry esta noite. Você tem que impedir."

"Como você sabe disso? O que está ou estão tramando? Quem é este outro Comensal?"

De repente, a porta se abriu e Hermione olhou para os dois garotos.

"O que estão fazendo aqui no horário de aulas? Fracamente, Malfoy, que exemplo de monitor você é! Andem, vão para as suas salas ou terei de aplicar uma detenção em vocês."

"Abaixe esta pose, Granger! Você não manda em mim!"

"Não, é? Pois é preciso ter muita coragem para falar assim com a monitora-chefe. Prefere me mostrar esta mesma coragem falando no mesmo tom com Dumbledore ou vai comigo agora para a aula de Transfiguração?"

Draco virou os olhos e saiu da sala, nervoso. Hermione começou a andar ao seu lado, parecendo muito desconfortável.

"Assim está melhor."

Draco permaneceu calado e emburrado até entrar pela sala de Transfiguração logo após Hermione.

"Com licença, professora." – A garota falou. – "Eu o achei em uma sala vazia, conversando."

"Obrigada senhorita Granger. Malfoy, pode se assentar com ela se não estiver pensando em suas conversas com os amigos ou com os vinte pontos que acaba de perder para a Sonserina."

Draco se assentou ao lado de Hermione, mais nervoso ainda. Felizmente Harry estava assentado na mesa da frente. Draco pegou o vidro e bebeu metade do líquido que estava nele.

"Embebedando-se durante as aulas, Malfoy?"

"Cuide da sua vida, Granger!" – Ele disse, enxugando a boca com a manga da camisa.

Draco fechou o vidro e fingiu deixá-lo cair. Abaixou-se, e o pegou, colocando sobre o colo de Harry, que pareceu assustar-se, mas não chamou a atenção.

O.o.O.o.O

Ficar acordado durante todo o dia foi fácil. Difícil foi ficar durante todo o jantar espiando todas as pessoas do Salão Principal, além de ter toda a sua atenção voltada para Harry. Receava que o que Yurick tinha dito fosse verdade. Ele com certeza tentaria algo contra Harry esta noite. E o pior era que quanto mais ele olhava para a mesa da Grifinória, mais ele tinha a impressão de estar sendo observado. Enquanto andava de um lado para o outro na Sala Precisa esperando e desejando que Harry não fosse, pensava numa maneira de denunciar Yurick a Dumbledore. Estava tão concentrado, que quando a porta se abriu levou rapidamente a mão ao bolso, empunhando a varinha. Harry olhou para a mão de Draco e sorriu.

"Estava esperando alguém além de mim?"

"Harry!" – Draco guardou a varinha e correu até o garoto, abraçando-o. – "Você não deveria ter vindo. Está correndo perigo."

"Draco! Será que ainda não se acostumou? O perigo me persegue."

"Estou com medo, Harry... Eu... eu não quero te perder. Não outra vez."

"Ei, você não vai me perder. Quem disse isso?" – Harry puxou Draco, fazendo o garoto se assentar na cama ao seu lado, sem perceber ter deixado a porta aberta.

"Eu não quero que você ande por aí sozinho. Tem sempre alguém te vigiando. Sempre."

"Mas ninguém nunca tem coragem de me desafiar."

"Infelizmente ninguém é imortal, Harry. Nem você."

Harry olhou os olhos de Draco e viu um brilho que nunca tinha visto antes. Por um segundo ele sentiu o medo que havia invadido Harry. Talvez tenha sido isso que o impulsionou e fez que o garoto colasse seus lábios nos de Draco.Draco envolveu a cintura de Harry com seus braços e o puxou para mais perto, enquanto beijava-o carinhosamente. Mas, de repente, um barulho assustou aos dois e fez com que eles se separassem.

"O que foi isso?" – Draco perguntou, assustado.

Harry correu até a porta e olhou para o corredor. Um vulto de cabelos grandes se distanciava correndo, levando consigo o barulho de seus passos. Harry virou-se para Draco, que o olhava triste e amedrontado.

"Um Comensal."

O.o.O.o.O

N/A: Ah! Até que enfim! Minha mãe parou de fazer manha e colocou a internet aqui em casa. Aplausos para ela, por favor, obrigada. Espero que não tenham esquecido de Relíquia, porque eu não me esqueci de vocês. Ah, e até que enfim eu descobri como fazer para permitir reviews anônimos. Então vocês não tem desculpa para não deixar review. E isso vale para quem não tem conta. Um beijo a todos.

Mione03: Realmente, eu não reparei. Desculpe. Mas de qualquer forma eu estou muito brava, mocinha. Que isso não se repita, senão... nem queira saber.

Kevin: É, eu sei que você é maduro. Senão não escreveria fics tão legais. Eu só estava de brincadeira.

Anita Joyce Belice: Quer tomar banho com Harry e Draco? Que eles não te ouçam, ou podem ficar com ciúmes. Mas, sinceramente. Isso até eu queria.

Aline Potter: Quem? Katie? Você quis dizer Karey? Você acha que ela "coiseou"? Não acredito que ela tenha coiseado, apesar de ser uma coisa legal... Mudando de assunto, recebi sua coruja. E mandei uma ontem pra você. Quinta deve estar chegando. Vê se aparece, ok?

Srta Potter Malfoy: Bem, como você pediu, tá atualizado.

Dmi.gb: Envergonhado? Pra escrever uma fic? Cara, seu caso é sério. Eu realmente espero ler uma com o seu nome um dia.