Capítulo XXI –

Harry não conseguia dormir. Ele não devia ter voltado com Draco. Não devia ter arriscado tudo daquele jeito. Já faziam três horas que ele estava deitado em sua cama, rolando de um lado para o outro, tentando livrar-se da preocupação, mas algo lhe dizia que ele tinha motivos para se preocupar. Implorara a Draco dezenas de vezes que fosse direto para a Sonserina. Se pelo menos tivesse levado a sua capa poderia entregá-la ao loiro, mas desafiar Filch a vê-lo era um costume que ele tinha pegado com Draco. Sabia que era um Comensal quem o espiara. Os cabelos longos e castanhos claro eram o mesmo que ele vira tentando amaldiçoar Draco pelas costas antes de ser empurrado escada a baixo. Ao lembrar dos cabelos longos, lembrou-se de Hermione, e sentiu a raiva invadir seu corpo. Se a garota tivesse feito alguma coisa que arranhasse a pele perfeita de Draco ela pagaria com muito mais do que um arranhão. Receava que Voldemort soubesse. Receava que ele cumprisse sua promessa. Inúmeras vezes ele se levantara para andar até as masmorras conferir se Draco estava bem, mas se lembrava que não sabia a senha e voltava para sua cama. Conseguia suar por todos os poros que sua pele lhe permitia. Estava quase explodindo de medo e ansiedade. Mais uma vez, ele olhou no relógio. Cinco horas, treze minutos e cinqüenta e oito segundos. Não havia nem dois minutos que ele havia olhado seu relógio. Estava cansado de esperar por notícias, que ele previa não serem nada boas. Decidido a procurar alguém vivo para saber notícias de Draco ele se levantou e se vestiu, andando rumo às masmorras. A claridade começava a invadir o castelo, acordando os preguiçosos alunos que imploravam por mais um minuto de descanso. Começou a pensar em seus professores. Eles com certeza poderiam ajudar. Se conhecia bem Snape este estaria em sua sala preparando as aulas do dia. Mas se lhe pedisse ajuda seria capaz deste dizer que o que acontece a um aluno da Sonserina é assunto exclusivo da Sonserina e de seus familiares e, por ainda não serem casados, Harry não pertencia da família de Draco. Poderia também recorrer a Dumbledore, mas este diria que não havia motivos para se preocupar e que se alguma coisa houvesse acontecido a Draco a Ordem cuidaria de tudo. McGonnagal perguntaria se ele viu, ouviu ou soube de alguma coisa e por quem, antes, é claro, de levá-lo diretamente a Dumbledore. Enquanto pensava a quem mais poderia recorrer, andava pelos corredores desertos. Um pressentimento sombrio e terrível assombrava o coração de Harry, deixando-o cada vez mais preocupado. Sem perceber que já chegara tão longe, preparou-se para virar o corredor em frente ao Salão Principal e à escadaria de Mármore, mas ouviu vozes e parou subitamente.

"Se souberem o que você fez você estará morto antes do almoço." – Falou Karey.

"É? E como eles saberão? Você vai contar?" – Harry reconheceu a voz de Yurick.

"Sabe que não. Embora este seja o meu dever. Você não entende que está jogando no time errado?"

"Eu jogo sozinho, Perkins! E acho que você e eu temos noções muito diferentes do certo e do errado!"

"Você está em cima do muro, mas não poderá ficar assim por muito tempo mais. Logo terá que fazer sua escolha."

"Terei? Bem, isto parece óbvio, não?"

"Ora, ora, ora... o inigualável Potter escutando as conversas alheias..." – O coração de Harry deu um salto quando o garoto sentiu uma mão segurar seu ombro.

Ele se virou para trás e deparou com o rosto de Snape semicoberto por sua cabeleira negra. Ele não ouviu mais as vozes e se virou, dando de cara com Yurick e Karey olhando-o.

"Harry?" – Yurick parecia surpreso.

"Estava nos espionando?" – Karey perguntou.

"Não... bem, eu só... eu estava passando e..."

"Cuidado, Potter. Da próxima vez pode se encontrar com pessoas não tão... amigáveis." – Snape lançou um olhar desconfiado a Karey e Yurick, antes de sair com seu passo apressado.

"Quando você chegou?" – Karey perguntou.

"A pouco. O meu tênis desamarrou e eu parei para amarrar. Quando eu estava me levantando Snape me assustou." – mentiu.

Yurick olhou para o chão e sorriu desfarçadamente. Karey pareceu convencida e virou-se, andando em direção à Lufa-Lufa.

"Bem, eu preciso buscar meus livros. Vejo vocês depois, então?"

"Tudo bem."

Harry olhou para Yurick. Alguma coisa o assustou. O garoto sorria misteriosamente. Harry desviou o olhar ao sentir um formigamento na testa.

"Harry, tome mais cuidado com as pessoas ao seu redor." – O garoto andou em direção a Harry, passando por ele e parando um pouco distante. – "À propósito, você tem outro destes cadarços invisíveis para me emprestar?"

Harry olhou para os pés. No desespero, esquecera de que calçara seu tênis de velcro. Respirou fundo, e andou para o Salão Principal.

O.o.O.o.O

"Harry, onde você se meteu? Que horas você acordou, porque ninguém te viu sair."

Rony sentou-se ao lado de Harry e começou a passar geléia em sua torrada. Harry não parava de olhar um sói instante para a mesa da Sonserina.

"Eu... precisava pensar. Rony, você viu o Draco por aí?"

"Draco? Vocês voltaram? Harry, não percebe? Ele quer te enganar denovo!"

"O que? Não! Só falei Draco por costume."

"Um costume que você tinha perdido. Está me escondendo alguma coisa?"

"O que eu precisaria esconder?"

"Eu não sei. De qualquer forma, não vi Malfoy algum hoje. Mas porque se preocupa? Se ele sumiu de seu campo de visão é uma coisa boa, não é?"

Harry se calou. Não estava gostando do que Rony dizia. Não iria deixar que Rony insultasse Draco a manhã inteira.

"Harry, o que você tem? Coma alguma coisa! Você não vai aguentar ficar até a hora do almoço sem comer nada."

"Não estou com fome. Tem certeza? Aquele bacon parece ótimo!"

Harry pegou o prato de bacon e colocou em frente a Rony, que agradeceu enquanto enchia sua boa de bacon. Faltavam dez minutos para a primeira aula, mas Draco não aparecia. O coração de Harry palpitava cada vez mais desesperado. Harry sentia que seu ar ia embora à medida que os minutos passavam velozes por seus olhos. O salão cada vez ficava mais vazio, aumentando o desespero de Harry. Sua atenção estava totalmente voltada para a mesa da Sonserina, tanto que ele pulou de susto ao sentir uma mão tocar sua testa.

"Não. Com febre você não está."

"Não, é? Mas vou ficar." – Harry disse ofegante.

"Anda, vamos embora. A professora Sprout vai nos matar se não chegarmos a tempo para o teste oral."

Harry pegou sua mochila e jogou-a em seus ombros, olhando, mais uma vez, para a mesa da Sonserina.

O.o.O.o.O

Harry estava começando a chegar ao extremo de seu desespero. Alguma coisa lhe dizia que aconteceria mais uma vez. Era só ele começar a gostar de alguém que este alguém lhe era arrancado, levando um pedaço dele também. A ansiedade de Harry triplicara o tamanho do dia. O som do bip que seu relógio emitia de hora em hora parecia o som de uma faca entrando rápida e violentamente em seu corpo. Seus olhos estavam vidrados de medo. Se antes do almoço ele não conseguia prestar atenção nas aulas, agora ele nem decifrava a imagem que seus olhos focavam. Acordado, ele via imagens como em um sonho. Não tinha mais dúvidas, estava começando a ficar louco. Já não sabia a diferença entre a razão e a alucinação. Decidira que já era hora de pedir ajuda. Sozinho não conseguiria saber o que estava acontecendo. Pediu que Rony o acompanhasse até a sala de Dumbledore. Estava com medo de andar sozinho, embora não mostrasse isso em seu rosto. Harry andava cabisbaixo pelo corredor. Rony evitava falar alguma coisa para que Harry não explodisse, como na última vez que ele chamara o amigo para falar de um feitiço muito interessante que Lupin apresentara. Foi quando Harry se levantou e saiu correndo da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Já estavam chegando à sala de Dumbledore quando Harry avistou Creabe e Goyle andando sozinhos pelo corredor. Seguindo seu impulso, correu na direção de Creabe e o empurrou contra a parede, apontando a varinha direto para o rosto do garoto, que estava apavorado.

"HARRY! VOCÊ FICOU LOUCO?" – Gritou Rony, enquanto Goyle arregaçava as mangas.

Harry apontou a varinha para Goyle, que parou na hora, olhando para a varinha.

"AFASTE-SE! OU POSSO FAZER VOCÊ CONHECER O SIGNIFICADO DA PALAVRA DOR!"

Harry voltou a apontar a varinha para Creabe, que estremeceu, amedrontado.

"Fale rápido! Onde está o Draco?"

"Draco? E-eu não sei! Eu não o vi hoje. Ele nem dormiu no dormitório!"

"O que?"

"Depois do jantar de ontem ele sumiu. Ninguém viu o Draco depois disso! Será que dá pra apontar a varinha pra outro lugar?"

Harry afastou-se de Creabe, olhando para o chão. Creabe e Goyle se entreolharam, sorrindo.

"Assim vai ser mais justo." – Goyle estralou os dedos. Ele e Creabe começaram a se aproximar de Harry, que continuava a encarar o chão, pensativo e horrorizado.

Rony se colocou na frente dos dois garotos, segurando sua varinha, mas quase deixando-a cair de tanto que tremia.

"Su-sumam daqui ou eu juro q-que enfeito vocês."

"É? Estou morrendo de medo!"

"Pois se eu fosse vocês também estaria." – Creabe e Goyle empalideceram ao ouvir a voz de Lupin atrás deles.

Os dois gorilas se viraram e ficaram encarando Lupin, que estava com um semblante sereno no rosto.

"O que estão esperando? Uma detenção?"

Creabe e Goyle sairam correndo. Harry olhou para Lupin, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

"Ele o levou! Ele prometeu que se soubesse que estávamos nos encontrando o mataria! Ele vai tirá-lo de mim, como fez com meus pais e com Sirius!"

"Não. Ele não vai. Eu prometo. Vou conversar com Dumbledore e pedir que toda a Ordem vá atrás deles."

"Eu não quero ficar aqui sozinho! Eu não vou aguentar saber que aconteceu alguma coisa com Draco e eu não fiz nada."

"Tudo bem. Eu vou pedir a Dumbledore que você vá. Afinal, o maior prejudicado de toda esta história está sendo você."

Harry sentiu vontade de gritar que era Draco quem estava sumido, mas usou de todo o seu auto-controle para ficar calado, vendo o professor se afastar. Sentiu a mão de Rony se apoiar em seu ombro e olhou para o ruivo.

"Não se preocupe, Harry. Nós vamos achar o Malfoy. Nem que tenhamos que ir sozinhos atrás de... Você-Sabe-Quem."

O.o.O.o.O

N/A: Olá... obrigada pelos reviews. Adorei a recepção de Boas Vindas de volta. Espero que estejam todos gostando. Eu tenho me esforçado bastante para ter boas idéias. Um beijo a todos, Nan.

Tatiana: Bem, a única coisa que posso dizer é que não é por causa específicamente do medalhão que Draco não quer ir para Marrocos. Mas, sem querer, você acabou de me dar uma idéia fantástica. Em relação ao futuro, claro. Obrigada.

Gi Potter: Finalmente consegui ler seu review. Meu email tava com manha. À propósito, obrigada pelos elogios. Todos foram muito fofos.

Srta Potter Malfoy: Assim que eu acabar aqui, prometo ler sua fic.

Kevin: Bem, eu não posso responder coisas tão... ah, tão explicativas. Mas não se preocupe, daqui a pouco você vai saber de tudo.

Mione03: Tá bem, eu desisto. Não vou mais tentar fazer você escrever sua fic. E que você não atrase a deixar review, porque senão...

Anita Joyce Belice: Obrigada... valeu mesmo.

Aline Potter: Puxa... uma multidão ajoelhada aos meus pés? Que isso, eu não mereço tanto... Peraí! Quem foi que beijou o meu pé? (Nan vê um lindo loiro de olhos verdes sorrindo para ela e sorri.) Então continua... Bem, mudando de assunto... como foi que você descobriu o mistério do que estava na casa do Draco em Marrocos?Tá certo, eu deixei isso quase perceptível, mas... o que é isso! Você só pode ter poderes sobrenaturais! Você conseguiu me surpreender. E olha que isso é raro, viu. Ah, e obrigada pela coruja. Quando ela chegar eu respondo o mais rápido possível. Beijos, Nan.