MISSÃO: CRIANÇA

CAPÍTULO 01 – APRESENTANDO OS FATOS

Era uma época de acordos. Lady Une estava num jantar de reconciliação, justamente quando se ergueu pra fazer um pronunciamento, sentiu uma dor muito forte do seu lado esquerdo e caiu, com sangue escorrendo da boca. Heero, que estava em casa, fazendo um trabalho para faculdade, sentiu a mesma dor e caiu ao lado da cadeira. Quatre, que estava ajudando Trowa a fazer o jantar deu um grito e saiu correndo para o escritório. Duo, que estava chegando da lavanderia, ouviu o grito ao abrir a porta e jogando a roupa limpa no chão, correu atrás de Quatre. Wufei desceu correndo do quarto.

-Que diabos está acontecendo?

-Heero! HEERO! – Quatre virou o amigo, observando que ele respirava com dificuldades, mas estava muito pálido e estava sangrando pelos lábios...

-Liguei para os paramédicos. – Trowa entrou no escritório, olhando para Heero preocupado. – Como será que ele foi atacado?

-Não há marcas nas paredes, nem na janela, que continua fechada... – comentou Duo, passando a mão no vidro.

-Como se o ataque viesse de dentro pra fora... – disse Chang, para si mesmo.

No hospital, souberam que Lady Une também estava internada, vítima de um ataque tão estranho como o de Heero. Dr. J. foi informado de ambos os casos e veio até o hospital.

-Como ele está?

-Fraco. Como se tivesse perdido muito sangue, não aquele pouco que vimos sair de sua boca. Assim como Lady Une... – informou Quatre, nervoso.

-Ela está em coma. Mas em ambos os casos, não há ferimentos externos, só um monte de danos internos... – comentou Noin.

O velho cientista ficou parado, de olhos fechados. Trowa não perdia um só gesto dele, enquanto Quatre sentia que ele sabia alguma coisa. Abrindo os olhos, gesticulou para que todos que estavam na sala de espera o acompanhassem. Entrou num quarto vazio e trancou a porta. Olhou para todos, devagar e suspirou. Duo já estava impaciente:

-Olha, se sabe do que está acontecendo, desembucha logo. Eu não quero sair por aí sangrando sem saber porque!

-Calma, Maxwell. – mas Noin também estava ansiosa. –Por favor, doutor.

-Sim, eu sei o que está acontecendo. Mas é algo tão incrível, que temo que vocês não vão acreditar. Digo mais, vão dizer que estou louco e vão querer me internar...

-Então, tenta, doc. – Duo se sentou na cama mais próxima, enfiando as pernas por debaixo do corpo e brincando com a trança.

O doutor J. assentiu e começou a contar:

-Ao lado deste mundo há um outro mundo paralelo, uma outra dimensão, onde as pessoas que vivem aqui tem uma outra vida por lá. Se alguma coisa acontece com qualquer dessas pessoas, reflete na vida do seu correspondente aqui.

Duo deu um pulo e sentenciou:

-É bem pior do que eu pensei. A idade finalmente pesou na mente do coroa.

-Está querendo dizer que todo mundo tem um duplo na outra dimensão e que os duplos de Heero e Lady Une foram atingidos? – perguntou Noin.

-Pior é pensar que há guerra na outra dimensão também... – gemeu Quatre.

-Uou, uou, uou, espera aí, vocês estão acreditando nessa história mesmo?

-Maxwell, cala a boca! Se você não tem uma explicação melhor, fica quieto!-gritou Wufei.

-Calma, vocês. Realmente tudo parece muito incrível, mesmo. O senhor tem como provar, doutor?

-Sim, tenho.

Todos os queixos caíram e os olhos se arregalaram. Viajar na maionese era uma coisa mas provar...

-Há dez anos eu tive um encontro com meu próprio duplo. A guerra em sua dimensão estava sob controle e seus filhos se casaram e tiveram filhos. Mas agora pessoas com interesses escusos querem acabar com essa paz.

-Como o senhor pode conversar com ele?

-Através de um portal dimensional.

-E o que isso tem a ver conosco? Quero dizer, onde nós entramos nesse episódio de Além da Imaginação?

-Os seus duplos são os netos do meu duplo, alvos escolhidos pelos que lucram com a guerra...

-E daí?

-Daí que concluímos que, enviando a mente de vocês para as crianças, poderíamos salva-las, mantendo a paz lá e aqui.

Trowa assoviou. Quatre torceu as mãos. Chang balançou a cabeça. Duo se levantou e foi em direção à porta.

-Onde você vai?

-Vou chamar um psiquiatra, alguém forte que coloque uma camisa de força no velho!

-Você disse que não queria sair por aí sangrando sem saber o motivo.

-É. Mas veja bem, estamos falando sobre coisas que só se vêem nos filmes, transferência de mentes, portões dimensionais e os cambau.

-Vamos transformar crianças em soldados?

-Quatre, por favor... você vai entrar mesmo na onda do velho?

-Não. Vamos defende-las do que quer que as estejam ameaçando e tentar descobrir algo sobre quem é ou são os traidores da pátria. Eles não vão entrar em combate. Nem poderiam. O mais velho só tem doze anos e o caçula quatro.

-Sei quando estou derrotado. – suspirou Duo. – Me rendo. Se são nossos duplos, quem é o neto mais velho? O Heero?

-O Trowa.

O moreno sorriu. Chang se agitou:

-E eu sou o caçula, aposto. Seria uma grande injustiça, claro, ter que obedecer a esses cavalões, mas...

-Oh, não. Você não é neto, Wufei. Mas está sempre junto deles...

O jovem chinês sorriu aliviado. O doutor J. fez uma lista.

-Os netos são: Trowa e Heero de um lado, Relena, Duo e Quatre de outro.

-Ai, meu Pai do céu! Eu sou irmão da Relena?

-E eu sou caçula lá também? Por Allah, nem na outra dimensão eu escapo do destino...

Todos riram. Noin perguntou:

-Meu duplo faz parte da família?

-Sim. Você é mãe do Duo.

-E o pai é...

-O duplo do Zechs.

Ela se permitiu um sorriso. Duo abriu mais o sorriso:

-Oba, posso então pedir aumento de mesada, mommy?

-Posso dar uma mesada em você agora mesmo, querido. – e apontou para a mesinha num canto do quarto.

Duo fez beicinho. Trowa estava pensando:

-Então, se eu sou irmão de Heero e ele foi atacado com Lady Une, ela é nossa mãe?

-Sim.

-Porque só irão eles? – perguntou Noin.

-Primeiro, porque a mente das crianças permitirão a invasão. Depois porque eu não quero deixar essa dimensão desprotegida. Não sabemos se não há interesse em continuar a guerra por aqui também.

-Isso parece surreal.

-E também surpreendente. Mas não posso deixar de pensar que, se posso proteger uma criança de gente inescrupulosa, vou ficar omisso...

-Vocês aceitam ir, então? Posso considerar isso como um sim?

Os quatro pilotos se olharam depois disseram a uma só voz:

-Missão aceita!

N/A: Nhaaa, taí, meu primeiro fic de Gundam Wing... Como muita gente queria um fic com crianças de novo e eu não queria encolher os cavaleiros do zodíaco (uma vez só ta bom, gente) resolvi me arriscar. Dimensões paralelas é algo muuito complicado. O fic vai ter que ser feito com cuidado, pra não haver confusões. Ah, uma coisa que eu tenho lido MUITO em outros fics, e as Beta Readers não têm pego: cuidado com o verbo haver. Ele não é flexível e começa com H. Ah, sim, claro. Todo mundo sabe (e quem não sabe, vai saber agora) que eu amo o Heero, não vou deixa-lo de fora. Ele vai um pouco mais tarde. A fic não é yaoi nem romance, vou deixar claro também. Até mais.