MISSÃO: CRIANÇA – CAPÍTULO 07
REFORÇOS
Enquanto Jheronimus Kusherenada ia se ajeitando para receber os filhos e os netos, o doutor J conversava com Noin sobre a melhor maneira de convencer Zechs a cooperar.
-E essa idéia de trazer o Treize... Como, por tudo que é mais sagrado, iremos encontrá-lo?
-Através de Une, oras. Mas será que eles trabalharão juntos e bem?
-Há a vida de uma criança em risco... E depois uma guerra em andamento e talvez o nosso mundo em guerra novamente... Tudo que um soldado precisa...
-Vou falar já com Zechs. Eu ligo se já tiver notícias do Treize...
Os seqüestradores até estranhavam que o garoto junto deles não estava fazendo escândalo, mas julgavam que era por conta do medo. Winner se surpreendia por entender a conversa deles, um dialeto muito parecido com a língua da sua terra e mantinha o garoto calmo, porque eles sabiam o que os outros falavam e por enquanto, não havia risco imediato de vida.
Heero e Wufei voltaram e foram ajudar Noin no convencimento a Zechs e na busca a Treize. O "conde do trovão" se sentiu renascido ao pensar que iria lutar novamente, salvar uma criança e um mundo todo, mas levantou uma sombrancelha:
-Em outra dimensão? E lutar ao lado do Treize?
-SIM – três pares de olhos ansiosos cravaram-se nele.
-Mas esse meu duplo vai deixar que eu faça as coisas ao meu modo? Afinal, vocês são mais velhos que os seus duplos, podem mandar neles. O cara lá já é um adulto...
-Zechs, é o filho dele que corre perigo. Acha que ele não está disposto a tudo?
-Até a matar se for preciso?
-Ele é pai. Só não tomou uma atitude até agora por não saber exatamente como. Se alguém o ensina-lo, ele esmagará qualquer um que machucar quem ele ama.
-Embarcarei nessa loucura, então. Há um inocente precisando de ajuda, oras.
-Não se importa de trabalhar com o Treize de novo, então?
-Hunf! Há um objetivo maior aqui, não? Se ele não se importar em trabalhar ao meu lado, eu não colocarei impecilhos pessoais.
Wufei pediu ajuda a Lady Une, colocando seu coração no pedido. Ela entendeu as entrelinhas e logo, Treize se apresentava perante o Dr. J.
-Fico feliz que ainda tenho uma chance de ser útil a humanidade fazendo o que eu sei fazer melhor. Mesmo que seja em outro lugar...
-Cuidado com os seus duplos. Eles não estão acostumados com ação de campo...
-Esmagaremos os insetos incômodos de lá com o mínimo de estrago, não se preocupe.
-Vamos, então?
Heero e Wufei voltaram primeiro e os Kusherenadas tomaram posição para receber Treize e Zechs. Para os adultos, foi uma sensação muito mais estranha dividir uma mesma mente.
-Zechs Marquise?
"Zechs Kusherenada. Você tem uma boa mente analítica..."
-E você tem um grande conhecimento de luta. Se eu soubesse metade dessas técnicas, talvez não tivessem levado meu caçula...
"Agora vamos buscá-lo, meu amigo. Treize nos ajudará..."
Treize estava com os olhos fechados, tendo uma conversa formal e produtiva consigo mesmo. Quando abriu os olhos, todos sabiam que o Coronel Treize havia assumido o comando. Ele olhou para os garotos e suspirou. "Eliminar vermes com o mínimo de incômodo e derramamento de sangue. Do nosso lado, claro." E num gesto automático, passou a mão no cabelo de Duo. Zechs acompanhou o gesto.
-Duo? Mas ele é muito pequeno pra nos acompanhar...
-Ah, não, nem vem.
De repente, o celular de Zechs tocou, assustando todo mundo. O loiro franziu as sombrancelhas ao olhar para o visor.
-Relena? – perguntaram as crianças.
-Não conheço este número. Alô? Ué, ninguém fala nada...
Heero e Trowa pularam em cima dele.
-Quatre! Temos como rastrear a chamada?
-Sim. Vamos para o nosso departamento...
O que tinha acontecido? Quatre tinha surrupiado um celular deixado em cima de uma mesa, enquanto ninguém olhava diretamente pra ele e escondido na cueca. Deixado no banheiro por uns instantes sossegado, ele ligou para o número de Zechs e jogou o aparelho pela janelinha do banheiro, torcendo para que ninguém o encontrasse tão cedo e que ele caísse nos sacos de lixo que tinha visto ao lado do prédio (1). O garotinho se admirou da inteligência do amigo maior, pensando que só tinha visto isso em filmes de ação, e o nosso loiro sorriu.
A mulher da organização fechou a cara para o pequeno refém.
-Porque você não tem medo? Porque não chora?
-Porque eu tenho meu amigo aqui.
Ela pensou que ele estava falando do bonequinho e puxando o brinquedo da mão dele, pisou no brinquedo, quebrando. Quatre Kusherenada ficou bravo:
-Sua bobona. – mostrou-lhe a língua. – Mas meu amigo não era esse. Ele ta aqui dentro, ó. – e apontou para a cabeça. – E ele é mais inteligente que você, ta? E mais forte também.
A mulher pensou em bater nele, mas foi impedida por outro terrorista:
-Ficou boba? O moleque ta te provocando e você ta caindo nessa? Todo garoto da idade dele tem um amigo imaginário. Deixa ele comigo. – e empurrando o menino, trancou-o num quarto.
No departamento de defesa, ainda não sabiam do seqüestro, e ninguém estranhou a visita das crianças ao trabalho dos pais... Disfarçando, ele foram para áreas restritas e logo, Heero e Wufei estavam rastreando a chamada do celular... Alguns minutos se passaram antes de uma bolinha piscar na tela.
-Zoom no local.
-Onde é isso?
-Numa cidadezinha próxima daqui... Vocês são ótimos mesmo... – sorriu Zechs, o pai.
-Então, vamos?
-Sem reforços?
-Zechs Kusherenada! – reclamou o coronel Treize – N"S somos os reforços.
-Eu acho que nunca vou me acostumar com isso... Eu olho pra eles e vejo meus filhos e sobrinhos...
-É por pouco tempo. – Trowa afirmou. – Plano principal e plano B.
-Plano B?
-Duo... É sempre bom ter um ás na manga... Afinal, vamos invadir sem conhecer o local bem...
-E desde quando isso foi problema?
-Desde quando o seu tamanho não agüenta o coice duma arma de grosso calibre. – resolveu Heero, chamando os outros pra montarem estratégias e desenhos numa mesa.
-Hmpf! Eu cuido então da parte de comunicações e cobertura da rota de fuga... -aceitou ele, a contra-gosto.
E começaram a discutir o que levar e como fazer...
N/A: Nhaaaa, vocês pensaram que o Quatrezinho ia entregar o ouro, né? Pois ele ia mesmo... Bom, muita calma no próximo capítulo, que vamos resgatar o loiro e detonar terroristas... E quanto ao Winner jogar o celular pela janela no lixo, sim, me inspirei no Matrix (1). Eu sempre gostei de citar meus filmes favoritos...
