MISSÃO CRIANÇA – CAPÍTULO 09

UM POUCO DE INFÂNCIA...

Treize levou as "crianças" pra casa. Lucrezia caiu de joelhos na porta abraçando seu caçula, que estava excitadíssimo pelas ações da última hora. Se bem que ele não se lembrava da última parte, a do resgate, mas ser seqüestrado, responder para terroristas que aterrorizam crianças e ver como se monta uma operação de resgate com apenas um celular jogado pela janela já era uma história a ser lembrada pelo resto da vida.

-E Zechs? Treize, aconteceu alguma coisa com meu marido?

-Ele foi baleado no confronto. – o cunhado ergueu a mão – Nada de grave, foi no ombro, eles devem estar tirando a bala agora, eu passei aqui pra deixar os meninos e tomar um banho quente. Deus, estou exausto!

O lado prático de Noin se fez presente.

-Tome um banho enquanto eu peço a Meiran pra apressar o jantar. Depois você sobe e dorme um pouco.

-Querida, suas palavras soam como música aos meus ouvidos. Mas eu tenho que preparar um relatório da missão e ver o meu irmão no hospital. Se eu largar ele sozinho lá, você imagina como ele vai ficar emburrado.

-Ah, sim, eu sei. Tem muito do Zechs no Duo, nesse negócio de emburramento...

Os adultos sorriram um para o outro, enquanto Meiran levava seu pequeno anjo para um banho. A governanta sorria enquanto Quatre lhe contava tudo o que aconteceu e pensava como criança era um bichinho inocente, tinha passado por um perigo mortal e nem se dera conta disso, achando tudo uma grande aventura. Mal sabia ela que um certo piloto Gundam dentro do seu anjinho agradecia a Alá por ter salvo seu duplo com ações precisas. Quatre Raberba Winner não tinha medo da morte, mas expor um inocente era algo que ele nunca tinha feito.

Treize tomou seu banho, comeu um lanche reforçado, conversou um pouco com a esposa acamada, depois foi para o departamento, fazer seu relatório.

Heero franziu o nariz na mesa do jantar:

-Pobre papai. Não anda descansando o suficiente. E acho que está passando muito tempo em hospitais também.

Todo mundo concordou. Yuy pensou que isso era o normal para um adulto em tempos de guerra. Mas guardou o pensamento para si. Lá, ainda eram tempos de paz.

Relena estava de nariz virado pra todo mundo. Os meninos tinham visto muito mais do que contavam e tinham deixado ela de fora, só porque era uma mulher. Mas eles iam ver só uma coisa. Ela ainda ia fazer algo muito grandioso e eles iam ficar de boca aberta. Sorriu diante do pensamento e levou uma alfinetada do irmão mais novo:

-Vai aprontar alguma? Eu sou o único que pode aprontar nessa família... ôôôô, manhê, manda a Lena parar...

-Cala a boca, babaca...

-Manhê, a Lena ta falando palavrão na mesa... Sua porquinha, é com essa boca que você come, é? Tão sujinha...

-Duo, deixe sua irmã em paz! –Noin estava muito satisfeita por ter seu caçula são e salvo em casa que não estava a fim de brigar... – Acariciou de novo o queixo de Quatre. – O papai vai dormir no hospital hoje. Quer dormir com a mamãe?

-EU QUERO! – Duo ergueu o braço.

-A mamãe convidou o Quatre, seu entrão. – Relena rolou os olhos.

-Eu não sou entrão. – Duo fez beicinho. – Eu sou o filho do meio que não tem direito a nada. Deixa, mom, eu dormir junto com vocês? Deixa, vai?

Noin deu risada e Trowa acompanhou-a, Heero abaixou a cabeça, sacudindo.

-Tudo bem, chantagista. Pode dormir comigo hoje, também. Quer nos acompanhar, Lena?

-Não, mãe, obrigada. O Duo se mexe muito enquanto dorme. Não quero acordar roxa.

"Bem capaz mesmo dele dar umas cotoveladas nela de propósito." – pensou Trowa Barton, no que o Kusherenada concordou.

"Em seu mundo eles não se dão bem?"

"Bem, eles disputam a atenção de alguém especial pros dois e apesar dessa pessoa se desdobrar pra atender a demanda, nenhum deles nunca fica satisfeito."

"Quem é esse sortudo que fica entre dois fogos perigosos?"

"Você está sentado olhando pra ele."

"HEERO?"

"O próprio."

"Bem, aqui eu parece que vejo, às vezes, nossa prima olhando pra ele de maneira estranha... Mas vai saber o que as meninas estão pensando..."

"Vai saber..."

Enquanto isso, Treize está montando seu relatório e pensando. O Coronel deixa ele divagar à vontade, enquanto ele mesmo analisa toda a situação. Segundo Heero Yuy, existe um traidor no departamento que passa informações confidenciais aos terroristas e traz informações falsas para a sessão. Desse jogo de dupla personalidade, Treize se encheu na Romefeller e na OZ. O duplo conclui, envia uma copia criptografada aos superiores, guarda uma com chave de segurança em seus arquivos, tira os óculos e esfrega-os, cansado.

"Você está abatido..."

"Falta de mais ação em campo... Desculpe minha fraqueza, Treize..."

"Seu mundo até agora conheceu paz. Eu fui criado num mundo em crise. Não sei mesmo se é melhor ou pior estar tão preparado... Viu os meninos como se saíram hoje? Aquilo é o normal pra eles. Passaram a adolescência assim."

"Ver Quatre abatendo terroristas como se fossem frangos de granja foi horrível. Mas meu filho com uma arma na mão, sem tremer, sem piscar, certeiro, vai me dar pesadelos o resto da vida."

"Sinto muito. Mas você e Zechs preferiram estar alertas para aprender. Eu imaginei que acontecesse algo assim. Ou coisa até pior."

Treize se levantou, sacudindo o corpo.

-Nem quero imaginar o que seria pior. Vamos, vamos ver meu irmão, senão ele vai dizer que foi abandonado, agonizando, numa cama de hospital...

Uma risada ecoando em sua mente acompanhou o homem até a saída.

N/A:aaaahhh, pois é. Desencantei. Quem sabe daqui pra frente, a coisa rende? Calma, fãs, eu sou devagar mas eu consigo... 13/01/06.