Capítulo 2
Desde o início das aulas, no começo de dezembro, os alunos haviam sido liberados para sentarem em qualquer uma das quatro mesas que havia no grande salão comunal. Na segunda semana de aula a diretora resolveu que não era necessário que aquelas quatro mesas estivessem presentes e que apenas uma delas seria o suficiente para que todos os alunos pudessem fazer suas refeições. Dessa forma, alunos de diferentes casas passaram a se unir mais e mais.
Desde que essa medida havia sido adotada, Ginny Weasley e Luna Lovegood sentavam juntas. Na verdade as duas haviam se tornado grandes amigas e passavam a maior parte do tempo coladas. Naquela noite de quinta-feira não era diferente.
O quadribol havia sido cancelado esse ano, para não expor os alunos a uma situação fora de controle. Até mesmo as aulas na estufa de Herbologia ou próximas a Floresta Proibida haviam sido proibidas.
Porém, isso não era o suficiente para dar fim ao ânimo das meninas. Naquela noite, elas comentavam ansiosamente da pequena festa que se realizaria na sala do Professor Slughorn no dia seguinte.
A diversão era tanta que Ginny mal percebeu seu enorme diretor de casa se aproximar delas. Mal era possível ver o rosto do meio gigante, Hagrid, embaixo de todo aquele cabelo, barba e bigode. Mas as meninas não precisaram ser gênias para perceber que ele estivera chorando.
A fama de chorão de Hagrid era conhecida pelas duas. Na verdade, Harry havia confessado a Ginny uma vez que já tinha visto aquele grande homem chorar mais vezes do que Murta.
- Ginny.. eu... Bem.. a diretora quer vê-la.
A ruiva não soube dizer o motivo, mas na mesma hora sentiu que algo muito estranho tinha acontecido. Levantou num pulo e foi correndo até a sala da Professora McGonnagal o mais rápido que pode.
Luna ficou olhando para o meio gigante por cerca de meio segundo. Ele não parava de fungar e ela não se segurou.
- É muito ruim?
- Oh, Merlin,... eu não devia contar, mas.. bem.. Céus, é horrível.
Sem esperar mais um segundo a garota disparou atrás da amiga.
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Aquela sexta-feira tinha amanhecido cinzenta como se descobrisse o clima pesado que tinha se abatido naquela casa. Sem ter como se deslocar, os garotos não tiveram opção a não ser esperar o nascer de mais um dia.
As cinco da manhã Ron já estava acordado, devidamente agasalhado com seus mais grossos e pesados casacos e pronto para viajar.
Harry e Hermione desceram logo depois. O primeiro tinha a cara inchada de sono, mas Hermione parecia estar pelo menos mais bem disposta. Eles tomaram um rápido café da manhã e caminharam até a estação King's Cross.
Harry e Rony esconderam-se sob a capa de invisibilidade. Hermione, bem agasalhada, vestida de trouxa e com o rosto semi-coberto por um capuz para afugentar o frio, passava despercebida entre a multidão, exceto pela pesada mochila que levava nas costas e malão preto que ela arrastava.
Quando cruzaram a estação 9 ¾ encontraram com Remus Lupin e Tonks aguardando a chegada do trem. Hermione saudou os dois, e o ex-professor logo supôs que os dois garotos estavam ali, logo atrás dela, ocultos sob a capa.
Não foi difícil conseguir uma cabine vazia em um dos vagões, na verdade o trem estava praticamente deserto. Hogwarts e Hogsmead não eram mais pontos tão desejados como antes eram.
Quando todos entraram, Tonks trancou a porta e Harry e Rony puderam sair de debaixo da capa.
- Ron.. eu.. sinto muito... - disse Tonks sem nenhuma animação. Ela exibia grandes olheiras como se tivesse ficado acordada por toda noite. Remus também não estava melhor. Magro, arranhado. Isso fez Harry se lembrar que a lua cheia tinha terminado no fim de semana anterior.
- Hey! Er... Por que de trem? - indagou Harry. Pra ele, não havia sentido duas pessoas que podiam aparatar gastar dinheiro e tempo viajando até Hogsmead de trem.
- Os aurores criaram uma grande zona anti-aparatação ao redor de Hogwarts. Estão tentando evitar um novo ataque a escola. O ministro não ficou nada feliz com a insistência de McGonnagal em reabri-la.
- Vocês precisavam ver como ele entrou na sala dos aurores na manhã em que a Diretora McGonnagal avisou-o que ia reabrir a Escola. Ele parecia um leão, rugindo com todos nós.
- As medidas que o Ministério tem aprovado estão cada vez mais drásticas. Pode-se dizer que todos confiavam na vitória de Dumbledore. Com... bem, com ele morto, a sociedade bruxa praticamente entregou os pontos.
Remus tinha razão. E Harry pode ver isso quando chegou a Hogsmead. O único vilarejo bruxo da Inglaterra estava tomado por uma melancolia. Não havia pessoas nas ruas e pouquíssimas lojas estavam abertas.
Eles passaram pelo bar da Madame Rosmerta e Harry prometeu que acompanharia Rony ali depois que este encontrasse com a irmã.
A viagem para o castelo foi feita em carruagens puxadas por trestálios. Hagrid recepcionou o grupo nos portões e o acompanhou até a sala da Diretora McGonnagal.
Rony encabeçava o grupo que subia a escada espiral de mármore. Ele correu para abraçar Ginny e os gêmeos, que haviam chegado ali na noite anterior. O garoto agradeceu a Merlin por eles estarem ali.
Harry sentiu-se desconfortável naquela sala. Olhou incomodado para o quadro de Dumbledore, que piscou para ele, e não pode deixar de notar Hagrid ainda limpando as lágrimas com um lenço azul-bebê, sentado numa cadeira no canto da sala. Mas foi a visão de Ginny que lhe chamou mais atenção.
A ruiva veio em sua direção e ele abriu os braços para confortá-la. Não havia muito o quê dizer.
- Fred, George, Ronald e Ginny... - falou a diretora. Sua voz estava seca e pesarosa. - Não adianta dizer o quanto sinto. Não vou tratá-los como crianças, tanto vocês quanto seus pais sabem o preço que todos escolhemos pagar por tentar impedir que Vo.. Vo.. Você-sabe-quem chegue ao poder.
A mulher passou a mão na fronte e continuou.
- Por Merlin, Ele sabe que não deveria ter sido assim. A única coisa que posso oferecer a vocês é um lugar pra ficar. Mas se quiserem ficar juntos, em outro lugar.. eu vou entender.
Nenhum dos Weasleys se pronunciou. Os gêmeos se olhavam, Ginny permanecia abraçada a Harry e Ron e Hermione agora estavam de mãos dadas.
Fez-se um silêncio longo. Ninguém ousava falar. Foi quando um dos quadros atrás da Diretora tossiu baixo e fez com que ela se virasse.
- Professor. - falou McGonnagal respeitosamente. O homem de barba e cabelos prateados, tão longos que se podiam amarrar no cinto, olhou para ela. Tinha uma espécie de olhar paternal.
- Senhoras, Senhores. Diretora McGonnagal. Acho que o melhor a se fazer agora é deixar que as feridas se curem sozinhas.
- Alvo tem razão. A maioria de vocês não é mais meu aluno, mas durmam aqui hoje. E amanhã se necessário. Tenho certeza que todos vocês sabem onde achar a cozinha do castelo. Os elfos vão ter prazer em surrupiar alguns itens de nossos estoques de inverno.
Harry passava a mão nos cabelos de Ginny. A menina estava chorando em seus ombros e ele já começava a sentir o casaco molhado.
Ele olhou os gêmeos, que pareciam por demais abatidos. Não tinham no rosto o costumeiro sorriso matreiro de quem está perto de armar alguma brincadeira. Na verdade, ainda esperavam que aquilo fosse um grande trote.
Eles foram os primeiros a sair. Despediram-se de McGonnagal, Hagrid, Lupin, Tonks e de grande parte dos retratos que, ou estavam em silêncio, ou escondendo as lágrimas.
Rony seguiu os irmãos sem dizer nada, e Hermione ficou um tempo mais se despedindo da Diretora. Mas foi Ginny quem surpreendeu Harry.
Ela se soltou de seus braços e correu para abraçar McGonnagal. Ela demorou alguns minutos ali. E Harry esperou-a desconfortavelmente parado no centro da sala. Passou a mão no rosto uma ou duas vezes e então decidiu chamar pela menina.
- Ginny.. vamos?
A garota pareceu não ouvir por um tempo. Mas se soltou do abraço de McGonnagal aos poucos e voltou para o lado de Harry. Com um "tchau" bastante sem graça, ele se despediu dos presentes e caminhou pra fora da sala da diretora.
Desceram a escada em espiral, e encontraram Ron e Hermione no fim do corredor. Rony estava chorando abraçado a garota quando Harry se aproximou deles.
- Bem.. er.. Vamos a cozinha, Ron?
Mas foi Hermione quem respondeu.
- Fred e George tiveram uma idéia melhor. Na verdade, já até foram começar a por em prática. Ficamos pra contar pra vocês. Vamos a Sala Precisa.
Harry concordou com um aceno de cabeça e continuou a puxar Ginny pela mão. A menina parecia querer parar de andar, mas Harry sabia que chorar sozinho não adiantaria nada.
Quando chegaram a Sala Precisa, não foi com muita surpresa que encontraram uma verdadeira adega.
- Firewisky a vontade para todos nós. - disse Fred já com um grande copo cheio em suas mãos.
- Não são tão bons quanto os da Madame Rosmerta, mas tenho certeza que vão servir. - dessa vez foi George quem falou, se juntando ao grupo, trazendo de uma das prateleiras um grande garrafão de barro.
Nenhum deles fez objeção. Sentaram-se nos bancos que havia ali, encheram os copos, e beberam até cair.
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Há muitos anos Tom era o dono do Caldeirão Furado. O bar estava na família e passava de geração em geração desde Daise Dodderidge, fundadora do bar, por volta de 1500.
Em todos aqueles anos, ele já havia atendido o mais variado tipo de clientela. Por vezes chegou a hospedar o próprio Ministro da Magia em um de seus quartos. E, é claro, Harry Potter!
O Menino que Sobreviveu havia estado ali anos antes, hospedado por ordens do Ministério da Magia. Passou um mês sob os cuidados de Tom, e desde então o homem guardava uma foto que, por muita insistência, o garoto havia concordado em tirar.
Há alguns meses ele tinha passado a esconder a foto. Desde que Você-Sabe-Quem tinha retornado, não era bom ficar declarando publicamente amizade a Harry Potter ou Dumbledore.
Porém, desde o início de dezembro, o Ministério tinha aumentado o número de aurores patrulhando o Beco Diagonal, e isso, de certa forma, dava-lhe maior segurança.
O Beco Diagonal era um amontoado de lojas bruxas que ficavam escondidas aos olhos trouxas. O único meio de ligação entre os dois mundos encontrava-se naquele bar, e por isso, desde o inicio de dezembro havia um auror ali de prontidão, vinte quatro horas.
Aquela noite de sexta-feira era dia de Plantão de Dawlish. Um bruxo de cabelos curtos e grisalhos. Não era muito chegado a conversas como os outros. Na verdade, passava a maior parte do tempo parado próximo à porta de entrada. Praticamente como um leão de Chácara.
Tom não reclamava. Em outros tempos, talvez ele pudesse assustar os clientes, mas hoje as coisas andavam tão mal, que não fazia diferença ter um homem do Ministério parado a porta.
Do bar, ele tinha uma visão de todo o primeiro andar do estabelecimento. Questões de segurança, dizia ele. Tom estava limpando uma jarra de cerveja, quando uma série de estalidos do lado de fora chamou sua atenção.
Ele levantou o rosto rápido procurando por Dawlish e viu um jorro de luz verde iluminar o ar e o corpo de auror cair sem reação.
Um grupo de aproximadamente cinco pessoas entrou no bar. Todos tinham o rosto coberto, e moviam-se gargalhando loucamente, exibindo um certo orgulho do que tinham feito.
Um deles andou na direção de Tom, apontou a varinha e entre risos, falou.
- Você não vai morrer ainda. Vamos querer alguns drinks quando acabarmos com a farra.
Petrificado de medo, ele viu uma dúzia de aranhas do tamanho de mesas entrar em seu bar e tecerem suas teias. Seus olhos se arregalaram e ele sentiu as patas peludas de uma delas tocar sua perna.
Tremendo, ele foi derrubado no chão, e seus membros logo foram enrolados por fios sedosos que impediam de se mover.
Tom estava caído no chão atrás do balcão, com uma aranha sobre seu peito. Rezava para poder escapar do ferrão. Mas tinha medo que isso apenas prolongasse sua vida até a volta dos Comensais da Morte.
Graças a isso, ele não viu a loja de caldeirões ser explodida. Ou a Loja de Roupas da Madame Malkin pegar fogo. Tão pouco ouviu os gritos e uivos dos animais engaiolados ao serem devorados pelas aranhas gigantes que cruzaram o portão.
Porém, os gritos desesperados e os pedidos de clemência, ele pode escutar. A correria dos que estavam no Beco Diagonal e o irritante alarme do Gringotes que soava extremamente alto.
Tom implorou para que os aurores do Ministério não demorassem a chegar. Mas suas preces não foram atendidas. O grupo de comensais voltou. Ouviu suas vozes quando entraram no bar.
Uma voz de mulher se aproximou dele. Ela ria insanamente e lançou-lhe uma maldição imperdoável que fez o corpo do homem dobrar-se.
- Então, velho, aonde estão guardadas as bebidas?
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Já havia passado de meio dia quando Harry abriu os olhos sentindo um estranho peso sobre a barriga. Dormia numa posição incomoda, e ao se mexer, ouviu um gemido de reclamação ao seu lado. Abriu os olhos, e com a visão ainda embaraçada, viu Ginny dormindo recostada em seu ombro. Estavam deitados no chão, com copos ao redor e uma garrafa virada de Firewisky. Mas isso ainda não explicava o peso em sua barriga.
- Mestre Potter? O senhor acordou?
A voz foi reconhecida na hora. Dobby! Harry tentou mexer o braço livre e sentiu-o formigar. Fez uma careta e o elfo doméstico saiu de cima dele.
- Que horas são? - perguntou o garoto ainda pensando se devia levantar ou não.
- Já passou de meio dia, senhor. A Diretora McGonagall mandou que procurássemos o Senhor Potter, os Senhores e a Senhorita Weasley e a senhorita Granger. Ela está preocupada.
- Meio dia, Dobby? Tem certeza?
- Sim, sim, mestre Potter! Dobby já serviu o almoço hoje! Dobby mandou fazer seu prato preferido para o almoço. Roast Beef. Dobby soube que o Mestre Potter tinha voltado para o castelo e...
- Dobby! Dobby! Tá bom! Olha, daqui a pouco eu desço pra almoçar. - Harry fechou os olhos e sentiu que sua cabeça ia explodir. Porém, num último pensamento preferiu pedir a Dobby que deixasse que ele acordasse os amigos. Assim, o Elfo doméstico saiu da sala e foi avisar a Diretora McGonagall que tinha encontrado o Mestre Potter.
Harry se mexeu com cuidado para não acordar Ginny. A garota parecia dormir como uma princesa. Seu rosto de feições delicadas eram ainda mais bonitos quando dormindo. Ele se sentiu tentado a beijá-la, mas preferiu continuar fazendo carinho em seus cabelos.
Quando Harry tentou levantar, sentiu o chão sob seus pés se mexerem, e pensou que fosse vomitar. Apoiou-se de quatro no chão e engatinhou até uma poltrona vazia.
Pôs-se de pé, e implorou que aparecesse ali algum remédio para curar a ressaca de uma embriagues.
Harry viu um frasco de líquido verde viscoso aparecer na prateleira próxima a ele. Com alguma dificuldade se esticou e leu as letras, que dançavam a sua frente, escritas na embalagem.
"Poção Mata Ressaca"
Ingerir uma dose antes e uma dose depois.
Caso você tenha sido suficientemente burro a ponto de esquecer a dosa antes, tomar três doses pequenas no intervalo regular de meia hora.Harry não achou graça do rótulo que parecia zombar de sua situação. Com algum esforço serviu-se de uma pequena dose da poção e se deixou recostar no sofá.
O líquido desceu amargo em sua garganta e parecia revirar todo seu estomago. Harry se sentiu mal, pior do que já estava, e fez uma série de caretas, agradecendo por Ginny estar dormindo.
O garoto chegou a desejar que um relógio ou ampulheta aparecesse para lhe indicar o tempo certo para que tomasse a próxima dose. Na verdade, um grande relógio de cozinha apareceu na frente de Harry. Mas acompanhar os ponteiros fez com que ele pegasse no sono.
Quando Harry acordou, Madame Ponfrey estava a sua frente. Tinha em suas mãos um frasco parecido com o que ele tinha visto antes.
Lupin também estava na sala, mais distante, ajoelhado no chão tentando acordar Rony. Foi quando Harry viu Pirraça.
O fantasma vôou sobre a cabeça dele e da enfermeira cantarolando uma irritante música que o garoto não conseguia entender.
Apenas quando a Diretora McGonnagal chegou ao local, foi que o fantasma atravessou a parede e os deixou em paz.
- Não sei como Dumbledore fazia para aturar esse aí. Merlin. Bom dia, Potter.
Havia uma certa dose de sarcasmo na voz da Diretora. Ela percorreu o caminho entre a entrada da Sala Precisa e a poltrona em que Harry estava sentado, desviando-se dos muitos copos, garrafões e corpos dormentes que havia ali.
- Embebedar-se não era o que tinha em mente quando sugeri que fizessem uso do estoque de inverno. Mas parece ter surtido efeito. Preciso que os Weasley acordem logo, Remus. A cerimônia está marcada para as quinze horas. E bem... eles precisam saber do resto.
- Resto? - perguntou Harry antes que Madame Pomfrey enfiasse outra dose da bebida verde em sua boca. Ele sentiu mais uma vez seu estômago rodopiar, porém, os efeitos dessa vez causaram menos caretas. E ele podia afirmar que sua cabeça já não doía tanto.
- Durante a noite um grupo de Comensais da Morte atacou e praticamente destruiu o Beco Diagonal. Só não completaram o trabalho graças ao alarme do Gringotes que disparou chamando a atenção dos Aurores.
Harry arregalou os olhos e aparentemente os efeitos da bebedeira da noite anterior passaram no mesmo instante. Os Comensais já haviam atacado alguns comerciantes do Beco Diagonal. O Sr. Ollivaras e o Sr. Fortescue já eram dados como mortos. Mas um ataque direto. Isso era demais.
- Vinte lojas foram totalmente destruídas. Ainda não tenho confirmação se a dos Weasleys é uma dessas. Mas temo que seja. Especula-se que cerca de vinte pessoas morreram ontem a noite.
Harry, que não tinha palavras pra encarar aquilo, deixou a cabeça cair sobre as mãos, como se precisasse de apoio.
- Não me olhe com essa cara, Papoula, eles saberiam assim que saíssem daqui. Está em todos os jornais. Até mesmo os trouxas noticiaram o atentado de ontem.
- Professora... posso fazer uma pergunta?
Minerva virou-se para Harry, que olhava para os Weasleys, ainda dormindo.
- Faça, Harry.
- Err... professora, sobrou algo dos Weasleys para ser enterrado?
Minerva McGonnagal fez silêncio. A mulher de lábios finos e expressão severa parecia estar imersa em seu próprio mundo de pensamentos. Aos poucos, a expressão severa foi transformando-se em expressão mais leve. Tristes. Pesarosas.
- Muito pouco Harry. Muito pouco.
Continua...
