O CAMINHO DAS TREVAS...

CAP07... O homem, não o rapaz.

"Você vê o que vejo?
A verdade é uma ofensa
Seu silêncio por sua confiança
você ouve o que ouço?
As portas estão batendo
Limite sua imaginação, mantenha-se em seu lugar
Você sente o que sinto?
Distúrbio amargo
Quem decide o que você expressa?
Você recebe o que recebo?
Resistência é a palavra
Ir para trás ao invés de para frente me parece absurdo" (Metallica, Eye of the Beholder. trad.)

"-Ótimo... E você poderia nos explicar porque sumiu? Potter?"

Harry encostou-se na cadeira e disse olhando a mão de Gina que segurava.
-Eu me lembro muito bem do que aconteceu... me lembro de quando Voldmort desistiu... e desaparatou, A magia seguiu acertando o vagão... tão rápido...

Muito rápido...

"Havia cansaço e incredulidade, ele estava ganhando porque ir? Mas era o jeito mais fácil... havia outra magia acima da minha tornando o vagão inviolável... eu tinha que cancelar todas as minhas proteções para desaparatar... isso seria deixar os outros expostos ao que ocorresse..."

-Eu tomei uma decisão...- disse olhando-a.- Coloquei-os em risco.

-E que risco.- Rony apontou a meia lua em sua testa.

-Então ganhou a sua finalmente.

-Não foi divertido... garanto.

Harry sorriu grave.

-Mas eu demorei... e a explosão de magia... de certo modo me alcançou, de certo modo influiu na minha desaparatação... e bem.

Gina o viu sorrir de um modo levemente ridículo.

-Fui parar na Austrália.

-Ah... mas creio que isso pudesse ser resolvido com uma chave de portal.- disse Snape.

-Ah... no meio de uma rodovia... e bem... sofri um pequeno acidente... sabe, eu fui atropelado, recolhido num hospital Muggle... e bem... perdi a memória... Ora não me olhem assim... tenho a cicatriz da Pick-up que me atropelou oras!-Sorriu.- Demorou um bom tempo para eu me recuperar... Dolores cuidou bem de mim.

Gina apertara forte sua mão.

-Era uma velhinha meio cega... –riu da cara dela.- no entanto minha memória só voltou quando dei de cara com uma coruja... estranho não é... então eu voltei e peguei o pouco que estava comigo... meus pertences e quando a peguei.- disse puxando a varinha.- Me lembrei de tudo... três anos depois... incrível que ela não tenha se partido não?

A varinha estava ali... a mesma a que o ligava a Voldmort... inteira apesar de bem judiada.

-Ainda assim restam praticamente três anos e alguma coisa.-disse Snape impassível.

-Ora Severo...- Harry olhou-o sério.- Não se faz uma poção em dois minutos... não achava que havia necessidade de voltar tão rápido, se haviam suportado três anos... quatro... mais alguns não iam fazer diferença... não se ele, Voldmort, fora burro o suficiente para achar que eu morri sem ter o corpo... valia a pena andar por aí e aprender... me preparar.

-E você perambulou por aí por três anos e alguma coisa sem dar notícias?- Gina disse irritadamente.

-Sim.- disse a olhando.

Draco Malfoy achava que era um dos únicos que apreciava a vista dos olhares incrédulos lançados ao bruxo... mas não, Alida olhava tudo com a mesma voracidade, Dumbledore os surpreendeu afinal muita gente desconfiava e não da história, afinal, Harry Potter mentiria? Afinal tudo de esquisito no mundo ocorria com ele. Dumbledore disse finalmente que todos deveriam descansar, á moda dos grandes banquetes de fim de ano e todos dispersaram.
-Harry, Malfoy... Snape... sim Srta Weasley... podemos falar em particular.
Acenaram em concordância... um certo casal trocou olhares com o diretor que acabou acenando em concordância, impossível detê-los.
E todos dispersaram indo para os dormitórios vazios da Lufa-Lufa...
Harry andava em silêncio ao lado de Dumbledore, Gina ao seu lado, um pouco atrás tentando acompanhar o passo de ambos, Snape e Draco atrás, Hermione e Rony haviam demorado um pouco mas já se aproximavam a passos largos.
A torre onde a sala do diretor estava nunca pareceu tão longe para Gina, afinal havia algo no ar em seu... no pai de seu filho, lá no fundo era ele, e não era... percebera na frieza das respostas.. na forma de se mover...
Tudo em Harry era diferente... poderoso. Do longos cabelos, a pele mais escura... dos estranhos anéis até os exóticos e grandes brincos que usava, Harry cheira a ervas e incenso... tão diferente... do rapaz que tinha conhecido e do garoto tímido que tinha roubado seu coração, e ao mesmo tempo estava tudo lá.
-Picolé de limão.- Gina ouviu.
Era a voz de Dumbledore, mas ela jurava ter visto os lábios de Harry se moverem como se ele mesmo tivesse dito aquilo. E no momento que pensou surpresa nisso ele a olhou com um enorme sorriso maroto.
Que era ao mesmo tempo quase mau.

-Fawkes...-Harry disse ao sentir o peso morno da ave em seu ombro.
-Eu sempre achei que Fawkes lhe tinha um carinho especial.- disse Dumbledore olhando calmente o que fez Gina, Snape e Draco recuarem.
Saindo lentamente do capuz de Harry a forma esverdeada e achatada de longas presas parecia se aproximar para um bote.
-Meta as presas em Fawkes, Orus e vai queimar até os ossos.- Harry sibilou calmo acariciando a ave que agitou-se e saiu de seu ombro.
-O que vem a ser isso...- Snape disse sério.
-É Orus...- Harry disse num sorriso apontando a cobra que deslizava pelo seu ombro e pescoço.- Ah... um bom companheiro de viagem. É jovem por isso levemente arisco...
-É uma Naja-rei Potter.- Draco disse sério.
-Acho que percebi isso.- disse se dirigindo a janela.- Comporte-se.- Disse esticando a mão para a parte superior de pedra da lareira, sendo aquecida a cobra ficou ali com gosto.- Orus não está acostumado com o frio... está irritado com isso também.
Tanto Draco quanto Snape e Gina, haviam se sentado em frente a escrivaninha de Dumbledore, Harry mantinha-se de pé, Hermione sentou-se mais atrás e Rony fechou a porta.
-Será que finalmente podemos ter a verdade... Dumbledore?- Snape disse muito sério.
-Gostaria antes que Harry sentasse conosco Dumbledore o olhava.
Gina detectou o mesmo sorriso quase mau...
-Oh, não dessa vez estou bem de pé... prometi a mim mesmo não sentar em frente de você... Dumbledore... aprendi minhas lições.
Apesar dos outro quatro ficarem chocados Dumbledore lhe sorriu complacentemente.
"Não há mais meios de eu lhe influenciar... Harry... "
"Deveras... mas acima de tudo aprendi a não me distrair... ah, e não dar as costas a carros em movimento..."
Dumbledore riu e concordou.
-Certo, certo se prefere assim...
-Assim prefiro obrigado.- disse com um gesto leve de cabeça.
-Podemos?- Snape disse entre os dentes.
-A coisa que eu mais admirava em você Snape era sua paciência e frieza.
-E o que eu sempre alertei ser seu maior defeito continua sendo: o ego.
-Harry... onde esteve?- perguntou Rony.
-Se acham muito absurdo eu ter estado insconciente e posteriormente desmemoriado podem ligar para os hospitais Trouxas onde fui atendido, e Dolores adorará saber notícias minhas...- disse ele sério.
-Harry... acho que ninguém está pondo em dúvida...- Hermione começou.
-No entanto eu sei muito bem o que andei fazendo em três anos e meio depois disso, e sim, não entrei em contato... por escolha própria.
-Eu entendo.- disse Dumbledore.
-Entende? Muito bem.
-Você... você podia ter nos avisado e não nos avisou?- Gina se levantara o olhando.
-Achei que depois de tanto tempo era desnecessário e perigoso.
-Como...- Gina estremeceu, Rony segurou o braço dela e ela sentou-se... olhos brilhantes das lágrimas de fúria contida.
-Creio que agora está na hora de você contar o que fez com esse tempo.- Draco disse o olhando.
-Na verdade, foi aquela nossa discussão que me mostrou que eu estava errado... sobre o que tinha que fazer... que meu elo com Voldmort se tornara tão profundo que era imposs´vel rompe-lo sem uma medida drástica...
-Você sabia do ataque...- Draco concluiu.
-Eu não escondi que sabia... pelo contrário avisei a Ordem...- olhou Dumbledore.-Previamente até.
Dumbledore suspirou.
-Sim...
-Mas não avisei que pretendia enfrenta-lo e forçar uma nova inverção do Avada.
O silêncio ficou no ar tenso como névoa, Dumbledore o olhou profundamente.
-Sim, foi um sucesso total, embora eu quase tenha morrido... fiquei desorientado... acabei aparatando do outro lado do mundo... e aconteceu o que aconteceu... Voldmort tinha seus truques...- Deu de ombros.- Assumi esse risco.
-Você planejou receber um Avada.- disse Snape pasmo.
-Uma vez preso entre duas varinhas irmãs... haveria a reversão do feitiço, posso lhe informar da teoria mais tarde Snape.- disse sério.- Imagino que minha perda de memória foi causada por isso e não pelo acidente... e quando despertei...- Harry fechou os olhos numa expressão pura de prazer.- Minha mente estava livre... clara. E eu sabia o que fazer...
-Você lançou uma imperdoável...- disse Hermione.
-Você enlouqueceu?- Gina se levantou e dessa vez se colocou em frente dele.- Poderia ter morrido!
-Não. Eu não morreria. Não estava nos planos... eu poderia perder meu corpo, mas não morreria.- disse sério.
-Eu me preocupei! Eu chorei por você... e você sumiu!
-Era necessário, não iria arriscar tudo depois que desse certo.- Harry disse levemente aborrecido.- Controle-se.
Gina o olhou surpresa.
-Havia um plano maior... havia um tempo para que eu soubesse e aprendesse o necessário para varrer Ridle desse mundo.- disse sério.- Não podia deixar qualquer pista.
-Era necessária sua morte amplamente divulgada.
-Sim.Era o ideal.
-Isso foi cruel.- Hermione disse o olhando.- Isso foi...
-Isso foi necessário, não me venham com pudores e morais...- disse os olhando.- Ele nunca as teve.
-Isso não é desculpa... para esquecer es mínimas regras de humanidade.- Gina disse baixo.
-Eu vi mortes demais, para aceitar as regras...- Harry olhou firme para Dumbledore.
-eu entendo... entendo.
-Você não entende... o desperdício de vidas que foram seus planos... deixa eles saberem... do que você planejou...
-Eu entendo seu julgamento Harry, eu entendo.
Os outros olharam Dumbledore.
-Você teve medo... precisava fazer todos se envolverem na luta contra o mal.
-Não foi medo Harry, apenas uma forma diferente de ver a questão. Eu tentei manter os sacrifícios dentro do aceitável.
-Eu sacrifiquei coisas para poder vencer... você me ensinou isso.
-Você sacrificou sua própria moral Harry...- disse Dumbledore.- Sua própria alma...- disse ele desgostoso.- para se tornar o quê? Igual a ele? Tom? Você não entendeu que isso não é uma competição de poderes?
-Não... é um jogo.- respondeu seco.- Somos apenas peças de um jogo mórbido. Desde que aquelas palavras foram proferidas... E Ridlle... Ele deve ser eliminado... não importa mais a que custo... isso eu sei.
-Que palavras?- perguntou Gina o olhando.-A profecia? O que mais?
Os olhos verdes voltaram a se turvar ao olha-la.
-O que ele nunca teve coragem de me falar... nem a mais ninguém.
Dumbledore disse baixo e profundamente desgostoso.
-...e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece... e um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...- foi tudo que mostrei e deixei qualquer um saber.
-Então agora complete o que foi dito!- Harry disse o olhando frio.
Dumbledore se ergueu, pela primeira vez parecendo muito velho e cansado abrindo um de seus armários puxou um embrulho negro, dele retirou um outro objeto como...
-Um... um daqueles registros de profecias?- perguntou Snape.
-O original.- disse Dumbledore.
-Quebre-o .- Harry falou grave.
A esfera foi quebrada, a imagem fantasmagórica de Trelawney voltou a sua ladainha... mas dessa vez não foi interrompida...

"Sétimo mês... ... e aquele que se erguer vitorioso será maior e mais terrível que qualquer outro que já tenha existido. "

Agora finalmente o silêncio caía terrível... Harry e Dumbledore se encararam gravemente. Os outros ainda olhavam a vidente que parecia sentar-se em algum lugar inexistente e sumir...