NOTAS DA AUTORA: E aí, galera! Desculpe a demora, de novo... Estas semanas eu vivi como escrava! Estava fazendo uma disciplina no curso de férias. Isto significa: aulas de Filosofia (eca!) de manhã e de tarde, e trabalhar de noite... Quase morri! Mas agora estou livre, e vou tentar agilizar esse fic... Não falta muito para terminar.

Mas, deixa de papo... Vamos ao capítulo.

DISCLAIMER: Rurouni Kenshin pertence a Nobuhiro Watsuki. Eu nem queria mesmo! Fics são mais divertidos!!!

Kaoru PoV

E ali estava ela. Parada, bem na minha frente. "Kami-Sama, ela vai me bater! Ela deve ter me visto com o Kenshin, e agora quer vingança. O que eu faço? Não, eu não vou fugir!!! Se essa raposa acha que pode me vencer, ela está muito enganada!!! Eu fiz anos de Kendô... Tá certo, que eu já não pratico faz um tempinho, mas é como andar de bicicleta, a gente não esquece... Droga, se pelo menos eu tivesse minha shinai aqui. Não é o tipo de coisa que eu costumo trazer para uma festa... Será que aquela vassoura perto da porta serve? Isso! Eu pego a vassoura, dou um golpe nela, e saio correndo! Mas... Como eu vou pegar a vassoura? A Megumi está bem na minha frente, e a vassoura está lá do outro lado. Já sei! Eu aponto para o chão e digo 'BARATA!'. Brilhante idéia, Kaoru. Toda mulher tem medo de barata! Ela se distrai, eu pego a shinai... digo, vassoura, dou um golpe nela e saio correndo... Vamos lá..."

Eu estava pronta para pôr meu brilhante plano em ação, já tinha até me levantado, e estava encarando ela tentando não demonstrar medo. Mas eu não cheguei nem a abrir minha boca para falar. Ela foi mais rápida.

- Eu vi você com o Ken-san, garota. E não foi você quem me disse que "Não o conheço, sou apenas a entregadora!", hein? – falou ela, em tom de deboche.

Ah... Meu sangue ferveu. Quem ela pensa que é para debochar de mim? "Agora sim, eu vou ficar e lutar. Nem que eu tenha que arrancar os fios de cabelo dela com minhas próprias mãos..."

- Sim, eu o conheço. Mas se ele não quis deixar seu telefone com você, por que eu iria?

Acho que toquei no Calcanhar de Aquiles dela! Megumi parecia a ponto de soltar fogo pelas narinas! Tentei dar um passo para o lado, mas ela me segurou pelo pulso.

- E por acaso ele deu o telefone dele para você.

Abri a boca para responder, mas a resposta não saiu. "Ela tem razão, ele não me deu seu telefone. Ah, mas é porque não deu tempo..." Sorri cinicamente.

- Ainda não, mas garanto que é porque não tivemos tempo...

Ela riu, uma mistura de deboche e divertimento.

- Pobre menininha inocente. Acha mesmo que ele vai dar o tão cobiçado e secreto número de telefone dele para você? Ele não diz para ninguém, para nenhuma mulher. Kenshin Himura é um dos mais conhecidos conquistadores de Tóquio. Mas claro que você não deve conhecer a fama dele, você é muito jovem... – falou ela, soltando meu pulso.

Minha raiva cresceu ainda mais. Além de tudo ela me chama de criança! Comecei a gritar.

- Você só está com ciúmes porque ele não quis mais saber de você. Porque ele lhe mandou aquelas flores e nunca mais deu notícias, não é? Está com ciúmes porque ele está com uma garota mais jovem do que você...

Não consegui completar a frase. Megumi segurou meu pulso mais uma vez e me puxou em sua direção.

- Acha mesmo que com você vai ser diferente? Acha mesmo que você é especial? Eu também achei isso. Não escutei o alerta de minhas amigas e acreditei que eu podia mudá-lo, que comigo ele deixaria de ser um canalha. Ele tem esse poder, sabe? De nos fazer sentir que seremos a única, a última. Mas com você não vai ser diferente, garotinha. – ela soltou meu braço com força, e dessa vez doeu. Pude sentir que havia mágoa em sua voz, enquanto ela virava de costas e continuava falando.

- Já posso até prever o que vai acontecer entre vocês. Vocês vão passar o resto da noite aqui no bar, conversando, rindo, trocando beijos e carícias. Kenshin vai ser cortês, vai falar coisas bonitas, conversar sobre assuntos interessantes. No final da noite, ele vai se oferecer para levar você em casa. Chegando lá ele vai se convidar para subir...

- O que eu não vou permitir, porque não moro sozinha, moro com meus pais... – interrompi, zangada. O que ela pensa que eu sou? Onde aquela mulher estava querendo chegar?

Era riu

- Claro, era de se esperar, sendo você tão jovem. Mas garanto que ele já previu isto, também. Com certeza vai convidar você para irem a um lugar mais aconchegante. Para conversarem... Ele poderá citar vários lugares, desde uma dessas lanchonetes 24 horas até sua preferida: o motel mais próximo.

Coloquei a mão nos lábios, horrorizada. "Não! Kenshin jamais faria isso!" Mas ela não me deixou falar, continuou com seu discurso.

- Claro, agora irá depender de você. Se você realmente quiser passar a noite com ele, vai concordar com o motel. E note que, dentre os lugares que ele poderá citar, a casa dele jamais estará entre eles. Este é seu segundo segredo mais valioso, depois do número de telefone: o endereço. Bom, se você aceitar passar a noite com ele, Kenshin será um amante exemplar, carinhoso e selvagem na medida certa...

- Pare! Por que você está me dizendo estas coisas? – não podia mais suportar... Kenshin não podia ser assim, não! Eu nunca me enganei com ninguém, e apesar de tudo que Tae-san me disse, eu sabia que podia, olhando fundo em seus olhos, confiar nele...

- Espere, garota, ainda não acabei. Agora vem a melhor parte... – respondeu ela, com um sorrisinho no canto dos lábios – Depois de uma noite de sonhos, você dormirá, exausta. Acordará no dia seguinte, cedo, com ele já pronto para ir embora. Kenshin ainda será encantador, educado, e com certeza levará você em casa. Como ele não fará a mínima menção de lhe dar seu telefone, você, ansiosa por mais noites como aquela, lhe dará o seu. Algumas horas depois, ou talvez no dia seguinte, alguém da floricultura chegará em sua casa com um belo buque de rosas vermelhas, e um cartão, falando sobre como a noite foi maravilhosa, e dizendo que logo ele entrará em contato. Bom, a história acaba aqui... Ele nunca mais ligará para você, e se você o vir novamente, com certeza será nos braços de outra garota, iludida com belas palavras e seus olhos cor de violeta!

Eu estava muda. Assustada demais para falar qualquer coisa. Não conseguia imaginar esse Kenshin... Eu não o via desse jeito...

- Comigo não... – murmurei – Comigo não será assim. Será diferente...

Uma coisa estranha aconteceu. Os olhos de Megumi pareceram se suavizar um pouco, e ela sorriu. Não com cinismo, ou deboche. Mas com pena.

- Eu também pensei assim. E foi por isso que eu vim aqui, falar com você. Quando vi vocês juntos, no bar, cheguei a derrubar um copo! Não pude imaginar que Kenshin pudesse estar enganando uma garota tão jovem... Não achei que ele pudesse ser tão vil. Eu sou mais vivida que você. Caí nas garras dele sabendo que poderia sair machucada. Mas você é diferente. É jovem, não tem a experiência de saber quando um homem está realmente apaixonado ou apenas querendo uma noite de diversão. Mas eu não a culpo. Kenshin tem realmente esse poder, de nos deixar confusas...

- Essa história que você me contou... Foi assim com você?

- Sim – ela respondeu. – Comigo e com outras garotas. Depois daquele dia, que você apareceu em minha casa com as flores, eu fiquei esperando um telefonema, que não aconteceu. Fiquei realmente furiosa, e comecei a "investigar" com minhas amigas e conhecidas sobre Kenshin Himura. Algumas já tinham tidos encontros com ele. Histórias muito parecidas, sempre com o mesmo final. Eu já conhecia sua fama, mas quando comecei a conversar com ele... Me deixei levar...

Megumi virou-se e tocou meu ombro.

- Não deixe que isso aconteça com você! Não se apaixone por ele... Divirta-se essa noite, como achar melhor. Mas não alimente esperanças de que ele se tornará seu namorado. Kenshin é avesso a qualquer tipo de relacionamento... E duvido que isso mude um dia...

Não sabia o que fazer... Meu coração gritava que ela estava errada, que o Kenshin que eu conhecia jamais faria isso comigo. Mas meu cérebro, racional, dava razão a ela. "Tae-san já havia me alertado, e agora essa tal Megumi faz o mesmo." E ela já havia passado por uma situação igual a minha. Mas, o que eu podia fazer? "Não me apaixonar? Vai ser difícil... Acho que... Já estou apaixonada por ele..."

Vendo meu silêncio, ela retirou a mão do meu ombro e se afastou.

- É normal que você fique confusa, que não saiba em quem acreditar. Comprove por si mesma, se duvida de mim... Veja se esta noite não vai se sair exatamente como eu acabei de lhe contar. A propósito, qual é o seu nome?

- É Kaoru, Kaoru Kamiya.

- Bom, senhorita Kamiya, espero que nossa conversinha lhe ajude em alguma coisa. Tenha uma boa noite. – E com isso, ela virou-se de costas e saiu do banheiro.

Sem forças, me deixei cair na cadeira. Estava zonza, mil coisas girando em minha cabeça. Eu visualizava as cenas que ela tina descrito, mas ao mesmo tempo aquele par de olhos violetas invadia minha mente. Tão gentis... Não pareciam a mesma pessoa... "O que eu faço? Vou embora agora? Saio correndo? Fico e converso com ele? Finjo que nada aconteceu? Ai, o que eu faço?"

Fiquei mais alguns minutos sentada ali, tentando clarear minha mente. Achei melhor ficar. E fazer o que Megumi me aconselhou. "Vamos ver como a noite vai acabar. E torcer para que essa história não tome o rumo que ela previu..." Coloquei o sapato, ajeitei o vestido, dei uma retocada na maquiagem, e saí do banheiro.

"Por favor, Kami, me ajude! Faça com que seja diferente, por favor!"

Kenshin PoV

Katsu estava contando coisas incríveis sobre seus trabalhos nos Estados Unidos, mas minha mente não estava ali. "Kaoru está demorando, o que pode ter acontecido?" Eu olhava a porta do banheiro às vezes, de relance, mas não vi nada de anormal. Não conseguia parar de pensar nela, e em seus beijos... Tentei voltar a prestar atenção no que meu amigo dizia.

- ... e depois que o contrato venceu, eu tive que voltar para Nova Iorque, e fiquei quase um mês sem emprego... Espera aí, aquele ali, saindo, não é o Sano? – falou ele, apontando para a porta.

Olhei na direção que ele indicou, e sorri. Sano saía de mãos dadas com Megumi. "Nem tinha visto que ela estava aqui... É Sano, parece que você conseguiu fazer as coisas 'do seu jeito'"

- Sim, é ele. Pelo visto, a noite dele vai ser bem interessante...

- Aliás, Kenshin, parece que a sua também vai ser, não é? A garota que estava aqui, ela é linda! Mas, não acha que ela é um pouco nova demais para você?

- Ela é jovem, sim, mas não se preocupe, Katsu. Não vou ser preso! – falei rindo, mas ele permaneceu sério.

- Cuidado, Kenshin. Garotas jovens sofrem mais...

Ia perguntar o que ele queria dizer com aquilo, mas não tive tempo. Kaoru tinha acabado de voltar.

- Desculpe a demora – ela sorriu.

- Bom, acho que vou indo. Segunda apareço lá na agência, para conversar com vocês – falou Katsu, com um olhar significativo. "Ainda bem que ele percebeu que estava sobrando aqui".

Depois que ele se afastou, dei um suspiro aliviado e me virei para Kaoru. Ela tinha o olhar distante, parecia perdida em pensamentos.

- Kaoru? O que houve? – perguntei, me aproximando mais um pouco e segurando sua mão.

- Nada, nada não – ela respondeu rápido – só estou... bem... preocupada com o horário! Eu... não posso chegar muito tarde em casa...

- Eu levo você para casa. Quando quiser ir, me avise. – Kaoru apenas sorriu, e beijei-a novamente.

Tudo parecia perfeito. Eu me sentia muito bem com ela... Para falar a verdade, não queria que esta noite acabasse tão cedo... Mas, como ela mesmo disse, ela tinha que ir para casa... Esse é um dos problemas de se envolver com garotas mais jovens... "Será que era isso que Katsu estava dizendo?"

Kaoru estava um pouco tensa a princípio, mas depois pareceu relaxar. "Estranho... Ela parece que ficou tímida de novo... Achei que já tinha ganho sua confiança... Bem, vamos conversar mais um pouco, então". Contei para ela as aventuras pelas quais meu amigo havia passado nos Estados Unidos, e ela ficou muito impressionada. Mas ainda estava inquieta, eu podia notar. "Deve ser por causa do horário". Olhei para o relógio, e perguntei:

- Você quer ir para casa agora?

- Acho que sim. Preciso avisar a Misao.

- Vou com você.

Fomos até a mesa onde eles estavam sentados. A garota falava sem parar, mas ao menos Aoshi parecia prestar atenção. Ele me reconheceu, e me cumprimentou com um gesto. Kaoru foi logo falando com ela.

- Misao, estou indo embora. Você não se importa em pegar um taxi sozinha?

- Claro que não Kaoru, não se preocupe. – Escutei ela cochichar para Kaoru um "Divirta-se!"

- Eu levo você para casa, Misao – falou Aoshi, com aquela sua voz profunda. "Acho que é isso que atrai as mulheres".

Tive que segurar o riso. Misao parecia que tinha acabado de ganhar na loteria. Ela arregalou os olhos, e ficou sem voz por alguns momentos...

- Você... Me leva em casa??? – Ela questionou, com um sério tom de dúvida em sua voz. Aoshi apenas assentiu. Kaoru também estava achando aquilo tudo muito engraçado, pois me cutucou de leve, e nos afastamos discretamente, mas ainda observávamos Misao de longe. Ela parecia a ponto de pular da cadeira e sair dançando, de tanta felicidade!

- Você viu a cara dela? – me perguntou Kaoru, rindo até não poder mais. Aliás, nem eu conseguia segurar o riso depois daquela cena.

- Vi! Essa sua amiga não regula muito bem!

- Tadinha da Misao, ela só é espontânea demais! Nunca conseguiu esconder de ninguém o que sentia. Alegrias, tristezas, estava sempre tudo estampado no rosto dela! Tomara que ele goste dela assim mesmo!

Preferi não dar minha opinião. Eu não conhecia o Aoshi muito bem, mas ele parecia ser um cara sério. Sério até demais. "Bom, quem sabe não é isso que ele está precisando para deixar aquela carranca de lado? Uma garota como Misao."

Enquanto Kaoru ia pegar seu casaco, fui pagar nossa conta. Insisti em pagar a conta dela também, apesar de seus protestos veementes. Só consegui convencê-la quando falei que ela estaria ofendendo meu instinto de masculinidade se não me deixasse pagar sua conta, e que isso traria sérias consequências para minha auto estima. Aproveitei que ela estava distraída, rindo, e arranquei a comanda de sua mão. Gosto de mulheres modernas – em todos os sentidos – mas achei que estaria marcando um ponto a mais com ela se pagasse sua conta. Acho que deu certo.

Enquanto saíamos de mãos dadas da festa, andando devagar pelo estacionamento deserto, me ocorreu uma sensação familiar.

Estranho...Era como se nós dois fôssemos um casal de namorados.

Era como se eu tivesse voltado à minha adolescência, e eu fosse aquele velho Kenshin de anos atrás, e ela... Tomoe. "Não, não quero pensar nisso... Já faz tanto tempo... Porque tenho que pensar na Tomoe justo agora?" Tentei tirar aquilo tudo da cabeça, e me concentrar no que Kaoru estava dizendo. Mas ainda estava lá. Aquela já conhecida sensação, que por muito tempo eu achei que tivesse esquecido.

- Kenshin, você está me ouvido?

- Ah... Desculpe, koishii. Estava tentando me lembrar onde deixei o carro...

- É o que dizem... depois de uma certa idade, a memória começa a falhar... – ela me olhava com um olhar maroto. Resolvi entrar na brincadeira, para tentar esquecer aqueles pensamentos e sensações do passado.

- Está insinuando que eu estou velho? - Não dei-lhe tempo de responder. Peguei-a no colo e comecei a rodopiá-la pelo estacionamento.

- Pára Kenshin, eu tô ficando tonta! – Kaoru ria, e dava socos no meu ombro para eu parar.

- Só se você retirar o que disse!

- Não!!! – ela gritou, rindo ainda mais.

Coloquei Kaoru no chão – até porque eu também já estava ficando tonto – e a segurei com força, antes que caíssemos os dois. Suas bochechas estavam coradas, e ela ainda ria.

- Vou lhe dar mais uma chance: Ou você retira o que disse, ou vai sofrer a mais insuportável tortura que puder imaginar!

Kaoru puxou meu rosto mais para perto, e com os lábios colados nos meus, falou baixinho:

- Acho que vou ficar com a tortura.

"Cara... Aonde essa garota aprendeu a fazer isso? E eu achando que ela era pura e inexperiente." O beijo que se seguiu foi avassalador. Era uma pena que estivéssemos num lugar público, senão... "Bom, sempre tem o carro... Acho que o estacionamento já é mal iluminado por isso... Mas, será que ela vai querer? Eu preferia um lugar mais confortável. Não tenho boas lembranças de banco de trás de carros..." Uma buzina bem do nosso lado interrompeu meus pensamentos obscenos. Parecia que eu e Kaoru, em nossa cena romântica, estávamos atrapalhando a saída de outro carro do estacionamento.

Peguei Kaoru pela mão e a levei até meu carro. Mas o encanto já havia acabado. Ela não parecia disposta a continuar no carro o que tínhamos começado no estacionamento. Na verdade, acho que ela estava até um pouco arrependida de tamanha empolgação, a julgar pelo seu leve rubor, e por evitar meus olhos, se mostrando muito interessada em olhar meus CDs. "Acho que ela ainda não tem muita noção do que pode fazer com um homem, nem com ela mesma. Eu não me enganei. Kaoru é pura e inexperiente. Isso complica um pouco as coisas. Não acho que ela irá aceitar meu convite para 'esticarmos' a noite. E ainda tem os pais dela..." Enquanto esses milhões de pensamentos vagavam pela minha mente, dei a partida e saímos do estacionamento.

Pedi a ela seu endereço, e sugeri que colocasse um CD no som. Ela escolheu Eric Clapton. Eu observava-a pelo canto dos olhos, enquanto dirigia. Kaoru cantava baixinho alguns trechos da música, e enrolava distraidamente uma mecha de cabelo nos dedos. E eu estava com uma dúvida atroz. "Convido ela para dar uma volta ou não? Acho que ela não vai aceitar. Bom, depois daquele beijo no estacionamento, eu já não duvido de mais nada. Talvez eu consiga "persuadi-la", com outro beijo daqueles. Será que ela é virgem? Isso com certeza dificulta muito as coisas... Se bem que Kaoru valeria o sacrifício. Mas... eu estou com a sensação de que deveria ir mais devagar com ela, como fui desde o início." De repente, eu me dei conta do que tinha acabado de pensar, e quase bati em mim mesmo! "Kenshin, seu babaca! Ir mais devagar por que? Essa é a primeira e última vez que você vai ver essa menina! Se vc for mais devagar, vai acabar sozinho o resto da noite. Isso não é um início de namoro, onde você precisa seguir aqueles passos ridículos de 'transar só depois do terceiro encontro', 'conhecer os pais dela antes'. Isso é apenas um encontro ocasional, uma noite de diversão!" Mas eu sabia porque estava pensando daquele jeito... Era aquela sensação... "Ora bolas, é um absurdo. Eu nunca senti isso por nenhuma outra mulher! Eu nunca me importei com nenhuma outra mulher desde... desde aquele dia! Porque com a Kaoru seria diferente? Por que eu me importo em 'ir mais devagar com ela'? Está decidido! Vou agir com ela como eu faço com todas as outras. Se ela não quiser, paciência! Amanhã eu vou a outra festa e arranjo outra garota! Ela não é importante para mim". Era isso que eu pensava, mas mesmo assim, aquela sensação não me deixava em paz!

Paramos em frente a sua casa, uma bela casa em um bairro residencial de Tóquio. Não fiz nenhuma menção de descer do carro, e acho que ela entendeu a mensagem. Kaoru virou-se para mim, e sorriu de leve. Ela parecia feliz, e não mais aquela menina tímida e apreensiva que estava na festa.

- Obrigado pela carona. – ela falou.

- Não foi nada. – falei, e me inclinei para beijá-la. Não era um beijo de despedida. Era uma provocação, o início de algo mais. Pelo menos para mim! Queria que ela sentisse desejo, queria que ela me desejasse. Assim, talvez, fosse mais fácil... Ela não parecia tímida agora, correspondia a meus beijos com paixão. Me deixava deslizar as mãos por seu corpo, brincava com meu cabelo. "Isso Himura, tá dando certo."

Depois de uns minutos, nos separamos, um pouco ofegantes. Kaoru olhou pela janela do carro, ajeitou o cabelo, e falou:

- Bom, obrigado por essa noite maravilhosa, Kenshin . Eu me diverti muito...

- Espera, isso é uma despedida? – perguntei, com um olhar malicioso.

- Já é tarde, eu preciso entrar...

- E... Se eu lhe fizer uma proposta?

"Impressão minha ou ela ficou pálida de repente?" Kaoru ficou em silêncio por alguns segundos, séria. Então, perguntou, com uma voz que não passava de um sussurro:

- Que... tipo de proposta?

"Será que eu assustei ela?" Era estranho, mas alguma coisa na minha mente dizia "Não faça isso!!!" "Deixa de bobagens, Himura! O máximo que ela vai fazer é dizer não!"

- Bom... Eu também me diverti muito essa noite... E não queria que ela acabasse assim. Você não gostaria de ir a um lugar mais calmo? Para conversarmos... Eu conheço um barzinho aqui perto, ou se você preferir podemos ir a um...

Alguma coisa me impediu de continuar falando.

A mão dela. Em cheio, no meu rosto.

Para uma menina, ela tinha um tapa bem dolorido!

- Seu... Seu... Seu idiota!!! Está pensando que eu sou como aquelas vagabundas? Está pensando que eu sou igual as outras??? Está muito enganado, Kenshin Himura! Muito enganado!!!

Kaoru gritava a plenos pulmões. "Por essa eu não esperava. O que deu nessa garota!" Kaoru saiu do carro e bateu a porta com violência. Fiquei parado, dentro do carro, sem mover um músculo. Estava chocado demais. Kaoru deu um passo em direção a sua casa, mas depois voltou-se de novo para mim. Eu podia ver que ela tremia e... Estava chorando?

- Eu devia ter escutado ela. Mas não... Achei que comigo fosse diferente! Eu acreditei em você! Eu caí direitinho! Igual a todas as outras! Mas você não vai se aproveitar de mim, Kenshin. Você não vai me fazer sofrer, não vai!!! Seu idiota, cachorro, desprezível, seu, seu... Eu odeio você!!!! ODEIO!!!!

As últimas palavras foram gritadas, e acho que a rua inteira ouviu. Depois de todo esse desabafo, ela virou-se e correu para dentro de casa. Vi algumas luzes se acenderem, e escutei um barulho de porta sendo fechada com força.

E eu continuava lá, parado, no carro, sem entender nada.

"Mas que garota maluca! Achou que eu fosse estuprar ela ou o que? Era só uma sugestão... Se ela não quisesse, tudo bem... É cada uma que me aparece..."

Dei a partida no carro, e saí dali, devagar. O rosto ainda dolorido. E eu tentava entender o porquê de ela ter agido assim. Mas não conseguia.

"Ora, vai ver ela era virgem, e ficou com medo de ficar sozinha comigo, sei lá. Vai ver ela tem um namoradinho e ficou com receio de ele descobrir alguma coisa... Melhor deixar isso para lá. Talvez ainda dê tempo de voltar para a festa, e arranjar uma companhia para esta noite. Ainda é cedo, e hoje é Sexta! Eu não vou passar a noite de Sexta sozinho em casa..." Pensei, enquanto fazia o retorno e dirigia novamente em direção ao Café.

Tentei tirar Kaoru e aquele incidente da minha cabeça.

Mas não conseguia.

Aliás... Por que meu coração estava doendo tanto?

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Esse capítulo ficou enooooorme! E acho que essas crises de consciência do Kenshin ficaram um pouquinho confusas, né? Me digam o que acharam. Se vocês não gostaram, eu mudo no próximo capítulo... Aqui, os leitores mandam!

E dessa vez, não vou enganar vocês. O próximo capítulo vai demorar um pouco. Meu pai vai fazer uma cirurgia, e vou ficar bem ocupada agora em fevereiro. Mas acho que consigo escrever até o final das minhas férias. Torçam por mim, gente!

Queria agradecer muito a todo mundo que me mandou um review. É por vocês que eu continuo escrevendo! Muito, muito obrigado a todos!!!

Chibi-lua: Também ando brigando com meu pc, ultimamente. Ele é tão lento que se apostar corrida com uma lesma, a lesma vence!!! E não te preocupa, adoro reviews longos! Beijão

Prudence-chan: Hehehe, banheiros de festa são terríveis. Já estive em cada um... Gostou da cena? Beijos e até a próxima.

Misao Silent-mode: *vermelha com os elogios* Brigadinho, Misao... Você também é ótima! Hahaha, morri de rir quando li teu review. "Tio da Sukita"? Não tinha pensado nisso, mas vc acertou em cheio! Pior que tenho um amigo que é bem assim, mas não tem metade da beleza do Ken-san...

Kaoru: Bater, não! Mas acho que ela vai ficar com o pulso um pouquinho dolorido! Talvez elas até se tornem amigas, depois. Ainda não sei. Aceito sugestões! Beijos

Makimachi Misao: Hahaha, também morri de rir com teu review. E fiquei imaginando a cena: Imagina todo o Kenshin-gumi no Ratinho, fazendo um Teste de DNA? A Kaoru tentando bater no Kenshin, ele se escondendo atrás do Ratinho!!! Acho que dava um fic hilário!!! Alguém se habilita? Beijões

Madam Spooky: Olha, "deshentainizar" aquele assanhado, vai ser difícil. Acho que só com muito banho de água fria!!! Já Misao e Aoshi, esses dois vai ser um caso demoraaaaado... Beijos

Hana Himura: *Pri se ajoelhando* HANA-CHAN, ME PERDOA!!!!! Quase fiz você se queimar e ficar uma cópia brasileira do Shishio!!! Imagina, vc com todas aquelas bandagens nesse nosso verão infernal!! Nem um pouco fashion... Mas, já que nós tocamos no assunto: Amei o lemon que tu escreveu!