Oi pessoal... Nem sei o que dizer, para me desculpar com vocês... Eu demorei muito para terminar esse capítulo, por pura preguiça mesmo. Bom, muitas coisas aconteceram, de fevereiro para cá. Meu pai fez a cirurgia, eu tive um namoro que começou e acabou assim, do nada, e acho que tive muita inspiração para terminar esse fic. No caso, a "arte imitou a vida"! Espero que vocês me perdoem, e vou tentar me redimir! Tomara que gostem desse capítulo, foi feito de coração! Agora, só uma explicação: Briefing é uma espécie de questionário, que o publicitário aplica ao dono do produto que ele vai anunciar. O questionário deve responder as principais perguntas sobre o produto que o cliente quer vender. As perguntas são as mais variadas, desde "para que serve o produto" até "que tipo de público ele pretende atingir". Um bom briefing deve ser bem completo, falando TUDO sobre o produto e seus principais concorrentes, e ajuda muito a equipe de criação a fazer um bom comercial, pois quanto mais informações, melhor! Não sei se fui clara, mas acho que deu para entender, né?
Disclaimer: Rurouni Kenshin não me pertence. Até gostaria de comprá-los, mas estou guardando dinheiro para fazer um intercâmbio em Portugal! Me desejem sorte!!!





Kaoru PoV


Não conseguia dormir. Não tinha fome. Não tinha nem mais lágrimas. Sentia apenas uma tristeza muito grande, uma desilusão enorme, um buraco no peito.

Mas ainda tinha um pouco de racionalidade no cérebro. Aliás, uma racionalidade que não me deixava em paz por um minuto. Ficava gritando na minha cabeça...

"Sua idiota! Por que você está assim? Ele é apenas um cara que você conheceu num bar, ele não é nada seu!!! Por que você está tão decepcionada com ele? Ele é homem, homens fazem isso! E ele sequer te conhecia, para saber que você ficaria zangada com o que ele disse! Aliás, por que você ficou zangada, hein? Você sabe muito bem que isso acontece!!! Bastava você ter dito 'não' e ele ia embora. Kenshin pode ser um canalha, mas jamais iria te forçar a fazer qualquer coisa que você não quisesse. Deixa de ser boba. Levanta dessa cama, ergue a cabeça e a vida continua!"

Mas o corpo não obedecia... Estranho, né? Eu estava brigando comigo mesma...

Ao menos ainda conseguia ouvir o que se passava a minha volta. Escutei vozes na frente da porta do meu quarto.

- Kaoru está assim desde que chegou ontem, Misao. Não sei mais o que fazer. Ela não quis tomar café da manhã, não quis almoçar. Já são quase 3 da tarde! E ela não diz nada, não me conta o que aconteceu. Por favor, querida, converse com ela. Quem sabe com você ela fala...

- Não se preocupe, senhora Kamiya, deixa que eu converso com a Kaoru.

Logo depois escutei uma batida leve na porta e ela se abriu.

- Kaoru-chan, a Misao está aqui.

Não respondi... Será que ainda consigo falar?

Misao entrou, e fechou a porta logo atrás de si. Não estava saltitante, como sempre. Parecia preocupada. Preocupada comigo.

Ela sentou-se ao meu lado na cama, e passou a mão no meu rosto...

- Kaoru, me conta o que aconteceu! Sua mãe me ligou, ela está preocupada com você! Foi alguma coisa que o Himura fez?

Achei que não tinha mais lágrimas, mas estava enganada... Foi só escutar o nome dele que começai a chorar de novo... Misao me abraçou com carinho, e me deixou chorar em seu ombro.

- Eu fui uma idiota, Misao... Uma boba! Eu acreditei em tudo o que ele disse, mas na verdade ele só queria...

- Peraí – gritou ela, me segurando pelos ombros – não vai me dizer que ele te obrigou a fazer alguma coisa!!! Se foi isso ele vai pagar...

- Não, calma Misao, me deixa terminar! Ele não fez nada comigo... Mas queria ter feito... Eu vou te contar com calma.

E contei. Tudo. Desde o encontro na floricultura, a entrega na casa de Megumi, o que ela me disse no banheiro, tudo. Misao escutava em silêncio, se controlando às vezes para não me interromper.

- Eu quase acreditei que seria diferente, Misao. Quando ele parou aqui na frente de casa, e me beijou, achei que ele não fosse dizer mais nada, que não fosse me convidar para motel nenhum.

- Mas Kaoru, mesmo depois do que Tae-san e essa tal Megumi falaram, você ainda acreditou que ele não iria querer mais nada com você? Homens mais velhos como ele não se contentam apenas em ficar com uma garota, dar uns beijos e "boa noite". Eles querem sexo, e isso não significa que queiram compromisso... Só prazer!

Olhei para Misao, surpresa. Quando ela tinha amadurecido assim?

- E depois – ela continuou – eu não entendo porque você ficou tão abalada com essa "proposta" que ele lhe fez. Você já sabia que ele iria fazer isto! Era só você ter dito "não", que ele teria ido embora e pronto! Tudo acabava por ali!

Engraçado... Já tinha ouvido aquilo hoje!

- É, eu sei... Mas... Achei que seria diferente comigo. Eu não sei como explicar, mas, às vezes, ele me olhava de uma forma tão carinhosa... Parecia que ele... Gostava de mim...

- Tá, tá... Chega Kaoru. Você mal conhecia ele, vocês só trocaram uns beijinhos, acabou, pronto! Não adianta ficar aqui sofrendo e chorando por causa desse cara. Muito menos ficar imaginando o que poderia ou não ter acontecido se ele fosse diferente... Isso não leva a lugar nenhum. Você acha que ele está agora, chorando em seu quarto, abraçado a um travesseiro? Garanto que não! Tenho certeza que ele está dormindo, e só vai lembrar de você quando acordar e sentir o rosto dolorido!

Misao levantou da cama com um salto, e me puxou pelas mãos, me fazendo ficar de pé.

- Eu tenho duas sugestões para você. A primeira é sairmos daqui agora, procurarmos esse tal Himura pela cidade inteira, e tornarmos a vida dele um inferno. Mas, sinceramente, acho isso uma total perda de tempo... A segunda é você ir tomar um banho, se arrumar e ficar bem linda, e nós duas irmos na sorveteria tomar um sorvete bem grande, com calda de chocolate e cobertura de chantilly, e deixarmos toda esta história para trás. O que me diz?

Não deu para segurar um sorriso. "Só você mesmo, minha amiga. Para me fazer ver que não vale a pena sofrer por um homem que eu mal conheço".

- Eu voto pela segunda alternativa – respondi.

- E anote o que eu vou lhe dizer, minha amiga: o melhor castigo para um conquistador é ignorá-lo, e é isso o que você deve fazer com esse tal Kenshin. Até porque, no seu lugar, eu já me sentiria vingada... Ele não vai esquecer de você, nem do que lhe fez, enquanto tiver a marca da sua mão em seu rosto!

Saímos rindo do quarto. E eu já me sentia um pouco melhor... Mas ainda doía...



Kenshin PoV


(alguns dias depois)


- Pode entrar...

Respirei aliviado quando escutei alguém bater na porta do meu escritório. Já estava a mais de uma hora tentando ler um artigo de uma revista americana sobre Marketing, mas não estava conseguindo me concentrar... E estava começando a ficar zangado comigo mesmo.

- Kenshin, precisamos conversar.

Sano parecia sério. E bravo. Geralmente ele ficava assim quando alguma coisa dava errado nas campanhas, claro, desde que a culpa não fosse dele. Fiz um sinal, indicando uma cadeira na minha frente, e fiquei aguardando a bomba.

- Cara, o que tá acontecendo com você? Olha isso aqui – e jogou alguns documentos na minha mesa. Reconheci como um briefing que havia feito com alguns clientes no início da semana.

Peguei as folhas, fingi um olhar interessado, então perguntei:

- Algo errado, Sano?

- Tudo! Tudo errado Kenshin! Olha só, está incompleto! – gritou ele, saltando por cima da minha mesa e arrancando as folhas da minha mão. Sanozuke folheava o briefing com impaciência.

- Você sequer fez uma pesquisa de mercado rápida antes da entrevista! E olha aqui – ele apontava com violência para a folha – tá faltando o público alvo. O público alvo Kenshin! E, como assim "Número de inserções na TV: mais ou menos quatro" Afinal, são quatro, cinco, quantas??? – a voz de Sano ficava cada vez mais alta, e eu ficava cada vez mais apavorado – Em que horários? De quanto tempo? Em que emissoras? KENSHIN!!! – isso foi o grito final. Eu estava afundando na cadeira... O mundo ia acabar...

Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Acho que Sano percebeu que estava um "pouquinho" alterado, e resolveu se acalmar. Respirou fundo, passou a mão pelos cabelos, e falou, agora um pouco mais baixo.

- Kenshin, você não faz um briefing tão mal feito desde a época da faculdade... Você esqueceu as perguntas principais, os aspectos principais do produto! Quando esse briefing chegou na criação, o pessoal começou a rir, achando que tinha sido feito pelo novo estagiário! E você sabe como esse cliente é importante para nós, precisamos conquistá-lo logo, mostrar eficiência. Metade das agências de Tóquio estão atrás dessa conta! A impressão que eu tive é que você não estava prestando atenção quando fez esta entrevista...

É... Chegamos no ponto... Eu não estava conseguindo me concentrar no trabalho fazia alguns dias. E eu simplesmente não sabia o motivo...

Mentira. Claro que eu sabia o motivo. Era aquela garota. Kaoru. Seus olhos não saíam de minha mente, e, convenhamos, meu rosto ainda doía um pouco por causa do tapa... Mas não era só isso. Desde o incidente na Sexta, que minha cabeça estava um turbilhão. Tomoe, Okita, todo um passado que eu tinha feito questão de enterrar estava voltando com toda a força, e misturava-se com o presente, com as palavras que Kaoru me disse "Eu acreditei em você! Eu caí direitinho! Igual a todas as outras!". E um sentimento novo e sinistro começava a me apertar o peito. Culpa. Mas eu tentava não pensar sobre isso, e nesse ciclo vicioso não conseguia me concentrar no trabalho.

- Vamos Kenshin, diga alguma coisa.

- Eu agendo uma nova reunião com o cliente para essa semana ainda, Sano, e refaço o briefing. Tudo bem para você?

- Tudo bem. Mas eu estou preocupado com você, cara... Eu andei percebendo que você está diferente. Quer me contar o que houve?

Sano parecia sincero. E eu já não estava mais aguentando guardar tudo aquilo só para mim. Contei tudo a ele.

De algumas coisas Sanozuke já sabia. Afinal, era meu amigo a muitos anos. Contei sobre Kaoru, sobre o que ela me disse, e sobre o que eu estava sentindo, desde sexta.

Quando terminei, Sano tinha uma expressão risonha no rosto. Olhei com raiva para ele, não era esse tipo de ajuda que estava esperando.

- Olha Sano, não te contei tudo isso para que você deboche de mim. Afinal, por que esse sorriso?

- Desculpa, cara, mas não deu para evitar. Finalmente, Kenshin Himura está tendo uma crise de consciência!

- Não seja idiota, Sanozuke! Por que eu estaria tendo uma crise de consciência? Eu não fiz nada de errado!!!

- Claro que fez, Kenshin. Você magoou essa menina!

As palavras de meu amigo me atingiram como um tapa. "Você a magoou" "Você me magoou"... E as lembranças de um passado que eu queria esquecer me envolveram como uma névoa escura...

"Você me magoou, Kenshin"

"Eu? Eu magoei você? Você me traiu, Tomoe! Você!!! E ainda tem a audácia de dizer que EU a magoei?"

"Sim Kenshin, você me magoou, e a culpa foi toda sua! Se você tivesse me dado mais atenção, gostado mais de mim, me tratado com mais carinho, isso não teria acontecido! Eu não teria encontrado no Okita o conforto que eu precisava!"

"Cale a boca!"

- Kenshin, Kenshin, você tá me escutando?

Pisquei os olhos. Estava de volta. Mas aqueles gritos ainda ecoavam na minha cabeça. A angústia continuava.

- Desculpe Sano, o que você estava dizendo?

- Eu estava dizendo que isso que você está sentindo é culpa, remorso! Pede desculpas para essa garota, e eu tenho certeza que você vai se sentir melhor.

- Eu não entendo, Sano. Eu sempre fui assim, com todas as mulher, e nenhuma delas teve uma reação como essa, nenhuma delas se ofendeu tanto assim. Claro, algumas recusavam, mas nunca dessa forma! E eu não fui grosseiro com ela, isso eu tenho certeza!

- Peraí, Kenshin! Vamos por partes. Em primeiro lugar, você não foi "sempre assim". Você começou a agir dessa forma depois...

- Eu não quero falar sobre isso, Sanozuke... – interrompi bruscamente.

- ... e em segundo lugar – continuou ele – parece que essa tal Kaoru era diferente. Como você mesmo disse, ela era mais jovem. Ainda existem menininhas românticas e sonhadoras hoje em dia... Daquelas que acreditam em "amor a primeira vista". Quem sabe essa tenha se apaixonado por você!

- Impossível, cara! Nós só nos vimos duas vezes!

- Acontece, meu velho, acontece... Mas eu ainda acho que uma boa conversa pode resolver tudo isso. Se ela estiver mesmo apaixonada por você, ela deve estar sofrendo. Vá com calma, converse com a menina, peça desculpas. Você sabe onde ela mora, onde estuda. Vá atrás dessa garota... Tenho certeza que você vai se sentir melhor. E acho que ela também...

- Você acha que eu devo "correr atrás dela"? – perguntei, receoso.

- Não se trata disso, Kenshin. Você é adulto, e precisa saber quando cometeu um erro. Quem sabe o mal que você está fazendo para a "auto estima" dessa menina!

- Não exagera, Sano... – falei, com um meio sorriso.

- Bom... – riu ele, com aquele ar debochado – Talvez eu esteja mesmo exagerando...Mas fale com ela. E depois...

- Depois?

- Depois... Bom, para você estar se sentindo culpado, é porque ela significou alguma coisa para você. Quem sabe, conversando com ela, você não descobre que "coisa" é essa?

E, com essa frase magistral, Sano levantou-se e foi embora, me deixando sozinho com meus próprios pensamentos.

"Será que Sano estava certo ao dizer que eu magoei Kaoru? Será que essa menina está mesmo apaixonada por mim? Acho que não, deve ser exagero do Sano, só pode ser! Mas, será que ela significa mesmo alguma coisa para mim? Eu não consigo entender... E acho que estou ficando maluco, isso sim. Se bem que não custa seguir o conselho de Sano, pelo menos dessa vez. Assim que eu tiver um tempo, vou procurar Kaoru, e pedir desculpas."

E com esse pensamento, tentei voltar a me concentrar na leitura.

Mas foi inútil...

Por acaso, eu estava ansioso com esse novo encontro?






Queria fazer um agradecimento especial a todos que me deixaram reviews, e a todo mundo que me mandou emails, perguntando quando eu ia criar vergonha na cara e voltar a escrever! Obrigado, gente! Vocês não tem noção de como isso me deixou feliz! Foi só por vocês que eu voltei a escrever!

Espero não demorar demais para aprontar o próximo capítulo. Acho que vai ser o capítulo final, ainda não tenho muita certeza.

Deixem um review, e me digam como vocês acham que deve ser o final!