Nota da Autora: Finalmente, capítulo final! Depois de... Quantos anos mesmo?

Bom, deixa para lá... Gostaria de agradecer a todo mundo que mandou review para esse fic, seja no capítulo anterior ou em algum outro... Eu não desisti dele de vez apenas por causa de vocês! Um obrigado especial para a Li, que revisou para mim (fofa! aperta) e para a Spooky-chan, para quem eu prometi que este fic não passava de 2005! Atrasei uns dias, tipo, quase um mês, mas não tem problema, né Gao-chan? XD

Disclaimer: Rurouni Kenshin e seus personagens não me pertencem. Se fossem meus, eu não estaria aqui fazendo fanfics, né? XD

Rosas Vermelhas – Final

"Kaoru PoV"

'Ah, estou cheia! Droga, eu deveria ter ouvido o Soujiro, e não ter comido aquele segundo pedaço de torta... Mas estava tão gostoso...'

Respirei fundo e me ajeitei na cadeira. Faltava meia hora para fechar a floricultura, e eu estava sozinha. Tae-san tinha ido ao médico, e Yahiko tinha uma prova difícil no dia seguinte, foi para casa estudar.

Comecei a folhar uma revista distraidamente, pensando em ligar mais tarde para Misao, e convidá-la para ir ao cinema amanhã, quando o sininho da porta da frente fez seu característico badalar. Um cliente deveria estar entrando. Ergui os olhos e preparei o meu melhor sorriso "atendendo-clientes-quase-no-fim-do-expediente"... Mas o sorriso não saiu. Ao contrário. Foi como se um cubo de gelo do tamanho de uma bola de futebol caísse no meu estômago.

Himura Kenshin acabara de entrar na loja.

'Droga, não vai ter como fugir... Coloca um sorriso nesse rosto, Kaoru! Droga, droga, droga! Sinto que meu lábio está tremendo... Tomara que ele não perceba... Ele está tão bonito... Fica lindo de terno... Droga, droga, drogaaaaa!"

"Bom dia..."

"Bom dia, Kaoru."

Silêncio desconfortável. Ele sorri, mas não parece feliz. 'Deve estar forçando este sorriso, tanto quanto eu... Acho que vou ter que falar alguma coisa...'

"Em que posso ajudá-lo?"

'Nossa, que criativo, Kaoru... Parabéns...'

"Bom... Eu gostaria de comprar flores... Para uma pessoa muito especial..."

Ai! Senti uma fisgada no estômago tão forte, que acho que fiz uma careta de dor... Cínico! Ainda tem coragem de comprar essas malditas rosas vermelhas aqui?

'Calma Kaoru, calma... E ele não pode perceber que você está quase chorando, ele não pode perceber que você está sofrendo! Você vai superar isso... Você vai ser forte! Que ódio, que ódio! Se eu não soubesse que Tae-san me despediria, acho que tocaria o vaso de rosas na cabeça desse desgraçado! Sorria Kaoru, ele é só mais um cliente... Tomara que ele não perceba o tom de ironia na minha voz'.

"Claro! Uma dúzia de rosas vermelhas... Vou preparar agora mesmo..." Falei, me virando depressa... Maldita lágrima que teimou em cair justo agora.

"Espere... Kaoru..."

Não me virei, pelo menos não de imediato. Sequei discretamente a lágrima, fingi que arrumava uma mecha de cabelo, forcei um sorriso e então me virei, mas não consegui falar nada. Tinha um terrível nós na garganta.

"Eu... Não quero rosas vermelhas desta vez... Gostaria de uma cesta com orquídeas brancas."

Aquilo me pegou de surpresa... Orquídeas? Será que era para a mãe dele? A irmã? A vó?

Ou...

Ai! Mais uma pontada no estômago... 'Desgraçado, vai acabar de dando uma úlcera!'

Ou a outra garota simplesmente não gostava de rosas...

"Claro, vou providenciar," – falei, numa voz estranha. Malditas lágrimas.

Caminhei resoluta até o fundo da loja, peguei a primeira cesta que vi, e comecei a organizar as orquídeas nela. Ainda bem que ele não podia me ver. Com certeza notaria minhas mãos tremendo... Mas não derramei mais nenhuma outra lágrima. Já havia prometido a mim mesma que não iria chorar mais por ele.

De volta ao balcão, com o arranjo pronto, eu evitava seus olhos.

"Aqui está. Gostaria de colocar um cartão?"

"Sim... Mas eu já o trouxe de casa... Você poderia..."

"Claro" – Peguei o cartão de suas mãos, evitando tocá-lo. Seria tortura demais. Estava ajeitando-o entre as flores, quando percebi...

Meu nome estava escrito no envelope.

Ergui a cabeça, e nossos olhos se encontraram. Novamente, a mesma descarga elétrica, mas desta vez... Tinha algo diferente. Algo diferente com Kenshin. Ele me parecia tão triste... Estava sério, e então falou, com uma voz rouca.

"Leia... Por favor..."

Não sabia o que fazer... Olhei para o cartão, e para Kenshin novamente, tentando entender o motivo de ele estar fazendo isso... Hesitante, abri o envelope, e comecei a ler.

Kaoru

Tenho tantas coisas a lhe dizer, que nem sei por onde começar.

Eu sei que você está magoada comigo, e não a culpo. Tentei conversar com você, desde aquela noite, mas alguma sempre acontecia, e eu nunca conseguia chegar perto de você. Imaginei também que você não iria querer me ouvir, por isto escrevi estar carta. Espero que goste de orquídeas.

Eu lhe devo desculpas. Desculpas por ter agido como um idiota, naquela noite. Desculpas por ter te magoado. Eu poderia muito bem me justificar, dizendo que você não foi a única garota que eu tratei assim, desta forma infantil e irresponsável. Eu poderia lhe dar alguns motivos, e lhe contar sobre a mulher que me fez sofrer, há anos atrás, e que desde então eu não tenho coragem de me envolver com mais ninguém. Mas não vou fazer isto.

Você não precisa ficar a par dos meus problemas, eles dizem respeito somente a mim. Mas foi por causa disto que tratei você mal, e peço desculpas mais uma vez.

Só que, desta vez, aconteceu algo diferente, que eu não soube explicar. O nosso encontro me abalou de uma forma como nenhum outro antes. Não foi apenas porque você me rejeitou, que fique bem claro. Foi alguma coisa em você. Sua pureza, sua inocência... Não sei ao certo. Mas gostaria de descobrir. Acho que nunca conheci alguém como você antes, Kaoru...

Eu realmente queria que aquele nosso encontro tornasse a se repetir. Apenas as partes boas dele, claro. Eu gostaria muito de conhecer você melhor. Eu gostaria muito que você me desse uma nova chance.

E então, o que você acha? Podemos recomeçar?

Kenshin

Li a carta duas vezes, para ter certeza que não tinha me enganado, ou lido algo errado... Kenshin Himura, me pedindo desculpas? Kenshin Himura, o Don Juan de Tóquio, me pedindo... Uma nova chance? Minha cabeça estava rodando. Não podia ser verdade... Olhei para Kenshin, e ele me encarava fixamente, esperando uma resposta.

Olhei para a carta de novo... "E então, o que você acha? Podemos recomeçar?" A pergunta ecoava na minha mente. Ficar com Kenshin novamente. Passar momentos maravilhosos com ele novamente... Sofrer novamente.

'Você não é boba, Kaoru. Vai acreditar no que ele está dizendo? Por mais que o seu coração esteja batendo forte, e suas pernas estejam fraquejando, e sua vontade seja a de se atirar nos braços dele e beijá-lo, você precisa ser racional! RACIONAL!"

Como era difícil tomar uma decisão assim, tão rápido. Com aqueles olhos violetas me encarando, como se quisessem ler meus pensamentos. Mas, como não podia passar o dia todo ali pensando, respirei fundo, engoli as lágrimas, e tentei fazer uma voz firme.

"Eu... Agradeço pelas flores Kenshin. Você acertou, eu adoro orquídeas..." – ele sorriu, mas eu não permiti que falasse nada, logo continuei – "Aceito também seu pedido de desculpas. Entretanto..." – respirei fundo, novamente – "Não sei se quero... Co-conhecer você melhor... Desculpe-me."

Baixei os olhos... Não queria ver a reação de Kenshin. Não queria olhar em seus olhos, e me arrepender das palavras que acabara de dizer. Algo em mim doeu muito ao dizer aquelas palavras, mas era necessário. Eu não queria sofrer mais. Por quanto tempo ele iria me usar? Uma semana? Um mês? Talvez eu estivesse sendo apenas uma covarde, mas não me sentia segura o suficiente para arriscar.

Kenshin ficou em silêncio por um segundo ou dois. Depois deu uma risadinha nervosa, e eu arrisquei a levantar o olhar. Ele parecia... Triste...

"Tudo bem Kaoru, eu entendo! Você merece alguém melhor do que eu, mesmo..." Falou, enquanto colocava algumas notas de dinheiro no balcão. "Quem bom que gostou das flores. Elas me lembram você..."

Kenshin sorriu, um sorriso adorável, mas tão forçado quanto o meu. Como eu queria saber no que ele estava pensando, o que estava sentindo... Como eu queria não estar totalmente arrependida do que acabei de falar!

"Adeus, Kaoru... Lembranças a Tae-san!" Falou, enquanto se afastava.

No momento que ele fechou a porta da loja atrás de si, minhas pernas não suportaram mais. Escorreguei para o chão, e quebrei minha promessa. Comecei a chorar.

o o o

Kenshin PoV

"É Himura... Parece que dessa vez você perdeu..." Falei baixinho, para mim mesmo, enquanto entrava no carro, e voltava para a agência.

o o o

"Kenshin, acho que você não entendeu... Eu falei que vou passar aí em uma hora, E EU VOU PASSAR AÍ EM UMA HORA, VOCÊ QUERENDO OU NÃO!"

Afastei o telefone do ouvido... Odiava quando Sano fazia isso...

"Sano, eu já disse que não estou com ânimo para festas..."

"Você vem dizendo isso há quase um mês! Eu até entendi no início, mas agora chega! Eu estou fazendo isso para o seu bem Kenshin! Você vai ficar em casa num sábado a noite como um velho gagá? E como se não bastasse, é a festa de inauguração do Pub, eles são nossos clientes, pô! O sr. Hataki me fez jurar que eu ia levar você nessa festa, cara! Faça isso pela agência, se não quer fazer por você!"

Suspirei. Sano estava coberto de razão. Era a festa de inauguração de um novo Pub na cidade, cliente nosso. Fizemos todo o cronograma de ações para a inauguração, elaboramos os anúncios, organizamos a festa. E o dono ainda era um velho amigo meu de faculdade. Eu não podia deixar de aparecer por lá.

"Está certo Sano... Eu vou."

"Beleza cara! Eu e o Katsu passamos aí em uma hora. Sabia que você não ia me decepcionar!"

Suspirei de novo, e me larguei no sofá... Não podia negar que minha vida estava um tanto quanto "parada" ultimamente. Não tinha ânimo para festas... Quase não saía de casa, a não ser para trabalhar... Estranho como, de repente, as coisas parecem perder o sentido. Sair todas as noites, dormir com uma mulher diferente a cada dia... Tudo me parecia vazio.

Eu estava sendo piegas, eu sabia disso. Mas não conseguia evitar. Alguma coisa em mim havia mudado por causa de Kaoru, e eu ainda estava um pouco confuso. Decidi que pensar sobre isso cercado de mulheres e bebida não era uma boa idéia, por isso estava passando tanto tempo em casa. E o mais estranho era que não sentia falta da badalação. Acabei retomando velhos hábitos, como assistir bons filmes, e ler bons livros. Meu fígado e meu bolso estavam agradecidos!

Mas talvez estivesse na hora de sair e encarar o mundo lá fora, novamente. E ver o que acontecia!

o o o

A festa estava no auge, quando chegamos. O lugar era agradável, decorado com cores fortes, e lembrava mesmo um pub irlandês. Havia muitas pessoas, mas ainda podia-se caminhar entre elas sem o empurra-empurra de sempre. A música era ótima, uma banda estrangeira trazida especialmente para a inauguração.

Encontrei algumas pessoas conhecidas, conversei com vários amigos, vi também algumas garotas com quem já havia saído, que fizeram questão de me olhar de cara feia – incrível como eu nunca tinha percebido o grande canalha que eu era! – o próprio Hataki veio me cumprimentar e conversamos durante um bom tempo. Enfim, uma festa perfeita... Se não fosse pelo meu estado de espírito. Achei que iria me divertir, que acabaria gostado da festa assim que chegássemos lá... Mas estava enganado. Olhava para o relógio a todo o momento, contando os minutos para voltar para casa.

'Cara, estou mesmo ficando velho' pensei, segurando um bocejo.

Olhando em volta, vi que mais dois rostos conhecidos acabavam de chegar. Shinomori e a amiga saltitante de Kaoru. Estavam de mãos dadas. Olhei em volta, procurando por ela, imaginando se estaria na festa também. Mas não a vi.

'E talvez seja melhor mesmo', pensei. 'Kaoru já deixou claro que não quer nada comigo, por que insistir?'

Fui até o bar, na direção oposta. Quem sabe uma cerveja não melhoraria a minha noite?

Antes de chegar lá, tirei minha comanda do bolso de trás da calça, e notei que alguma coisa a mais caiu no chão com o movimento. 'Droga, minha carteira'.

Mas não cheguei a me virar para pegá-la. Antes que tivesse chance, uma mão delicada pousou no meu ombro, e uma voz suave sussurrou perto do meu ouvido.

"Acho que deixou cair isto..."

Não... Não podia ser...

Virei-me rápido, e ali estava ela, sorrindo, com a mão estendida em minha direção, segurando minha carteira.

Um pouco confuso, e também atordoado com sua presença, peguei a carteira de sua mão e quando ia falar alguma coisa – nem sei bem o que – ela fez um sinal para que eu me calasse, e se aproximou mais.

Ainda sorrindo, e parecendo extremamente segura de si, estendeu a mão, esperando um cumprimento.

"Se é para recomeçar, que seja direito. Muito prazer, me chamo Kaoru Kamiya"

Também sorrindo, peguei sua mão, e beijei de leve seus dedos.

"Muito prazer, Kamiya-san... Me chamo Himura Kenshin."

'Obrigado Kaoru... Prometo não estragar tudo desta vez'. Foi a última coisa coerente que pensei, antes de puxá-la para um longo e apaixonado beijo.

FIM


Nossa, nunca fiquei tão feliz em escrever uma palavrinha de 3 letras antes! o

Finalmente, o meu fic mais longo, finalizado! T.T

Agora posso me dedicar a outros projetos pega uma lista de 5 metros

Bjus pessoal, até a próxima!