Aqui vai a segunda parte da história, vocês estão gostando? Se tiverem sugestões, me mandem, ficarei muito grata! Esses capítulos iniciais são para situarem os leitores, porque são muito personagens e tenho que mexer com todos, além de colocar as idéias centrais da história. Desculpem a demora, mas o meu computador tinha quebrado, hehe....

Boa leitura!

Capítulo dois -

Sem respostas

A matriz do CITD ficava a uns metros da emissora de televisão da cidade.

Ken Ichijouji descia do elevador no 9º andar e caminhava com pressa pelo extenso corredor, enquanto ajeitava a gravata torta. A porta da sala número 904 se abriu, e ele surpreendeu-se em encontrá-la quase vazia, a não ser por dois rapazes que trabalhavam juntos em uma mesa nos fundos.

Estava repleto de computadores da mais alta tecnologia, cercados por imensas janelas de vidro que davam vista para as belas montanhas escondidas na neblina. Haviam mesas de cedro adornadas com placas de acrílico e máquinas de última geração, onde mostravam espécies de vídeos e projetos do Mundo Digital.

O jovem Ichijouji segurava sua maleta e caminhava em direção aos amigos, que pareciam muito entretidos olhando atentamente para um velho laptop amarelo e um dos computadores modernos. Os dois estavam enfiados em um tipo de balcão circular cheios de pastas e DC-roms; Taichi Kamiya fazia algumas anotações em uma folha de papel, e Koushiro Izumi teclava incansavelmente no seu velho laptop. Izzy trabalhava para o CITD fazia tempos, e fora bem requisitado por terminar cedo a faculdade e conhecer com a palma da mão os encantos do Digimundo, associados à sua sabedoria e conhecimento acerca da informática.

- Pra onde foi todo o mundo? – perguntou Ken.

- Uma novidade levou o sr. Takenouchi e a equipe para a sala do 11º andar... – respondeu Tai, e agora olhando para ele – Nos deixaram aqui.

- Que bom, não me viram chegar atrasado.

Ken largou a maleta em cima do balcão e deu uma espiada no computador. Os olhos de Izzy estavam grudados na tela.

- Hum...e parece que Koushiro foi o primeiro a descobrir a tal "novidade" – opinou o portador da Bondade, o rosto apoiado na mão.

- Mas é claro...ele sempre está na frente. E parece estar muito, muito interessado.

- Me desculpem por não responder, rapazes. Vocês vão gostar disso aqui. – disse Izzy, sem desviar o olhar.

- O que você está fazendo? Já estou curioso. – disse Ken.

Izumi girou a cadeira e parou em frente aos dois amigos, ajeitando a posição do monitor para que pudessem ver.

- "Relíquia encontrada na Grécia desperta interesse em arqueólogos"... – leu Taichi – Mas o que tem de extraordinário nisso?

- Puxei isso da Internet – começou a explicar – ; aconteceu nesta mesma manhã...e agora estou verificando as coisas com o meu laptop. Pesquisadores descobriram uma estranha relíquia nas areias gregas. Nunca foi achado nada parecido com isso, mas até aí nada de mais...

- Parece a metade de uma medalha.

- Exato, Ken. Esse objeto não é característico da Grécia, ou dos seus arredores... feito de ouro e rodeado com doze pedras de cristal. Não é esquisito? E até hoje nunca haviam visto...como será que foi parar lá?

- Isso chamou a atenção do sr. Takenouchi e a de Chun Kido. Todos foram lá pra cima analisar o mais rápido possível e mandar investigar; com certeza os noticiários vão estar a mil – completou Kamiya, erguendo as sobrancelhas.

Koushiro levantou-se da cadeira e fitou Ken.

- E há mais uma coisa: só foi encontrado uma metade. Onde estará a outra?

- Se é que há outra...e partida exatamente no meio. – disse Tai.

- Seria bem melhor se esse objeto estivesse aqui, mas vou ampliar as fotos e analisar.

- Você acha que tem algo a ver conosco, Izzy?

- Não sei...ainda é cedo para arriscar palpites. Mas vamos precisar dos digiescolhidos unidos de novo, antes de qualquer coisa.

- Vocês receberam alguma mensagem? – perguntou Ken.

- Que tipo de...mensagem? – quis saber Taichi, franzindo a testa.

Ichijouji tirou do bolso uma carta e abriu-a na frente dos dois.

- Foi o Davis quem mandou. Belo começo para nos encontrarmos novamente...e aproveitar para falar de certos assuntos.

- Motomiya! Tinha que ser! – gritou Tai.

- Há, há...criativo. Acho que tinha um telegrama que eu não abri. Vamos ver se encontramos um desse em casa – disse Koushiro, tomando a mensagem para ler.

Kamiya deu uma tapa na própria testa e anunciou:

- Ora essa, me esqueci! Me encontrei com Yamato hoje mesmo, ele está de volta!

- Matt?! E nem avisa?

- É, Izzy, mais um motivo para nos encontrarmos de novo...

Ken foi interrompido pela entrada do resto da equipe na sala. O sr. Takenouchi e Chun Kido pareciam bastante empolgados com a recente notícia.

- Olá, rapazes. Tudo em ordem por aqui?

- Sim, senhor. Andamos pesquisando sobre o objeto. – informou Koushiro Izumi.

- Certo...a imprensa irá divulgar. Se corrermos contra o tempo, poderemos ficar com a relíquia para pesquisas. Também conto com você, Ichijouji.

- Claro, senhor, quando quiser – respondeu o jovem, fazendo uma reverência.

***

Toda aquela escuridão parecia ser o espaço. Talvez um lugar mágico, onde não exista gente, animais, sol, vida...onde não exista nada...

Um vento gélido circulava na imensidão sombria, e os sussurros da noite eram ouvidos a distâncias. Um ruído estranho quebrava o silêncio infinito, vindo de uma estranha criatura que parecia voar com dificuldade e chiava insistentemente. Os poucos traços visíveis deixavam transparecer a aparência semelhante a de um morcego, com olhos amarelos bem vivos e a pele escura.

Se aproximava de um pequeno facho de luz branca que se chocava com duas sombras estáticas. Um homem de vestes negras usava um chapéu e óculos escuros e segurava firmemente na guia de um cão enorme, que estava sentado ao seu lado. Tinha o rosto sério e forte, e usava uma barba escura perfeitamente aparada.

Os olhos vermelhos do cão se concentraram na pequena criatura. Mostrou levemente os dentes e rosnou baixinho para chamar a atenção. O "morcego" parou a uns metros de distância e, relutante, anunciou:

- Senhor...já foi encontrado.

O homem continuava parado, sem mover um único músculo, como se não tivesse ouvido.

- As quatro zonas já se criaram, senhor... – insistiu o monstrinho.

Um sorriso malévolo se formou no rosto do estranho:

- Já pode ir embora, agora.

E a criatura se retirou, voando ainda com dificuldade, em direção ao nada.

--

O restaurante ficava em uma parte movimentada do shopping de Odaiba, mas não tinha todas essas regalias. Algumas mesas estavam de frente ao enorme balcão onde as pessoas faziam seus pedidos; outras preferiam sentar e escolher em um cardápio eletrônico que ficava debaixo do vidro da mesa.

Dois jovens passavam por ali, olhando atentamente por detrás das pessoas. O rapaz usava um jaleco branco e levava uma maleta, enquanto a moça segurava um amontoado de pastas e cadernos.

Jyou Kido e Hikari Kamiya haviam acabado o meio expediente e se encontraram por acaso no shopping com o mesmo objetivo, que era falar com Daisuke. Joe se formara em medicina e trabalhava em um hospital local, enquanto Kari dava aulas pela manhã para crianças da pré-escola.

Os dois se aproximaram do balcão e chamaram a atendente.

- Por favor, gostaríamos de ver Daisuke Motomiya – pediu o mais velho.

- O sr. Motomiya está resolvendo alguns assuntos lá dentro, podem aguardar?

- Será que não vai demorar muito? É urgente...somos amigos dele – insistiu Kari.

A mulher bufou por um instante e respondeu, levantando-se da cadeira:

- Só um minuto – e entrou por uma porta.

Davis se encontrava no meio da fumaça e das panelas fervendo, parecendo advertir um de seus ajudantes. Os pratos de macarrão eram diversificados e saíam em poucos minutos, para atender à quantidade de gente que esperava do lado de fora.

- Sr. Motomiya, tem dois amigos seus te esperando, disseram que é urgente – informou a mulher do balcão.

- Dois amigos?! – perguntou o rapaz, abrindo um largo sorriso de felicidade.

Tirou o avental e o chapéu de cozinheiro rapidamente e os pendurou em um cabide, saindo em direção à porta. Davis estava evoluindo com o seu trabalho, para quem começou empurrando um carrinho de macarrão pelas ruas...seu grande sonho sempre foi ter uma casa de massas, e parecia estar realizando. Um jovem batalhador como ele merecia muito mais do que a vida lhe reservava.

Encontrou Joe e Hikari sentados em uma mesa e então correu em sua direção, sorrindo como nunca:

- Pessoal! Vocês vieram!

Cumprimentou os dois efusivamente, nostálgico.

- Não nos víamos há tanto tempo – comentou Kari, alegre.

- Sim...o trabalho não nos deixa mais em paz. – completou Jyou.

- Mas agora não importa mais. Parece que a minha mensagem está começando a funcionar!

- É mesmo, Davis, que bom você ter feito isso... aliás, sua carta está muito poética. Não sabia que levava jeito!

O rapazinho de vinte e dois anos corou imediatamente e replicou, com o olhar desviado:

- Ora, Kari... assim eu fico sem jeito...

- Tivemos que dizer que era assunto urgente, ou então não te chamariam.

- Eu sempre atenderei meus amigos em qualquer hora! – disse o cozinheiro – Vamos, vamos sentar.

- Bem, já sabe, viemos pela carta – disse Hikari, sentando-se novamente – Fazia tempo que nós não conversávamos – alegrou-se a dona da Luz.

O rapaz sorriu docemente para a amiga. Não era como antigamente, em que só com um elogio ou palavras ternas de Kari que ele se derretia e se enchia de esperanças. Tudo mudara, a sua vida, a vida dela; já não era o mesmo garoto infantil que agia sob impulsos. Daisuke Motomiya crescera internamente e agora se preocupava com sua carreira. Deixaria Kari com Takeru definitivamente e, quem sabe, encontraria um novo amor.

- Por isso mesmo resolvi enviar as mensagens – respondeu.

- Eu e Hikari nos encontramos agora a pouco – começou Kido – Sabe...pensamos que seria legal se marcássemos um lugar pra comemorarmos...que tal o reencontro de velhos amigos?

- Não parece ótimo, Davis?

- Sim, claro! Oras, se todos vivessem próximos, tudo seria mais fácil...a esta altura já devem ter lido a minha carta, não?

- Não se preocupe, vai dar certo, você foi criativo – tranqüilizou-o a jovem Kamiya – E depois, podemos fazer um grande piquenique e aproveitar a tarde.

- Um piquenique! É isso, bingo! Como dizia Yolei...

- Sim, é uma boa idéia – aprovou Jyou.

Daisuke sorriu de satisfação:

- O que nos resta é esperar o contato – disse, espreguiçando-se.

- Hoje mesmo falarei com TK...ultimamente ele anda muito ocupado com um "certo" livro.

- Há, há... creio que Takeru tem muita paciência para escrever.

- E você, muita habilidade e coragem para cozinhar... – murmurou Joe.

- Mas vocês não perdem uma, hein? – disse Motomiya, fazendo cara de ofendido, o que na verdade não estava – Eu sou louco por macarrão, e pronto! Kari...Kari. Kari, você está me ouvindo?

De repente a moça ficou estática, olhando fixamente para a pequena TV que estava em um suporte no alto do balcão. Parecia estar em outra dimensão, concentrada em sua mente e em seus sentidos.

Os rapazes desviaram a atenção para a mesma televisão, querendo achar o que tanto a amiga olhava. Parecia que o mistério a envolvia novamente, depois de tanto tempo...

- O noticiário vespertino vai começar...o que há, Hikari? – perguntou Joe.

- Ai, ai, não gosto quando você fica assim...—balbuciou Davis.

A jovem não fez caso e pediu ao amigo:

- Davis, aumente o volume, por favor.

O cozinheiro a obedeceu, voltando a sentar-se para prestar atenção no jornal.

"Hoje de manhã foi encontrado na Grécia um estranho objeto feito de ouro e cristais. Os arqueólogos descobriram somente uma das metades do medalhão, porém tudo já está sendo analisado pela equipe do Centro de Investigação Terra/Digimundo. Mais informações a qualquer momento...".

Daisuke e Jyou Kido se olharam, surpresos.

- O CITD!

- Mas o que eles têm a ver com isso, Davis?!

- Kari... – sussurrou para si mesmo, virando o rosto até a menina da Luz, que continuava em seu estranho silêncio.

- Vai acontecer...mais cedo ou mais tarde...

Os outros dois permaneceram calados, sem compreender o encanto de Hikari, mas seguros de que ela não estava errada.

***

Taichi Kamiya abria a porta de seu apartamento apressadamente. Ficara a tarde inteira junto de Koushiro para tentar descobrir algo mais sobre o tal medalhão, sem sucesso. "Pode deixar, não vou decepcioná-los", dissera Izzy. O gênio da turma se saía melhor quando estudava sozinho, concentrado somente em seus curiosos pensamentos.

O jovem portador da Coragem acomodou seu paletó em uma cadeira e entrou afrouxando a gravata. Odiava ter que passar o dia todo com aquela coisa apertando o pescoço, mas já que não havia remédio...

- Agumon! Onde está você, amigo? – chamou.

O apartamento estava estranhamente silencioso.

- E eu pensando que ia encontrá-lo assaltando a geladeira...aquele comilão.

Andou pausadamente pela cozinha. "Onde será que se meteu?", pensou.

- Agumon, não brinque! Venha, tenho novidades.

Tai viu que não obteve resposta e foi até a sala; algo poderia estar acontecendo. O dinossaurinho laranja não estava comendo e nem assistindo à televisão... se não respondia, então devia ter dado um passeio.

O rapaz entrou cautelosamente em seu quarto e encontrou o digimon sentado na beira da cama, olhando para o nada, com o rosto sem expressão.

- Agumon...Agumon, o que houve? Por que não me respondeu? – perguntou Kamiya, agachando-se até o amigo – Está doente? Tem umas olheiras horríveis...

Taichi continuou olhando para ele, preocupadíssimo, esperando que Agumon falasse alguma coisa. O olhar sem vida do digimon o deixava inquieto, com um toque de medo, pois Agumon não era assim...

- Responda, Agumon! Não me assuste assim! – gritou, levantando-se com um passo atrás.

O monstrinho ficou de pé lentamente sem fitá-lo e disse, retirando-se:

- Não se preocupe...eu estou bem.

E o jovem permaneceu no quarto escuro, acompanhando os passos do amigo com o olhar triste e confuso.

- Agumon...

Continua...

Notas: Oi, pessoal, como estou me saindo^-^? Bem, parece que já coloquei os personagens em seus devidos lugares, por assim dizer...não quis entrar em detalhes com todos(são 12!), mas no desenrolar da trama irão surgir mais coisas sobre eles. Entenderam muito sobre a cena do "morcego"? É só esperar, que as coisas irão se esclarecer pouco a pouco....hum...e o que houve com Agumon? O que estão pensando? E Davis e sua mensagem?

Bom, já já vão saber....

O cap.3 já está quase pronto, chama-se Piquenique Digital.

Até a próxima, e continuem lendo!

Manu