- Capítulo sete -

As quatro zonas

Por Manu

Nas Montanhas

Era uma verdadeira paisagem do velho oeste.

Takeru Takaishi olhava para tudo à sua volta, completamente atônito. Não se lembrava de quase nada... mas sua cabeça doía. Colocava a mão sobre a mesma, observando assustado o ambiente em que se encontrava.

Como uma formiga em uma imensidão... o céu no mais azul possível, o sol em todo o seu fervor, queimando seus pés naquele chão quente. Tudo o que TK conseguia enxergar além disso eram montanhas gigantescas de pedra por todos os lados, rochas e algumas árvores secas. Estava assustado, respirando agitadamente, tentando raciocinar.

Oh, céus, acho que bati com a cabeça...., pensava, começando a caminhar, como eu vim parar aqui? O que aconteceu? Droga... minha memória não está muito boa...

Não estava suportando aquele calor. Parou ao encontrar uma árvore que dava alguma sombra - ele agradeceu imensamente à isso - e sentou-se debaixo dela.

Estávamos todos na sala... o dia amanheceu... Parou, suspirando, parecendo mais aliviado. Mas é claro... estamos nas quatro zonas, é claro! Eu me lembro dos primeiros raios de sol...e depois, mais nada. Agora estou aqui, abandonado à minha própria sorte, sem saber ao certo o que fazer...

TK interrompeu seus pensamentos e avistou algo ao longe. Estava tão confuso que fez crer ser uma espécie de miragem. Uma imagem distorcida de alguém correndo estava se aproximando dele... Takeru levantou-se desajeitadamente e colocou a mão sobre os olhos para tentar enxergar melhor.

- TK!! - gritava a pessoa que vinha correndo - Takeru Takaishi, é mesmo você?!

- Joe! Sou eu! - respondeu o jovem escritor, reconhecendo-o, contente por encontrar alguém naquele estranho lugar.

Quando o amigo chegou, não puderam se conter e abraçaram-se, aliviados.

- Graças a Deus alguém apareceu - murmurou Takaishi - Pensei que estivesse sozinho...

- Não, amigo... estamos divididos nestas malditas zonas... Kari está conosco.

O rapaz empalideceu no mesmo instante. Oh, céus, Kari estava com eles! A sua Kari estava com ele... não precisaria temer por ela enquanto a estivesse protegendo.

Colocou a mão sobre o ombro de Jyou Kido, abaixando a cabeça.

- Você está bem, TK?

- Sim.... vamos, leve-me até ela. Encontraremos esse enigma o mais rápido possível e daremos o fora daqui!

O médico assentiu firmemente, começando a guiá-lo.

No campo

Mimi levantou-se com elegância da grama e limpou as folhas de sua saia. Ajeitou a mochila no ombro e olhou à sua volta.

- Isso aqui não pode ser zona coisa nenhuma...

- Não estamos no Digimundo, Mimi... - disse Ken Ichijouji, que vinha atrás dela.

- Então eu vou querer morar aqui - retrucou a moça, com simpatia, apontando para o casarão à sua frente.

Estavam em meio a um enorme campo verde, com belas árvores escondidas entre arbustos e flores. Um majestoso campo aberto iluminado pelo sol... porém, uma casa razoavelmente antiga jazia ali, parecendo solitária. Tinha dois andares, várias janelas com moldura azul escura, a tinta branca já gasta...

- Acho melhor irmos verificar. Venha, Mimi - chamou o detetive, avançando para a frente, enquanto a jovem Tachikawa observava as margaridas.

Palmon gostava de flores..., pensou tristemente, dando uma última olhada e seguindo Ken.

Ichijouji abriu vagarosamente a porta de madeira e espiou por dentro. Estava um bocado escuro, com todos os móveis comuns de uma casa normal - mas estes um pouco velhos.

- Ei! - disse Ken, tentando saber se havia alguma coisa ali - Tem alguém aí?

Tudo continuou em silêncio, com um ar assombrado. Mimi também esticou o pescoço para observar o interior da casa e finalmente disse, não parecendo nem um pouco assustada, o que era um fato curioso:

- Acho melhor entrarmos, Ken. Afinal, é só a zona onde estamos, queridinho...

- Sim, tem razão... - concordou, seguindo na frente. Ajeitou a mochila em cima de uma mesa redonda e fazia esforço para enxergar. Apenas alguns raios entravam por uma das janelas.

Sentiu uma forte pancada na cabeça, um som metálico no fundo, um grito agudo feminino. Caiu no chão, atordoado...

- Oh, Ken! - espantou-se Mimi.

- Mas são vocês! - exclamou Sora, que se abaixara - com uma frigideira na mão - para ver se não machucara (muito) o rapaz.

- Ai....que diabos...

- Me perdoe, não sabia que era você, Ken - disse Sora, um pouco aflita.

- Tudo bem....eu estou bem, pode deixar. - murmurou Ken, sentando-se com dificuldade e acariciando a cabeça.

- Amiga, estou tão feliz por encontrá-la - alegrou-se Mimi, abraçando Takenouchi, esquecendo-se do pobre rapaz....

- Eu também!

De repente, as luzes se acenderam e passos apressados vinham da escada.

- Sora, Sora! Veja, consegui ligar a chave central indo ao sótão e...

Todos pararam para olhar Koushiro, que ficara estático depois de descer todos os degraus, surpreso em ver mais dois visitantes.

- Izzy, meu amor, é você! - admirou-se Mimi Tachikawa, indo ao encontro do namorado.

- Mimi! - e abraçou-a apaixonadamente, tão forte como se fosse a última vez que a veria - Eu estava tão preocupado, oh, graças aos céus que você também está aqui...

Era bonito presenciar aquela cena, além do mais porque Izzy Izumi não costumava ser sentimental.

- Poxa, ninguém fica feliz em me encontrar....

- Vamos, Ken... deixe os dois se encherem de beijos, enquanto eu vejo se não machuquei a sua cabeça - disse a jovem Takenouchi, ajudando o amigo a se levantar.

- Eu acho melhor irmos para a cozinha, não? Precisamos nos...ai...organizar - respondeu, parecendo pensativo - Isso aqui tem cozinha? Há quanto tempo chegaram aqui....?

Na neve

Miyako abraçava-se por causa do frio... procurava na bolsa uns agasalhos que achara melhor levar; apanhou um casaco de couro que seria bastante útil naquela zona...

Daisuke Motomiya havia enfiado as mãos dentro da blusa de lã e assoprava - o ar gelado saindo de sua boca - enquanto andava de um lado para o outro. Os dois estavam caminhando lentamente, sem saber ao certo o que estavam fazendo. Os pés de Davis afundavam na neve, e Yolei vestia o casaco com pressa, querendo aliviar-se daquele frio.

- Se não fosse por você, não sei o que seria da gente, Miya... - agradeceu carinhosamente o jovem, observando as belas montanhas geladas cobertas de branco. - Hum... quatro estações... acho que estamos no inverno, não?

- Acho que sim.... mas eu não gosto daqui. É tão frio...

Daisuke pensou por um instante e depois perguntou à amiga:

- Você se lembra de alguma coisa quando veio parar aqui, Yolei?

- Bom... - tentava recordar, apertando os olhos - é como se eu tivesse desmaiado. E quando acordei já não estava mais em casa.

- E aquela coisa toda de profecia... foi quando amanheceu que tudo começou. Eu vi a água, sabia?

A jovem Ichijouji encarou o cozinheiro com as sobrancelhas franzidas, não compreendendo.

- Ah, sim... quando estávamos saindo do Mundo Real, parecia que nossos corpos ficavam como o reflexo da água... - disse, olhando para a fina névoa que se formava - brilhando... tudo ficando branco. Faz parte da profecia, hum?

- Eu não me lembro de muita coisa, Davis.... mas agora estamos aqui, distantes do nosso lar e do Digimundo, sem os nossos digimons....

Daisuke segurou a mão da amiga com ternura, fitando-a amavelmente:

- Não se preocupe, nós vamos fazer o possível para ajudá-los. Nossos amigos já fizeram muito pelos digiescolhidos durante essa jornada.... devemos dar o melhor de si.

Ela sorriu, animado-se um pouco mais. Era verdade que, quando crianças, haviam certas discussões entre os dois... mas com o tempo Davis e Yolei tornaram-se amigos cada vez melhores.

- E os outros, Dai, aonde estão?

- Devem estar nas outras zonas, a não ser que haja mais alguém perdido nessa neve!

- Vamos usar o D3 pra tentar uma comunicação, o que acha?

- Boa idéia! Deixe-me achar o meu... - concordou, procurando o digivice na mochila.

- Não precisa, o meu está aqui - disse Miyako, tomando-o e recomeçando a caminhada, prestando bastante atenção em qualquer sinal.

Davis aproximou-se para observar o D3 da amiga. O aparelho estava silencioso... subitamente um sinal vermelho apareceu na pequena tela, fazendo-o apitar. Os dois companheiros assustaram-se simultaneamente.

- Veja, veja! Tem mais alguém conosco! - alegrou-se Motomiya, exaltando-se.

- É o mais provável, já que matematicamente teriam que ser 3 digiescolhidos em cada zona... mas isso é estranho, eu realmente estou surpresa pelo digivice reagir nesse lugar....

- Não importa agora, precisamos achar essa pessoa! - se adiantou Davis, caminhando apressadamente na frente, após pegar o seu digivice também. O sinal parecia ficar cada vez mais próximo, o que aumentava a ansiedade.

Daisuke freiou bruscamente ao sentir algo sob seus pés. Uma pequena montanha de neve estava à sua frente.

- O que foi? - perguntou Yolei.

Ele abaixou-se e apalpou a neve, sentindo um objeto. Levou às mãos um D3 amarelo que emitia o mesmo apito.

- Yolei, é o digivice do Cody! - agitou-se, mostrando-o para a moça.

Ela olhou, confusa, e se deu conta do que tinha mais à frente deles.

- Oh, não, Cody! - choramingou, avançando e agachando-se, começando a retirar neve do montinho que estava perto do D3.

- Não pode ser....

Na floresta

Taichi e Yamato caminhavam com passadas lentas por uma trilha. Estavam na Zona de Outono; rodeados por árvores enormes, de troncos grossos, com suas folhas secas caindo a cada instante. Aquela floresta não parecia nada reconfortante...era praticamente escura, e dava a impressão de que o ambiente era fechado. Árvores e mais árvores imensas, nenhum campo aberto.

O silêncio entre os dois melhores amigos prevalecia. Não havia nenhum sinal de vida por aquelas bandas, nem um único ruído de algum animal. Mas é claro.... talvez não existisse vida em uma zona...

- Já andamos demais e não encontramos ninguém - disse finalmente Tai Kamiya, um pouco exausto.

- Tem razão - concordou Matt, sentando-se em um tronco coberto de limo - Vamos parar um pouco...depois a gente continua.

Taichi sentou-se também, descarregando a mochila no chão de terra.

- Estranho não haver mais ninguém... está tudo tão quieto.

- E escuro. Acho que não sei se é noite ou dia... vamos ter de acampar. - disse Ishida, afastando os cabelos que atrapalhavam sua vista.

- Mas que droga... não temos colchonetes!

- E por acaso tínhamos algum quando passávamos as noites no Digimundo? - perguntou Matt. O amigo o fitou, calado, como resposta - Estamos aqui há muito tempo, precisamos descansar... e pensar.

Eles se recostaram no tronco. Tai suspirou, apoiando os braços atrás da cabeça....parecia olhar para a última folha da árvore à sua frente, enquanto Yamato apanhava a sua gaita de dentro do bolso. Era sempre assim, quando menos se esperava Matt começava a tocar aquela melodia melancólica.... ele se sentia livre quando a música entrava em seu coração. E parecia que o mundo não girava em torno de nada...

- Alguém poderia ouvir a música e chegar até nós.... - sorriu o amigo, depois fazendo uma pausa hesitante - Ei, Matt... você não acha que... as conseqüências disso tudo poderiam ser um tanto sérias?

Yamato parou de tocar a gaita por um momento, com a seriedade voltando a invadi-lo.

- Se não conseguirmos salvar nossos amigos... eu não sei. Durante todo esse tempo ninguém teve a coragem de mexer na medalha... então é porque deve ser arriscado.

- Sim....

Voltaram-se silenciosos. Pensar nisso os deixava com ânimos a menos para seguir em frente, mas talvez servisse para deixá-los com mais vontade de saber quem está por trás disso.

Kamiya levantou-se, pegando uma lata de salsichas dentro da mochila.

- Acho que vou acender uma fogueira.

O portador da Amizade sorriu, assentindo, voltando a encostar os lábios na pequena gaita.

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Tudo está saindo como diz a profecia... os doze digiescolhidos estão dispersados nas quatro zonas... mas acho que está na hora de brincar um pouquinho.

**Continua....

N.A: Esse capítulo foi escrito como uma introdução às Quatro Zonas, já que é preciso me concentrar no que vai acontecer à todas, em particular. ^^" Eu gostaria de agradecer aos reviews! Obrigada gente, em especial à Makoto e Lia Friends! Beijos, não se enjoem da minha história n_n

Prometo que, se eu tiver disposição, irei escrever um fic de Love Hina ou CDZ.......

Ah, vocês repararam em quem está em cada zona? Lembrem do cap.3.....

P.S: já que é para a alegria das duas, talvez eu faça a Mimi quebrar o laptop, mas ficaria um pouco difícil, pois ele é a resposta para todos os problemas do pobre Izzy ^^" E vocês duas demoram pra entender as coisas hein?? Hehehe....