N.A: Puxa vida, até que enfim consegui publicar este capítulo! Me desculpem, não tive tempo mesmo, só agora que terminei. E confesso que foi difícil.... três meses sem atualizar! Uau!
Mas agora, boa leitura! ~.^
- Capítulo nove -
A montanha da ilusão
"Se não houvesse Esperança, não estaríamos lutando"
Takeru, Hikari e Jyou estavam sentados abaixo de uma das poucas árvores que forneciam sombra naquele lugar. TK segurava a mão da namorada como se nunca mais fosse largá-la. Já estavam ali fazia um bom tempo...
Joe Kido levara o amigo até onde Kari estava. Eram apenas os três naquela zona....a zona mais quente de todas. A moça não parecia muito assustada. Estava sentada no chão, sentindo o alívio daquela rara sombra, olhando para um ponto no infinito... o silêncio entre eles já estava se tornando insuportável! Mas às vezes o silêncio diz mais do que as palavras....
- Estamos sós aqui.... - sussurrou Kido, deitado no chão, deixando o suor deslizar por sua testa.
- Sim... - respondeu TK, não muito compenetrado.
- Não é coincidência?
- Coincidência? Como?
Joe sentou-se e ajeitou os óculos para fitar Takeru.
- Eu acho... quando estávamos no piquenique, no Digimundo, éramos os três que estavam sozinhos, abaixo daquela árvore.
O casal se entreolhou. Takaishi olhou fugazmente para a árvore e bufou:
- Ah, bobagem...
- Pode ser que sim, pode ser que não - começou o jovem médico, parecendo ligeiramente nervoso - Mas se for... os nossos amigos poderão estar separados assim também...
Ele não questionou. Coçou a cabeça, tentando organizar alguma idéia; ao menos isso ansiava. Mesmo que o amigo estivesse certo não mudaria muita coisa, afinal estavam completamente perdidos em suas ações.
- Joe pode mesmo estar certo... - disse Hikari Kamiya - Eu sinto como se fôssemos marionetes. Estamos sendo manipulados... é algo estranho. Isso tudo já fora planejado.
- Mas é uma profecia, Kari. Isso iria acontecer, creio eu, mais cedo ou mais tarde... - disse Jyou - No momento em que alguém roubasse a maldita medalha....
- Penso que Tailmon já sabia o que ia acontecer....ao menos parecia resignada. Não entendo.
Takeru suspirou, parecendo menos desanimado:
- Não se esqueçam de que temos que salvar nossos companheiros; é a nossa vez de ajudar. Somos os digiescolhidos ou não somos?
- Essa palavra soa muito importante - sorriu Joe - É claro que somos, mas... por onde começamos?
- É o enigma. Precisamos decifrar o enigma desta zona, o mais rápido que pudermos - disse Kari, rapidamente.
Takeru levantou-se e acomodou a mochila. Estava sereno, olhando as montanhas que os rodeavam, e estranhamente sentia um enorme desejo emanando de seu ser. Um desejo de vencer... seja o que isso significa para cada um.
- Devemos desejar sorte aos nossos companheiros.
- Que todos triunfem... - completou Kari, levantando-se também.
Os dois olharam para Joe, que ainda jazia sentado à procura de seu cantil de água dentro da mochila. Sua expressão não mostrava muita confiança e determinação, infelizmente.
- Vamos?
- S-sim... claro, já estou indo. - respondeu, trêmulo.
Kari e TK começaram a caminhar na frente. Ele apertou a mão da moça com carinho e a fitou, dando-lhe ânimos. Não entendiam ao certo o porquê agora de tanto nervosismo por parte do jovem médico... era verdade que quando criança Jyou Kido quase sempre via as coisas com pessimismo e agia "paranoicamente". Porém tinham que admitir que, com o passar dos anos, ele foi ficando cada vez mais calmo e sereno.
- Não acham... não acham que isso tudo está voltando? - disse, vindo logo atrás dos dois amigos - Digo que... parece que estamos no Digimundo novamente! Vejam! É até... assustador...
- Talvez, Joe, mas está se esquecendo de algo: estamos sem os digimons - respondeu Kari, virando-se para ele - E é por isso que estamos aqui. Para buscá-los.
- Eu creio que o que está voltando é a sua histeria, amigo. Por que acharia o Digimundo assustador?
- Talvez porque estivemos fora dele por muitos, muitos anos... e uma viagem ao passado pode ser apavorante - respondeu a jovem Kamiya, no lugar do rapaz - Que tal pararmos de pensar que isso seja um túnel do tempo?
Kido engoliu em seco e fez alguma coisa - sabe lá Deus o que - que prendeu o cantil no cinto da calça. Olhava amedrontado para os lados, como se algum inimigo pudesse sair a qualquer momento de seu esconderijo e abocanhá-lo.
- Vamos, acalme-se! Tenha fé que tudo vai dar certo - tentou animar Takaishi.
- Eu queria ser otimista como você.
- Mas não tem porquê ser pessimista! Não deve acontecer nada de errado, Joe. Não estávamos todos unidos, na casa do Ken, arrumando... tudo para a "viagem"? Você mesmo nem parecia nervoso.
- Mas pode acontecer alguma coisa! - insistiu Kido - Uma missão não é tão fácil, como simplesmente decifrar o tal enigma e dar o fora!
Takeru, já impaciente, virou-se até ele e o fitou, querendo calá-lo de uma vez:
- Eu não disse que decifrar enigmas era fácil. Isso foi o que Gennai sabia. Não sabemos nem como achá-lo! Todos estão fazendo a sua parte.
Ele calou-se e olhou ligeiramente para o chão, sentindo-se um pouco acanhado por ficar exaltado. Kari lhe sorriu docemente, deixando aparecer as covinhas.
- Tudo bem... mas o que vamos fazer para encontrar esse enigma? - perguntou Jyou, retomando a caminhada - E se não conseguirmos?
- Nós vamos conseguir. O que temos a fazer no momento é andar e explorar mais o lugar para acharmos alguma pista que nos ajude... precisamos juntar as medalhas.
- Hikari tem razão. Não há mais nada a fazer além disso.
Jyou assentiu rapidamente, resignado. Andavam sob o sol escaldante que fervia o chão da zona do Verão. Permaneceram infinitos minutos sem dizer nada, apenas caminhando para uma direção incerta. Sim, era isso, afinal, o que deveriam fazer...
Joe Kido esforçava-se para se tranqüilizar, livrar-se de pensamentos estúpidos. Eu sei que não vai aparecer nenhum índio americano querendo nos assar na fogueira, ou um bando de cavalos selvagens para nos perseguir... diabos, estamos em uma maldita zona! Largados! Completamente responsáveis pelos futuros acontecimentos...
E olhava intrigado - sem saber porquê - em direção às enormes montanhas. Não gostava muito delas. Mas era algo peculiar que chamava a sua atenção: três rochas pousadas uma em cima da outra, formando uma espécie de torre. Que esquisito... parecem ter olhos observando a gente. Doidos para nos pegar... para nos impedir! Não, isso não... Seu imbecil! Cala essa boca, Joe, e ande!
Por outro lado, Takeru desconfiava de algo... porém, não sabia de quê. Sentia-se o responsável pelas duas pessoas que estavam consigo (além de si mesmo), o líder daquela missão. Não queria de jeito algum deixar transparecer qualquer vestígio de medo ou preocupação em excesso. Já bastava Joe em seu estado! Serenidade é o caminho para raciocinar...
No entanto essas montanhas não me simpatizam... é como se uma névoa tenebrosa vinda dali se aproximasse. Ah, não sei como definir... acho que nada será tão fácil. Patamon! Queria tanto que estivesse aqui...
- Lembrem-se de ter perseverança. Os digimons contam com o nosso empenho - disse Hikari de repente, fitando-o, como se tivesse lido parte de seu pensamento.
TK e Joe assentiram em silêncio.
Continuaram no ritmo de seu passo, deixando o suor escorrer por suas testas. Kido tomava alguns goles de água, voltando a ajeitar o cantil na calça. Aquilo deveria ser algo bem parecido com um deserto, pensava. Já deviam estar caminhando há meia hora, talvez... olhou para o relógio, em vão. Estava parado! Mas não parecia ter se importado muito. Quanto mais andavam, mais parecia que não estavam chegando a lugar algum. À sua frente só havia chão, pedras e o sol.
Cada instante era como o infinito. Um infinito bem quente. Se não estavam mais suportando, ao menos não falavam nada... Jyou começava a sentir um friozinho na barriga, enquanto olhava para a paisagem. Encostou a mão no ombro de Takeru.
- Não estamos chegando a lugar nenhum, TK... - disse - Já andamos demais! E não encontramos coisa alguma!
- Também acho... - concordou, interrompendo a caminhada, assim como Hikari - Mas o que podemos fazer?
- Não será melhor nos dividirmos? Investigar a zona para tentar descobrir alguma coisa? - perguntou a portadora da Luz.
Joe Kido apertou os olhou e dedicou-se a observar uma das poucas árvores que ali havia; uma que fornecia sombra o suficiente e que estava encostada em uma pedra. Girou a vista para as montanhas e voltou, perceptivelmente confuso.
- O que foi?
- Veja, Kari... aquela não é a árvore na qual estávamos em baixo, sentados, a algumas horas atrás?
- Você acha? - disse, observando-a melhor.
- Não acho, tenho certeza! É a mesma, a mesma pedra! Ah, eu não acredito! - desesperou-se, andando nervosamente de um lado para o outro.
- Acalme-se, Joe - repreendeu-o Takaishi, quase concordando com o que dissera.
- Me acalmar?! Nós estivemos andando em círculos durante todo esse tempo! Como não percebemos antes?!
- Não sei, não sei! Espere um pouco...
TK também decidiu investigar; olhou cuidadosamente para a árvores, lançou a vista em volta da paisagem e meneou a cabeça, conformado.
- Não sei como, mas realmente estamos no mesmo lugar de onde começamos.
- Mas é impossível! - exclamou Kari Kamiya, assustada.
- Andamos todo esse tempo pra parar exatamente aqui... não pode ser, pessoal. Então não há uma saída? O que está acontecendo?!
- Creio que nem Izzy poderia nos responder, Joe - disse Takeru, entre tranqüilo e preocupado - Deve ser alguma armadilha.
- Temos que fazer alguma coisa! - gritou o médico, agarrando Takeru pela gola da camisa - Andar já não é a solução! A resposta para o enigma deve estar aqui perto. Tem que estar! Já perdemos tempo demais...
- Acalme-se! - repreendeu TK, soltando-se do amigo. Este ficou calado, ao lado de Kari, quem estava atordoada. - Isso não é uma competição para ver quem sai dessa primeiro... o importante não é o tempo, e sim o triunfo.
Permaneceram quietos, esperando o portador da Esperança dizer mais alguma coisa. Porém, também não conseguiu pensar e falar algo coerente. Olhou para a intrigante montanha à sua frente, irado por dentro, e novamente para a árvore. Devia tomar uma posição; ele era o líder naquela hora, mais uma vez. Era preciso contornar a situação, tranqüilizar a namorada e, é claro, o amigo que estava exaltado. Era a sua missão! A chance de os três decifrarem o enigma e ajudarem os digimons, não poderiam desperdiçar mais tempo, no entanto calma e paciência são fundamentais para se ter precisão. Só tinha de se concentrar...
- Aaaahh!!
Takaishi desviou-se de seus pensamentos no mesmo instante e correu os olhos até Hikari. A moça se ajoelhara, com as mãos nos ouvidos e os olhos apertados. Jyou encarava os dois, com as mãos tremendo ligeiramente devido ao nervosismo.
- Kari, Kari, o que houve?! - perguntava o escritor, que agachara-se junto a ela.
A dona da Luz balançava a cabeça, com o rosto horrorizado, tentando regular a respiração.
- Eu não quero sentir isso... - balbuciou.
- O que foi, meu amor? Me diga o que está acontecendo...
- As trevas... eu sinto.... estão próximas...
- As trevas? - murmurou, encarando Joe com o rosto confuso. O rapaz devolveu o olhar, encolhendo os ombros - Como pode ser? Não estamos no....Digimundo... tem certeza?
- Claro que sim! É do mesmo jeito que eu sentia quando era criança. Você lembra? Você lembra, TK? Era horrível!
A moça se lançou nos braços do amado, amedrontada. Takaishi reconfortou-a, beijando-lhe a testa.
- Claro que me lembro, Kari...
Jyou Kido passava a mão pela cabeça. Takeru franzia a testa, querendo achar alguma resposta admissível em sua mente. As trevas, que trevas?! Que diabos está acontecendo? Por que andamos em círculos? Onde está a saída? Quanto mais respostas eu quero, mais perguntas aparecem! Creio que somente nosso grupo pode decifrar esse verdadeiro enigma. Kari, minha luz...você deve saber de coisas que você mesma desconhece... mas seus pressentimentos sempre nos ajudaram, mesmo fazendo-lhe sofrer. Precisamos da nossa fé para nos guiar pela frente. Precisamos de Esperança!
E quem disse que ela acaba um dia?
Takeru voltou à realidade e tornou a observar as montanhas. Sua vista foi ficando fraca, embaçada. Apoiou a mão na cabeça, cerrando seus olhos azuis.
- TK, você está bem? - perguntou Kido, menos histérico.
- Estou... - disse, olhando minuciosamente para a parte baixa da montanha - Só fiquei um pouco tonto. Veja, Joe...
- O quê?
O semblante do escritor tornou-se ainda mais intrigado quando fixou a vista em um ponto quase imperceptível de reparar. Pegou o binóculo rapidamente na mochila e analisou, para depois gritar:
- Bingo! Ah, Yolei...
- Não acredito que você viu a Yolei! - exclamou Joe, com menção de tomar o binóculo das mãos do amigo.
- Não é isso, achei a resposta para o que procuramos!
- O que foi, TK? Sabe como nos tirar daqui? - perguntou a namorada, apoiando-se nele para se levantar, ainda assustada.
- Ah, minha Kari, achei uma saída por aquela montanha - e apontou na direção indicada. Realmente, quase não dava para ver, devido à posição em que se encontravam. Havia uma subida relativamente fácil de se alcançar, que fazia um contorno em volta da grande rocha; no ponto onde Takaishi se fixara havia uma pedra sobreposta, como uma porta.
Hikari Kamiya sorriu, imensamente aliviada. Jyou parecia estar boquiaberto, ainda não entendendo muito bem o que aquilo significava.
- Ah, Takeru... acha que ali é a saída?
- Só pode ser, meu anjo! Precisamos somente verificar. Venha, Joe!
O portador da Esperança segurou a mão da única moça do grupo e começou a correr, seguido por um médico assustado.
Não foi mesmo difícil chegar até lá. Pararam em frente à suposta porta e analisaram a rocha que formava aquela montanha misteriosa. Kari a tocava levemente com uma das mãos.
- Bem...é aqui - começou TK, relativamente entusiasmado - Aposto que é bem aqui que vamos achar a chave para sair dessa zona.
- Acho melhor abrirmos, então. - disse Jyou, adiantando-se, surpreendendo os dois.
Hikari se afastou e deixou que os rapazes fizessem o serviço. Kido e Takaishi empurraram a rocha retangular com um pequeno esforço, ouvindo-se o baque dela caindo no chão. Tossiram um pouco por causa da poeira que havia levantado, mas logo seus olhos brilharam ao ver a estranha passagem que a porta lhes reservara. Era impossível enxergar coisa alguma adentro. Era como um túnel escuro, cuja profundidade ninguém sabe, mas se supõe que seja enorme. Na entrada haviam seis tochas acesas: três de um lado e três do outro, espaçadas igualmente, como se tudo fora arquitetado. Bem... e talvez fora mesmo, não?
Joe suspirou. Observou a entrada rapidamente, enquanto empurrava os óculos para o nariz.
- Que tal? Vamos entrar? - convidou Takeru, abrindo passagem.
- Esse lugar não me inspira confiança... - disse Kari misteriosamente.
- Eu sei, Kari... mas é preciso. Tenho certeza de que tudo vai correr bem e sairemos triunfantes. Você é corajosa!
Ela sorriu, mais confiante. Odiava sentir-se frágil, mas esses estranhos pressentimentos a tornavam assim. Foi a primeira a entrar; sem pensar muito, pegou uma das tochas e encarou os dois, esperando que fizessem o mesmo.
Takeru Takaishi entrou depois e pegou uma, seguido do portador da Confiança, que também tomou para si uma tocha - com certo receio.
- Hum...vamos.
E começaram a avançar pelo túnel.
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Era só escuridão o que havia pela frente. Já estavam andando há cerca de 5 minutos, porém o silêncio era predominante, com exceção de um "Como é grande..." murmurado por Joe. Desafio era o que sempre aparecia na vida de um digiescolhido. No entanto, muita coisa ainda era capaz de amedrontá-los, e cada momento era novo, original, um desafio.
- Acho que estou vendo uma luz logo ali na frente - avisou Kari. TK estava com um pouco de medo por causa disso. Era a primeira da fila e, caso aparecesse algo adiante, ela teria que enfrentar, assustando-se ainda mais.
- Ótimo! Será o enigma? - disse Kido, esperançoso.
Avançaram com passadas mais largas. Pararam quando encontraram uma tocha em cada lado, iluminando o local; no entanto, haviam agora três caminhos para se escolher. Todos escuros.
- Droga! - exclamou Jyou, ficando nervoso - Mais passagens... minhas pernas doem de tanto andar.
- Não tem jeito, precisamos seguir em um deles.
- Não, Takeru. Creio que o melhor a fazer é nos dividirmos - disse Kari, com segurança.
O namorado suspirou, fitando-a, depois Kido...
- É... você tem razão. - concordou este, desviando o olhar.
- Tudo bem, mas você vem comigo - disse TK, segurando a mão da moça.
- Não! - retrucou, freiando-o quase que bruscamente - Eu preciso seguir em um deles sozinha. Não podemos deixar um dos caminhos livre sem investigar... Takeru, eu sei me cuidar, estamos em uma missão! Também faço a minha parte!
O belo rapaz a olhou admirado e calado por um momento, porém logo sorriu-lhe:
- Tem razão, Kari, eu é que estou apavorado demais. Pareço até o meu irmão quando me protegia quando eu era criança... confio plenamente em você.
O casal permaneceu se olhando, orgulhoso - e apaixonado, enquanto Jyou presenciava a cena com certa emoção.
- Tudo bem, tudo bem... agora é melhor irmos, que estamos com meio caminho andado - disse, dispersando os dois de seu mundo de sonhos.
- Han....certo. - respondeu TK - vou seguir pelo caminho da direita.
- E eu, pelo da esquerda. Você quer o da esquerda, Joe?
- Não, Hikari, eu vou em frente - disse, gaguejando levemente.
- Bom... e eu desejo do fundo do coração que todos se saiam bem! - sorriu o loiro, fazendo uma breve despedida - Boa sorte.
A dona da Luz beijou seus lábios docemente e o fitou, já seguindo para o caminho da esquerda, lançando um último olhar aos rapazes.
Joe e Takaishi assentiram com a cabeça um para o outro e seguiram para os seus respectivos caminhos. O médico segurava a tocha desajeitadamente.
***
A parede daquela espécie de caverna era iluminada por uma fraca fonte de luz, sendo deixada na penumbra para cair de novo na intensa escuridão. O fogo da tocha já havia perdido parte de seu vigor. Jyou Kido a segurava trêmulo, com os olhos fixados à sua frente, atentos a qualquer movimento estranho...andava sem pressa, com a outra mão segurando a mochila firmemente. O suor deslizando sobre seu nariz estava por deixá-lo louco, com a sua mania de empurrar os óculos para o alto.
Estava assustado. Já fazia uns consideráveis minutos que estava naquele caminho e não encontrara nada, sequer uma curva, uma pedra, alguma coisa. Qualquer que fosse seu pensamento, sem querer levava para o lado do pessimismo. Pensava ele, que já estava a caminhar por ali e nada acontecia, algo relevante, que apontasse para o maldito enigma. Ou talvez, se não sucedia coisa alguma, era mau pressentimento! Pois o caminho o levava diretamente para o coração da montanha. Deve ser a pior direção que se podia escolher.
Deu um passo à frente e não sentiu o chão sob seus pés. Levou um tombo. O óculos caiu a alguns centímetros à sua frente e a tocha, por sorte, não leva o mesmo destino. Ohhh... essa foi por pouco, pensou, com o coração acelerado pelo susto. Levantou-se e limpou os óculos na camisa, depois endireitando-os. Joe constatou que o motivo da sua queda fora um pequeno degrau no qual não prestou atenção. Ótimo! Um degrau apareceu (é alguma coisa fora do comum em uma caverna, não?)! Ergueu a tocha para observar melhor a maravilha - ou outra palavra, de acordo com a interpretação do jovem médico - que se encontrava adiante.
Ele franziu a testa, incrédulo, ao visualizar um labirinto.
- Uh...céus...
Não havia saída. Se voltasse, iria se deparar novamente com os outros caminhos, já seguidos pelos seus amigos, e esse era o restante. Teria que continuar a andar pelo labirinto.
- Eu não acredito... essa era a surpresa que me aguardava! Sem monstros, minotauros, ou bichos asquerosos. Se eu achar o final do labirinto, tenho certeza de que conseguirei o enigma.
Jyou Kido avançou confiante e um pouco mais aliviado. Talvez pensasse que sair dali não fosse tão difícil...
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As pisadas delicadas no solo revelavam que Hikari caminhava por ali.
Parecia que parte de suas forças a haviam deixado... estava pálida, o olhar cansado, as reações lentas. Porém, não era a sua força física, e sim, mental. Sentia a cabeça terrivelmente pesada; aquele lugar não lhe trazia boas vibrações. Simplesmente não entendia! Como conseguia pressentir as coisas? Como é que não sabia o porquê disso tudo? Estava cansada.... mas resistia o bastante para continuar em frente, resgatando coragem e perseverança do nada.
Não sabia o que iria encontrar, porém também não gostaria de pensar muito. Assim conseguiria um pouco mais de sangue frio para encarar a jornada. Para onde o destino os estaria levando? Se é que existe esse tal de destino que comanda a vida da humanidade... mas uma estranha força que a estaria guiando para o caminho da luz, que deixava a sua mente tão confusa. Era como no restaurante do Davis, no piquenique e em outros momentos de sua vida... como conseguia pressentir as coisas? Será que é isso o sexto sentido? Algo misterioso... bom ou ruim.... que faz com que as pessoas ao seu redor tenham um certo receio.
Estava acontecendo novamente. Kari agora sabia que estava chegando em algum lugar concreto. Tailmon fez-se presente em seus sonhos, com uma áurea esbranquiçada em volta de seu corpo, desaparecendo e reaparecendo em frações de segundos. Onde você está, Tailmon?
A jovem Kamiya deparou-se com uma outra porta. Sem pensar muito, empurrou-a para o lado, deixando aparecer uma espécie de câmara. Hikari entrou devagar, num misto de susto e encanto... Como diria meu irmão, é algo que só acontecesse em filmes, pensou fugazmente, observando tudo à sua volta. Realmente, uma tolice passara pela cabeça; talvez já tivesse visto aquilo em algum filme de herói das selvas.
O lugar estava praticamente iluminado - de onde vinha aquela luz?- e a tocha pouco serviria. Parecia antigo, empoeirado e misterioso; não era tão espaçoso, mas deslumbrante!
Havia montanhas de moedas de ouro pelos cantos da câmara, entre diamantes, rubis, safiras, esmeraldas e maravilhosas pedras preciosas. Colares de pérolas escorregavam até seus pés; os olhos de Kari brilhavam ante tão estonteante beleza... jamais vira algo semelhante em toda a sua vida. Andava sem pressa e observava tudo bastante admirada, tocando levemente as preciosidades que reluziam majestosamente. Porém, algo a mais chamou a sua atenção... uma espécie de espada dourada que jazia presa entre as moedas, adornada por uma serpente em alto relevo cujos olhos eram diminutas pedras de rubi. Kari aproximou-se hesitante e a gana de tocar o objeto tomou-lhe a mente no instante...
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O jovem portador da Esperança andava com passos apressados pelo corredor que o levaria - pensava ele - ao intrigante enigma. Queria acabar logo com tudo isso e reencontrar os amigos e digimons; as outras zonas também teriam que achar a saída (para onde?), porém estava ansioso para sair triunfante. Para que todos saíssem! E pensava que deveria fazer a sua parte no menor tempo possível, e talvez ajudar a quem precisasse.
- Takeru, Takeru.... não queira fazer tudo às pressas desse jeito... às vezes é melhor ir devagar e fazer a coisa certa do que ser rápido e dar tudo errado. - disse a si mesmo.
Estava preocupado. Não estavam lidando com digimaus ou algum ser materializado... Aliás, sequer sabiam quem estava por trás disso e por quê esse alguém despertou a maldita profecia! Estavam jogando em meio a um ambiente místico, onde não podiam prever seus próprios passos... em um lugar controlado por outra força que os escolhidos desconheciam a origem. Era difícil, mas TK não podia evitar em pensar nesses pontos; era como se, depois de anos longe das aventuras, fosse capaz de desaprender tudo. Tudo o que conseguira e ganhara de experiência. Me sinto estranho..., pensou de súbito, sem saber ao certo o motivo.
Temia por Kari, temia por seu irmão... e aos demais, supostamente. Às vezes sentia a sua esperança se esfumar aos poucos, e uma faísca de tristeza fazia doer seu peito. O que há, Takeru? Aonde está aquele garotinho de oito anos que possuía a fé em seu espírito? Eu sei... sei que está dentro de mim... mas existe alguma coisa que quer fazê-lo escapar. Não deixe, não deixe! Ele o está guiando!
Parou e soltou um suspiro, entreabrindo os olhos. Esquisito, mas conseguia perceber a presença de alguma coisa. Olhou para baixo e pôde ver que, frente aos seus pés, havia um buraco cavado bem fundo. Seu coração disparou repentinamente, e sentiu um ligeiro frio na barriga... Deu-se conta de que justamente ali dentro haviam espécies de degraus de ferro que o levariam para baixo.
Ah...parece-me perfeito demais.
Sem hesitar, acomodou os pés no segundo degrau e seguiu descendo, tomando cuidado para não escorregar e estragar tudo. Pulou para o chão e segurou firme a tocha, tentando visualizar melhor o novo ambiente.
Não pareceu melhorar muito. Estava bastante escuro, e o fogo só permitiu-lhe ver que se encontrava em um lugar fechado, parecendo vazio, como uma sala. Tocou a parede, aproximando a luz, e verificou que era feita das mesmas rochas, porém como se fosse em forma de tijolos. Uma sala...de tijolos...da mesma rocha...., analisava, ainda tateando. Takaishi andava devagar, receando esbarrar em algo, mas não encontrou nada. Começava a ficar aflito. O que... o que é isso? Aonde estou, de verdade?! Para onde esse caminho está me levando, afinal?
Ajoelhou-se próximo a uma das paredes e bufou, um pouco nervoso. Virou-se, decidido, e chegou a tocha perto da parede, o máximo que pôde, pondo-se a tatear. Sabia! Estava ali, algum segredo, algum... enigma? Precisava descobrir. E foi apertando a vista e prestando toda a atenção do mundo, com a ajuda do fogo, que viu algo peculiar gravado naquela rocha.
TK deixou escapar um som involuntário de surpresa e arregalou os olhos. Sim! Era uma espécie de código... O enigma! Eu o encontrei, está bem aqui...! pensou, totalmente admirado. Parecia-se com a linguagem digital que estava sendo desenvolvida ao longo daqueles anos. Não importava...conseguira, encontrara a chave para a saída daquela zona! Oh, Deus, muito obrigado...ah... mas é impossível decifrá-lo. Como? Como o farei? Deve haver algum meio, tem que haver! Foi então que, guiando a tocha para o fim da pequena frase, viu a figura do seu brasão cravada em alto relevo. Franziu a testa, espantado, e tocou-a levemente...
O meu brasão? A minha Esperança...? Como...por quê?, olhava para os lados e para o alto, em vão.
Preciso avisar a Jyou! Preciso avisar a Kari...precis...
Ah, um susto... seus olhos agora não conseguiam enxergar nada além do breu. Não acredito! Eu Não posso acreditar! A tocha....o fogo...se apagou....
*
Joe Kido também parecia cair em uma armadilha. Sentiu um baque perto do ouvido, parecido com uma máquina que começa a trabalhar. Se jogou ao chão, quase por inércia e colocando as mãos na cabeça, quando percebeu que o teto... sim, o teto! Era incrível, mas o que o portador da Confiança visualizava era um teto de pedra descendo até ele, como se quisesse esmagá-lo. O barulho parou e segundos depois Jyou levantou a cabeça e deu-se conta de que o labirinto fora coberto.
- Ah, ah....acho que sou claustrofóbico e não sabia... - gaguejou, sentando-se para se recarregar.
Começava a suar frio, ficando nervoso e exaltado. Agora sua mente não parava de repetir que estava ali há tempos e não achara a saída do labirinto. Idiota! Como não consegue? Todos tinham razão, Joe 'medroso' não sabe fazer nada... só molhar as calças!
Não é isso! Eu só... estou com medo...
E assim pensava que iria ficar. Sentado no chão esperando por um resgate milagroso, rezando, empurrando os óculos para o nariz... Não queria fazer mais nada além disso. Suas forças se esvaíam, enquanto lutava para se controlar, enquanto sua esperança ia embora... para sempre.
*
- Ahhh!
Hikari Kamiya ajoelhou-se e cobriu a cabeça com as mãos, desesperada. Sentiu de novo uma sensação terrível e dolorida... As trevas? As trevas estavam a chamando, como fizeram quando tinha onze anos? Não era possível!
Arregalou os olhos de súbito ao ver uma estranha imagem passar pela sua mente. Ouviu a porta da câmara se fechar atrás de suas costas, porém não se alterou por isso. O que via inconscientemente era a figura de um medalhão dourado... a medalha! A própria! Mas que aos poucos, curiosamente, tornava-se escura como a noite...
Sentou-se, cansada, como se essa espécie de visão tivesse sugado parte de sua energia. Via-se presa naquele lugar, absolutamente só... sem qualquer motivação. Olhou lentamente para o ouro, para a entrada de luz, e para a espada com pedras de rubi. Já não queria chegar mais perto desta... Achava que estava perdida no centro daquela montanha, sem ninguém, onde não existia mais saída. Começou a pensar que o único jeito era permanecer quieta, esperando... esperando algo que nem ao menos sabia. Talvez pelos amigos. Talvez por Tailmon... e pela fé.
*
Não, não... não posso ficar nesse escuro. Só pode ser uma ilusão! Por que as coisas começam a dar errado quando achamos que estamos perto da vitória? Ora... vamos, luz, me ajude. Acenda esse fogo!
TK continuava indagando-se. Atirou o pedaço de pau que servia como tocha para longe, acertando a parede oposta; agora não importava mais. Deve ser pequeno esse lugar...
Suava, nervoso, passando a mão pela testa molhada. Acomodou a mochila no chão e encostou-se na parede, tentando tatear em busca do brasão gravado na pedra. Agora que eu havia descoberto a mensagem...justo agora! Por que o vento teima em não soprar a nosso favor? Talvez fosse mesmo difícil decifrar alguma coisa, mas... ao menos eu tentaria. Afinal, o enigma foi encontrado! Agora não há jeito de ler... parece coisa de magia. Maldito vento, que seja, como conseguiu tirar o fogo de mim? A luz que eu precisava! Como entrou, heim? Como?!
Takeru gritava em seus pensamentos. Estava exausto, suas pernas doíam, e não conseguia de maneira alguma pensar em como contornar a situação. Suspirou; sentia suas forças desaparecerem... talvez ficar ali fosse melhor. Não estava com muita sorte, afinal. Isso mesmo, senhoras e senhores! Takeru Takaishi parecia se render ao fracasso! Não, mas será ele mesmo? Aquele garotinho que nunca perdia a fé? Não...deve ser algum engano... este é um jovem de vinte e dois anos que estuda jornalismo e está aturdido porque a tocha que segurava se apagou.
O enigma....o enigma...preciso decifrá-lo! Deixe-me sair daqui, quem quer que seja e que nos prendeu! Eu estava tão perto...
Uma lágrima desesperada rolou por sua face rosada. Definitivamente não sabia o que fazer. Não conseguiria decifrar (ou ao menos tentar) a mensagem, e seus companheiros não poderiam escutá-lo. Já estava muito distante do ponto de encontro... sentia-se vazio por dentro, como um balão sem ar. O que é isso? A Esperança se foi? Não pode desistir logo agora...! Mas é isso... acha que não existe mais jeito. Porém, escondido no nosso interior, sempre haverá um pequeno fragmento de fé que nos faz seguir em frente, por menor que seja. Por menor que seja! Acaso... o que é um homem sem Esperança? Alguém que não acredita em mais nada. Você acredita, não é, Takeru? É claro que sim... sempre. Tem algo dentro de mim que parece querer explodir! Mas existe um amigo que está em algum lugar do meu coração que simplesmente acredita em mim. E não vou deixá-lo....
Respirou fundo. Uma mistura de emoções ardia seus olhos, fazendo-os brilharem. Foi então que a tal explosão aconteceu.
- Patamon!! - gritou Takaishi, a todo pulmão.
- Tailmon!
- Gomamon!
Sim! Eram os seus amigos que também chamavam pelos seus digimons. Não podia ouvi-los, mas sentia uma presença muito forte...
Então, tudo voltou ao silêncio novamente. Queria que o seu fiel companheiro de asas de morcego pudesse saber que nunca, nunca... pensaria em abandoná-lo. Uma brisa leve soprou em seu rosto, fazendo o jovem ficar atento. De onde provinha? Sei que é você, maldito vento que arrancou por um momento a minha Esperança. Onde está? Voltou?
E uma luz branca magnífica o iluminou, junto com o vento que fazia seus cabelos loiros voarem para trás. TK pôde vislumbrar, à sua frente, algo tão belo que encantou seus olhos.
Era de um cavalo da cor da neve que vinha aquela luz. Estava parado, fitando-o com um doce olhar, balançando sutilmente a crina clara. O jovem sorriu, admirado, com uma sensação maravilhosa em seu ser. Aproximou-se vagarosamente e tocou sua cabeça. Só pode ser algo fantástico.... Mas, sem saber como, deixou as palavras fluírem de sua boca:
- Patamon... é você!
O cavalo abaixou-se por um instante e dele, como por arte de magia, surgiu um belo par de enormes asas que se levantou majestosamente.
- Pégasumon... - sussurrou, deixando-se cair aos poucos, até ficar adormecido no chão com um pequeno sorriso desenhado em seus lábios.
A luz foi se dissipando aos poucos, enquanto o brasão da Esperança, gravado na parede da montanha, tinha seu contorno iluminado como brasa...
Sentia-se esperançoso, confiante e....iluminado.
* Continua................
N.A: Não sei dizer se o capítulo me agradou muito... só sei que precisava terminá-lo e uma súbita inspiração me apareceu, he, he. Talvez tenha parecido cansativo para alguns, mas não pude evitar ser detalhista e fui escrevendo o que me vinha na mente ^.^" Não gosto muito de dar explicações sobre os capítulos, revelar (me desculpem!); prefiro que cada leitor faça sua interpretação. Eu iria escrevê-lo de outra maneira, mas então tive outras idéias e resolvi mudar tudo! Isso influenciou na demora também... O_o
Bem, espero que tenham gostado! Por favor, se tiverem alguma dúvida, sugestão, crítica construtiva, elogio ou outra coisa, me fale pelo e-mail: maytake@hotmail.com ou então mandem um review! Tudo será bem-vindo.
Até mais......
Manu
