Notas iniciais: Oi, pessoal, aqui estou eu trazendo mais um capítulo de 'Pólos Opostos'... nossa, há quantos séculos não apareço ^.^U! Me perdoem, sério, não é mais uma desculpa, na verdade não tenho tido muito tempo para escrever. Além das minhas ocupações, as provas estão me matando! Mas finalmente terei um descanso, já que as férias estão próximas, e então poderei escrever com mais calma... ah, verão sempre me traz inspiração ~.^ ...
Bem, espero que ainda se lembrem da história! No capítulo anterior, Takeru, Hikari e Jyou entraram em ação na Zona do Verão - o que será que aconteceu com eles? Confesso que não saberão agora, pois é a vez da Zona da Primavera

Boa leitura, já falei demais!

- Capítulo dez -

Surpresas e descobertas

Por Manu

"O coração tem razões que a própria razão desconhece."

-- Blaise Pascal

O sol já havia ido embora da Zona da Primavera. Entre as árvores e os arbustos abaixo do firmamento escurecido ouvia-se um ruído de grilos, o que supunha-se que havia alguma espécie de vida por ali. A única luz provinha de uma enorme e antiga casa situada no meio do campo.

- Obrigado, Sora, mas não precisa se incomodar mais... - murmurou Ken Ichijouji, sentado no sofá, colocando uma bolsa de gelo sobre a cabeça.

- Ora, não precisa ficar acanhado... fui eu quem bateu a frigideira na sua cabeça.

- Não se preocupe, não está doendo tanto....é só um galo, já tive muitos deles! Mas obrigado...

- Tem certeza? - perguntou a moça, olhando para ele, duvidosa.

- Claro. Só vou colocar mais um pouco de gelo e já chega.

- Tudo bem, então. Se quiser ajuda, é só chamar.

O portador da Bondade assentiu, sorrindo. Era incrível como Sora não mudara nem um pouco; continuava amável e sempre disposta a ajudar os outros. Como diziam, era uma irmã mais velha para todos.

Os companheiros estavam juntos na sala do casarão, com exceção de Mimi, que tentava preparar algum jantar na cozinha. Reclamava que iria varar a noite e não encontraria uma simples embalagem de macarrão instantâneo...

Aquele lugar transmitia um pouco de mistério... parecia estar em quase perfeito estado e atraía os olhares dos atuais habitantes. Havia dois andares, mas nenhum deles se dispôs a explorar mais... permaneceram no andar de baixo; Ken investigara superficialmente, Koushiro refletia, Mimi observava os detalhes dos aposentos e Sora se dedicava a admirar as flores que ficavam nos fundos.

- Bem... - espreguiçou-se Ichijouji - Já escureceu. Quando partiremos para a ação?

- Hum... chegamos nessa casa faz poucas horas e o que fizemos? Investigamos alguma coisa no andar de baixo e demos uma olhadinha no andar de cima. Há alguns quartos e banheiros... mas nada de relevante.- respondeu Izzy, ligando seu laptop lentamente, como se ao menor toque brusco fosse despedaçá-lo.

- Mas continuo achando que esse... esse tal enigma está aqui dentro.

- Dá mesmo pra desconfiar... - disse Sora, arrumando distraidamente algumas rosas no vaso da mesa central - Viemos parar justamente aqui, não é? Não se esqueçam de que há coisas lá fora também.

- Bem, existem muitos lugares aonde procurar. Será melhor ao amanhecer, a menos que aconteça algo significativo - completou Izumi, começando o seu "trabalho" no computador.

Mimi avançou até a porta que separava a sala da cozinha, segurando uma colher de pau. Ninguém voltou a falar; apenas o barulho das teclas ressoavam. A dona do Amor suspirou e olhou para a amiga, dando de ombros...

- Acho que vão gostar do jantar... será sopa de legumes.

Ichijouji ergueu as sobrancelhas e sorriu amavelmente:

- Que ótimo, Mimi! Sei que estamos em boas mãos, com uma cozinheira como você.

- Oh, Ken, obrigada. Estará pronta já, já.

Correu os olhos até Koushiro, quem novamente perdia-se ante a tela do laptop amarelo.

- Não acredito que está nesse maldito computador outra vez!

O rapazinho fitou-a, um tanto sonso:

- Mas é necessário, Mimi. Esse laptop nos ajudou tantas vezes... - fez uma pausa - esperem-me um instante, vou pegar uma chave de fenda e já volto.

Levantou-se e dirigiu-se à escada, murmurando sutilmente: "Porcaria de parafuso.", deixando o computador portátil repousando na poltrona.

A jovem Tachikawa pôs-se a observar minuciosamente o antigo objeto. O via como um inimigo, que tomava Izzy de seu tempo e dela mesma, que sempre estava pronto para ficar entre os dois. Já havia perdido a conta de quantas vezes já discutira com o namorado por culpa do laptop... e parecia que todas as respostas, para todas as perguntas, estavam contidas nele. Nessa... velharia! E em um piscar de olhos Izzy estaria ligando-o, e teclando, teclando....aquele ruído irritante em seus ouvidos... como sempre. Um misto de ira e ansiedade estava tomando-a aos poucos. De súbito, caminhou decididamente até a poltrona e agarrou o computador, olhando-o, enojada.

- O... o que foi, Mimi? - perguntou a melhor amiga, quase pressentindo a atitude da moça.

Ela não respondeu. Apenas o jogou com todas as forças no chão, fazendo com que o teclado voasse e parasse nos pés de Ken.

- Credo! - exclamou o investigador - O que está fazendo, Mimi? Izzy vai te matar!

- Já estou cheia! É só isso o que ele sabe fazer? Ligar essa droga de computador e ficar digitando coisas o dia inteiro?

Sora fechou os olhos e bufou, apoiando a mão na mesa:

- Ah... é melhor se prepararem, pois Koushiro já está voltando.

Ouvia-se seus passos na escada. A portadora da Sinceridade olhava com ira para as peças no chão, enquanto Ken recolhia o teclado fazendo cara de espanto. Izumi vinha caminhando e examinando uma chave de fenda enferrujada quando parou bruscamente, estupefato, e arregalou os olhos para a namorada.

- Mimi... o que você fez?! - perguntou pausadamente, como se pensasse que aquilo fosse um pesadelo.

- O que acha? - respondeu em troca, ironicamente, cruzando os braços com a colher de pau.

- Você quebrou o meu cérebro!

Izzy agachou-se, desesperado, tomando as peças para si. Era incrível o carinho que ele tinha pelo seu laptop. Desde criança os dois sempre estavam juntos.... Ken e Sora se olharam, achando graça naquela cena, mas ao mesmo tempo preocupados.

- Há, há, "meu cérebro".... corta essa! Um computador não pensa por você!

- Mimi, esse computador é muito importante nessa missão! Que loucura deu em você pra quebrá-lo desse jeito?!

- Nessa missão e em todas as outras, não? Não precisamos dele, Koushiro. Sabemos fazer as coisas por nós mesmos; até parece que ele é que vai nos dizer como salvar os digimons! - gritou, exaltada.

- E se Genai me mandasse um e-mail? Se tivesse alguma pista?!

- Desculpe me intrometer, mas....Izzy, nem Genai sabe ao certo o que tudo isso significa - disse Ken, levantando-se do sofá.

O jovem da Sabedoria olhou para o chão, depois para as peças.... não sabia mais se estava se sentindo estúpido ou aborrecido.

- Talvez o laptop nos ajudasse com o enigma... - disse, timidamente.

- Hah! - rugiu Mimi, levantando a colher - Droga de enigma! Primeiro temos que achá-lo, e depois nós é que vamos decifrá-lo, não uma máquina! Afinal, o triunfo de salvar nossos companheiros é nosso ou não? Os quatro aqui estamos juntos nessa zona... e os outros, por acaso tem algum laptop imbecil para ajudá-los? Se fosse assim, Genai apenas diria: "Ora, apenas o senhor Koushiro Izumi deve salvar os digimons com o seu supercomputador portátil!"

Izzy olhou de relance para Mimi, com a cabeça baixa, parecendo bastante irritado. Na verdade, sentia vergonha.... afinal, a moça não deixava de ter razão.

- Vamos, vamos parar com isso... deixe, Izzy, talvez eu dê um jeito nisso - disse Ken Ichijouji, examinando os danos do teclado.

- Ah, não conserta isso, não, que é pra ele aprender... - falou Tachikawa entre os dentes, fazendo menção de atirar a colher em cima do ruivo, porém fora interrompida pelas mãos de Sora, que seguravam seu braço delicadamente, mas com certa força.

- Mimi, por favor, já chega...

A moça da Sinceridade soltou-se da amiga e seguiu em direção à janela, pondo-se a admirar a paisagem para tentar esfriar os nervos.

- Me desculpe, Mimi... - começou Koushiro, levantando-se e recolhendo a tela - Acho que está certa. Só espero que o laptop ainda tenha conserto.

- Pode deixar, que terá. Já agüentou muitos anos.... - respondeu, sem encará-lo, mas tornando sua voz mais doce.

Os amigos do Amor e da Bondade se olharam novamente, mais aliviados. Pensaram que ele tentaria estrangulá-la, no entanto... a discussão acabara melhor do que o esperado.

- Bem... agora já basta - começou Sora Takenouchi, andando pela sala - Tentem se acalmar, por favor. Não podemos brigar numa hora dessas, estamos unidos neste lugar! Ken dará um jeito no computador, não é, Ken?

- Não se preocupem, creio que ficará bom.

- Ah, tudo bem, tudo bem... eu não quero discutir mais - suspirou Izumi, sentando-se no sofá e depositando os restos do seu laptop ao lado - Não quero brigar com você, Mimi. Temos mesmo que fazer tudo com as nossas próprias mãos, do contrário seria um gesto de deslealdade. O computador fica agora em outros planos...

- Me perdoe também, Izzy... acho que fui um tanto brusca. Sei o que ele significa pra você - disse Mimi, virando-se, com as bochechas coradas.

O namorado lhe sorriu com timidez, piscando os olhos nervosamente.

- Hum.... acho que as coisas estão voltando ao normal agora - disse Sora, brincalhona, com o seu sorriso radiante - Irei até a cozinha ver como está a sopa.

- Acho mesmo que todos estamos com fome - comentou Ken, deixando a bolsa de gelo em cima da mesa, enquanto Sora passava pela porta.

Os três na sala estavam em silêncio. Na verdade não tinham mais o que falar... Ichijouji olhava ao redor com desinteresse; Koushiro via, melancólico, o velho laptop destroçado; mas, Mimi... observava, através da janela, o lado de fora da casa. Parecia muito intrigada; paralisada. Estava silenciosa, com a testa franzida e os olhos apertados como se quisesse enxergar algo que estivesse muito distante.

- O que é? - perguntou o jovem de olhos azuis, um pouco curioso.

- Acho que estou vendo alguma coisa....espere....

Os dois a olharam, enquanto ela analisava com mais interesse.

- Há alguma coisa se aproximando da casa, pessoal! Sim, tenho certeza!

Os rapazes se encararam por um instante e, ao mesmo tempo, se dirigiram até a porta e abriram-na. Começavam a ficar ansiosos e aflitos para saber o que estava acontecendo. Koushiro saiu e continuou olhando quando pareceu reconhecer o ser que vinha andando com dificuldade até eles.

- Oh, céus.... venha, Ken! - chamou o amigo, enquanto começava a correr.

Sora juntou-se à Mimi na sala, esta um pouco amedrontada; imaginava mil coisas, uma mais absurda do que a outra.

- Quem está aí fora, rapazes? - perguntou a jovem estilista.

- São eles! Tai e Matt estão aqui!

Sentiu um baque incrível no peito; parecia que tudo à sua volta voltara em silêncio... Pousou sua mão lentamente onde fica o coração e pareceu se acalmar. Seus amigos, eles estavam lá! Mas uma sensação ruim não queria deixá-la, e isto estava incomodando-a...

- Santo Deus.... - Mimi conseguiu murmurar, de queixo caído.

- Venha, Mimi! - Sora tomou a mão da amiga e então saíram apressadas da casa, ansiosas por reencontrá-los. Uma exclamação de surpresa vinda de Tachikawa revelou Taichi andando, mais lentamente que o normal, em direção às duas.

- Tai!

As moças se admiraram. O rapaz de cabelos rebeldes parecia bastante exausto e tinha a roupa um pouco maltratada. Ergueu os olhos até elas e sorriu tenazmente, tropeçando e sentando-se no chão.

A melhor amiga o abraçou, com o peito mais aliviado, feliz de tê-lo encontrado. Ele retribuiu o gesto de carinho, ainda sem forças.

- Fiquei preocupada, Tai! - disse, separando-se e olhando em seus olhos castanhos - Agora estou mais tranqüila, graças a Deus que está tudo bem...

Kamiya desviou o olhar rapidamente, sem deixá-la perceber, e esforçou um sorriso:

- Eu também me preocupei, Sora... e muito - disse, com toda a sinceridade do mundo.

- Você precisa descansar, parece muito exausto. Mas... onde está Matt?

O jovem da Coragem estava por desfalecer, porém virou o rosto para trás e olhou na direção indicada.

O sorriso da jovem foi se esfumando aos poucos... Vários metros à sua frente estavam Ken e Koushiro, agachados, tentando levantar o corpo de Yamato. Sua mente pareceu haver sido bloqueada por um instante; não sabia ao certo o que aquilo significava, mas uma angústia tamanha a invadiu que deu um nó em sua garganta. Taichi segurou sua mão delicadamente e a olhou, um pouco triste, mas um olhar que a reconfortou de algum jeito.

Sora levantou-se com a vista fixa nos três rapazes, enquanto Mimi ajudava Taichi a se levantar. Caminhou apressada até eles; Izzy segurava Yamato pelos braços, ao mesmo tempo que Ken tentava verificar alguma coisa.

- O... o que houve? - perguntou, com receio do que poderia ouvir.

- Não sei, está ferido, mas... creio que Tai irá nos explicar - respondeu o jovem gênio, com um tom de medo na voz.

Foi então que o notou... Matt estava imóvel, com sua camisa branca (razoavelmente molhada) amarrada em seu peito, coberta por uma enorme mancha de sangue. Sora pôs as mãos na boca, assustada, enquanto seus olhos enchiam-se d'água. Que visão horrível era aquela.... justamente o que não queria ver. Não podia! Oh, ela lhes dissera, lhes dissera... que não era para fazer nenhuma besteira! Só poderia acabar com ela de uma vez, desse jeito...

- Oh, meu Deus, meu Deus.... está morto, Ken? Matt está morto?!

- Não, espere um pouco... - ele verificou o pulso do rapaz por alguns segundos e suspirou - Não.... só está desmaiado.

A dona do Amor fechou os olhos; parecia estar muito mais leve naquele momento. Vivo... está vivo. Agora acalme-se. Abaixou-se ao seu lado e pôs a mão em seu rosto. Ainda tremia, e não foi possível evitar deixar uma lágrima escorrer.

- Vamos, vamos levá-lo para dentro - ordenou Ichijouji, preparando-se para carregar Yamato pelas pernas com a ajuda de Koushiro. Somente a luz vinda da sala ajudava-os a enxergar.

Taichi Kamiya estava descarregado na poltrona, finalmente desfalecido. Mimi levou as mãos ao rosto ao ver o resto dos amigos chegando com o jovem Ishida e deitando-o no sofá. Izzy não se importou em retirar as peças do laptop e depositá-las de qualquer jeito sobre o tapete central.

- Eu sei... ele não está morto... - sussurrou Tai, abrindo bem os olhos e levantando-se desajeitadamente.

- Oh, o que está acontecendo?! - exclamou a dona da Sinceridade, ficando exaltada só de ouvir a palavra "morto".

- Não, Tai, descanse... - disse a amiga, fazendo-o se sentar novamente - mas por favor, conte-nos o que aconteceu.

Sora mantinha os olhos fixos nos dele. Ele sorriu por um instante; admirou-se ao perceber o sentimento que demonstrava sentir por Yamato.

- Sim... há quanto tempo estavam nesta zona? - perguntou Izumi.

- Na verdade eu não sei... estávamos em uma caverna, em um lugar bem diferente.... quando acordei me encontrei no meio da grama e vi a casa.

O restante dos presentes se entreolharam, subitamente surpresos.

- Quer dizer que vocês dois estiveram em outra zona? - Mimi quis saber.

- Sim, é o que parece - Tai levantou-se decidido, com os olhos vermelhos, sentindo um nó na garganta - Escutem, por favor... levem o Matt, ele precisa de cuidados.

- Fique calmo, amigo, vai dar tudo certo agora - tentou tranqüilizar Ken - Deve ter sido muito difícil pra você trazê-lo até aqui... Matt vai ficar bem. Trouxe a bolsa de primeiros socorros?

- Está aqui - respondeu Mimi, entregando-a.

Ichijouji a acomodou no ombro e encarou Koushiro; este afirmou com a cabeça. Pareciam estar falando em código!

- Vamos levá-lo para o quarto do andar de cima.

- Ele salvou a minha vida! - revelou subitamente Taichi, deixando-os estarrecidos outra vez - Levou....uma flechada... no meu lugar. Ele... - parou de falar, com a voz cortante. Como se estivesse travado! Passou as mãos pelo rosto e virou-se, respirando fundo.

Os companheiros fizeram silêncio, mas alguns sorriam tristemente. Mimi estava por desmaiar...

- Uma flechada... - sussurrou o jovem do Conhecimento, espantado - Incrível. Foi um gesto muito nobre de Yamato.

Kamiya deixava umas singelas lágrimas caírem. Sua cabeça girava e parecia um confuso liquidificador, como se todas as emoções juntas quisessem asfixiá-lo. Sora apertou sua mão com delicadeza, parecendo acalmá-lo.

- Tai, pelo amor de Deus! Fique sentado aí e descanse. Depois, só depois... você nos contará direito o que aconteceu. Matt precisa de um curativo agora - disse Ken firmemente, fazendo uma pausa - Em uma dessas bolsas tem linha e agulha?

A jovem Tachikawa não hesitou em abrir a sua e tirar uma caixa própria de costura, entregando-a para o rapaz, com as mãos trêmulas.

- Certo.... obrigado, Mimi. Sabia que iríamos usar isto um dia.

Ken e Izzy deixaram o aposento carregando o portador da Amizade para um dos quartos de cima. Sora impedia Tai de segui-los, enquanto Mimi se dirigia à cozinha a fim de preparar um chá.

Taichi suspirou e sentou-se largado na poltrona antiga.

- Estávamos fazendo uma fogueira em uma floresta.... de repente começaram a ser atiradas flechas. Um monte delas. Saímos correndo.... rolamos pelo barranco... eu bati a perna na árvore. Só vi quando Matt me empurrou e levou uma flechada no peito. A flechada que eu deveria ter levado! - disse, sem se dar conta das palavras que saíam de sua boca.

- Oh, céus....pare de falar, Tai, será que até nessas horas você é teimoso? - rogou a portadora do Amor, enquanto outra lágrima deslizava em seu rosto.

- Preciso dizer, Sora... mas não chore, por favor - disse, enxugando a gota com o dedo - Não chore mais, nós estamos aqui. Yamato está vivo.... e é por você.

Sora lançou um olhar meio confuso ao amigo.

- Eu vi, eu que sei...! Matt estava fraco. Pensei realmente que fosse morrer, e eu senti um aperto terrível no coração! E foi pensando em você que ele resgatou suas forças...

A moça sorriu com timidez, um pouco triste, e murmurou:

- Não sei o que faria sem ele... - depois ergueu a vista até os olhos castanhos de Tai - E sem você também.

O moço acariciou seus cabelos claros, lançando-lhe um olhar puro e sereno. Mimi chegou na sala, interrompendo aquele momento de certo alívio, trazendo uma xícara de chá que tamborilava sobre o prato de porcelana por causa de suas mãos inquietas.

- Oh, Mi-mi.... obrigado - agradeceu, tomando a xícara para si.

- Menina, fique calma! - levantou-se Sora, antes ajoelhada no chão, segurando as mãos da amiga - Está tudo bem agora, já levaram Yamato para descansar.

- Ah, não... não gosto de ver sangue, não mesmo. Que horrível! Pobrezinho.... e você, Tai, precisa tomar um banho e se deitar, o seu estado não é dos melhores.

Os melhores amigos tiveram que engolir o riso, a verdade era que Mimi estava agindo de um modo engraçado.

- Bem...eu também acho. Mas agora você não precisa mais reclamar que somos duas pobres moças indefesas largadas em uma zona perigosa... Viu? Somos a metade do grupo agora.

A jovem Tachikawa ruborizou-se no ato e olhou para Kamiya, quem girava a colherzinha no chá. Se risse, a faria ficar mais vermelha ainda.

- Han... está delicioso, Mimi.

Fez uma pausa... era incrível como o clima já ficara melhor.

- Sora tem razão... já somos metade do grupo. Eu gostaria muito... muito de saber onde está a minha irmã.

- Fique tranqüilo, Hikari é uma menina forte... Tenho certeza de que se sairá bem, onde estiver. E agora, acho que descobriremos as coisas mais facilmente, com Matt e você aqui conosco. - reconfortou Sora.

Ele e Mimi concordaram, balançando a cabeça. Esta começou a andar com passos lentos pela sala, provavelmente refletindo sobre alguma coisa. A jovem Takenouchi sentou-se no outro sofá, e assim ficaram por um tempo razoável. Taichi terminou de bebericar o chá.

Finalmente havia reparado nos restos do laptop de Izzy... ia perguntar alguma coisa, mas passos foram ouvidos das escadas. Ken e Koushiro desciam calmamente, o último coçando a nuca discretamente.

- Bela sutura, Ken...

- Sutura?! - exclamou Mimi, fazendo cara de nojo.

O portador da Bondade levantou a mão, querendo tranqüilizá-la.

- Anh... era necessário costurar. Foi pra isso que pedi linha e agulha, Mimi... a flecha foi arrancada, o ferimento é profundo. Mas... bem, está incrivelmente melhor do que o esperado.

Ficaram alguns segundos encarando o rapaz (um pouco corado), mas logo Tai quebrou o silêncio:

- Nossa... como aprendeu a fazer isso, Ken?

- Oras, sou investigador, não? Quase um tira, hanm... já vi muito disso.

- Então ele vai ficar bem... não é? - perguntou Sora, lendo nos olhos de Ichijouji.

Izzy sorriu para a moça, enfiando as mãos no bolso da bermuda.

- Sim, é claro. Fizemos um novo curativo por cima dos pontos... Matt está descansando no quarto da direita, na entrada do corredor. É bastante grande e arejado.

Taichi levantou-se da poltrona e se dirigiu aos dois amigos, colocando os braços nos ombros de cada um:

- Obrigado, caras.... mesmo.

- Bah, o que é isso...! Fizemos o melhor que pudemos, amigo. - respondeu Ken, com ligeira melancolia.

- Ah, que ótimo! - alegrou-se Tachikawa - A sopa está quase pronta, aposto que estão com fome... digo, tenho certeza. Podemos nos sentar assim que Matt acordar.

- Sim, ele ainda não acordou... - confirmou Izzy, enquanto a namorada o arrastava pelo braço "delicadamente".

Sora sorriu... um daqueles sorrisos que fazia o melhor amigo se sentir bem. Ela parecia um pouco nervosa... mas era apenas a sua mais nova descoberta.

Ficou a olhar paras as escadas - o corrimão com adornos implícitos, mas belos para quem observava - com os pensamentos voando meio sem sentido. Tai notou (e como não deixaria de notar?) e se aproximou, passando a mão pelos cabelos rebeldes, com aquele jeito moleque que sempre o acompanharia.

- Por que não vai vê-lo?

- Bem...eu...

A mocinha o fitou, então, e viu nos olhos dele toda a confiança de que precisava.

- É, eu vou. Quem sabe ele não acorda? - sorriu, começando a subir rumo ao andar superior.

Apenas Mimi sentia que havia captado "algo no ar", e sorriu como uma menininha que acabara de saber um segredo. Kamiya praticamente levou todos à cozinha, atraído pelo cheiro do jantar, somente como desculpa para não deixar Ken e Koushiro parados no meio da sala.

--

Fora no nosso baile de formatura quando comecei a ficar assim... uma ocasião em que todos nós pudemos ficar juntos, mesmo por algumas horas a mais, pensava Sora Takenouchi. Depois ficamos sem nos ver por tanto tempo... céus! Só agora me dou conta! E... naquela pista de dança.. foi quando descobri que ele me amava.

Passei dias, não sei quanto tempo, totalmente perdida! Até o momento era meu amigo, mas depois não pude mais definir... não só Yamato me deixava confusa, mas Taichi também agia de maneira estranha comigo. Sei que agora não duvida mais, seu amor por mim é fraternal e eu o correspondo, com toda a certeza.

Mas com Matt... como se chamava aquilo que eu estava sentindo? Era diferente. Acho que eu não saberia responder naquele momento. O baile havia acabado, no dia seguinte nos dispersamos (não totalmente), porém de nada adiantava se ele fora embora. Eu não conseguia pensar direito! Em uma hora se declarava para mim, e na outra estava fora do país... por quanto tempo não nos veríamos mais? Pensei que aquilo iria passar, que o tempo levaria embora como se fosse vento. Realmente, levou... até o instante em que o vi novamente.

Hoje entendo que esse sentimento esteve guardado dentro de mim por muito...muito tempo, e agora está me surpreendendo. Sinto meu coração parar de funcionar por alguns segundos quando o vejo... e enxergo em seus olhos um brilho apenas perceptível para mim. É preciso correr, então, ou poder ser tarde. Posso dizer que é algo maravilhoso e divino, que eu tentava conhecer de outra maneira, e que sempre deu nome à minha maior virtude: o Amor.

A moça abriu a porta do quarto e entrou.

Ficou admirada, era realmente grande. Não só grande e arejado, como dissera Koushiro, mas magnífico! Aliás, o casarão todo era magnífico... se sentiam praticamente no século XVII. A janela estava aberta, por onde entrava um vento fresco; a iluminação provinha de dois pequenos lustres, um a cada lado da cama. Esta era enorme, de madeira escura, adornada com cortinas de veludo vermelho... Ao lado havia um móvel com uma jarra de prata e toalhas. Uma mesa com dois apoios de livros em forma de dragões, sobre um tapete belíssimo, ficava mais ao centro. No chão estavam a bolsa de primeiros socorros dos rapazes, a caixa de costura de Mimi, alguns trapos úmidos e uma gaita dourada que conhecíamos muito bem.

Yamato Ishida descansava sobre a cama, coberto até o ventre por um lençol branco. Apesar do ferimento (protegido por gaze e esparadrapo), ele parecia dormir placidamente.

Sora aproximou-se e sentou-se ao seu lado. Não tinha a menor idéia de quando Matt acordaria, mas só pensava em ficar ali... sentia seu coração apertado, e seus olhos expressavam tristeza e ternura ao mesmo tempo.

- Oh, Matt... veja como está...

As bochechas do rapaz estavam rosadas, os lábios vermelhos... via-se muito bem corado. Sora umedeceu uma das toalhas e pôs sobre o corte da testa que, com a correria, não deve ter chamado a atenção de Ken e Koushiro. Tocou seu rosto levemente e o fitou, sorrindo. Os cabelos loiros estavam um tanto embaraçados; tinha as sobrancelhas finas e os cílios longos... Os olhos... mais azuis que o céu, possuíam um encanto peculiar que enfeitiçava todos. Mas, infelizmente, estavam cerrados.

- Você me deixou preocupada... - murmurou, molhando a toalha na água da jarra.- É mais fácil falar se você está inconsciente... Eu não queria que isso tivesse acontecido. Como....como eu poderia ficar se algo mais grave acontecesse com você?

Suspirou por um momento, deixando a toalha de lado e segurando a mão do rapaz. Seus olhos começaram a se encher d'água. Foi naquele momento que sentiu uma força incrível dentro de si que a impulsionava a falar - mesmo que ele não estivesse escutando, junto com tudo que estava diante de seu olhar, tudo o que ouvira e sentira.

- Me perdoe, Matt... sei que você sofreu, assim como eu. Mas eu nunca quis magoá-lo! Não quis magoar ninguém... mas agora entendo... o que sinto é algo que nunca senti antes, algo indescritível, mas que sempre esteve presente em mim.

Sora estremeceu e fez uma pausa. Mesmo desacordado, Yamato nunca deixaria de fazê-la ficar com as bochechas queimando.

- Será que alguém pode me explicar o que é isso? Por que nem eu mesma sei... oh, Matt, me perdoe! Perdoe-me por não ter dito antes que o amo... - uma lágrima deslizou pelo seu rosto, enquanto apertava um pouco mais a mão de Yamato - Preciso de você...

Nesse instante, uma mão varonil ergueu-se lentamente e pôs-se sobre a mão de Sora. Era Matt, que finalmente abria os olhos cansados e a fitava:

- Eu nunca estarei longe de você...

A moça levou um susto e seu rosto ardeu ainda mais. Ele esboçou um fino sorriso e continuou encarando-a com um olhar tão terno que chegava a ser impróprio nele.

- Matt, ah, até que enfim acordou... Bandido! Estava ouvindo tudo!

- Não abri os olhos, pois a única coisa que queria era escutar sua voz - disse; seu sorriso se ampliou. Ela sorriu com doçura.

- Oh, graças a Deus você está bem... sente-se melhor?

- Acho que sim... - murmurou, um pouco sem forças, dando uma olhada no curativo. Foi então que percebeu o ambiente diferente em que se encontrava - Onde estamos?

- Em uma casa, no meio do campo... Ken, Izzy e Mimi também estão aqui. Tai apareceu nessa zona carregando você, nós os trouxemos para cá, ....

- Oh, céus, Taichi! - exclamou o jovem, tentando erguer-se da cama - Onde, como ele está?!

- Calma, ele está bem, no andar de baixo com os outros... logo você irá entender melhor as coisas (e nós também), o importante é que não se esforce demais. Ken fez uma sutura em seu ferimento, mas parece que já estava bom. - explicou Sora, serenamente.

Ishida fechou os olhos e respirou fundo, agradecendo aos amigos em pensamento. Então olhou-a diretamente e corou, mas já estava bastante róseo para ela perceber.

- Fiquei com medo de te perder - murmurou Sora, direta.

- E eu...com medo de não vê-la mais - [pausa] - Pensei em você enquanto estive sozinho e... a única coisa que desejei era vê-la, uma única vez que fosse. Aí eu poderia...

- Não diga isso - interrompeu a moça, pousando sua mão sobre o rosto do rapaz. - Como pôde pensar?

- Eu não me importaria... - começou Matt, encostando-se na guarda da cama - de ficar lá, assim, desde que tivesse esse reconforto.

O próprio Yamato não se dava conta das palavras que saíam de sua boca. Como se o sentimento viajasse por sua alma e explodisse em forma de palavras que nunca imaginaria dizer a uma mulher.

- Não fale bobagens - disse Sora, sorrindo pelo seu encanto, enquanto molhava o pano e acariciava levemente a testa do rapaz, de onde um broto de sangue ameaçava fugir.

Matt resmungou; sentia a água gelada, mas não pensaria em reagir se lembrasse de alguma coisa quando Ken deu alguns pontos em seu ferimento.

- Vamos, não reclame... homens parecem garotinhos quando estão mais fragilizados - disse, como uma mãe diria para um filho.

Os dois riram por um momento, no qual depois Yamato lhe perguntou:

- Ficou mesmo tão preocupada comigo?

Sora o fitou, severa, pensando em dar-lhe um tabefe "delicado" no ombro em tom de brincadeira. Sabia que ele não falava a sério - ao menos totalmente, mas antes que conseguisse tocá-lo, Matt a deteve segurando seu braço com firmeza, porém ternamente.

Foi inevitável o choque daquele encontro de olhares. Enquanto abaixava o braço da moça com lentidão, sua vista clara deixava-a ainda mais ruborizada. Ah... como deixava. Mas não importava. Sora sentia-o tão próximo... e seu coração acelerava ainda mais, prevendo aquilo o que parecia acontecer em alguns segundos.

Sua mente fora bloqueada por aqueles instantes, ao mesmo tempo em que Yamato Ishida se inclinava. Sora... sinto que não posso agüentar mais.

E então se beijaram... Que estranha e maravilhosa sensação os tomava! A respiração tornava-se irregular, os olhos ardiam levemente, enquanto o pescoço de Matt era enlaçado pelas mãos de Sora. Sentiam e compartilhavam a felicidade absoluta em um simples, mas terno beijo...como um sonho, de onde não queriam jamais acordar. Era o amor, que corria ardente em suas veias e os queimava por dentro!

Se separaram lentamente, e Sora então sorriu. Tocou levemente os lábio tíbios de Yamato, quem murmurou, com seu timbre de voz único:

- Eu também a amo... mais do que qualquer coisa....

Ela o fitou, com os olhos brilhantes feito rubis, e corou. Se por lado era uma mulher atraente, o tom carmim de suas bochechas a deixava com um toque infantil adorável. E isso deixava Matt enfeitiçado...

- E eu... não sabe o quanto, o tanto que meu amor é grande...

Ela... era a dona de seu amor. Sora roçou em seus lábios, fazendo o coração de ambos palpitarem como loucos! Ah, se pudessem... ficariam assim para sempre... Porém, um barulho vindo do andar inferior os trouxe de volta à "realidade". Ouviram panelas e talheres caindo no chão - o da cozinha, provavelmente, e a voz estridente de Mimi reclamar alguma coisa.

- Acho que agora é melhor descermos - murmurou Sora, entretida, abrindo os olhos. Yamato concordou, balançando a cabeça com serenidade.

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- Ah, Tai, continua estabanado como sempre! - resmungou Tachikawa, irritada, mas achando graça naquilo.

Várias panelas e talheres haviam sido derrubadas no chão - obviamente obra de Taichi, o que causara o estrondo.

- Me desculpa, Mimi! Eu só queria dar uma olhadinha na sopa, tudo bem? Mas aí... aí eu... - murmurou timidamente.

- Acabou esbarrando nas panelas e derrubando tudo. Ai, ai... preferia você debilitado, sentado na poltrona. Assim consigo preparar o jantar sossegada! Vá tomar um banho, Kamiya.

- Depois de comer, certo?... Aquelas salsichas (queimadas) que assei na fogueira não deram pra muita coisa. Mas também não precisa fazer tempestade em copo d'água! E como foi que conseguiu encontrar esses legumes, Mimi?

- Já me interrompeu demais, agora ande, vá esperar na sala! Ou faça o que quiser - ordenou a moça, vermelha, empurrando-o graciosamente até a sala.

- Será que não tem sake nesses armários?

Mimi o olhou com desaprovação, mas sabia que era só mais uma das brincadeirinhas do rapaz de cabelos rebeldes.

Na grande sala estavam Ken e Koushiro. O investigador jazia sentado no sofá maior verificando as peças do computador portátil, tendo ao menos uma idéia do estrago. Queria trazer alguma esperança para o pobre Izzy que, por sua vez, arrumava (ou fingia arrumar) a mesa de jantar. Na realidade, estava ansioso pelo veredicto do amigo a respeito do laptop e, mesmo que não quisesse, ainda estava um tanto indignado com Mimi. Como ela pôde querer destroçar sua velha máquina? Que o acompanhou tantas vezes enquanto vivam aventuras no Digimundo? Certo, ali não o Digimundo, mas não fazia diferença nenhuma! Aquele laptop era o seu tesouro...

- Escute, Izzy... por que não compra um computador mais moderno? - perguntou Ichijouji, percebendo que seria difícil restaurar aquele.

- Não! - exclamou Izzy, de olhos arregalados, como se o amigo tivesse dito algo totalmente absurdo - O pineapple sempre ficará comigo, aconteça o que acontecer! Pelo amor de Deus, não me dê más notícias...

- Isso é que é afeição... - murmurou Kamiya, recém-expulso do compartimento mais interessante (segundo ele) da casa.

- Não é isso, Izzy... bem... vou fazer o possível. Se Yolei estivesse aqui... - e então lembrou-se da esposa e seu rosto entristeceu um pouco. Não sabia em que zona estava, mas desejava profundamente que tudo ocorresse bem.

Por outro lado, os amigos sabiam que Izumi poderia perfeitamente detectar os problemas do laptop, mas seria doloroso demais para ele...

- Vou colocar a sopa na mesa para esfriar um pouquinho! - gritou a portadora da Sinceridade. Um cheiro bastante atrativo vindo da cozinha os chamava.

- Hum... será que Matt já despertou? - perguntou-se Tai, notavelmente preocupado. No momento, passos foram ouvidos descendo a escada, onde alguns degraus rangiam discretamente. - Ah, Sora está vindo!

Os três continuaram nos seus "afazeres" enquanto esperavam a portadora do Amor chegar à sala, mas Ken ficou instantaneamente surpreso e contente ao ver que Yamato estava junto dela.

- Matt! Está de pé. - disse, levantando-se do sofá.

Taichi admirou-se no ato e se aproximou de Ken.

Ishida vinha lentamente (por certo, um pouco fraco) atrás de Sora, quem parou por um instante e ofereceu sua mão, querendo ajudá-lo a andar melhor. Trazia uma atadura que cobria o curativo e rodeava o ombro - feita por ela, supostamente. Tai sorriu e sentiu uma sensação boa em vê-los juntos... De fato, os presentes na sala sentiram algo diferente no ar e sorriram, felizes pelos dois. Inclusive Mimi fora participar da cena, enquanto ajeitava as tigelas de sopa na mesa.

- Você parece bem - disse o dono do Conhecimento, satisfeito - Não está doendo?!

- Não, não está... me sinto melhor, obrigado. Obrigado mesmo, acho que os pontos ficaram ótimos, apesar de tudo. Vejam! Até consigo mexer meu braço um pouco.

- Ora, fizemos o que era preciso, amigo. E o possível... não precisa agradecer! - disse amavelmente Ken.

Um breve silêncio foi preciso se fazer presente. Os olhares de Matt e Tai se encontraram... o jovem da Coragem já tinha os olhos úmidos ao ver o companheiro acordado e, principalmente... salvo! Os dois se abraçaram calorosamente, como melhores amigos que não se viam há muito tempo. Todos os presentes ficaram emocionados, especialmente Mimi, que só faltava aplaudir a cena para afirmar... Que amizade bonita a deles! Não precisava de mais provas! Era algo bom de se ver, aconchegante, de aquecer o coração.

- Estamos juntos de novo, amigo... - murmurou Ishida.

- Sim...Há! Não há nada mesmo que nos separe, heim, cara - disse Taichi, brincalhão - Mas agora, a nossa querida Sora também veio.

Tomou a mão da moça e beijou, fraternalmente.

- Estou me sentindo bem melhor agora! Que bom que está dando tudo certo... vamos sentar, pessoal! - disse Mimi Tachikawa, alegremente.

- Finalmente iremos jantar algo que preste desde que chegamos às zonas... sem querer ofender, Mimi! - comentou Tai. Seu ânimo estava mesmo melhorando.

- Poderemos explicar melhor a Matt o que está acontecendo, além de saber como vocês vieram parar aqui.

- Ei, ei... Sora está certa - começou Ken, pensativo, fazendo todos virarem-se até ele (sem a intenção) - Como conseguiram encontrar o enigma que os traria a liberdade...? E como o decifraram?

Todos calaram-se. Até então, não haviam se dado conta desse detalhe.

Taichi e Yamato se entreolharam, notavelmente surpresos. Não se lembravam de enigma algum na zona de Outono.

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Na imensidão daquele breu, o estranho homem de vestes negras apertava os punhos com ira. O cão amarrado à guia vermelha estava sentado ao seu lado, quieto, com os olhos tenebrosos brilhando.

- Senhor... - era seu servo, a criatura semelhante a um morcego, quem murmurava. Parecia temer alguma coisa.

O homem ergueu a mão firmemente, fazendo-o se calar. Sua raiva e preocupação haviam aumentado.

- Não precisa me dizer o que eu já sei! Uma das zonas desapareceu... suma daqui, estou sem paciência.

- Sim, senhor. Mas não precisa se preocupar tanto... ainda existem as outras zonas, que dificilmente serão deletadas.

- Basta! - gritou o homem, fazendo o cão de agitar - Não me diga mais nada, idiota... é culpa deles. Daqueles malditos digimons...

** Continua........

Notas finais da autora: O 'homem misterioso' aparece novamente... já tem alguma idéia sobre ele? Bem, perceberam que desta vez não houve enigma nenhum, não é? E Yamato e Taichi também apareceram nesta zona. Posso dizer que ela é a mais "importante" de todas; voltaremos nela em outros capítulos, para vermos o seu desenrolar, mas por enquanto terei que passar para frente. Demorei bastante para escrever a cena entre Sora e Matt, o que acontece é que a minha imaginação estava se esfumando, além de encontrar palavras que não fossem tão bregas, he, he, he... ^-^" Mas achei que ficou muito terno e doce. Espero que tenham gostado, escrevi com carinho! Qualquer coisa, me enviem um e-mail, ok?
O próximo capítulo se chamará 'Envie-me um anjo' -- estarei escrevendo logo!
Quero agradecer à Motoko-chan, Ainne, Lia (viram, meninas, a Mimi quebrou o laptop!) e Violet-Tomoyo, pelo incentivo .^.^.

Saudações! Manu.