Titulo: Cama de Gato
Autor: Suryia Tsukiyono
Pares: Tudo que posso dizer é que Aya, Ken e Omi estão envolvidos nisso.
Classificação: Angst, Romance, Lemon, (um pouco de comédia? o.O" vou pensar sobre isso)

Avisos: Esta fic pode conter cenas fortes e um pouco depressivas, por isso estejam preparados.


Cama de Gato

Por Suryia Tsukiyono

Parte IV

Parando diante do enorme portão de ferro que resguardavam o frondoso jardim daquela mansão, Ken e Omi saltaram da moto e olharam deslumbrados para a fachada da residência. Tiveram muita sorte encontrando a maioria das coisas na Koneko intactas, com isso eles puderam ao menos resgatar alguns objetos pessoais e pegar a moto de Ken intocada na garagem. E agora estavam ali diante de uma possibilidade inteiramente nova.

"Omi, tem certeza que conseguiu resolver tudo sobre as nossas fichas quando passamos naquele cyber café?", indagou Ken um pouco preocupado.

"Claro! Quando foi que você me viu falhar com os computadores?".

"Nunca", respondeu enfático. Sabia que não havia motivo para se preocupar, mas tinha medo de que qualquer coisa saísse errada.

"Eu aproveitei e fiz mais uma coisinha que vai ajudar muito", revelou Omi sorrindo e mostrando um envelope.

"E o que seria isso?", Ken já estava imaginando que Omi estaria planejando algo.

"Uma carta de referencia", ele respondeu.

"Deixe-me ver", Ken pegou o papel e começou a ler atentamente. "Como conseguiu isso?".

"Quando fomos à Koneko não achei meu computador, mas achei alguns CDs de backup. Tinha um arquivo semelhante a esse lá, um tipo de modelo, não foi muito difícil modifica-lo para que ele servisse aos nossos interesses. Acredito que isso vai nos dar um empurrãozinho para conseguirmos o emprego".

"Você é demais, Omi!", elogiou o jogador entusiasmado. "Mas se as referencias são falsas, então... o que vamos fazer se quiserem entrar em contato com os antigos patrões?".

"Podemos dizer que a família para quem trabalhamos mudou-se para a Europa, então ficará muito difícil para que eles chequem a veracidade das informações".

"Muito bom isso! Mas você decorou direitinho a historia que temos que contar?", questionou o moreno. Queria estar seguro de que não haveriam contradições quando fossem indagados.

"Eu entendi tudo direitinho, mas você acha que vão acreditar que somos irmãos?", Omi estava receoso sobre aquilo.

"Não vamos saber se não tentar. Anda! Anime-se". Ele incentivava.

Quando finalmente chegaram ao escritório da casa estavam impressionados com a riqueza e luxo da residência. Um homem de estatura mediana, cabelos um pouco grisalhos, usando óculos de grau discreto e vestimentas elegantes, os esperava sentado à mesa.

"Então vocês são os candidatos as vagas que oferecemos no jornal?", perguntou Matsumoto.

"Exatamente, senhor", respondeu Ken enquanto o loirinho apenas observava tudo.

"Muito bem, quero que estejam cientes de que todos os empregados da casa moram aqui e tem direito a folgas semanais".

"Sim, senhor", o jogador continuou concordando.

"Vocês acham que são capacitados para ocupar as funções?".

"Ah, sim senhor! Nós temos experiência, trabalhamos muito tempo em uma floricultura e...", o moreno interrompeu a fala quando sentiu Omi acotovelar suas costelas discretamente.

O homem olhou desconfiado, mas continuou. "Bom, então acho que não será possível. Há somente uma vaga para jardineiro, a outra é para motorista".

"Não senhor, meu irmão não soube explicar... Nós trabalhamos em uma floricultura, porém apenas eu trabalhava diretamente com as flores. Ele era o entregador. Asseguro que ele é um excelente motorista", justificou Omi tentando deixar as coisas mais favoráveis para os dois.

Nesse instante a porta se abriu e uma mulher alta, bonita, vestindo roupas e jóias extravagantes entrou apressada. Os cabelos eram tingidos de um loiro claríssimo e ela usava uma maquiagem pesada.

"Desculpe o atraso, querido! Mas eu estava no meio da minha sessão de massagem. Ah! Então temos candidatos ao emprego. Que ótimo!", disse a mulher olhando de Omi para Ken.

"Sim, querida. Esses rapazes estão se candidatando à vaga", confirmou Matsumoto voltando-se para Ken e Omi novamente. "Esta é Satiko, minha esposa".

"Olá, muito prazer...", disse a mulher olhando Ken de cima a baixo.

"Olá...", respondeu Ken sentindo-se desconfortável com o olhar fulminante que Satiko havia lançado sobre ele.

Omi percebeu o olhar malicioso da mulher, mas não a culpou por isso, afinal ele mesmo já havia reparado a um bom tempo o quanto o jogador era bonito. Uma lembrança rápida e divertida das meninas histéricas da floricultura se jogando em cima do moreno lhe tomou a mente e o fez sorrir por dentro. Ken tinha razão quando lhe disse que as lembranças não ficariam para traz.

"Então, querida... eu estava aqui avaliando esses jovens, vendo se eles preenchem os requisitos para o emprego", continuou Matsumoto.

"Ahh, mas eu tenho certeza de que ele tem todos os requisitos...", disse Satiko praticamente comendo o jogador com os olhos.

"Então senhor Matsumoto, nós temos experiência trabalhando para famílias elegantes e bem conceituadas como a sua. Aqui está", interferiu Omi quando viu que Ken estava muito preocupado em fugir dos olhos implacáveis daquela mulher.

"Hunnm... muito bom isso", o homem mostrou-se mais interessado. "Mas seria preciso checar essas informações".

"Creio que isso não será possível, senhor. Infelizmente essa família se mudou para a Europa. Somente por isso nós deixamos de trabalhar para eles. Eles estavam tão satisfeitos com nossos serviços que quiseram nos levar junto, mas nós decidimos permanecer aqui".

"Entendo, mas eu não estou bem certo...", Matsumoto não parecia muito disposto a contrata-los.

"Que isso, meu amor. Eu tenho certeza que os rapazes tem muita DISPOSIÇÃO para o trabalho...", ela enfatizou bem a palavra enquanto fuzilava o jogador novamente com os olhos.

"Se o senhor nos der uma chance tenho certeza que ficará muito satisfeito", interveio o moreno.

"E por que vocês acham que será bom trabalhar aqui?", o homem perguntou.

"Bem, nós não temos família. Somos somente eu e meu irmão... e precisamos sobreviver. Queremos ganhar nossa vida de maneira honesta", o jogador discursou o texto tão ensaiado.

"É talvez possa ser uma boa idéia contrata-los", o homem comentou.

"Talvez, não! Você vai contrata-los sim", Satiko dizia no plural, mas a verdade era que ela ignorava completamente a presença do loirinho, toda a sua atenção estava voltada para o belo moreno a sua frente. "Afinal eu não agüento mais ficar sem motorista... quem vai me levar ao shopping? Quem vai carregar minhas compras? Ah, não! Você tem que contrata-los. Sabe muito bem que esse cargo está vago a meses!", exigiu a mulher fazendo uma típica cena.

"Bom, então acho que podemos contratar o motorista", concordou o marido acostumado a fazer todas as vontades da mulher.

Ken e Omi se entreolharam, mas nada disseram.

"Lamento senhor, mas eu gostaria de ser contratado junto com meu irmão. Como eu disse, não temos família e eu preciso cuidar dele. Fico grato a atenção que nos deu, mas vamos continuar procurando outros empregos", recusou Ken. Nunca imaginaria viver naquela casa abandonando o loirinho no mundo.

"Matsumoto! Vamos, contrate os dois! Sabe bem que não vai aparecer mais nenhum candidato tão cedo. Está casa é longe da cidade e por isso não há muitos interessados", disse a mulher se mostrando bastante contrariada.

"Mas querida...".

"Benzinho... por favor...", ela pediu manhosamente.

Ken e Omi se entreolharam novamente e tiveram vontade de rir daquela cena que estavam presenciando.

"Tudo bem, estão contratados! Ai, meu amorzinho, o que eu não faço por você", Matsumoto decidiu-se finalmente.

"Ai que ótimo!", a mulher pareceu ainda mais empolgada. "Vou mandar agora mesmo que instalem os dois em seus aposentos".

Maliciosamente a mulher ordenou a um dos empregados que acomodasse Ken em um dos quartos mais escondidos da ala de serviço, enquanto Omi deveria ficar na ala que ficava parte externa da residência, ao lado de uma pequena estufa e bem perto da piscina. No entanto Ken e Omi perceberam que aquele quarto do lado de fora estava inabitável, pois estava passando por uma reforma.

O jogador achou por bem que Omi permanecesse com ele em seu quarto, mesmo que isso tornasse as coisas um pouco apertadas por lá. Com jeito eles conseguiram que mais uma cama fosse colocada no quarto destinado a Ken e logo já estavam devidamente instalados.

Alguns minutos depois Ken e Omi ouviram leves batidas a porta. O loirinho não tardou em abrir e deu um sorriso quando viu que se tratava da nova patroa. Mas a mulher não sorriu de volta, ao contrario o sorriso dela se fechou. Ela percorreu o quarto com os olhos em busca da figura do jogador e tão logo percebeu que os dois rapazes estavam dividindo o quarto não se preocupou em esconder sua frustração.

"Achei que você ia ocupar o quarto perto da piscina", disse a mulher sem nenhuma cerimônia.

"Bom, meu irmão e eu achamos melhor dividir o quarto, mas se isso não agrada a senhora eu posso retirar as minhas coisas agora mesmo...", respondeu Omi com seu jeito atencioso e educado.

"Não precisa disso, não é Satiko?", disse Matsumoto chegando um pouco depois. "Aquele quarto ainda está com um cheiro de tinta muito forte. Você não quer sufocar o rapaz, não é mesmo? Se eles querem ficar aqui, deixe-os".

"Claro...", a mulher concordou sem muita convicção. "Ken, eu vim chamá-lo para me levar ao shopping. Estou louca para fazer umas compras!".
"Agora mesmo, madame", respondeu o moreno prontamente.

Minutos depois Ken já estava devidamente uniformizado e guiando um carro de luxo em direção ao shopping.

"E então, Ken. Um rapaz tão jovem, bonito, trabalhando desde cedo, com tantas responsabilidades... Você nunca teve vontade de estudar mais. Ter chances melhores na vida?", a mulher puxou assunto, pouco estava interessada em saber sobre a formação acadêmica do moreninho, para ela aquele era o atributo que menos lhe interessava em Ken.

"Não senhora. Eu nunca fui muito bom nos estudos, eu só me dava bem porque jogava no time de futebol da escola. Eu sempre fui mais ligado em esportes e coisas do tipo do que em livros".

"Eu já tinha percebido isso só de olhar para você", disse a mulher usando um tom de voz mais malicioso. "Aposto que você deve ter muitas namoradas. As garotas adoram tipos atléticos assim...".

O rapaz ficou levemente corado, mal havia conhecido aquela mulher e ela já tecia comentários com teor duvidoso. Por mais que Ken fosse desligado era impossível não perceber aquilo.

"Imagina... Eu acho que a parte inteligente da família ficou com o Omi, ele sim tem talento para os estudos", comentou o jogador tentando desviar o assunto".

"Engraçado é que você e seu irmão não se parecem em nada. Nem fisicamente e pelo que você acabou de dizer nem psicologicamente".

"Ah é que nós somos irmãos apenas por parte de pai", Ken disse a primeira coisa que veio a sua cabeça, teria que se lembrar de dizer a Omi para confirmar aquilo se necessário.

"Hunn... agora entendo porque ele é um loiro sem graça e você um moreno tão... sexy"1.

Ken engoliu a seco aquele comentário, agora não restava mais duvidas de que a mulher estava realmente dando em cima dele. Que situação embaraçosa era aquela, mas deveria aprender a lidar com aquilo, pois não poderia abrir mão do emprego assim tão facilmente.

Enquanto isso Omi já havia terminado de arrumar todas as suas coisas e as de Ken. E agora estava indo dar uma volta no jardim. Deslumbrou-se com a beleza e tamanho do lugar, com certeza teria muito trabalho para cuidar de tudo aquilo. Numa parte um pouco mais afastada o loirinho percebeu uma roseira. Ela estava muito florida, repleta de rosas vermelhas.

O jovem se aproximou hipnotizado pela rubra cor, tão rubra quanto os cabelos daquele que fora seu grande amor. Ele tocou de leve com a ponta dos dedos a pétala de uma das flores, era tão suave. Depois exalou aquele doce perfume e nesse instante não pode deixar de lembrar de Aya.

"Aya... será que vai ser assim para sempre? Eu não consigo tirar você da minha cabeça... não dá. Tudo me lembra você", Omi falava consigo mesmo em voz baixa.

"O rosa te lembra algo? Espero que seja alguma coisa boa", uma voz muito doce e delicada chegou aos ouvidos de Omi.

"Ahn? Quem...", Omi se virou para a dona da voz e se deparou com uma menina de aparência frágil. Estava usando uniforme escolar e tinha os cabelos curtos parecidos com o da falecida Ouka, mas aparentava ser mais jovem, uns quatorze anos talvez Tinha um sorriso bonito e as bochechas rosadas.

Antes que Omi pudesse dizer qualquer coisa a menina começou um dialogo.

"Olá, eu sou a Mieko, muito prazer. Você vai trabalhar aqui?".

"Sim... eu... eu sou o novo jardineiro. Meu nome é Omi", ele respondeu ainda surpreso. Não esperava companhia naquele momento.

"Que bom, Omi. Eu adoro esse lugar, o cheiro das rosas é muito bom", e dizendo isso a menina cheirou uma pequena flor. "Com você aqui agora sei que elas ficaram ainda mais bonitas e cheirosas. Não só as rosas como todo esse jardim".

"Você estava ai há muito tempo?", questionou Omi tentando saber porquanto tempo a menina o estava observando e se havia escutado muito dos seus pensamentos em voz alta.

"Não, eu acabei de chegar e você? O que estava fazendo?", ela também quis saber.

"Nada demais, só estava dando uma olhada no lugar e vendo o que há para se fazer de mais urgente", O loirinho deu uma desculpa qualquer. "Eu não sabia que o senhor Matsumoto tinha filhos".

"Ah não, não. A minha mãe é a cozinheira da casa. E eu moro aqui com ela", Mieko respondeu com simpatia. Não tinha ninguém para conversar naquela casa. "Quando você começa a cuidar das flores?".

"Bem, amanhã cedo pretendo dar uma boa limpeza por aqui, há muitas folhas caídas e quero ver se à tarde, quando o sol estiver mais baixo começo a fazer algumas podas".

"Que ótimo! Eu posso ajudar? Posso? Quando eu chego da escola, eu faço a lição de casa e depois não tenho muito o que fazer... Deixa eu te ajudar, Onegai.", pediu a menina com o brilho de criança nos olhos.

"Bem eu... eu não sei... Será que sua mãe não vai se zangar?", perguntou Omi meio incerto sobre aquilo.

"Claro que não".

"Então por mim tudo bem", Omi deu de ombros que mal haveria em deixar a menina ajudar. "Está vendo ali? Sabe que flor é aquela?", ele apontou para um canteiro mais adiante.

"Não. Qual é?", perguntou a menina curiosa.

"São Gérberas. Quando suas cores estão bem vivas elas significam alegria, pureza e simplicidade".

"Que interessante! Mas elas estão um pouco desbotadas não acha?", disse a pequena sem ter muita certeza.

"Estão sim, e nosso trabalho é deixa-las mais vivas e bonitas de agora em diante".

"Isso!", ela concordou totalmente radiante.

Ken já estava cansado de subir e descer as escadas do shopping, nunca havia imaginado que fazer compras com aquela mulher poderia se transformar no inferno de sua vida. O shopping agora parecia muito maior do que ele havia reparado.

"Madame, a senhora já entrou nessa loja. Alias eu acho que a senhora já entrou em todas as lojas desse shopping", disse o motorista desanimado.

"Não em todas, faltou aquela", respondeu Satiko apontando para uma das lojas.

"Mas... aquela loja?", Ken resmungou quando viu que se tratava de uma loja de langeries, mas a mulher nem lhe deu ouvidos. Foi entrando e pegando varias peças que estavam nos cabides.

"O que você acha dessa, Ken?", perguntou a mulher exibindo uma peça altamente provocante.

"Bem... eu... é... bem...", o moreno não sabia o que responder, tudo o que queria era sumir dalí e de perto daquela mulher doida. "É bonita".

"E essa? Você acha que vermelho fica bom para mim? Não sei se combina muito com meu tom de pele". Perguntou mais uma vez mostrando agora uma calcinha super sexy, para não dizer indecente.

O Moreninho nem sabia onde enfiar a cara, olhava para as vendedoras da loja e as outras clientes e parecia que todos os olhares se voltavam para ele. Tinha certeza que se pudesse olhar no espelho ele estaria mais vermelho que um tomate.

"Eu gostei dessa, dessa e dessa aqui também. Vou experimentar", comunicou a mulher pegando também algumas camisolas calmamente.

"Eu vou espera-la lá fora então", respondeu Ken tentando esconder o quanto estava envergonhado com aquela situação.

"Imagina! Você vai comigo até o provador! Quero a sua opinião", respondeu a mulher puxando Ken pelo braço na mesma hora, em direção ao provador.

"O que? Mas senhora... eu... eu não acho que seja adequado eu...", o jogador tentava argumentar de alguma forma para sair daquela saia justa.

"Quem sabe o que é adequado ou não aqui sou eu. Vamos logo! Ou você acha que eu dispensaria a opinião de um homem feito você?", disse a mulher com um sorriso debochado nos lábios. "Qual eu devo provar primeiro?".

'Eu mereço', Ken pensava desanimado sobre aquilo tudo. "Acho que o preto", ele respondeu.

Quando saíram da loja e o vexame já havia terminado tudo o que Ken queria era ir embora. Tudo bem que a patroa era uma mulher linda apesar de extravagante, mas aquilo havia sido demais da conta. Ele só não esperava que seu suplício ainda não teria fim, a patroa agora havia resolvido entrar novamente em mais algumas lojas.

Já era noite quando a porta no quarto dos rapazes se abriu. O moreno entrou com uma cara de poucos amigos e jogou-se na cama sem nem ao menos tirar os sapatos.

"O que houve, Ken-kun?", perguntou Omi levantando-se da cama, estava deitado mas ainda não estava dormindo e pode ouvir claramente quando Ken entrou.

"Aquela mulher é maluca. Completamente louca", ele desabafou.

"De que mulher você está falando?", indagou Omi bastante curioso.

"Da patroa! Você acredita que além de não perder uma oportunidade de dar em cima de mim ela me fez andar aquele shopping um milhão de vezes, pra cima e pra baixo. Gastou uma nota preta e eu tive que carregar um montão de pacotes! Aff... tô morto!".

Omi começou a rir sem parar. "O que você queria, Ken? Ouvi dizer que já fazia tempo que ela não saia pra fazer compras. Dá um desconto para ela".

"Sei...", Ken deu um muxoxo e se lembrou de algo importante a dizer. "Se perguntarem algo sobre nossa família, somos irmão apenas por parte de pai, tudo bem?".

"Por mim tudo bem", Omi concordou prontamente.

"E você? Muito trabalho hoje?", perguntou interessado em saber como havia sido o dia do companheiro.

"Não muito, mas as horas passaram rápido com a ajuda da Mieko".

"Mieko? Quem é essa?".

"É a filha da cozinheira. Uma menina muito simpática", respondeu Omi.

"Ah é? Então eu dou duro o dia inteiro e você fica aqui de papo com a filha da cozinheira! Muito bonito né, senhor Omi!", o moreno reclamou brincando.

"Fazer o que né? Nem todos são sortudos como eu. Infelizmente você vai ter que aturar a patroa egocêntrica enquanto eu terei agradáveis tardes com a filha da cozinheira", debochou o loirinho.

"Seu sem graça!", Ken reagiu atirando o travesseiro no menino.

"Mas é serio, ela é bem legal apesar da pouca idade", comentou o loirinho.

"Pouca idade? Quantos anos ela tem?", perguntou um pouco curioso.

"Não sei, eu não perguntei. Mas pela aparência deve ter uns treze ou quatorze", ele respondeu meio incerto.

"Aparecia não quer dizer nada é só olhar pra sua cara de pirralho", retrucou o jogador querendo se divertir com o cara que Omi faria.

"Não sou pirralho!", Agora foi a vez do menino de atirar um travesseiro no moreno.

"Eu sei que não é, mas é o que o ...", Ken cortou a frase quando percebeu o que iria falar.

"O que o Yohji diria se estivesse aqui", o sorriso do menino desapareceu em seus lábios. Omi sentou-se na cama e suspirou profundamente.

"Omi, eu... eu não quis...", O rapaz nem sabia o que dizer ao amigo.

"Não tem problema", o loiro fez uma pausa, mas logo continuou. "Será que ele está bem, Ken-kun?".

"Eu não sei... mas... torço para que ele esteja".

"Eu também. Sabe, é estranho dizer, mas... eu sinto saudade. Agora estamos aqui, não temos mais que carregar o peso de ter que continuar tirando vidas e eu pensei que estaria mais feliz, mas... quer dizer, eu estou muito feliz, só que não é a mesma coisa".

"Você não se sente completo, não é mesmo?", perguntou o moreno preocupado.

"Isso mesmo. É tão estranho".

"Mas é normal, Omi. Todo mundo demora a se adaptar a mudanças, com tempo isso vai passar", Ken queria ajuda-lo de alguma forma "Eu também me sinto assim às vezes. Mas se o Yohji estive aqui ela diria que você está querendo abrir um berçário".

"Um berçário? Como assim?", Omi não estava entendo.

"Um berçário, claro. Você não disse que filha da cozinheira só tem 14 anos?", respondeu com ironia segurando-se para não gargalhar.

"Engraçadinho. Eu não tenho nenhum interesse nela viu! Só é bom conversamos porque isso me ajuda a passar o tempo e assim eu não penso muito no...".

"No Aya não é?".

"Sim", Omi concordou cabisbaixo.

"Omi, eu não posso lhe dizer muita coisa quanto a isso. Só que o tempo cura tudo. Então o melhor que você tem a fazer é continuar levando sua vida e deixe que o tempo feche as feridas mais profundas", ele tinha certeza que nessa parte ele não poderia ajudar muito, embora tivesse muita vontade de fazer o loirinho superar aquele ocorrido. "Boa noite, Omi. Eu preciso dormir um pouco. Estou moído! E tenho certeza que amanha aquela maluca vai acabar comigo novamente".

"Boa noite, Ken-kun", respondeu Omi deitando novamente em sua cama e recuperando o sorriso outrora perdido.

Continua...

Suryia Tsukiyono
Janeiro de 2006

1- Eu não queria zoar com o Omi, mas quem me conhece sabe que eu vivo tirando uma com o Ken chamando ele de camarãozinho e coisas no estilo. Então dessa vez resolver puxar a brasa pro lado dele um pouquinho.

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Notas:

Bom, eu sei que esse capítulo não ficou lá grandes coisa, mas leva algum tempo para as coisas começarem a acontecer. Afinal foi o primeiro dia dos dois no novo emprego, alem do que eu ando meio enferrujada para escrita. Vamos ver o que acontece daqui por diante.
Espero que estejam gostando e não esqueçam de comentar.

E um super agradecimento a LiLi-K Fujimiya que fez a gentileza de betar essa fic para mim.

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