Clocks
Por Ferfa.
;disclaimer: Se Harry Potter fosse meu, ele e o Draco estariam atrás de uma moitinha nesse instante, fazendo coisas que até Deus duvida. :D Mas o Niue é da Ferfa, e ninguém pega!
;spoilers: primeiro ao quinto livro.
;shipper: Harry Potter e Draco Malfoy.
;classificação: T
;avisos: pós-Hogwarts, slash e mpreg. Continuação de "We wish...".
;capítulos: 01 a 03
;sinopse: Quando a paz e harmonia finalmente volta para a casa de Harry e Draco, Niue vê uma cena que lhe deixa com uma idéia fixa: ter um irmãozinho. O mais rápido possível.
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Capítulo 02 – As más influências do mundo.
Enquanto eles andavam apressados para casa, Harry com um Niue emburrado no colo, Draco observava o menino com atenção. A primeira coisa que pensou quando ouviu as palavras preocupadas de Harry, foi que o garoto tinha quebrado a bacia, ou qualquer coisa assim. Mas, após ver que seu filho estava inteiro, a curiosidade tomou conta dele.
A caminhada pareceu mais longa que o normal. Assim que entraram novamente na casa, despiram os casacos. Cook veio até eles imediatamente, fazendo reverências e levando os casacos.
"Ei, Cook...", chamou Harry. "Leve o Niue junto com você para a cozinha, ok? Talvez possam preparar juntos um almoço para nós".
"Mas senhor... Cook não quer atrapalhar mestrezinho! Cook fazer comida perfeita sozinho, senhor, o senhor não precisa preocupar!", negou o elfo, parecendo aterrorizado com a idéia de que sua comida não estivesse agradando.
Harry suspirou. Ele avisara para Draco que um elfo-doméstico poderia ser dor de cabeça, mas quem disse que aquele aspirante à doninha o ouvia?
"Cook, isso é uma ordem. Os dois, vão", disse o moreno. Cook guinchou e pegou na mão de Niue.
Os dois caminharam rapidamente até a cozinha. O bom do garotinho é que ele nunca reclamava muito das ordens que recebia. Harry realmente não sabia de quem ele tinha puxado isso, já que tanto ele quanto Draco eram dois teimosos que adoravam contestar tudo.
Somente quando a porta foi fechada Harry se permitiu sentar na poltrona que, na noite anterior, estivera Draco. A lareira estava acesa, para aquecer a casa. O único som que se fez, por alguns minutos, foi do fogo crepitando e Draco preparando uma dose de firewhisky (1).
"Então...", disse o loiro, se sentando na poltrona da frente. Bebeu um longo gole do seu copo, em seguida colocando-o na mesinha de centro, sem tirar os olhos de Harry. "Qual seria o assusto urgente?".
O moreno torceu as mãos. Aquele era um assunto um tanto constrangedor para ele. Ele levantara a questão de um segundo filho há alguns meses. O resultado fora um Draco extremamente irritado dizendo que não, nenhuma possibilidade de ficar nove meses com enjôos, sendo tratado como uma menininha.
Harry se perguntava qual seria a reação dele, dessa vez. Sabia que a curiosidade já o estava matando. O loiro era decididamente curioso em demasia. O melhor era ir direto ao ponto.
"Eu e Niue estávamos esquiando, quando... ahn... ele olhou para uma família do nosso lado. A mãe, com os dois filhos. Depois ele me fez um pedido... interessante, eu diria. Um pouco inusitado".
"Qual?".
"Ele quer um irmão", disse, de uma vez.
Observou com atenção a reação de Draco. O loiro encarou-o com os olhos arregalados, buscando imediatamente o copo na mesinha. Tomou um longo gole, esvaziando seu conteúdo de uma só vez. Levantou-se e preparou outra dose.
"Quem deu essa idéia maluca para ele?", finalmente perguntou, ao lado do bar. Tinha um "quê" de acusação em sua voz.
"Sinceramente, acho que ninguém. Ele deve estar se sentindo um pouco solitário. Passa o dia inteiro aqui, sozinho, quando nós dois estamos trabalhando. Às vezes visita a sua mãe, às vezes os Weasleys, mas acho que se relacionar com uma criança deve fazer falta".
"Harry... Harry... Já conversamos sobre isso. Daqui três anos ele vai para uma escola trouxa. Você insistiu tanto nisso! Lá vai ter centenas de criancinhas horrendas para ele se relacionar. Ele pode viver muito bem com a gente até lá!", retrucou o loiro.
Outro suspiro. Bem longo, dessa vez. Harry se levantou, se aproximando de Draco. Tocou com gentileza uma de suas mãos e sorriu.
"Hei, calma", sussurrou, com paciência. "Não estou dizendo que nós vamos ter outro filho. Estou só dizendo que... Talvez fosse bom dar mais atenção ao Niue, ou coisa assim. Ou quem sabe... pensarmos com carinho no assunto".
"Pensar? Eu quase morri para tê-lo! Não quero pensar no assunto!".
O toque dramático de Draco fez Harry fazer uma careta. Era puro exagero. Ok, talvez ele tivesse ficado mais na cama, vomitando, do que outros, mas isso não era motivo para dizer que tinha quase morrido. O moreno ponderou se era uma boa hora para dizer isso, mas Draco parecia realmente irritado.
"Deveria", disse apenas, antes de ir até a cozinha e entrar.
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Draco bebeu sua segunda dose de firewhisky. Sua mãe costumava dizer que um dia a cirrose acabaria o matando. Ele não se importava. Não era como se fosse algum tipo de bêbado, ou coisa assim. Além disso, até mesmo os medi-bruxos já tinham dito que algumas doses de álcool eram boas para a saúde.
Se havia um assunto que o tirava do sério, era filhos. Cuidar de um já era problema o suficiente! Mas Harry não entendia. Nunca entenderia. Harry sonhava com uma família tão grande quanto os amigos pobretões dele. Centenas de criancinhas correndo pela casa e dando gritinhos animados.
Lançou um olhar para o vaso chinês que Narcissa lhe dera, como presente de casamento. Céus! Niue sozinho já o quebrara mais de dez vezes. O que faria com um irmão? Ele balançou a cabeça. Não. Aquela era uma idéia completamente maluca.
Ouviu risos vindo da cozinha e fechou a cara. Pós-Natal já era uma época deprimente por si só, não precisava mais de assuntos chatos. Lentamente, subiu as escadas para seu quarto e afundou-se nos lençóis.
Fora lá que passara grande parte dos seus dias, há quase cinco anos atrás. Só de lembrar sentira os enjôos voltando. Merda. Não queria aquilo de novo. Nem se fosse para realizar um desejo de Niue.
Ficou ali até ouviu batidas na porta. Gritou um "Entre" mal-humorado.
Niue entrou correndo e se jogou na cama, ao lado do pai.
"Pai, está tudo bem?" (2)
Argh. Mais genes do Potter. Deu um meio sorriso e beijou a testa do garoto.
"Sim. Por quê?".
"Não sei... papai foi tentar fazer torta de abóbora comigo, mas explodiu tudo... e você estava sozinho na sala. Não gosta de cozinhar?", perguntou, com o olhar triste.
Crianças sempre pensam nas coisas mais impossíveis.
"Não estava com vontade", retrucou, em tom de descaso. "Talvez mais tarde eu ajude vocês, que tal?".
"Mas pai! Agora Cook já fez! E o almoço está pronto, vamos descer". Dito isso, Niue levantou-se e puxou o pai, forçando-o a se levantar.
Os dois desceram as escadas rapidamente, Draco sem nenhuma animação. A mesa estava posta e Harry sentado, bebericando no copo de hidromel. Levantou os olhos quando ouviu os passos dos dois, mas voltou-os para seu prato ainda vazio quando seu olhar cruzou com o de Draco.
Merda. Ele deveria estar chateado.
'Ótimo. Brigar novamente depois de uma reconciliação é o sonho da minha vida! Potter, seu imbecil... a culpa é sua por tocar justamente naquele assunto'.
Se sentaram e se serviram. Nenhum dos dois dizia nada. Apenas Niue, animado num relato de como quase tinha caído quando esquiava, se equilibrando no último instante. Harry comia olhando para seu prato, sempre. Aquilo tudo estava ficando irritante.
"Sabe o que eu vi lá, pai?", perguntou Niue de repente, seu tom soando mais animado do que antes. Ele se ajeitou na cadeira e olhou esperançoso para o pai.
"O que?".
"Uma moça com um filho que tinha um irmão", explicou o menino, como se contasse um grande secreto. Ele olhou sorridente para Harry, que tinha acabado de engasgar com seu hidromel e depois para Draco novamente.
Quem sabe se ele fingisse que não tinha ouvido...?
"Ahn, interessante", disse, soando vago.
"Eu também quero um irmão. Já falei com papai... Ele não me disse nada. Ele me enrolou até quando a gente estava fazendo a torta! Disse que não podia me dar um irmãozinho agora... Você pode, pai? Por favor?".
Pobre rosbife que estava no prato de Draco. Ele o "picava" com a faca com cada vez mais força, sem tirar os olhos de Niue. Maldição. Amaldiçoados todos que tinham dado, de forma direta ou indireta, aquela idéia para Niue.
"Não. Nem agora nem nunca, Niue. Agora coma".
Ele não soube se soou mais rude do que previu, mas os olhos do menino se encheram de lágrimas e ele saiu correndo. Harry deixou o garfo cair com um estrondo no não, enquanto se levantava para ir atrás do filho. Não sem antes dar um olhar acusador para Draco.
Era bom mesmo. Potter que se virasse para tirar aquela idéia da cabeça de Niue. Ele que o mimara em demasia, de qualquer jeito.
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O dia estava, simplesmente, saindo totalmente fora do que Harry previra. Em seus planos, eles saíram por ai, num passeio em família e, quando voltassem para casa, ele continuaria a recuperar o tempo perdido com Draco. Depois podia levar Niue para um passeio na casa onde Rony mudara, não fazia muito tempo.
Mas, como sempre, tinha que ter alguma coisa para enganar. Ele quase tropeçou enquanto subia as escadas correndo, atrás de Niue. Odiou Draco por fazer seu filho chorar. Odiou-se por não ter dado logo um fim naquele assunto.
O menino entrou no quarto dos pais, se sentando num canto do chão. Suas mãozinhas cobriam o rosto. Era sempre assim quando ele estava triste. Harry suavizou os passos, chegando perto dele com carinho e o abraçou.
"Ei, não precisa chorar", disse, passando os dedos entre os fios loiros de Niue.
"Acho que o pai não gosta de mim, papai. Eu vim falar com ele e ele pareceu emburrado. Ele... Ele gritou comigo e não quer me dar um irmãozinho! Por que, papai?".
Ele fungou.
"Claro que seu pai gosta de você, Niue", mesmo que fosse um completo imbecil às vezes. "Mas você precisa tentar entender que essa coisa de irmão é muito complicado. Levou nove meses para você nascer, e seu pai sofreu de vários enjôos... e... ahn... acho que ele não quer passar por isso de novo".
"Não é justo!", retrucou o menino, voltando a chorar.
'Oh céus'.
"Prometo dar mais atenção pra você, ok? Só tente entender que isso é delicado, querido. Quando você for mais velho as coisas ficarão mais esclarecidas", garantiu Harry. Em seguida, sorriu. "Vamos voltar lá pra baixo... Draco ainda deve estar meio nervoso, é melhor não falar com ele... Mas nós temos uma torta de abóbora a nossa espera, lembra?".
Niue pareceu esquecer o choro imediatamente. Ele olhou para Harry, sorrindo também. Concordou e deixou-se carregar pelo pai. Desceram novamente.Draco não estava mais na mesa. Talvez estivesse no jardim. Não era assunto para se preocupar por hora.
Foram para a cozinha. Cook, depois de uma reverência (cada vez que via aquilo, o moreno se arrependia de ter o elfo), serviu imediatamente a torta para eles. Niue comeu com animação, mas Harry estava longe dali.
Precisaria ter uma conversa bem séria com Draco, decididamente.
"O que nós vamos fazer hoje, papai?", perguntou o garoto, lambuzando-se com a torta.
"Ahn... Não sei. Esquiar já não foi o suficiente?".
"Não. Quero visitar o tio Rony, ou a tia Hermione... Vamos papai? Por favor? Tio Rony prometeu que iria me levar pra um passeio de vassoura! O pai não deixa eu voar... Mas você não ia contar pra ele, não é papai?", disse, animado.
Decididamente, Rony era uma péssima influência. Harry teria uma longa conversa com ele. Ele também não aprovava que uma criança que quatro anos voasse. Mesmo que Rony fosse jogador de Quadribol profissional.
"Você não vai voar tão cedo, mocinho".
Niue pareceu um pouco emburrado.
"Vamos visitar o tio Rony, pelo menos? Eu gosto dos biscoitos dele".
Harry riu. Pensou em Draco. Eles poderiam conversar mais tarde, quem sabe. Concordou.
"Vá se arrumar, então. Vou avisar para Draco que nós vamos sair".
Os dois saíram da cozinha. Niue para seu quarto, Harry para o jardim. Sabia que lá era o "refugio" do loiro. Encontro-o lá, sentado no balanço e com um copo nas mãos.
"Vamos ver o Rony", disse.
"Ainda bem que eu não estou convidado...", retrucou o loiro.
"Eu agradeceria se você parece com esse mau-humor. É extremamente cansativo... Mas depois vamos discutir isso direito". Ele se afastou, não dando oportunidade de resposta. Entrou novamente em casa, esperando por seu filho para que, enfim, eles pudessem partir com a ajuda de pó-de-flú para a casa de Rony.
Jogou o pó na lareira e entrou no fogo, quando a chama se tornou verde. Estava de mãos dadas com Niue, segurando fortemente seu filho. A sensação de tontura começou, enquanto eles viajavam por centenas de lareiras. Harry fechou os olhos, para evitar ainda mais enjôo. Tantos anos, e ele ainda não se acostumara com aquilo.
Terminou numa lareira que ficava da sala de Rony. Apenas Harry e outras poucas pessoas estavam autorizadas para ir lá sem aviso prévio. Tirou a fuligem de Niue e de si próprio. O amigo não estava na sala.
"Rony?", chamou.
Começaram a ouvir passos e Rony entrou na sala.
"Ei, Harry, Niue, que surpresa!", disse ele, sorrindo.
"Tio Rony!", gritou Niue, correndo até os braços do padrinho. Rony o abraçou e levantou-se em seu colo.
"Como vocês estão?".
"Bem", disse Harry, dando uns tapinhas na costa do ruivo, que estava entretido com Niue. "Ele insistiu para uma visita, sabe como é...".
Harry e Rony haviam passado o Natal com a família Weasley. Harry comentara que ainda não estava em casa, e não pretendia estar tão cedo. Aliás, nem sabia se voltaria. Precisava contar agora que estavam, mais ou menos, reconciliados. E sobre o pedido de Niue.
Lembrava-se como se fosse ontem de como fora a reação de Rony quando contara-lhe sobre seu namoro com Draco. Hermione soubera antes (já que os vira numa situação altamente comprometedora) e se dispôs a azarar o ruivo, caso ele começasse a destruir a casa.
Estavam os três na sala da Toca, jogando Snap Explosivo e falando sobre inutilidades. Mione tinha dado o ultimato para Harry: ou contava logo, ou ela mesma o faria.
"Rony,", dissera ela, de repente, parando o jogo e fazendo seu castelo de cartas explodir. "Harry tem algo a dizer. Algo muito sério".
Harry engoliu em seco e fuzilou a amiga com o olhar. Ele não estava preparado! Buscou rapidamente seu copo de suco de abóbora e tomou um longo gole, tentando adiar o máximo possível suas palavras. Rony o olhava curioso. Dele para Hermione.
"O caso, Rony...", começou o moreno, medindo cuidadosamente suas palavras. "... é que estou namorando. A última pessoa que você poderia imaginar".
O ruivo assobiou.
"É a Mione?", perguntou, sério.
Ele riu. Antes fosse... Mione era apenas uma boa amiga. Uma amiga que o pusera naquela situação, mas ainda assim uma das melhores pessoas que ele poderia ter conhecido. Não negava a si mesmo que já pensara, até, numa relação mais íntima com ela. Mas aquilo fora antes de Draco.
"Na verdade, não", respondeu Harry e lançou um olhar para Mione, que se mantinha de braços cruzados e expressão impaciente. "É... o Draco", disse num sussurrou, baixo demais para ser ouvido.
"Quem?".
"Draco", repetiu, um pouco mais forte.
Dessa vez, Rony arregalou os olhos e começou a rir. Gargalhar. Derrubou de uma vez todas as cartas de Snap Explosivo da mesa, causando uma explosão ainda maior, que sujou-o inteiro, mas ele ainda continuou rindo.
"Ótimo piada de primeiro de abril, Harry", comentou.
Ah, merda. Rony tinha razão. Aquele dia era primeiro de abril. Ele não soube imediatamente se era bom ou ruim. Afinal, tinha dito a verdade. Rony apenas não acreditara, o que era um detalhe. Tinha cumprido sua promessa para com Hermione. Deu um risadinha nervosa.
"Não, não é uma piada, Rony. Harry está falando sério. Ele e Malfoy estão se encontrando desde fevereiro", cortou Hermione, com frieza. Argh... Amiga da onça.
Rony parou imediatamente de rir. Estava vermelho e com lágrimas nos olhos.
"Ahn?".
"Você ouviu, Rony. Ouviu tudo direitinho: seu melhor amigo está com Malfoy".
"Harry... Harry... isso não pode ser sério", disse, totalmente cético. "... ou pode?", acrescentou, ao ver que Harry não tinha nenhum traço de diversão no rosto. A idéia para Rony era pior do que um pesadelo.
"Bom, Rony, você precisa entender que não foi algo planejado, sabe? Estávamos na Ordem quando Voldemort morreu, daí ele me beijou e...".
Mas, antes que pudesse terminar, Rony desmaiou, batendo a cabeça na mesa com força.
Haviam sido muitos gritos e alegações de que Harry estava enfeitiçado. Não se falaram por mais de um mês. O moreno entendia o ponto de vista do seu amigo: descobrir que seu amigo tinha um relacionamento com um homem já não era fácil, e ainda descobrir que esse homem era justamente o Malfoy, aquele que sempre fizera questão de desmoralizar todos os Weasley...
Harry se sentia um traidor.
Mas passara. Rony pedira desculpas sinceras. Foi na época que sua filhinha com Hermione nasceu. Harry foi o padrinho da pequena Emily e tudo estava bem novamente. Quando a menina tinha dois anos, o ruivo e Mione se separaram pela primeira vez.
Foram e voltaram durante anos, até ter a separação definitiva não fazia muito tempo. Harry ficara arrasado pelos amigos. Não queria ver aquilo. Já Rony comprara uma casa enorme, em Londres, enchendo-a de bugigangas que seu ótimo salário de jogador de Quadribol fazia possível comprar. Saíra com mulheres que só se interessavam no dinheiro dele e machucara Mione.
Tão típico, pensou Harry, irritado com o amigo, de repente.
"Ei, Niue... Posso falar com o tio Rony por cinco minutinhos? Sozinhos? Depois nós vamos lá no jardim visitar o armário de vassouras do tio Rony, ok?". O garoto considerou a oferta por um momento, antes de ser colocado no chão e sair correndo pela casa.
Os dois se sentaram no mesmo sofá de couro.
"Alguma coisa me diz que essa conversa é sobre o Malfoy", disse Rony, com um tom de sarcasmo. Harry concordou.
"Bom, nós voltamos".
"O clima natalino te afetou tanto assim? Ao ponto de você ir implorar o perdão daquela doninha anêmica?".
"Rony! Não fale assim do Draco, ok?", retrucou Harry. Sua irritação aumentou. Odiava a gênio impulsivo do amigo, sua capacidade de dizer sempre a coisa errada. Suspirou profundamente. "Na verdade, foi uma carta do Niue que...".
Ele contou toda a história. Rony imediatamente alegou que Draco havia mandado o elfo escrever aquilo. Oh, céus. Sempre a mesma teoria da conspiração.
"Não é nada disso. Mas, bom, não importa mais. Nós meio que brigamos. De novo".
"Já!".
"É, porque, ahn... Bom, Niue encanou com a idéia de ter um irmão", sussurrou Harry, olhando para os lados para ter certeza de que Niue não estava por perto. "E você sabe que Draco realmente não quer outro filho. Não sei o que pensar sobre isso".
Rony avaliou suas palavras por um momento. Depois, deu de ombros.
"Fale para o Niue que não é possível e pronto".
Harry riu.
"Você sabe que não é simples lidar com crianças! Quando têm uma idéia fixa... E Niue decididamente está com uma idéia fixa. O pior é que eu concordo totalmente com ele. O problema é Draco...".
"Argh, tinha que ser aquele...".
"Rony!".
"Tente convence-lo, então. Merlin sabe que você tem em mãos bons métodos de persuasão", disse o ruivo, num tom irônico. Harry corou, mas a conversa foi interrompida.
Niue voltou para a sala correndo.
"Vamos lá fora? Vamos, vamos?".
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Tédio, tédio. A única coisa que ele fizera naquelas quatro horas fora beber e dar ordens para Cook. O elfo-doméstico já tinha lavado toda a louça pelo menos três vezes, limpado toda a casa e lavado a roupa.
"O que deseja agora, senhor?", perguntou ele, indo para o jardim pela milésima vez. Draco quase jogou seu copo na cabeça dele. Fazia pouco tempo que seu cérebro finalmente começara a entender que havia muito álcool correndo por suas veias, e ele não conseguia mais pensar com total clareza.
"Qualquer coisa, Cook. Vá procurar uma elfinha para reproduzir a espécie", respondeu Draco, a voz enrolada. O copo dançava na sua mão, indo para lá e para cá. O elfo soltou um guincho de horror. Talvez fosse assexuado, Draco pensou.
Ele riu feito um idiota. Pelo menos estava sozinho novamente, na paz da noite sem estrelas. Fazia frio e as nuvens cobriam todo o céu. Não conseguia enxergar muita coisa.
Onde o estúpido do Harry estaria naquele momento? Lembrava-se do bruxo ter tido onde ia antes de sair. Na casa de alguém... De quem? Ah, sim. O ruivo pobretão. Draco riu. Sabia que o Weasley deveria ter alguma tara por Harry. Ou talvez fosse o contrário.
Antes que pudesse concluir a linha do pensamento irracional, o moreno surgiu no jardim. Estava com um pouco de fuligem na roupa. Deveria ter acabado de chegar.
"Draco", cumprimentou, formal.
Conjurou uma cadeira e sentou-se diante do loiro.
"Ainda bebendo?".
"Algum problema, Harry?", retrucou Draco. Terminou o conteúdo do copo. Estava difícil de achar as palavras. Alguma coisa lhe dizia que tinham tido uma discussão. Tinham. Parecia fazer anos. "Não quero falar com você", concluiu, soando pior que uma criança birrenta.
Harry fez uma careta e tirou o copo das mãos de Draco, pondo no chão ao seu lado. Repetiu o gesto com a garrafa de firewhisky.
"Você não deveria passar o dia bebendo".
"Quem é você para me dizer o que fazer, Potter? A droga da minha mãe!".
"Draco...", ele soava terrivelmente paciente. "Eu queria ter uma conversa racional com você. Mas vou ter que esperar até você estar sóbrio de novo, não? Acho melhor te levar para a cama e...".
"Eu não quero ir para cama com você!", retrucou Draco. Ele deveria estar com raiva de Harry, ora essa. "Você é estúpido, Potter. Era Natal e a gente fez as pazes. Mas você deu motivo para outra briga...".
"Você é quem deu motivos!", retrucou Harry, parecendo ofendido. "Gritou com o Niue! Draco, sinceramente não consigo entender porque toda essa aversão a ter outro filho... É frescura sua. Eu sei que no fundo você quer, mas seu jeitinho mimado não deixa. 'Oh, eu vou sofrer tanto'. Isso é ridículo e...".
Não conseguiu terminar a frase. Draco se sentara em seu colo. Ele balbuciou qualquer coisa, mas sua voz mal saia. Sentia o hálito quente de Draco em seu rosto, por causa da bebida e o cheiro forte de álcool.
"Potter, pára de ser chato", disse o loiro. Decididamente bêbado.
Draco beijou-lhe a boca, enquanto Harry tentava inutilmente se afastá-lo. Sabia que Draco não lembraria de nada pela manhã, apenas da discussão sobre Niue. Não queria...
As mãos hábeis de Draco tiravam-lhe a capa. Murmurava qualquer coisa desconexa, às vezes. O loiro tinha a leve consciência de que era mais prudente se afastar, mas não queria.
Harry era quente.
"Eu te amo, seu idiota", ele murmurou, sua voz soando, pela primeira vez, perfeitamente clara. Foi a última coisa que disse, antes de cair no sono, no colo de Harry.
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N/A: olááá. :D
Mais um capítulo. Agora só falta o último. o/
Gostando?
Ah sim... o Roniquito aparece pela primeira vez. Não morro de amores por ele, mas também não odeio. Acho difícil escrever sobre ele (acho que não tenho prática o.õ), mas espero que tenha ficado razoável.
(1) – primeiro, whisky de fogo de soa terrivelmente estranho. Segundo... como o Draco bebe, não? O.o Gostaram dele bêbado. :D
(2) – não dá vontade de morder as bochechas do Niue (que, aliás, devem ser muito fofas e rosadinhas)? Ele é muito fofooo. :D Imaginem ele com aquela voz fofa de criança. xD
Agradecimentos:
ivich sartre: foi a voz do povo que me fez escrever mpreg. Sabe, não é meu gênero preferido, mas também não tenho nada contra. Enfim... Draco? Grávido? Vai saber... xD Niue é fofo. Niue é tudo. Amo e é só meu. o Harry é macho! MUITO macho. o
Anna DeVinne: nãããão me olha assim. Niue é o ponto principal da história! A criança mais mimadamente fofa do mundo! o/ Apple não pode. Seria plágio (e também ninguém merece se chamar Maçã, covenhamos). E Coldplay é vida. xDD Hm. NC? Nhai, non non. Pelo menos não nessa fic. xD
Srta.Kinomoto: Olá! Espero que tenha gostado desse capítulo.
Nicolle Snape: obrigada, fofa. Ai está mais da fic, mais do Niue fofo, enfim...
Mewis Slytherin: Clocks é minha musica preferida também. É tão... tão... perfeita. Tenho troços cada vez que eu ouço. Se eles vão ter outro filho? Hmmm. Não sei... rs xDD Gostou desse capítulo também?
Hermione Seixas: nhai, que fofa você. Eu nem escrevo tanto assim. ' Enfim... eu demorei mais do que eu queria, porque eu viajei, mas aqui está. o/
Carol Yuy: como vocês são pervertidas! Gente, NC não pode. xD Essa é uma história inocente, onde os bebês nascem da cegonha, oras! o/ Ai está o capítulo.
Lucca BR: você é um amor. :D Obrigada por estar lendo, querida e continue. o/
Ashley Potter Malfoy: hmmm. Não vou dizer quem engravida, nem se engravida. /faz ar de mistério/
Anna-Malfoy: O.O sabe que eu nem tinha pensado tanto sobre isso? Não é nenhuma resolução fantásticapara o preço da poção... apenas... ahn. x.x sei lá. xD
Lika: fã clube pro Niue, yeah. :D
Sofiah Black: que fofa você. Que bom que está gostando da continuação... fiquei com medo que estivesse grotesca, ou coisa assim. A poção... ahn... não é um grande mistério, sabe. Apenas um pequeno mistério. o/ Gostou desse capítulo? xD
Lís: sim! Ele é tudo. Tenho vontade de morder as bochechas dele. O.o
maripottermalfoy: Niue é meu, nem vem. :D Ai está a continuação o
milinha-potter: Harry é safadão, machão, gostosão... enfim.
OBRIGADAAA aos comentários, vocês são uma graças. Espero não ter esquecido ninguém.
E desculpem a demora, eu queria ter postado antes, mas como eu viajei... x.x
