Mais tarde, no Rancho Kent...

Clark estava no loft, sentado no sofá, olhando algumas fotografias dos seus pais e dos seus amigos. Ele também encontrou alguns desenhos das figuras nas paredes das Cavernas Kawatche. Frustrado por não se lembrar de qualquer coisa, jogou tudo para o lado.

"Parece que são mais algumas coisas das quais você não lembra" disse Lois, subindo as escadas.

Mais do que depressa, Clark se levantou, surpreso e maravilhado com a visita inesperada.

"Eu vim ver se você estava bem" continuou ela, com as mãos nos bolsos da calça.

"Continuo não lembrando de coisa alguma"

"Puxa, sinto muito" disse ela. "Embora eu ache isso até meio engraçado"

Clark sorriu. Era imensamente agradável estar com dela.

"Chloe tem sido muito protetora. Quero dizer, ela disse que existem algumas pessoas nas quais não posso confiar" disse ele, confuso, e certo de que Lois não era uma delas. De fato, enquanto falava com ela, Clark se aproximava cada vez mais, para sentir novamente o perfume de sua pele, e de seus cabelos.

"E você não sabe quem são esses pessoas" completou ela. "Olha, você pode não lembrar quem são os jogadores, mas nada o impede de continuar o jogo" explicou, tentando confortá-lo.

"Algo me diz que eu deveria me lembrar de você" disse ele, subitamente, olhando firme nos seus olhos.

"Bom, não temos um relacionamento do qual você fizesse muita questão de lembrar" disse ela, sorrindo.

"Não é o que eu acho"

Lois sorriu, e cruzou os braços.

"O quê mais os seus instintos dizem a meu respeito?"

Clark se aproximou dela, e tocou sua face. Era macia e quente. Surpresa com o gesto inesperado, Lois deu um passo para trás.

"Uau!" exclamou ela. "Vou refrescar sua memória, Smallville" disse, afastando-se para o outro lado do loft. "Nós não gostamos muito um do outro"

Clark sorriu.

"Algo me diz que eu não devo acreditar nisso"

Lois o encarou.

"Está falando sério?" indagou ele, percebendo que ela falava sério.

Lois assentiu, com um sorriso e as sobrancelhas arqueadas. Não podia ser. O que ele sentia por ela era tão bom. Não podia não gostar de alguém que lhe fazia tão bem. Que o fazia sentir-se tão completo, embora sequer se lembrasse quem era.

"Então eu não quero me lembrar de mais nada" disse ele, aproximando-se novamente dela, decidido a fazer alguma coisa para mudar os fatos.

"Olha, Smallville -"

Mas Lois não tinha para onde ir. Atrás dela, somente o sofá. Na tentativa de se afastar de Clark, ela caiu desajeitadamente sobre as fotos que estavam sobre o sofá. Tentou se sentar, mas Clark já estava inclinado sobre ela.

"Acho que não gosto nem um pouco desse novo Clark -"

E antes que Lois pudesse dizer ou fazer mais alguma coisa, Clark a beijou. Era um beijo quente, molhado, e apaixonado. Lois tentou se desvencilhar, mas não resistiu por muito tempo. Havia tanta ternura naquele beijo, que ela resolveu ceder. Jamais havia sido beijada daquele jeito. E, quando se deu conta, estava com os braços ao redor do pescoço de Clark. E uma sensação de conforto e proteção se apossou dela. Era como se nada mais houvesse ao seu redor.

"Eu não acredito no que estou fazendo -" disse ela, recuperando o fôlego enquanto Clark se afastava um pouco para olhá-la, e tocar nos seus cabelos e no seu rosto. Ela era, definitivamente, a melhor coisa do mundo, pensou ele.

"Tem tanta coisa que eu quero contar pra você, Lois" disse ele, acariciando suas faces ruborizadas. Imaginou, então, que perder a memória havia sido a melhor coisa que lhe aconteceu. Não queria mais ser aquele Clark cheio de segredos e mentiras e que não enxergava o amor da sua vida bem diante dos seus olhos. Queria começar tudo de novo. Queria ser feliz, e sabia que não havia como ser feliz do jeito como era. Com uma vida vivida para esconder o que ele realmente era. Queria ser feliz ao lado de Lois e viver uma verdade única.

Mas Lois não queria saber o que ele tinha a dizer. Pelo menos, não naquele momento, de modo que o puxou para si, e os dois mergulharam novamente num beijo apaixonado e há muito tempo contido.

De repente, Lois o afastou, abruptamente, e Clark lhe lançou um olhar confuso, dado o gesto inesperado.

"Espera!" exclamou ela. "Eu não sei o que está acontecendo comigo -"

"Você quer que eu pare?" perguntou ele, inocentemente.

Lois o encarou. E um pequeno sorriso surgiu no canto dos seus lábios. Ela não sabia exatamente o que a impulsionava. Mas certamente era algo muito mais forte do que ela.

"Dane-se!" disse ela, puxando-o pela camisa e beijando-o, apaixonadamente.

Continua...