Lágrimas Derramadas
Capítulo 9
Que se Convoque a União Dourada
A energia de Athena se espalhou pelo santuário, o cosmo sereno, repleto de bondade e sabedoria preencheu cada canto daquele lugar sagrado.
Era o início...
Athena chegou ao ponto mais alto de seu templo, o lugar onde realizava as suas orações e de onde podia ver toda extensão de seu solo sagrado e da cidade de Atenas, sagrada em seu nome. Um brilho escorreu por seu rosto, uma lágrima triste e solitária... Ergueu seu braço direito, abrindo a palma de sua mão e a ergueu em direção ao céu.
O vento soprou forte, levando os resquícios do temporal que passara por aquela terra, brincando no caminho com os cabelos da jovem deusa. Um enorme brilho dourado surgiu; como o ouro dos cabelos de Athena até se tornar infinitamente mais intenso, concentrando o maior brilho na mão erguida aos céus.
Aos poucos a forte energia e o brilho intenso foram se desfazendo... E nas mãos da deusa, se encontrava a imagem preciosa de Nike, a deusa da vitória.
- Obrigada por me ouvir, Nike! – Athena disse sorrindo, em agradecimento.
- Mestre Atlas... Mestre Atlas... – Aurion corria pelo templo, em busca do velho mestre. Precisava dar o recado a ele o mais rápido possível.
Encontrou-o no grande salão.
- Eu já ouvi o cosmos dela, Aurion! Ele chegou a mim antes de qualquer ordem que ela pudesse te passar. – disse Atlas, com um sorriso sereno no rosto.
- Ela pediu que...
- Para que eu convocasse a União Dourada. – sorriu novamente. – O fogo de sagitário já está aceso, Aurion está presente. Os outros não tardarão a chegar.
- Palas... Ela disse... É Hades o inimigo! – Atlas o olhou surpreso.
- O que Hades quer conosco?
Ambos dirigiram o olhar para o enorme relógio de pedra. O primeiro brilho já o iluminava, logo ele estaria completo... E assim, seria o verdadeiro início.
- O relógio... – disse Daniela, ao lado de Darius, quando já se aproximavam do Santuário. – Está aceso novamente.
- Athena está reunindo os doze... Começou... – abaixou a cabeça. – Vá embora. Não há razão para que lute esta última batalha, não perca sua vida... Por favor...
- Darius... – disse se aproximando do leonino. – Eu sou uma amazona, mesmo que um dia eu tenha renegado minha posição. Sei que não mereço estar novamente aqui, mas ainda há uma vida que eu quero proteger, ainda há algo por que quero lutar. – forçou um sorriso tímido. – Eu não vou aceitar te perder também.
- Você já passou por muitas coisas, não precisa sofrer mais.
- O que passou, já passou... A dor ainda pode estar presente, mas a vontade de seguir adiante é maior, se não, eu não estaria viva. – abraçou-o. – Acho que, no fim das contas, apesar de toda a minha revolta, de toda a minha dor, de ter renegado tudo o que eu acreditava... Ainda sobrou algo dentro de mim, algo muito mais forte do que eu e, apesar de achar que não vale mais a pena, eu quero proteger esse mundo.
- Então... Você...
- Meu cosmos ainda está vivo! Meu coração não morreu.
O sorriso que brotou nos lábios de Darius não pode ser descrito com palavras. Pela primeira vez ele notava que aquela que tanto amava, estava finalmente saindo do vazio ao qual se lançara. Que, finalmente, ela voltara a ser a mesma de sempre... Voltara a viver, de verdade.
- Não sabe como isso me alegra Annie! – sorriu ao dizer aquele apelido carinhoso e o nome pelo qual ela era reconhecida dentro daquele solo sagrado.
- Agora você precisa ir Darius... Athena espera por você. – disse beijando-o de leve. – Não deve demorar.
Ouviram o som de uma risada.
- Estou realmente surpreso. – disse Lidius, aparecendo de repente, ao lado da amazona de camaleão. – Acho que o Santuário está cheio de casais apaixonados. – AI! – disse surpreso ao levar um tapa leve na cabeça.
- Não diga besteira Lidius. – Lyra sorriu por detrás da máscara. – Vejo que conseguiu trazer nossa guerreira rebelde de volta Darius...
- Eu não fiz nada, ela veio por vontade própria.
- Claro, claro... Quem mais conseguiria fazer Annie voltar até aqui? Só ela mesma... Tá, vou fingir que acredito. – Darius lhe lançou um olhar furioso.
- É bom te ver novamente Lyra. – disse Annie. – Quando deixei o santuário ainda era uma aspirante a amazona, o tempo passou depressa... Amazona de Camaleão. – sorriu. – Estou muito orgulhosa de você.
- Também estou muito feliz de te ver aqui novamente. Pensei que não mais pisaria o solo do Santuário. – disse se aproximando.
- É, acho que o tempo muda a cabeça da gente. – sorriu. – A própria vida e os sentimentos que ela nos traz, mudam a gente, pequena... – disse antes de abraçar a amazona. – Também estou feliz por estar de volta!
- Que lindo! Darius, agora somos cunhados! – Lidius disse brincando, desalinhando os cabelos do leonino.
- Cai fora Lidius, eu nunca seria seu cunhado...
- Nós não somos irmãs! – disseram as duas amazonas, sérias...
- Não?
- Acho que eles sofrem de algum mal súbito quando se encontram. – disse Lyra em tom divertido. – Não raciocinam direito.
- Concordo amiga, concordo! – virou-se para outra. – Poderia me acompanhar até o território das amazonas? Tenho de ter uma conversa com Maia.
- Claro!
- E nós... – Darius disse, puxando o outro, que tinha uma cara decepcionada. – Vamos para o templo de Athena.
- É mesmo, o Relógio foi aceso novamente. – Lidius disse parecendo se lembrar do que acontecia. – Até mais, Lyra... Annie... – aproximou-se da amazona de Camaleão, sussurrando em seus ouvidos. – Por favor, tome cuidado.
- Você também. – foi a resposta.
- Annie...
- Darius...
- Vai dar tudo certo...
- Vai sim. – sorriu. – 'Eu vou estar ao seu lado' – a mensagem chegou mentalmente ao leonino. – Até cavaleiros.
- Até. – foi a resposta dos dois, que se dirigiram apressados para o zodíaco de ouro.
O silêncio reinou.
- Nem tudo vai estar bem, não é mesmo? – Lyra perguntou a outra.
- Não podemos saber...
- Você deve saber.
- Eu realmente não sei...
- A conversa com Maia não será fácil.
- Eu não espero que seja... Mas, no momento, estou muito feliz por estar aqui.
Sorriram, era bom rever antigos amigos, voltar a estar com eles. A solidão fere, mas também nos ajuda a reconhecer o valor das pessoas que estão a nossa volta.
Não era um bom momento, mas era um único tempo... Tempo para se resgatar os laços desfeitos...
Casa de Virgem
- 'É tão bom observá-lo assim dormindo, parece tão sereno... Uma criança grande'.
Yoros sorriu com os próprios pensamentos. Não se reconhecia ali, deitada em sua cama, com o rosto descoberto, abraçada ao homem que sempre quisera abraçar. Nem acreditava que tivera tanta coragem. O momento de horas atrás ainda estava gravado em sua mente.
A chuva que os molhava, os beijos, a sua entrega...
- Que houve? – assustou-se ao ouvir a voz de Dohko, que abria os olhos sonolentos.
- Estava te observando dormir. – sorriu.
- Sabia que você fica linda assim... – ele levantou-se, puxando-a para um beijo. – Yoros, você é tão importante pra mim...
- Você também Dohko, você também é muito importante. – retribuiu o beijo, voltando a se deitar na cama, ao lado dele, aconchegando a cabeça em seu peito.
- Seria bom se pudéssemos ficar assim para sempre, não é mesmo?
- Sim, seria maravilhoso... 'Só que essa será a única vez Dohko... A única.' – sorriu de maneira triste.
Ficaram em silêncio, abraçados, observando as gotas de chuva que desciam pela vidraça.
- Parecem lágrimas.
- A natureza está chorando.
- Há alguns minutos eu pude sentir a explosão do cosmos de Athena.
- Ela estava envolvendo o santuário com sua energia cósmica.
- Agora não tem mais volta.
- Não. A Guerra começou.
As batidas na porta os assustaram.
- Mestra Yoros! Mestra Yoros! – os guardas batiam violentamente na porta.
- Estou indo. – disse, fazendo sinal de silêncio a Dohko e recolocando sua máscara.
Dohko a observou sair, para abaixar os olhos, envoltos na tristeza.
- Eu também sei que essa é a nossa única vez, minha querida amazona.
Yoros se aproximou do imenso portão, abrindo-o furiosa.
- O que houve; que gritos são esses?
- Recados do Mestre Atlas, ele está convocando os doze guerreiros de ouro. – disse entregando o pergaminho. – Pediu para que não tardassem. Estamos indo avisar Dohko, é o último que falta.
- Não precisam subir, eu mesma entrego o recado.
- Mas...
- Eu vou ter de passar pela casa dele para ir para o templo de Athena.
- Sim senhora.
- Adeus.
- Adeus. – responderam os guardas se afastando.
Fechou os portões, retirando novamente a máscara... Ouviu os passos de Dohko se aproximando.
- Então...
- Athena convocou a União Dourada. Ela já sabe de quem se trata.
- Temos de ir o mais depressa possível. – disse abraçando-a com carinho. – Eu espero você trocar de roupa.
- Dohko... – disse molhando o peito nu do cavaleiro com as lágrimas que lhe escorriam de forma abundante.
- Eu sei, eu também não queria.
Secou as lágrimas, olhando para o rosto pálido e triste do cavaleiro de libra. No final, eles não tinham outra escolha, retirou-se.
Precisavam ir o mais rápido que pudessem para o salão do grande Mestre.
Domínios de Hades
Morpheus caminhava sorrateiramente pelo território do deus do submundo, passando por cada prisão e observando o sofrimento infligido às almas que ali estavam. A imagem causava certo desconforto, não gostava de cenas tão grotescas e talvez por isso estivesse naquela guerra tola apenas para conduzir as almas a vagarem por outros planos, outros lugares: o mundo cálido e doce dos sonhos, tecidos é claro, sob medida.
Sorriu. Um sorriso doce, diferente do de escárnio que se encontrava nos espectros.
- Morpheus, deus dos sonhos, o que faz nos domínios de Hades? Poderia me dizer? – uma voz lhe tirou dos devaneios.
- Ora, não esta sabendo da guerra? Pensei que os juízes tivessem sido avisados. – olhou zombeteiro para o outro. – Eaco, é o último a chegar?
O jovem juiz encarou furioso o deus dos sonhos, de seus olhos negros se via o mais puro ódio. E o ódio se perdia em sua aparência inocente, um rosto de menino emoldurado por cabelos louros, lisos e bem cortados.
As roupas finas denunciavam a sua posição, um membro da nobreza.
- Meu país está em guerra, caro Morpheus, e sendo o príncipe regente não podia simplesmente desaparecer, não acha? – disse sério.
- Tantas responsabilidades, não? – Eaco avançou em direção ao deus.
- Não ouse rir e brincar com a minha pessoa, deus vulgar.
- Preciso te lembrar que estás a atacar um deus? – Morpheus continuava sorrindo de forma serena.
- Parem com isso, agora! – disse uma voz grossa e rude que irrompeu no ambiente.
- Minos... – o juiz soltou Morpheus para se voltar ao companheiro, que assim como ele era um dos juizes de Hades.
O sorriso de Minos era diferente, enigmático, não se podia definir se era um riso calmo ou de zombaria. E sendo ele o mais antigo dos juizes, imperava em seu rosto um ar maduro e severo.
Os longos cabelos negros caiam-lhe pelos ombros e a vasta franja tapava-lhe um olho, que não mais enxergava.
- Eaco, é bom revê-lo. – sorriu. – Pena que seja dessa forma não? É inútil brigar com um deus, ainda por cima nosso aliado, gosta mesmo de mostrares que tem poder?
- Não é isso, caro Minos, só não suporto que julguem mal os meus motivos.
- Eu sei, eu sei... – disse sério. – Vim buscar os dois, Hades nos espera em seu templo.
- Então, o ataque começara em breve? – perguntou Morpheus.
- O mais breve que você possa imaginar, alguns espectros já estão se dirigindo ao Santuário.
- Ótimo. – disse Eaco sorrindo.
No templo, Hades se encontrava reunido com o juiz Radamanto e os espectros Pânico e Medo.
Os demais não tardaram a chegar.
- Vejo que agora estamos completos. – Hades disse efusivo ao notar a presença dos outros dois juízes e de Morpheus.
- Hades! – disseram juntos os dois juízes, se ajoelhando. – É uma honra servi-lo.
- Meus queridos, com nossa força, não será difícil derrubar a terra santa de Athena e tomá-la a nosso encargo. – disse irônico.
- Não me parecem estar tão indefesos, Hades-sama. – Morpheus disse calmo, encostado em uma das colunas do templo, com um copo de vinho em mãos. – Athena já esteve em muitas guerras e até agora venceu todas, porque desta vez seria diferente?
- Porque, meu querido Morpheus... – disse Hades, se aproximando do jovem deus e circundando suas mãos à volta do pescoço. - ...Nenhum destes inimigos era Hades, o supremo deus do submundo, irmão de Zeus e, assim sendo, também um dos deuses do período que antecede aos homens.
- Desde quando a origem do sangue pode significar a vitória? – Morpheus disse calmo, esquivando-se das mãos do deus. – Não sou seu inimigo Hades, lutarei ao seu lado, estou apenas tecendo um sonho para você, ou melhor, um pesadelo... Há dois lados em um combate, a vitória e a derrota; quero que enxergue a ambos antes de combater. – sorriu. – A vitória você conhece, pois é o que sua alma traçou em sua mente e coração... A derrota é o que te mostro agora. – Hades tombou.
- O que pensas estar fazendo infeliz? – Minos apareceu diante de Morpheus, as mãos prontas para lhe cortarem a garganta.
- Traga-o de volta agora mesmo. – Radamanto disse irritado, também se posicionando para o ataque.
- Está encurralado, é bom que faça o que meus irmãos te disseram. – Eaco também se posicionou em ataque.
- Para que tanto escândalo? Não vou assassinar vosso Senhor. É apenas um sonho... – disse, estendendo uma das mãos para Hades que abria os olhos surpreso. – Ou melhor, um pesadelo.
- Está bem, Hades-sama? – Radamanto se apressou para ajudá-lo.
- Está tudo bem! – disse, se esquivando do juiz. – Morpheus...
- Eu continuarei lutando ao seu lado, já sabe, não sou inimigo.
- É bom que não seja. Por isso, deixarei passar em branco. – disse com um sorriso malévolo. – Continuemos nossa reunião, a primeira demanda de espectros já está a caminho do Santuário e nós não iremos tardar para segui-los. – sorriu. - 'O que era aquela sombra alada?' – o pensamento cruzou a mente de Hades.
Santuário – Vila das Amazonas.
Annie olhou para a porta a sua frente, com uma cara de quem, se pudesse, evitaria a todo custo entrar ali. Mas, ela precisava falar com Maia.
Entrou, fez um aceno com a cabeça e Maia mal esperou que se sentasse, nem ao menos respondeu o aceno, para já começar a gritar, furiosa.
- Como teve a coragem de voltar a por os pés nessa terra? Sempre soube de sua ousadia, mas não sabia que chegaria a tal ponto. – dizia furiosa, para a jovem a sua frente.
- Eu não estou pedindo sua opinião Maia, só vim comunicar que voltei e que voltei pra lutar essa última batalha. Não importa o que você pensa de mim. – disse Annie de forma calma.
- E contaria alguma coisa, uma louca como você não escuta a ninguém, nem mesmo quando é você quem fala.
- E o que você pode saber de mim, de tudo o que eu passei?
- O que sei é que você foi covarde, abandonou o Santuário sem ao menos dizer o motivo. Deixou tudo para trás, e agora quer de volta? – Maia continuava irritada.
- Não quero nada disso de volta, só vou lutar por que quero, não que seja um dever a cumprir. Eu não faço isso por ninguém...
- E ainda tem a coragem de dizer que se está aqui, não é por Athena?
- Não, não é por ela. – os olhos de Annie arderam em fúria. – Nunca farei nada por ela, eu perdi tudo por conta da devoção de minha família... Perdi tudo.
- Então vá embora.
- Você não sabe a dor de ter um irmão morto em seus braços. – disse Annie, os olhos marejados. – E não sabe o quão difícil é aceitar o motivo de tal morte.
- Ele lutou por que quis, Andrômeda fez o que seu coração pediu... E Annie, você se martiriza porque não conseguiu chegar a tempo. – sorriu de forma cínica. – Não pode.
O ruído seco do tapa que veio a seguir quebrou a briga e silenciou as palavras.
- Às vezes me pergunto se você tem coração. – disse Annie, olhando para Maia que tinha o rosto escondido pelos fios verdes. – Eu sempre fui uma das amazonas mais fortes, vivi para esse Santuário e o que ganhei em troca? Frases como a que você acabou de dizer. – Maia levantou o rosto, séria. – Não me importa o que você pensa, eu vou lutar, se Athena não quiser isso, que me diga pessoalmente. Agora, com a sua licença, eu quero rever minhas amigas e preparar a defesa do Santuário junto a elas.
Maia não rebateu, apenas observou a amazona ir em direção aos dormitórios. No fundo, sabia que toda ajuda era bem vinda, mas nunca admitiria isso perante Annie.
- Como foi a conversa? – Lyra perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
- Do jeito que eu esperava, Maia continua a mesma... – olhou para a amazona de Camaleão. – Desculpa, sei que gosta muito de sua mestra.
- Annie. – ouviram uma voz se aproximar.
- Karen! – ela sorriu ao ver a amazona de Águia. – Voltei, achou que deixaria vocês nessa hora difícil?
- Que bom! – as três sorriram. – Vamos, Raíssa também está esperando nos dormitórios.
Entraram juntas no dormitório, a aprendiz de aquário estava sentada em uma mesinha de cabeceira e escrevia algo, que guardou quando notou a chegada das demais.
- Olá! - disse Annie se aproximando e sentando ao lado da menina.
- Annie, bem vinda de volta! – disse Raíssa, no primeiro sorriso que ela demonstrava depois de tempos.
- Eu sei que faremos nosso melhor, não se preocupe. – Annie disse, enquanto seguia para um dos armários. Evitando o olhar interrogativo da garota. – Assim que acabar a reunião você irá para a casa de seu mestre, não é?
- Como sabe?
- Está no seu olhar. Ele irá te deixar lutar? Ainda é só...
- Não sou mais criança e temos a mesma idade, não se esqueça. – Annie riu, a garota tinha razão. – Vou me trocar. – disse, deixando as duas sozinhas.
- Vocês podem sentir a energia que se dirige para o Santuário? – Raíssa perguntou.
- Sim. – Lyra respondeu olhando pela janela.
- Eles não tardarão a chegar aqui. – Karen disse. – Os cavaleiros de bronze estão guardando a entrada junto com os soldados.
- E os de prata? – perguntou Lyra.
- Estão se posicionando no meio, para evitar que cheguem ao zodíaco de ouro antes que acabe a união dourada. – Karen disse. – Não estou com eles ainda porque quis saber qual seria o palpite de nossa mestra, mas ela não quer ver ninguém. E de qualquer forma, acharia melhor se ela estivesse no templo de Athena, junto com o Grande Mestre.
- Também acho que ela deveria estar lá, mas não adianta dar essa opinião a ela, porque nunca irá ficar ao lado do mestre, sabemos disso. – Lyra completou.
- Maia irá lutar, não vai se esconder. – disse Raíssa em um tom sério.
- Sabemos disso. – responderam as outras duas.
- Eles sabem que não há meios de se esquivar dessa batalha e apesar de tudo, eles sempre lutaram com todas as forças. – disse Annie, voltando a estar entre elas.
Vestia uma roupa de amazona branca, com uma faixa azul céu amarrada na cintura e luvas na mesma cor. Os cabelos continuam presos em uma trança. Não portava armadura, pois nunca tivera uma.
- Ainda acho loucura você lutar assim.
- Concordo com a Lyra. – Karen se apressou em dizer.
- Nunca usei armadura, sempre lutei apenas com o cosmo e está bom assim. – sorriu. – Só usaria uma armadura se tivesse o mesmo coração de meu irmão, que só pensava em proteger os outros, sem nunca pensar em si mesmo. – o sorriso morreu. – E sabemos que, por mais que tenhamos um motivo justo, sempre há em nossos corações um motivo pessoal, nem que seja salvar a vida de alguém que amamos.
- A armadura não diz nada, no final de tudo. – respondeu Raíssa.
- Vamos esquecer isso por enquanto. – disse Lyra. – Como nós, amazonas, vamos agir?
- Eu estarei na casa de aquário. – Raíssa se apressou em dizer.
- E você, Karen? – Lyra perguntou.
- Vou estar junto com os cavaleiros de prata e bronze, impedindo a entrada no zodíaco de ouro.
- Annie?
- Vou estar entre a casa de leão e virgem, mas não sem antes dar uma força para Karen e os demais. E você?
- Vou subir entre escorpião e sagitário. Mas, também estarei ao lado de vocês.
As quatro se aproximaram da grande janela do dormitório, olhando para o imenso relógio de pedra, que acabara de completar o seu círculo de fogo. Os doze guerreiros estavam reunidos.
Templo de Athena
- Darius, Lidius, até que enfim chegaram. – disse Osirus se aproximando dos outros dois. – Só faltavam vocês para começar.
- Desculpe-nos a demora. – disseram juntos.
- Sempre atrasados, seria estranho se não fosse assim. – Aurus disse, em tom baixo perto do Grande Mestre.
- O importante é que já estão aqui. – disse Dohko.
- Agora podemos começar a nossa reunião. – disse Shion. – Grande Mestre, saberemos agora quem é nosso inimigo?
- Sim Shion. – disse uma voz suave que adentrava o salão. – Agora finalmente irão saber o porque de tudo.
- Athena. – exclamaram todos juntos, curvando-se perante a deusa.
Palas Athena surgiu no grande salão, usava sua armadura de tempos antigos, o vestido longo que portava defesas, o elmo que representava os cavaleiros era sustentado em sua cabeça. Na mão direita a imagem de Nike, a deusa da vitória, na esquerda seu escudo precioso.
- Nosso inimigo é Hades. – disse calmamente. – Ele quer o domínio da Terra e essa será a nossa pior batalha.
- Athena. – disse Atlas. – Quantos são os soldados de Hades? Já podemos sentir cosmos que se movem em grande velocidade em nossa direção. – a deusa abaixou a cabeça, em sinal de preocupação.
- 108. Hades possui 108 espectros, sem contar seus três juízes e o deus dos sonhos, Morpheus, que está lutando a seu lado.
- São... Muitos. – disse Aurus se aproximando de Athena. – Sabes que estamos em um número bem inferior, não sabe minha deusa? Se eles são 108, não passamos de 20 e ainda estamos com todas as defesas desorganizadas. Os primeiros soldados estão a caminho e ainda estamos aqui. – disse severo, mostrando-se um tanto exaltado pela primeira vez.
- Os guerreiros de bronze e prata não conseguirão deter nem a primeira parte, pela intensidade dos cosmos eles são fortes e sabem bem o que quer. – Dohko disse de repente. – O Santuário contará apenas com as doze casas e perderemos os demais na primeira investida de Hades.
- Não podemos achar que nossos guerreiros de prata e bronze serão tão facilmente derrotados Dohko, lembre-se que foram eles que nos ajudaram a derrotar os marinas, que eram em grande número também. – respondeu Shion, com calma.
- Não é que sejam fracos Shion, é o inimigo que é diferente. – Dohko respondeu.
- Afinal, o que Hades quer guerreando contra Athena? – perguntou Yoros.
- É uma luta de poder, Yoros de Virgem. – disse Athena. – Hades quer a Terra e o meu lugar no Santuário.
- Quer governar os Infernos e a Terra? – Allas de peixes se pronunciou.
- Exatamente.
- Ele está louco? – Osirus disse furioso.
- Se não estivesse, não estaria invadindo não acha? – disse Darius.
- Hades surtou, coitado, também vivendo onde só tem gente morta. – Lidius completou.
- Não comecem! – Atlas disse furioso. – Não é hora para brincadeiras. O inimigo não está louco, sabe muito bem o que quer e organizou bem o combate e deveremos pensar tanto na vitória quanto na derrota. Não é apenas o nosso destino que será definido aqui, mas o da terra toda.
- Ora Mestre, o que você esperaria das crianças de ouro? – disse Ardol, entrando na conversa pela primeira vez.
- Seu...! – Lidius tentou avançar em direção a Ardol, mas foi impedido pela telecinésia de Shion.
- Não vai adiantar perder o controle agora e brigar. Isso não nos levaria a nada, só a desunião e não é disso que precisamos agora. – Lunion disse, com a sua calma de sempre.
- Concordo com a minha irmã, o melhor a fazer agora é nos unirmos e guardarmos o zodíaco de ouro com nossas próprias vidas. – disse Arios, também estranhamente calmo.
- Me desculpem! – foram interrompidos pela voz de Athena. – Eu deveria tê-los avisado muito antes, mas não esperava que Hades se atrevesse a invadir o Santuário, achei que só lutaria no seu próprio domínio. Por isso pensei que teria tempo suficiente para organizar tudo, mas não tive. Eu não esperava por esse ataque. – Athena encarou os seus doze guerreiros. – Eu falhei.
- Não Palas, você não falhou, não há como se prever o ataque do inimigo... Não se pode prever qual será seu próximo passo. – Aurion tentava convencer a deusa.
- Chega, não é hora para nada disso, nem para remorsos, nem para desculpas... O que temos de fazer é agir e o mais depressa possível. – disse Atlas interrompendo a discussão.
- Eu concordo plenamente, lamentar as falhas e os descuidos, não é mais hora para isso. Devemos defender a paz com as nossas vidas... Por Athena! – disse Shion.
Os olhos dos doze guerreiros brilharam, juntaram suas mãos e juntos, em um único grito, prometeram dar as suas vidas para proteger a paz daquela Terra que tanto amavam.
- POR ATHENA!
Agora assumiriam seus postos e guardariam aquele Zodíaco nem que isso custasse suas vidas.
- Minha deusa, como isso tudo acabará? – perguntou Atlas, quando se viram sozinhos.
- Eu não sei. Mas, a fé e a força deles mudarão o destino, se eles assim quiserem.
- Irá lutar?
- Não é a hora para responder a essa pergunta. – disse serena. – Estarei orando por eles. – disse retirando-se para o templo.
Entrada do Santuário – A invasão
- Que horinha foram arrumar para fazer uma reunião heim? – disse o espectro escondido em meio às sombras. – Isso é um tremendo descuido.
- Amigo, não pense que só temos esses doze guerreiros a combater...
- Está certo...
- Agora, aguardemos mais um pouco, está na hora de tirar a ferrugem de nossas sapuris.
No interior do Santuário, os cavaleiros aguardavam...
- Estão próximos! Temos de tomar todo o cuidado agora, os soldados já estão a postos Gabriel? – perguntou o cavaleiro de dragão.
- Sim, agora é só esperar Caio... Os cavaleiros de prata também já se colocaram a postos. – o cisne respondeu; um sorriso triste.
- Não está confiante?
- Não é isso, é receio.
O vento soprou cortante, diferente, e eles souberam que aquele era o começo.
- Esperando por nós, guerreiros de Athena? – o primeiro espectro adentrou, atacando o dragão. – Chegamos!
- Surpresa! – outro se aproximou, sua sapuris reluzia o brilho negro das trevas. – Naga de sapo, se apresentando para o combate.
- Enia de corvo. – o outro também se apresentou.
- Eu sou Caio de Dragão.
- E eu Gabriel de Cisne... E nós não deixaremos que invadam o território sagrado de Athena.
Os socos cruzaram no ar... Os golpes eram ágeis e precisos e ambos os lados equiparavam em força. Caio e Gabriel davam tudo de si, lançando seus golpes mais fortes e em questão de minutos, derrubaram os dois espectros. Mas, não esperavam o que estava por vir...
No portão de entrada do Santuário, se delinearam outras sombras, inúmeras delas. Que avançaram para cima dos dois guerreiros de bronze. Uma delas parou e riu irônica:
- Gostaram do nosso brinquedinho? – disse se referindo aos espectros anteriores. – Eles eram só uma leve amostra... Agora, conhecerão o verdadeiro poder dos espectros de nossa majestade Hades.
E partiu para o ataque.
Continua...
N.A: Hum... Jeito ruim de terminar um capítulo. Só que já me estendi muito e fiquei com medo da história ficar cansativa. E eu estou realmente com medo de não estar conseguindo passar o que quero com essa fic, uma insegurança que pintou do nada.
E essa é uma das fanfics que mais tem me dado prazer em escrever e eu gostaria mesmo de saber se assim como estou curtindo escrever, vocês estão gostando de acompanhá-la.
Gostaria muito de receber dicas, elogios, criticas construtivas... Saber se preciso melhorar em algo ou se está bom assim...
E então povo estão realmente curtindo essa história? Ajudem essa pobre escritora insegura e temerosa, please.
Abraços
Lithos de Lion
