Escrito nas Estrelas
por Dawnatello e Luna
tradução para o português: Calíope Amphora
betagem da tradução: Dana Norram
Capítulo Três
POV DO SIRIUS
Certo, então meu plano era encontrar Aluado para avisá-lo sobre o irritado Pontas, que estava querendo matá-lo. Mas, primeiro... prioridades, prioridades — antes o meu cabelo tinha que ser arrumado!
Cuidadosamente, caminhei para fora do banheiro, espiando o corredor para ter certeza que ninguém — especialmente algum inconveniente sonserino — estava por perto. Quando me assegurei que o caminho estava mesmo livre, corri como louco para a torre da Grifinória.
"Por Merlin! O que aconteceu com você, garoto?", a Mulher Gorda perguntou diante da minha chegada barulhenta na entrada da torre. Seus olhos piscaram de surpresa quando me encarou de dentro da sua moldura.
"Ah, o meu cabelo? É a última moda em Paris. Agora abra, por favor".
"A senha, por favor", disse ela teimosamente, se recusando a me aceitar.
Bem... que droga! Eu... hmmm.. Eu não conseguia lembrar a maldita senha! "Errr... Eu não lembro. Mas você me conhece... Sirius Black! Agora, por favor, abra".
"Não sem a senha, querido! Eu não ligo se você é o Godric Gryffindor em pessoa".
"Arrggh! Vamos, mulher, que droga! Por favor, eu não estou com humor para jogar esses joguinhos. Eu te disse. Eu não lembro a maldita senha!"
Não serviu para nada. Ela simplesmente suspirou e deu as costas para mim, piorando ainda mais meu humor. Um rosnado subiu pela minha garganta e eu vi os olhos dela brilharem com um pouco de apreensão. Você já foi longe demais, cabeça quente! Maltratando um quadro! Caramba! Eu inspirei profundamente, fechando meus olhos e desejando me acalmar. "Olha… desculpe. Eu não queria ser rude... só que eu preciso desesperadamente entrar. Eu realmente não consigo me lembrar da senha. Por favor, me deixe entrar?"
Ela se voltou para mim calmamente, especulando. "Eu não sei... Isso é muito errado, meu jovem..."
"Eu sei, eu sei. Mas... por favor, só dessa vez. Eu prometo que nunca mais esqueço a senha, me deixe entrar só desta vez."
Ela suspirou e começou a estender a mão... mas aí ela parou. "Desculpe, mas... eu não posso. Eu tenho um dever aqui e eu não posso abrir mão dele".
"AHH... VAMOS LÁ! POR FAVOR!"
"Sirius, qual é o problema?"
Virei-me para Remus, que tinha chegado atrás de mim silenciosamente. Ele era bom nisso — um legado lupino, eu suspeitava. Virei-me para olhá-lo e fiquei irritado quando vi o sorrisinho no canto de sua boca. Obviamente, meu cabelo deplorável ainda era uma grande fonte de diversão. Com raiva, apontei para a Mulher Gorda "Eu não consigo me lembrar da maldita senha, Aluado, e ela não me deixa entrar!"
Eu me assustei com quão irritadas as palavras soaram.
Remus me deu um irritante... ainda que estranhamente bonito e travesso sorriso. "Bem, Almofadinhas, esse é o trabalho dela. Você não pode condená-la por fazer o que o Dumbledore manda, pode?"
Tão calmo, tão pragmático — tão Remus!
"Nesse exato momento, sim, eu posso, eu a estou condenando como louca! Desculpe, mas é verdade! Eu quero dizer, vamos lá, ela sabe exatamente quem eu sou..."
"Bem, na verdade ela pode não te reconhecer no seu estado atual, Sirius", Remus respondeu em um tom gentilmente brincalhão, seu olhar se voltando para o topo da minha cabeça.
"Ah, muito engraçado, Remus! Só fale para ela a maldita senha para a gente poder entrar. Eu preciso lavar o cabelo!"
Remus concordou e sorriu para a Mulher Gorda quando disse: "Shangri La, por favor".
Ela sorriu de volta para ele, suas bochechas se tornando rosadas enquanto ela abria a porta para nos deixar entrar. Balancei a cabeça. Como é que o Aluado fazia isso? Ele encantava todo mundo, especialmente o sexo oposto, e, mesmo assim... ele nunca tinha ficado com ninguém, não que eu pudesse lembrar. Ele era, como dizia um ditado antigo, "um mistério preso dentro de um enigma".
Eu segui para um — graças aos céus — gloriosamente vazio salão comunal e então para o nosso dormitório.
Hora de dar um conselho... "Remus, acho que você provavelmente já sabe disso, mas, se não, considere-se avisado. Pontas está em pé de guerra!"
Remus riu — um sorriso caloroso e rouco — e balançou a cabeça. "Aaaah, sim, James não está exatamente contente com o meu papel de 'mediador' da sua vida amorosa, não é mesmo?"
"Não. Acho que se pode dizer que ele está bastante irritado no momento. E envergonhado. Aluado, se você ia fazer isso com ele, por que não admitiu logo para a Lily que James gosta dele, em vez de usar toda essa besteira sobre estrelas e astrologia?"
Remus apenas sorriu enquanto jogou sua mochila na cama e sentou ao lado dela. "E qual seria a graça disso, Sirius? Eu achei que você, um ariano típico, mais do que todo mundo iria apreciar um toque a mais, digamos assim, na revelação dos sentimentos de James pela Lily. E, além do que, não tem nada de 'besteira'. Eu te disse que acredito. Astrologia pode ser bem reveladora".
"Sim! Revela a ingenuidade de quem acredita nessa besteira toda!".
Eu instantaneamente me arrependi das minhas palavras duras quando vi o inquestionável traço de mágoa na expressão doce de Remus. "Eu não sou ingênuo, Sirius". Mordi meu lábio. 'Peça desculpas, seu imbecil!' Hmmm... por que a minha voz da consciência parece tanto com a voz do James? "Err... sim, eu sei. Me desculpe, Aluado. Você está certo. Você não é ingênuo. Só... bem, eu não quero que você pareça bobo, só isso!".
"Assim falou o garoto com o desafortunado cabelo vulcânico", Remus respondeu com um sorriso.
Eu ia protestar, mas, em vez disso, fui surpreendido pela bem-humorada ironia do que o Aluado tinha dito. Lá estava eu, declarando a bobeira dele quando foi a minha própria que resultou no meu penteado peculiar. Comecei a rir sem nem perceber e logo Remus tinha se juntado à minha felicidade — ambos entregues ao papel de rir como um par de idiotas.
Eu caí deitado na cama do Remus do lado dele, ainda rindo descontroladamente, a risada dele só me incitando a rir mais, até que ele finalmente deitou de costas do meu lado, lágrimas escorrendo pelo seu rosto enquanto nós ríamos até nossos estômagos doerem.
Nós ainda estávamos rindo, praticamente um rolando em cima do outro, quando James entrou no quarto...
— x —
POV DO REMUS
Minha barriga doía, e eu tinha certeza que meus pulmões iriam explodir a qualquer momento, mas, ainda assim, não conseguia parar de rir. A visão do cabelo de Sirius e o som melodioso e exultante da sua risada não me deixavam parar. Era em momentos assim que eu entendia de verdade as razões da minha amizade com Sirius. Havia coisas em nós dois que eram completamente diferentes e, ainda assim, nós nos sentíamos muito confortáveis um com o outro, uma conexão que eu não conseguia explicar.
Inspirando fundo, deitei minha cabeça no peito do Sirius, continuando a rir até que minhas costelas começaram a doer. Esfreguei os olhos, secando as lágrimas do meu rosto, e pretendia me sentar quando James entrou no quarto.
Uh-oh...
A expressão do seu rosto me fez voltar ao normal quase imediatamente, e eu me afastei de Sirius, esfregando meus olhos e limpando minha garganta. Por um momento, uma emoção indecifrável e quase estranha passou pelos seus olhos, sugerindo surpresa intensa combinada com travessura. Eu pensei em como deveria ter parecido estranho para ele encontrar nós dois rolando pela cama juntos, e me questionei se ele teria entendido algo totalmente sem sentido da situação. Senti Sirius se endireitar atrás de mim, retomando o fôlego, mas mantive o olhar no garoto de óculos e no contraste das suas bochechas vermelhas contra a pele pálida.
"Aluado…" sua voz tinha um tom de aviso meio sombrio, e eu não pude evitar estremecer um pouco.
Inspirei por um momento para pensar logicamente. Me encolhendo diante do olhar severo, eu abaixei os olhos, me concentrando nas suas mãos. Seus punhos estavam fechados em bolas pequenas, tão apertados que os nós dos dedos tinham ficado brancos. Era óbvio que ele estava bravo comigo. Quando me voltei de novo para o seu rosto, pude ver a raiva fervendo por trás dos olhos dele, chamejando por baixo da pele. Não era comum James ficar bravo desse jeito, e comecei a me arrepender dos meus atos. Eu só tentei ajudar, no final das contas. Achava que quando ele entendesse o que eu estava fazendo por ele, ele iria me perdoar, e talvez até ficar contente. Acho que estava errado.
"James, eu…"
"Remus, você… você falou com a Lily! Agiu contra minhas ordens explícitas para não fazer isso!"
"Ah, James, na verdade…" Sirius tentou, mas nosso amigo enraivecido apenas o encarou.
"Fique fora disso, Sirius. Isso é entre Remus e eu".
"Eu só estava tentando ajudar, James", eu disse calmamente, tentando convencê-lo a relaxar e pensar direito.
"Remus… você prometeu!" Havia uma expressão de dor no rosto dele, e também de derrota. "Você sabe como foi vergonhoso para mim, ser forçado a ficar lá enquanto Lily falava sobre sua alma gêmea aquariana? E você viu o jeito que ela olhou para mim? Ela sabe agora. Ela sabe o que eu sinto por ela!"
É claro… não era esse o propósito por trás do meu plano? "Bem..." eu disse gentilmente. "Está óbvio que ela gostou da idéia..."
"Aluado! Essa não é a questão!"
"Bem, é óbvio que você não ia contar para ela, não é, Jamesy?"
"Fica quieto, Sirius, ou eu vou—"
Eu levantei minhas mãos para silenciar os dois antes que a briga continuasse. "Eu sei... Eu sei, James, mas, mesmo, não é para tanto. Não é como se eu tivesse sentado na frente dela e dito: 'Adivinha só! James gosta de você!' Ela viu meu livro de astrologia e me perguntou sobre o signo dela, então eu lhe mostrei algumas páginas. E acontece que ela é de Sagitário, bem como eu pensava, e aquarianos são perfeitos para—"
"Céus…", um pouco da raiva parecia ter se dissolvido do rosto de James, substituída com algo que parecia humilhação. "Agora ela deve pensar que eu que te envolvi nisso. Ela deve achar que sou um completo idiota!"
"Olha, James… me desculpe se eu te aborreci", eu disse gentilmente. "Mas Lily pareceu ter gostado da idéia".
"Sim, James. Como é que ela poderia não estar atraída por você, com esse seu cabelo descontrolado e essa sua atitude insuportável de Monitor? Eu estou surpreso que as garotas não estejam fazendo fila na porta!"
Eu conhecia Sirius o suficiente para saber que ele estava tentando usar humor para melhorar a situação, mas o jeito de Sirius brincar podia ser irritante de vez em quando, e essa não era a melhor hora para piadas.
James olhou feio para Sirius, um pequeno rosnado escapando de sua garganta. Sirius deve ter sentido sua irritação, porque seu rosto se tornou mais melancólico. "Sério, Pontas. Vocês dois são perfeitos um para o outro", eu tenho que admitir, eu estava feliz com o apoio dele nesse momento. "Já estava na hora de alguém interferir e jogar algumas verdades nas caras de vocês dois".
O rosto de James virou vermelho puro. Eu imaginei que essa seria uma boa hora para Sirius sair.
"Tudo o que eu ouço ultimamente, dia após dia, é 'Lily isso' e 'Lily aquilo', mas você não faz nada a respeito!"
James parecia abalado, seu rosto vermelho de vergonha.
"Almofadinhas…", eu disse calmamente. "Acho que é uma boa hora para ir embora…"
"Sim, você está certo, Aluado. Afinal, o Pontas precisa de um tempo sozinho para ficar treinando beijos no espelho. Talvez um dia ele reúna coragem e tente fazer isso com a Lily!"
"Ah, chega!" James gritou. "Você vai morrer!"
Ele disparou na direção do Sirius, e eu deslizei graciosamente para longe da linha de fogo. Sirius caiu de costas para fora da cama, mas levantou rápido, suas pernas longas sendo as únicas coisas entre ele e um soco de James. Ele perseguiu Sirius pelo quarto, o garoto mais alto pegando travesseiros e roupas e qualquer outra coisa macia que ele encontrasse para arremessar em seu perseguidor.
De repente, a porta abriu, e todos nós congelamos. Parado, com uma expressão curiosa no rosto, estava Peter.
"Ah, Rabicho… é só você", Sirius suspirou e deixou os ombros caírem de alívio.
"O que está acontecendo aqui?" Peter perguntou, olhando a bagunça e o estado desgrenhado de todos nós.
James suspirou, se arqueando em derrota. A raiva em seus olhos parecia ter dissipado. "Remus decidiu ir sozinho dizer para a Lily que eu estou apaixonado por ela".
Peter esbugalhou os olhos. "O quê? Por que você fez isso, Aluado?"
Eu balancei a cabeça. "Não foi bem isso que aconteceu", disse suavemente.
"Deve ter sido isso que aconteceu! Você viu como ela agiu na aula. Ela estava tirando sarro de mim!"
Eu tinha quase certeza que Lily estava tentando convencê-lo de que ela retribuía o interesse dele, mas James parecia tão magoado que decidi que era um bom momento para ficar de boca fechada.
"Me desculpe, Pontas", eu disse sinceramente. "Eu vou falar com ela se você quiser, acertar as coisas..."
"Não!", ele protestou alto. "Apenas... esqueça. Você já fez bastante, obrigado".
Eu balancei a cabeça. Me sentia mal de verdade, mas queria poder fazê-lo perceber que só tinha feito um favor para ele. Eu sabia que Lily também gostava dele. Os dois eram tão perfeitos um para o outro que seria um crime não vê-los juntos. Mesmo assim, eu tinha agido contra a vontade dele, e agora ele se sentia traído — uma sensação que era bastante familiar para mim.
"Eu espero que você me desculpe, James. Só estava tentando ajudar".
"Sim, mas, na próxima vez…", ele disse de modo direto, "…me faça um favor e pense duas vezes antes de se meter na minha vida amorosa".
Deprimido, me retirei do quarto, esperando dar a James tempo suficiente para ele se acalmar e querer falar comigo de novo.
Nota da tradutora e da beta: Obrigada pelas reviews! Até postamos o capítulo antes do previsto de tão contente que ficamos.
Ps. "Eu não consigo me lembrar da maldita senha, Aluado, e ela não me deixa entrar!" … Só faltou o Sirius fazer biquinho e bater o pé, né? xD
