Escrito nas Estrelas
por Dawnatello e Luna
Tradução para o português: Calíope Amphora
Betagem da tradução: Dana Norram
Capítulo Cinco
POV DO JAMES
Confie em mim: você pode saber muito sobre como uma pessoa encara a vida pela maneira que ela voa em uma vassoura. Como essa pessoa lida com a liberdade de estar solta no céu? Ela paira timidamente, pouco acima do chão, como Peter, ou se lança loucamente pelas nuvens em uma corrida precipitada e impetuosa, como Sirius? Ou talvez seja como Remus, mergulhando graciosamente pelo ar, aproveitando o prazer simples de sentir o vento bagunçar seus cabelos e acariciar seu rosto. Ou então como eu, planando livremente, glorificado pelas nuvens, meneando para cima e vendo o chão passar rápido lá embaixo e puxando o ar — frio e doce — para dentro dos meus pulmões.
Na minha opinião, esses vôos servem como uma referência de como você vai viver sua vida. Veja só, a timidez do Peter, a coragem impetuosa de Sirius, a graça digna de Remus e minha exuberância são todas refletidas em cima de uma vassoura. Sim, para mim, voar é uma metáfora para a vida — ou você se esconde dela, ou se lança loucamente nela, a aceita com gentil estoicismo ou a saboreia completamente — a escolha é sua. Quanto a mim, eu escolhi a última opção e, por causa disso, eu também resolvi aproveitar o máximo da minha vida.
Minha vida gira em torno de coisas simples na verdade: amizade, amor, risada, diversão, aprendizagem, trabalho, aceitação e, bem, uma certa quantidade de brincadeiras, é claro!
Agora, a respeito disso tudo, vamos falar sobre o que aconteceu nesses últimos dias. O episódio de astrologia Remus/Lily realmente me abalou. Sabe, a Lily é... bem, ela simplesmente... eu... eu a amo. De verdade, mais do que eu poderia acreditar, para ser sincero, e isso é um pouco assustador — de um jeito estimulante e latejante, assustador de uma forma boa. Mas eu também valorizo meus amigos, meus irmãos, de certo modo, muito mesmo. Nossa amizade é muito importante para eu guardar rancor, e o amor, especialmente como eu sinto por Lily, é precioso demais para eu desistir em um simples tombo. Eu posso ser muitas coisas, mas... alguém que desiste fácil eu tenho certeza que não. E também não sou tão idiota e orgulhoso para não poder perdoar meu amigo bobo e bem-intencionado que, do seu jeito bem suspeito, tenho que admitir, só estava tentando me ajudar.
Então, basicamente, é o seguinte: eu amo Lily com todo meu coração e nunca vou desistir dela. E eu perdôo o Aluado, meu irmão maroto, por… por ser o preocupado Aluado. MAS, lembre-se do que eu disse sobre meu entusiasmo essencial pela vida e pelas coisas que eu amo — tenha em mente, eu amo fazer brincadeiras! Então, por mais bem-intencionado que ele tenha sido, eu ainda iria orgulhosamente fazer a brincadeira das brincadeiras — envolvendo amor, como ele tinha feito comigo — com meu querido e doce Aluado — e com o Sirius também, só para aproveitar!
Agora, eu só precisava organizar as coisas…
Ahh — o primeiro a acordar — SIM! Ainda era bem cedo quando me tirei da minha aconchegante cama. Quase odiei deixar aquele caloroso ninho, mas os pensamentos sobre a minha brincadeira estavam rodando em minha cabeça e dormir mais era praticamente impossível — estava muito empolgado com o que planejava fazer.
Do meu lado, meus companheiros dormiam alegremente — Remus respirando profundamente por trás das cortinas de sua cama; Sirius, as cortinas abertas como sempre, murmurava no seu sono, uma das pernas para fora das cobertas, caída para fora da cama... Como ele consegue dormir desse jeito!; e Peter, as cortinas também abertas, roncando de leve e enterrado embaixo de lençóis e cobertores. E como, pelos deuses, o Rabicho consegue dormir todo coberto desse jeito? Eu iria sufocar!
Andei em silêncio até minha mesa e sorri ao notar a camiseta do Sirius jogada lá, coberta com a poeira cinza pela minha limpeza do dia anterior. "É isso mesmo, Pontas!", me reprovei. "Isso vai ensiná-lo uma lição! Sujar uma camiseta. Que mestre maligno da vingança você é!". Censurei minhas sarcásticas reclamações interiores, me confortando pela noção de que se eu conseguisse fazer essa brincadeira do jeito que queria, iria ter minha vingança — uma vingança boa e satisfatória, mas não maldosa, cruel ou algo assim.
Um sorriso surgiu nos meus lábios. Peguei um pergaminho, uma pena e a revista do Peter. Ri quando notei a página marcada — a infame 'página 42'. Auto-exame nos seios! Pobre e iludido Peter! Corri de volta para minha cama, fechando as cortinas ao redor de novo. Ok… vamos ver… Folheei a revista até chegar na página do ridículo horóscopo e procurei por Áries.
Áries … ahhh sim… que coisas completamente implausíveis eu vou prever para você, Sirius, meu amigo? Hmmm… eu prevejo que você vai engravidar a McGonagall! SIM! É isso! É por isso que você fez aparecer aquele macaco na aula outro dia. Você queria que ela brincasse com o seu macaco, não é, seu safado. Ha! Não… não… talvez não. Ela é muito… severa.. não o seu tipo, né? Ummm…certo, vamos tentar outra coisa então. Eu prevejo que você vai… fazer algo tipicamente Sirius — alguma proeza ousada, perigosa e idiota que não vai dar certo (como se isso fosse uma surpresa) e você irá acabar... hmmm… em Azkaban! Não… não… isso é ridículo e cruel demais, até para um babaca como você, cara! Sim... eu deveria começar com pouco… talvez... hmmm... preciso pensar melhor.
Ok, indo em frente. Que tal Libra? Querido, bondoso e intrometido Aluado, vamos ver o que posso inventar para você!
Eu ri pelo tom artificial das descrições dos horóscopos, tentando imaginar a mim e aos meus amigos enquanto os lia.
Vamos ver… só por curiosidade — não que eu confie nessa bobeira, se você quer saber — mas, só para rir um pouco, vamos ver o que o horóscopo diz para Aquário:
"Avance para a linha de batalha, Aquário. Quer você esteja dando ordens —
Hmm… sim, eu gosto dessa idéia!
— ou apenas falando sozinho —
Isso me soa estranhamente familiar!
— com certeza será brilhante!
Mas é claro!
Levante-se da lama de sempre —
Essa seria a aula de Poções...
— para caminhar em frente —
Eu prefiro voar, muito obrigado!
— com passos largos e decididos".
Decididos, sim… decididamente para pregar uma peça!
Sorri, balançando a cabeça. Na minha opinião, esses horóscopos são tão incrivelmente genéricos que é possível interpretá-los para significarem qualquer coisa. Bem… desse jeito não podia ser! Não, eu precisava fazer os meus um pouco mais específicos!
Agora, vamos dar uma olhada no horóscopo do Remus:
"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã te fará ter uma conversa intelectual com alguém que você normalmente nem perceberia. É algo muito bom você ter a mente aberta, porque essa pessoa pode se mostrar maravilhosa! Você irá querer manter seu planejamento durante o meio do dia — no entanto, se sentirá mais nervoso do que o normal e irá querer ficar com os pés firmes no chão".
Hmmm… certo, isso é… muito patético e entediante, na verdade! Acho que preciso temperá-lo um pouco. Vamos tentar assim:
"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã te fará ter uma conversa intelectual com alguém que você conhece há algum tempo, mas não deu muito crédito no passado".
Sim, isso vai funcionar. Sirius poderia ser essa pessoa… mas, pensando bem… Sirius tendo uma conversa intelectual (!) de manhã (!). Como eu e Peter poderíamos fazer isso acontecer? Como poderíamos fazer Sirius ter sequer uma conversa normal ou mesmo uma conversa monossilábica logo de manhã? Ele fica praticamente em coma até às 10! Hmmm… talvez seja melhor mudar. Vamos tentar com alguém diferente…
Ok, mudando para…:
"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã te fará ter uma conversa intelectual com um bom amigo com quem você pode ter tido algum momento de tensão ultimamente".
Esse seria eu, é claro!
"É algo muito bom você ter a mente aberta —"
Ehhh… não! Não gostei dessa idéia — Remus e eu 'com a mente aberta'! Credo! NÃO. Me parece, pelo que vi no outro dia, que isso é algo para ele e Sirius — ha! Mas… ok, vamos tentar partir daí e seguir adiante. Acho que vou mudar para isso:
"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã te fará ter uma conversa intelectual com um bom amigo com quem você pode ter tido algum momento de tensão ultimamente. É algo muito bom vocês dois estejam dispostos a perdoar e esquecer —"
Sim! Agora, sim!
"— porque essa pessoa pode se mostrar maravilhosa!"
Não, não, isso está bem ruim. Mudando de novo:
"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã te fará ter uma conversa intelectual com um bom amigo com que você pode ter tido algum momento de tensão ultimamente. É algo muito bom vocês dois estejam dispostos a perdoar e esquecer porque, no decorrer do dia, essa amizade pode te ajudar —"
Hmm… como? Como posso ajudá-lo? Ah! Já sei…
"— quando você estiver se sentindo mais nervoso do que o normal durante uma atividade particularmente estressante —"
Poções! Remy ODEIA Poções! Eu posso me oferecer para ajudá-lo — ele sempre se dá mal. Hmmm… ok, mas eu preciso forçar um pouco para que ele saiba que é à aula de Poções a que estou me referindo. Vamos ver…
"Você irá conseguir navegar através —"
Não, melhor "voar através"…
"— das preocupações com problemas borbulhantes —"
Sim! Agora parece que é Poções!
"— com essa ajuda. Lembre-se, Libra, para ter um amigo é preciso ser um amigo".
Ok, pode não ser o horóscopo mais excitante do mundo da magia, mas… bem, vai ter que servir. Agora, vamos ver o Sirius! Começando com pouco… com algo inofensivo… Ah, inferno, vamos esquecer isso! Vamos fazer Black se enfurecer! Ele não acredita nessa besteira mesmo… mas, vamos tentar. O que o horóscopo dele diz:
"Você terá uma rara oportunidade para encontrar alguém que pode ser muito especial, Áries. Quem é essa pessoa incrível que parece ter saído dos seus sonhos para a sua vida? Fique de olho!"
Ehhh… não! Vamos tentar a versão Potter:
"Você terá uma rara oportunidade para descobrir sentimentos intensos escondidos por..."
Quem? Remus? Não, vamos esperar… AH! Já sei! Sim! A idéia do Pete! Snape, é claro. Quando é mesmo o aniversário daquele idiota? Sim, lembrei, ele é de Câncer — aquele caranguejo. Ha! Eu lembro do Aluado comentar isso quando ele leu a ficha do Snape, na detenção que nós fizemos juntos organizando os arquivos da escola no ano passado.
Flashback
"Ei, olha isso!", Remus disse rindo enquanto chacoalhava uma ficha na mão. "O aniversário do Severus Snape é dia 13 de Julho. Ele é de Câncer — o caranguejo. Que apropriado!".
"Sim!", eu concordei, rindo enquanto voltava para os meus arquivos e bocejava. Droga, isso era entediante e chato! Há quanto tempo estamos aqui? Quatro, cinco horas? Não acredito que estou aqui e não no treino de Quadribol. Droga de Sirius por nos arrastar nessa brincadeira idiota com os sonserinos! E olha só para ele — sentado lá, todo contente, colocando anotações incriminatórias no meio dos arquivos da Sonserina...
Sirius gargalhava enquanto fazia suas anotações idiotas nos arquivos que ele deveria estar organizando, como o resto de nós. Ele estava sentado na ponta de uma grande mesa de madeira, preguiçosamente balançando uma das pernas para frente e para trás, o som das risadas ecoando pela sala e irritando a todos nós. "Eu devia ter imaginado que aquele imbecil seria uma doença para vida inteira!", ele disse.
"Minha tia tinha câncer, mas ela teve alta no ano passado", Peter comentou timidamente enquanto colocava em ordem alfabética uma pequena pilha de arquivos.
"Sério? Que bom, Peter", Remus sorriu. "Então está tudo bem com ela?"
Peter concordou.
Fim do Flashback
Ok, então... sim, vamos usar Snape, o canceriano, como o escolhido por quem Sirius de repente vai descobrir seus sentimentos. Ha! Aposto que o Remus vai lembrar que Snape é de câncer. Começando de novo… vamos reescrever isso para a leitura atenta do sr. Black:
"Áries, você terá uma rara oportunidade para descobrir sentimentos intensos escondidos por um certo canceriano".
Hmm... como eu posso mostrar que é o Snape? Que tal…
"Quem é essa pessoa nariguda e sombria, mas maravilhosa, que parece ter saído dos seus sonhos para a sua vida? Fique de olho!"
Ha! Sim! Ahaha, Sirius não vai gostar nem um pouco dessa previsão! Não mesmo! Eu sorri pela imagem do Sirius furioso na minha cabeça e reli as previsões do horóscopo para os dois:
"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã, Libra, te fará ter uma conversa intelectual com um bom amigo com quem você pode ter tido algum momento de tensão ultimamente. É algo muito bom que vocês dois estejam dispostos a perdoar e esquecer porque, no decorrer do dia, essa amizade pode te ajudar quando você estiver se sentindo mais nervoso do que o normal durante uma atividade particularmente estressante. Você irá conseguir voar através das preocupações com problemas borbulhantes com essa ajuda. Lembre-se, Libra, para ter um amigo é preciso ser um amigo".
e:
"Áries, você terá uma rara oportunidade para descobrir sentimentos intensos escondidos por um certo canceriano. Quem é essa pessoa nariguda e sombria, mas maravilhosa, que parece ter saído dos seus sonhos para a sua vida? Fique de olho!"
Sim, cara, você definitivamente vai ter que ficar de olho nele! Ha!
Eu ri de novo e cuidadosamente re-copiei as previsões, junto com os outros falsos horóscopos reescritos da revista do Peter, em um pedaço de pergaminho limpo para a publicação no Quill. Li tudo mais uma vez, mentalmente me prometendo tentar melhorar no próximo horóscopo. Iria recrutar Peter para me ajudar.
Meus pensamentos foram interrompidos pelos murmúrios de Remus, que parecia estar despertando. Coloquei o pergaminho no bolso e pensei em como poderia fazer as pazes com ele antes de segunda-feira, quando, de acordo com o horóscopo "especial" dele, nós dois estaríamos bem novamente.
Ouvi os barulhos dele se espreguiçando. Sorrindo, abri minhas cortinas e sussurrei: "Aluado? Você está acordado?".
Um segundo depois, uma cabeça castanho-aloirada bagunçada apareceu timidamente de trás da cama. "Olá, Pontas. Bom dia…", ele sussurrou em resposta, a voz suave e hesitante. Ahhh, ainda com medo que eu esteja bravo com você, né, Remus?
"Bom dia,", eu respondi. "Estava pensando em descer para tomar café da manhã. Me acompanha?"
Seus olhos se abriram um pouco pela surpresa, mas ele sorriu amavelmente, seu rosto corando de óbvio alívio e satisfação. "Claro! Espere só eu lavar o rosto e trocar de roupa…"
"Ok, mas seja rápido. Estou tão faminto que poderia devorar um elfo doméstico!", eu sorri.
"Credo, Pontas, isso é nojento!", Aluado respondeu rindo, seu nariz se contorcendo de nojo — até que é bonitinho quando ele faz isso — e ele saiu graciosamente da cama. Ele andou até a porta, mas parou diante dela e se virou para me olhar. Seu rosto parecia registrar uma apreensão triste e uma necessidade intensa de segurança.
"Jamie", ele perguntou, a voz baixa e hesitante, "está tudo bem… você e eu? Você ainda está bravo comigo?"
Eu mordi o lábio. Ainda estava um pouco irritado — toda vez que me lembrava da Lily rindo na aula de Transfiguração, meu estômago revirava — mas, eu sabia que no fundo Remus tinha tido boas intenções com as suas ações astrológicas.
"Não, Aluado, eu não estou mais bravo com você", respondi honestamente. "Na verdade, sinto muito por ter agido como um idiota. Você me desculpa pela minha explosão?"
Ele sorriu abertamente. "Está tudo bem, James. Eu mereci. Me desculpe por me meter. Eu só queria mesmo ajudar, mas não deveria ter agido contra sua vontade".
Eu levantei a mão, acenando. "Tudo bem, nós dois fomos idiotas… mas está tudo bem agora. Vamos seguir em frente... para o café da manhã, mas especificamente! Anda logo. Eu estou com fome! Precisamos descer e garantir nossa parte antes que esses dois comilões preguiçosos acordem!"
Remus me deu um olhar antes de sair do quarto que aqueceu meu coração — eu odiava brigar com aquele lobo bobo! Preferia muito mais ser amigo dele!
— x —
POV DA LILY
Bons amigos são como flores — cada um é único em sua beleza, e ninguém consegue ter demais. Eu conheci muitos bons amigos em Hogwarts, mas nenhum deles tão próximos como os quatro garotos que se denominavam Os Marotos.
Por exemplo, embora Peter seja nervoso, tímido e tenso por natureza, ele pode ser muito comunicativo e inteligente quando quer. Ele apóia aqueles com quem se importa e faz o que pode para deixar seus amigos felizes. Remus é muito generoso. Ele se importa mais com os seus amigos do que com ele mesmo às vezes, o que pode ser um pouco preocupante, mas eu sei que ele está apenas tentando mostrar gratidão pelas amizades que foram concedidas a ele. Ele sempre sabe o que dizer para fazer uma pessoa se sentir melhor, e eu estou muito grata a ele por nossa conversa na biblioteca. Acho que me deu o empurrão que eu precisava para levar as coisas para frente.
E Sirius… bem, ele e eu não nos damos muito bem, especialmente depois de uma saída desastrosa no quarto ano — que, conseqüentemente, foi a única vez em que saímos juntos. Mesmo assim, sei que ele é uma boa pessoa, e ele tem um certo charme e carisma que são irresistíveis. É confiante, ousado e impulsivo, mas tem um bom coração. E também tem o James — o amigo mais doce, honesto e leal que uma pessoa pode ter. Você sempre sabe o que esperar do James. Ele às vezes fica meio perdido nos próprios pensamentos, mas, normalmente, é muito atento e sensível às necessidades dos outros. Sem mencionar o fato de que... bem... ele é lindo. Não do jeito macho, musculoso e 'imã de garotas' de Sirius. Nem nas características quietas, reservadas e etéreas de Remus. James é diferente. Ele é verdadeiro e perceptivo e, melhor de tudo, sempre vai atrás do que acredita. Há uma característica de comando em James — não porque ele emana respeito, mas porque, ao conhecê-lo, não tem como não confiar nele.
Eu tinha as coisas planejadas na cabeça. Naquele dia, logo cedo, iria até James e falaria com ele, como se nada tivesse acontecido. Como se a conversa com Remus e as risadas em Transfiguração nunca tivessem ocorrido. É claro, era muito mais fácil de falar do que de fazer.
Eu pensei no que Remus tinha me mostrado sobre a conexão romântica entre Aquário e Sagitário e não conseguia tirar aquela passagem da minha cabeça. As palavras eram lindas para mim. Elas falavam de nós, da nossa compatibilidade e do amor que tínhamos um pelo outro. Só esperava que aquilo se tornasse verdade. Eu queria tanto acreditar. Na manhã seguinte, corri para a biblioteca e vasculhei os livros até descobrir a seção de Astrologia. Enquanto passava página por página, fiquei encantada com a precisão das descrições. Sagitário parecia perfeito para mim como uma luva… bem, exceto pela parte do "superficial". Eu mal usava maquiagem!
Escolhi um livro da pilha — o que mais descrevia as características de Aquário e Sagitário e seu amor um pelo outro — e fiz um empréstimo na biblioteca. Madame Pince me olhou de um jeito engraçado, mas não comentou nada, e eu corri para meu dormitório para ter privacidade. Sentei lá por horas, totalmente entretida nas características traçadas pelas estrelas e nas compatibilidades dos elementos. Podia entender claramente por que Remus era tão fascinado pelo assunto. Embora houvesse algumas discrepâncias que variavam de pessoa para pessoa, havia muita coisa correta.
Carreguei o livro comigo para o Salão Principal na manhã seguinte, mas, antes que eu pudesse sentar para aproveitar suas páginas, mudei meus planos. James Potter e Remus Lupin estavam sentados lado a lado na mesa da Grifinória — eram os únicos lá, aliás — conversando animadamente. Droga! Por que justo hoje James tinha decidido que era uma boa idéia sair da cama enquanto o sol mal tinha se levantado no céu? Eu não costumava gostar muito das manhãs, mas eram raras as ocasiões em que qualquer um dos quatro garotos aparecia na mesa do café da manhã.
Suspirei, tentando controlar o nervosismo. Bem, era minha chance. Com cuidado, me aproximei da mesa, chegando perto dos dois garotos por trás sem fazer barulho. Eles estavam comendo ovos com torradas como se não houvesse amanhã. Os outros dois marotos não estavam por perto. Eu parei para ouvir a conversa, sem querer interrompê-los ainda.
Olhei para o livro em minhas mãos — Astrologia para principiantes — e não pude evitar sorrir. Tinha aprendido muito com aquelas páginas nos últimos dias e sabia como eu e James éramos perfeitos um para o outro. Claro, sempre havia a possibilidade de James não pensar o mesmo sobre mim. Ele não tinha parecido muito animado com a minha súbita aparição em Transfiguração no outro dia. Ainda me lembrava de como seu rosto corou — por vergonha ou raiva, não tenho certeza — e me arrependia da minha atitude.
"… e aí, eu fui obrigado a fazer um ziguezague para o outro lado no último segundo. Você deveria ter visto, Aluado! Aquele balaço passou a um centímetro do meu rosto!"
Quadribol. É claro.
Inspirando fundo, busquei coragem e limpei minha garganta. A conversa deles morreu instantaneamente enquanto os dois pares de olhos se voltaram para mim. James parecia surpreso, os olhos azuis bem abertos e o rosto corando por algum tipo de emoção escondida.
"Bom dia, rapazes", eu disse alegremente, apontando para a cadeira vazia ao lado de James. "Esse lugar está ocupado?"
"Nã… não...", James murmurou. "Por favor..."
Remus escondeu um sorriso com as mãos, voltando o olhar para o seu café da manhã. Eu notei que ele estava se esforçando para não rir, mas sabia que ele era determinado. Tinha ouvido rumores de que ele e James tinham brigado por causa do incidente com astrologia, e imaginei que, agora que eles tinham se acertado, Remus não ia querer James bravo com ele de novo. Dei um olhar rápido para ele e sentei ao lado de James.
Não tinha certeza do que iria dizer, na verdade. Me sentia mal por tê-lo envergonhado na aula, mas estava hesitando para pedir desculpas. O idiota precisava de um choque para fazê-lo ver a realidade. Eu estava mostrando interesse nele havia meses e ele nunca tinha me convidado para sair. Talvez ele não sentisse a mesma coisa por mim. Mas, não, eu sabia que tinha algo ali — todos os olhares escondidos, as bochechas vermelhas, o jeito que ele ficava quieto quando me via — eram sinais que eu já tinha visto antes e sabia o que significavam. Talvez tudo pudesse dar certo. Se desse, eu deveria agradecer — pelo menos um pouco — o Remus.
James e Remus ficaram em silêncio, comendo seus cafés da manhã. Como eu queria saber o que se passava por aquela cabeça bagunçada. Olhei para ele com carinho — o cabelo tão negro... como eu queria correr meus dedos por ele e domar aquela aparência desobediente...
Fiquei chocada comigo mesma, piscando, e senti meu rosto corar. Por sorte, James pareceu não notar. Eu respirei fundo, tentando acalmar meu coração disparado. O que é que ele fazia comigo? Havia algo nele que era diferente de todos os outros garotos — algo especial.
A tensão no ar se intensificou enquanto o silêncio permaneceu. Desse jeito não iria dar.
Finalmente, sentindo meu olhar, ele se virou para mim com aqueles penetrantes olhos azuis. Eu tinha certeza de que me perderia naquele mar se olhasse por muito tempo.
"James?", eu disse.
Suas bochechas avermelharam, de um jeito tão charmoso, e eu sorri. "Sim, Lily?"
Lancei um olhar rápido para Remus, que estava rindo como louco ao lado de James. Ele se recusou a me olhar, fingindo estar interessado no seu prato de café da manhã.
Voltei minha atenção para James. "Eu… hmmmm… você sabe se já decidiram nossos parceiros para Adivinhação?"
Ele me olhou com uma combinação de intensa curiosidade e um pouco de cautela. "Eu… não. Eu acho que não".
"Ah", eu disse calmamente, embora meu coração estivesse disparado. Era agora ou nunca — só um pequeno ato que o fizesse saber o que eu sentia. "Bem…", falei, levantando da mesa, o livro abraçado possessivamente contra o peito. "Eu espero que me coloquem junto com você."
Pense nisso, James Potter!
Suas sobrancelhas levantaram de um jeito adorável quando eu me abaixei e dei um beijo rápido na sua testa. Então, antes que me descontrolasse completamente, eu andei até a saída e gritei "Te vejo na aula" por cima dos meus ombros ao fechar a porta.
Nota da tradutora e da beta: milhões de "obrigada" pelas reviews de vocês, elas fazem nossa alegria!
PS: quem também adorou os momentos filosóficos do James levanta a mão! (Calíope e Dana acenando freneticamente... o/ )
