Escrito nas Estrelas
por Dawnatello e Luna

Tradução para o português: Calíope Amphora
Betagem da tradução: Dana Norram

Capítulo Seis


POV DO REMUS

A manhã de segunda-feira começou como qualquer outra. Levantei cedo, tomando cuidado para não acordar meus parceiros de dormitório, e fui tomar um banho quente. Estava agradecido pelo banheiro estar vazio e eu poder ficar sozinho com meus pensamentos. Coloquei minhas roupas limpas em uma cadeira, me despi e entrei no chuveiro.

Enquanto deixava a água quente cair sobre mim, pensei nos absurdos dos últimos dias. Como as coisas tinham sido loucas! Ainda não tinha certeza por que James tinha me desculpado tão prontamente, mas estava agradecido por ele tê-lo feito. No fundo, eu sabia que ele não iria conseguir ficar bravo comigo por muito tempo. Nós éramos amigos há quase seis anos, e, durante esse tempo, passamos por muitas coisas juntos. Isso tinha que contar para alguma coisa.

Mesmo assim, o pensamento me incomodou por uma razão desconhecida. James sempre tinha sido generoso e bondoso, mas... vê-lo voltar atrás tão facilmente parecia fora do normal. Talvez aquela conversa — ou melhor, gritaria — que Sirius teve com ele realmente o atingiu.

De qualquer forma, não iria insistir no assunto por mais tempo. Tinha outras coisas com que me preocupar. Por exemplo, como eu iria sobreviver à aula de Poções mais tarde. O professor Scythe estava pegando pesado nas lições ultimamente, e, embora ele tivesse aversão a todos os alunos da Grifinória, parecia que todo seu ódio estava voltado para mim ultimamente. Eu era um ótimo aluno na maioria das matérias e, mesmo em Poções, conseguia notas decentes. Mesmo assim, eu com certeza seria bem melhor sem a perseguição constante do professor.

Depois de tirar o xampu e condicionador, desliguei o chuveiro e sequei meu cabelo. Ele já estava bem longo — alcançando meus olhos na frente e na altura dos ombros atrás. Eu atribuía o crescimento rápido ao meu metabolismo de lobisomem. Parecia que qualquer alteração no meu corpo — não importava o quão insignificante — se curava em um período de tempo sobrenatural. Ah, não que eu não tivesse minha quantia de cicatrizes. Bem o contrário. Mas eu tinha aprendido a lidar com isso há muito tempo.

Eu me sequei rápido, me comprazendo pela grossura das toalhas da escola. Elas eram macias e suaves e muito melhor do que qualquer coisa que eu tinha em casa. Ou talvez fosse porque meus pais ficavam atentos para não me deixarem usar nenhuma toalha boa, com medo que eu a rasgasse em pedaços.

Dispensei os pensamentos depressivos e me vesti, parando na frente do espelho para colocar meu cabelo em ordem.

"Encantador!", o espelho proclamou, e eu sorri para ele.

Peguei meu pijama e me apressei para o dormitório para me aprontar para o café da manhã.

— x —

O Salão Principal estava repleto do som de vozes ansiosas na hora em que eu e meus amigos finalmente chegamos para o café da manhã. Sirius tinha levantado por último e tinha nos pedido para esperar por ele. Como eu podia recusar depois dele ter tão nobremente ido contra James por minha causa? Eu já tinha lhe dito muitas vezes que podia lutar minhas próprias batalhas, mas ele insistia em "tomar conta" de mim. Não tenho certeza por que. A idéia de pena — de qualquer um deles — me enchia de raiva.

Sentamos à mesa da Grifinória, e eu pude ver James nervosamente examinando o salão. Eu pensei em como Lily tinha dado aquele beijo rápido e inocente na testa dele e como o rosto dele tinha se transformado — primeiro em medo e depois em intensa alegria em questão de segundos. Não pude evitar sorrir ao ver o que ele estava fazendo, porque eu sabia quem ele procurava. Ainda bem que eu estava sentado ao lado de Sirius, ou James teria ficado aborrecido comigo com certeza.

Logo Lily entrou no Salão Principal e vi James acenar para ela. Ficando corajoso, Pontas!, eu sorri orgulhoso. Ela lançou um sorriso charmoso e correu para nossa mesa, sentando ao lado dele. Sirius me lançou um olhar curioso, e eu sussurrei a palavra "depois".

Na metade do café da manhã, o correio das corujas finalmente chegou. Observei enquanto uma coruja marrom fez um rasante ao redor da cabeça de Sirius antes de graciosamente derrubar um pacote dentro da farinha de aveia dele. Um pouco da farinha de aveia se espalhou, caindo no cabelo de Sirius e cobrindo seu nariz. James e Peter começaram a rir e eu casualmente me estiquei para recuperar o que ainda podia ser salvo da minha cópia do Quill.

"Eu fico com isso", disse, como se nada fora do comum tivesse acontecido.

James e Peter continuaram rindo enquanto Sirius passou a mão na cabeça, sentindo a farinha de aveia grudada nela e olhando suas mãos meladas com horror.

"Céus... não meu cabelo. Não de novo!"

Eu mordi o lábio, tentando não rir enquanto ele levantava frustrado da mesa e corria para o quarto. Pobre Sirius. Não deveríamos rir tanto às custas dele, mas aquela ironia era bem engraçada.

Sentindo um pouco de culpa — afinal, era meu jornal — me levantei para segui-lo. Ouvi James me chamar, mas ignorei. Talvez ainda desse tempo de arrumar o cabelo de Sirius antes da aula começar se me apressasse.

Encontrei Sirius no dormitório, resmungando furiosamente enquanto tentava tirar os pedaços de pasta bege que já começava a secar no seu cabelo outros tempos negro e brilhante.

"Sirius...?" disse por precaução, entrando no dormitório.

Ele não olhou para mim, só continuou a se olhar no espelho. "Grahhh! Olha isso, Aluado! Eu estou um lixo!"

"Tudo bem, Sirius", eu disse gentilmente. "É só um pouco de farinha de aveia..."

Ele me olhou incrédulo. "Só um pouco de farinha de aveia? Eu estou coberto desse negócio!"

Eu suspirei, apontando para a minha cama. "Sente-se".

Ele me olhou perplexo, mas agiu como eu tinha pedido. Peguei minha varinha do bolso e apontei para a cabeça dele, como tinha feito há algumas noites.

"Outro feitiço que você aprendeu em algum livro?", ele disse, meio nervoso e meio brincando.

"Você pode dizer que sim", sorri e movi minha varinha. "Capillus Munditia..."

Em segundos, a comida dissolveu, e o cabelo dele estava limpo, com aquela aparência de seda negra. Parecia tão macio e suave que, por um momento estranho, eu tive vontade de correr meus dedos por ele. Choquei-me com o pensamento e limpei a garganta, colocando a varinha no bolso de novo.

Sirius levantou da cama e correu para o espelho, um sorriso de alívio em seu rosto quando ele viu o próprio reflexo. "Ah, obrigado, Aluado. Ficou perfeito! Eu poderia te beijar!"

Naquela hora, a porta abriu e um sorridente James entrou, seguido por Peter e, surpreendentemente, Lily. "Como assim, beijar o Remus?"

"Ah, cala a boca, seu idiota! Era só uma metáfora."

"Mmm hmm...claro, eu sei, Sirius". Mas havia algo de estranho no brilho dos olhos de James.

Tentando evitar outra briga, eu peguei minha cópia do jornal da escola e a levantei na frente do rosto, procurando por artigos interessantes. Um texto sobre a carne assada da escola? Eles acham que isso é apropriado para a manchete? Mas, quando olhei as páginas internas, encontrei algo mais interessante.

"Minha nossa…", disse baixinho.

Todos os olhares se viraram para mim.

"O quê? O que foi?", James perguntou.

"Eles começaram a publicar horóscopos aqui!"

"É mesmo?" Peter perguntou, seu rosto avermelhando.

Sirius rodou os olhos. "Ah, céus… lá vamos nós de novo".

Ignorando o comentário, eu procurei pela página até encontrar Libra.

"Um momento de inspiração na segunda-feira de manhã, Libra, te fará ter uma conversa intelectual com um bom amigo com quem você pode ter tido algum momento de tensão ultimamente. É algo muito bom que vocês dois estejam dispostos a perdoar e esquecer porque, no decorrer do dia, essa amizade pode te ajudar quando você estiver se sentindo mais nervoso do que o normal durante uma atividade particularmente estressante. Você irá conseguir voar através das preocupações com problemas borbulhantes com essa ajuda. Lembre-se, Libra, para ter um amigo é preciso ser um amigo".

"Uau…", disse eu, sem fôlego. A maior parte do horóscopo parecia já ter se tornado realidade. Um momento de tensão com um amigo... só podia ser James. Hmmm... nós não tivemos nenhuma conversa intelectual, mas a manhã só tinha começado. E o resto da previsão parecia se referir aos meus problemas com Poções. Que estranho. Era quase como se ele tivesse sido feito para mim. Já tinha lido muitos horóscopos adequados, mas nada tão específico.

"O que foi?", James perguntou, mordendo os lábios para evitar um sorriso. Tenho certeza que ele estava resistindo ao impulso de tirar com a minha cara.

Sem querer prolongar o assunto de astrologia, eu não comentei nada a respeito. Simplesmente sorri e disse: "esse parece certo!".

"Deixa eu ver isso…" Sirius puxou o jornal das minhas mãos.

Irritado, eu vi seu rosto se contorcer de desgosto e ele se virou para mim, cruzando os braços no peito. "De jeito nenhum... não mesmo!"

"O que diz?" Lily perguntou, empolgada.

Eu olhei a página até encontrar Áries e li em voz alta.

"Áries, você terá uma rara oportunidade para descobrir sentimentos intensos escondidos por um certo canceriano. Quem é essa pessoa nariguda e sombria, mas maravilhosa, que parece ter saído dos seus sonhos para a sua vida? Fique de olho!"

Sirius resmungou, seu rosto se tornando vermelho de vergonha enquanto James ria tanto que mal podia respirar. Lily também riu, cobrindo a boca com a mão, e Peter gargalhou abertamente, seu rosto corando. Ele lançou um olhar divertido para James, mas não disse nada.

"Para mim parece o Snape!", James urrou. "Ele é de câncer, não é, Aluado?"

Eu concordei, lembrando dos arquivos da escola que nós organizamos em uma detenção.

"Sério, Almofadinhas, eu não sabia que você gostava tanto daquele sonserino!"

"Ah-ha-ha! Pode rir, Pontas. Isso só serve para mostrar como astrologia é besteira!".

"Sentimentos intensos, Sirius?", eu não consegui ficar de fora. "Nossa…"

"Ei, os únicos sentimentos intensos que eu tenho por aquele narigudo é um profundo nojo!"

E, com isso, ele saiu do dormitório.

— x —

POV DO SIRIUS

Que inferno! Eu estava tão bravo, tão bravo… e, bem, um tanto perturbado com a previsão estúpida no Quill, que mal conseguia respirar. Estava vivendo no inferno ultimamente, com catástrofes capilares, ataques de macacos, Pontas irritado, Aluado deprimido, previsões idiotas e Snape! Muita coisa! 'Ei, qualquer grande divindade que estiver ouvindo — me dá um tempo, ok?' Minha mente parecia estar girando em tantas direções que eu tive que literalmente parar e sentar só para colocar os pensamentos em ordem.

"Snape", eu murmurei, meu estômago revirando pela idéia... a idéia horrível e repugnante que aquele horóscopo imbecil deduziu sobre eu ter 'sentimentos intensos' por — urgh, urgh — aquele babaca nauseante, narigudo e seboso!

Céus, eu o desprezava! Minha mente se voltou para aquela vez no ano passado em que, durante uma partida de Quadribol contra a Corvinal, eu tinha… bem, talvez um pouco, vamos dizer, entusiasmadamente demais, voado contra Preston Ridge, um batedor da Corvinal, e ele reagiu e, de algum jeito, vergonhosamente conseguiu me derrubar da minha vassoura, me fazendo cair no chão bem em frente da torcida Sonserina.

Fisicamente eu estava quase perfeito, apenas alguns machucados e hematomas, nada que precisasse da madame Pomfrey, mas… para o meu ego, aquilo era humilhante. E, claro, o pior ainda estava por vir…

Enquanto eu tentava levantar e voltar para a minha vassoura, eu ouvi os ecos das risadas dos sonserinos ao meu redor — pareciam um monte de hienas sedentas por sangue. Olhei para eles, meus olhos quase lançando fogo, e trinquei os dentes. Uma voz desagradável cortou as risadas para dizer com desdém, "Black, eu acredito que o propósito do batedor é bater no balaço e golpeá-lo no ar — e não no batedor do outro time. Talvez você e Ridge devessem reavaliar as regras básicas do jogo, já que nenhum de vocês dois parece saber o que está fazendo".

Eu juro que podia sentir vapor sair das minhas orelhas de tanta raiva. Se eu fosse um lobisomem, como Remy, estaria eriçando os pêlos agora. Pensando bem, cachorros eriçam o pêlo, então era isso que eu estava fazendo.

"Cala a sua boca, seu grande seboso projeto de…"

"Ah, é claro, Black! Me insulte. Sim, porque é desse jeitoque você vai compensar pelo seu erro. Erro que parece estar custando para o seu pobre e incompetente time as chances — já pequenas — de ganhar", ele gritou de volta.

Com um rugido de raiva, eu me joguei para cima dele, atropelando a massa de histéricos sonserinos. Sorri pela expressão de terror que tomou conta do rosto dele enquanto Snape se arrastava para trás, gritando como um gato enlouquecido quando eu consegui alcançá-lo, o agarrando pelo colarinho da roupa. Ele tremeu e me empurrou, mas eu o mantive firme, o encarando e ameaçando pelos meus dentes cerrados, "Se você tivesse algum juízo nessa mancha de óleo que você chama de cabeça, você correria enquanto pode, Snape…"

Estava quase terminando minha frase quando duas vozes gritaram.

"Sirius! O quê você está fazendo?", esse, obviamente, era o Aluado…

e...

"Sr. Black! Por favor, esse é um comportamento completamente inadequado! Largue o sr. Snape". Eu reconheci a voz fina de Flitwick.

Rosnando e ainda o olhando com cara feia, soltei Snape, limpando as mãos nas roupas enquanto o encarava. Ele me encarou também, ajeitando sua capa furiosamente.

"Sirius, por favor, desça daí", de novo, Aluado.

Olhei para Snape e sussurrei: "É melhor você ter cuidado…"

Ele riu e murmurou algo sobre não ter sido ele que caiu da vassoura. Senti a raiva ferver dentro de mim e avancei contra ele, mas, de repente… estava paralisado.

Alguns segundos depois, o pequeno Flitwick pairou ao nosso lado, levitando e apontando o dedo para mim e para Snape. "Tsk, Tsk… vocês dois! Deveriam se envergonhar! Sinto muito por isso, mas… menos 20 pontos de cada uma das suas casas".

Eu queria protestar, mas, com o efeito do 'petrificus totalus', não conseguia dizer uma palavra. Meus olhos expressaram meu desapontamento e raiva.

Snape apenas deu de ombros e sentou de novo, ignorando o olhar dos outros sonserinos. Flitwick levantou sua varinha e me fez segui-lo, me levitando enquanto ele voava de volta para o campo. Quando nós atingimos o chão, Aluado correu para o meu lado, um olhar de reprovação em seu rosto.

Flitwick desfez o feitiço com um movimento de varinha e balançou sua cabeça para mim. "Eu achava que você tinha mais juízo, sr. Black. Você é um garoto inteligente, vai bem nos estudos, com certeza deveria ter mais cabeça do que se render a essas provocações. Ah, sim, eu sabia que ele estava provocando você, mas…", ele parou e acenou com as mãos, dizendo tão alto quanto sua voz permitia, "bem, eu não posso ter pena de você, porque você… SIM! Ah, ótimo jogo, crianças, ótimo jogo!"

"Ah, não…", Remus reclamou e eu me virei para o campo, meu coração disparando quando percebi que o apanhador da Corvinal tinha conseguido pegar o pomo de ouro. Pontas iria me crucificar…

"Por minha culpa… nós perdemos…", eu finalmente disse, abaixando a cabeça. Um toque leve na minha mão me fez olhar para cima, para os olhos de Remus me encarando com preocupação, toda a reprovação se esvaído.

"Está tudo bem, Siri… eu vi tudo. Ele estava te provocando, não se preocupe", ele murmurou.

"Não", eu disse, travando os dentes em auto-reprovação. "Foi minha culpa. Se eu não tivesse voado para cima do Ridge como um lunático…"

Nunca terminei minha frase, porque um irritado e corado James Potter veio correndo até nós, sua fúria emanando como uma áurea vermelha ao redor dele…

Eu suspirei e balancei a cabeça diante da lembrança, me apoiando contra a estátua de um cavalo.

Eu sempre odiaria Snape e ele sempre me odiaria.

Levantei os olhos e vi Remus se aproximar de mim, sorrindo hesitantemente. "O que você está fazendo aqui?", murmurei, me assustando com o jeito que minhas palavras soaram curtas e cruéis.

Uma onda de mágoa passou pelos seus olhos, mas foi logo substituída por seu olhar composto com sempre. Ele deu de ombros. "Você veio atrás de mim quando eu estava chateado outro dia. Pensei que podia retribuir o favor".

Eu forcei um sorriso e, com o sorriso dele, vi o meu falso sorriso se tornar verdadeiro. "Ah, Aluado. Me desculpe. Eu estou agindo como um idiota, eu sei".

Ele balançou a cabeça, "Não que eu tenha notado", disse, piscando e com um sorriso que me fez saber que ele estava brincando, "mas eu posso entender. Quer dizer… eu sei dos seus sentimentos por Severus e ler aquilo no horóscopo…"

"Ah, céus, como eu sou idiota, Aluado! É um horóscopo! Quer dizer, eu estou uivando para a lua, se você me perdoa a expressão, de tanta raiva e é só uma droga de um horóscopo. Sem querer te ofender, eu sei que você acredita nisso".

Remus concordou e uma expressão pensativa cruzou seus olhos de mel antes dele sorrir de novo e dizer, "Bem, acho que você deve… pelo menos um pouco, acreditar nisso. Ou não teria te afetado do jeito que te afetou".

Queria protestar, mas vi a lógica nas palavras dele e comecei a rir. "Entendo o que você quer dizer, Rem, mas ha! Não. Eu saí de lá porque não agüentava mais vocês rindo de mim daquele jeito!".

"Eu achava que você gostava de nos fazer rir", Remus respondeu enquanto eu levantei, ficando de pé ao lado dele.

Eu ri e balancei a cabeça. "Não. Eu gosto de fazer vocês rirem de outras coisas. Não de mim".

Remus levantou uma sobrancelha e eu concordei. "Bem, talvez às vezes, mas não hoje".

Ele sorriu e assentiu, tocando minha mão por um momento breve, seus olhos sorrindo quando ele disse, "Bem, venha, vamos voltar para o dormitório. Precisamos pegar nossos livros para a aula".

Suspirei e concordei, andando atrás dele.

Quando chegamos no dormitório, quase voltei pelo mesmo caminho quando vi James ainda rindo loucamente e segurando o jornal. Como se o Quill fosse uma fonte confiável de jornalismo — claro! Eles não conseguem nem publicar os placares dos jogos de Quadribol corretamente.

"Ei, cara!", James cumprimentou enquanto olhava para a seção de horóscopo. "Por que você não nos disse que estava apaixonado por aquele seboso, hmm?"

"James! Pare com isso!", Lily gritou ao mesmo tempo em que Remus disse: "Pontas, já chega!".

Peter cobriu a boca com a mão, tentando esconder seu próprio divertimento e se virou quando eu arranquei o jornal da mão de James. "Isso não é mais engraçado, seu idiota. Eu não tenho e nunca terei nenhum tipo de sentimento intenso por aquele narigudo feio, seboso, nojento…"

"Ok! Entendi, Almofadinhas!", James riu, os olhos já lacrimejando.

"Mesmo assim, desculpa, mas eu tenho que dizer que…"

"NÃO, você NÃO tem!", eu gritei.

"Siiiiiiim, eu tenho!", ele disse.

"Eu conjeturo o que há por trás dos seus veementes protestos, meu caro Almofadinhas. Talvez essa execração tão intensa mascare sentimentos mais profundos, como o horóscopo aludiu…"

"Eu não acho, Pontas! A não ser que esses sentimentos profundos sejam de absoluto desprezo! E… 'conjeturo'? 'Conjeturo'? Eu não 'conjeturo' nada! Nem sei o que isso quer dizer!"

James sorriu e balançou a cabeça. "Quer dizer 'pressentir', seu bobo. Credo, Siri, se você fosse só um pouco mais burro a gente iria ter que te regar! Essa frase que eu usei imita o estilo elizabetano — você sabe, Shakespeare e essas coisas".

Eu fiz uma careta. "Ah, imaginei! Sim, você estava imitando algum escritor trouxa medieval…"

Nesse instante, Remus interrompeu nossa briga, dizendo: "Na verdade, Shakespeare foi um autor de peças de teatro do século 16, bastante conhecido mesmo na sua época, o que era bem raro…"

"O que você disser, Aluado", respondi, andando até minha cama para pegar minha mochila. Pela primeira vez, as aulas seriam um alívio. Pelo menos iriam me tirar dessa insanidade.



Muito obrigada meeeesmo pelos comentários de vocês! Continuem assim e quem sabe nós até publicamos o próximo capítulo ainda essa semana...

Nota da tradutora: eu traduzi esse diálogo final entre o James e o Sirius do jeito mais fiel que pude ao original, mas tive que adaptar um pouco para a frase fazer sentido em português. Espero que o pobre Shakespeare não se revire no túmulo por minha culpa… Ah, claro, eu também poderia beijar o Remus naquela hora, Sirius, isso não é nada que você precise se envergonhar! E pobre do cabelo do Sirius, sofrendo atentados quase diariamente!

Nota da beta: eu concordo plenamente com o Sirius a respeito dele com o Snape! XD