Escrito nas Estrelas
por Dawnatello e Luna

tradução para o português: Calíope Amphora
betagem da tradução: Dana Norram

Capítulo Nove

POV DO REMUS

Oh, Merlin... o que acabou de acontecer? Em um minuto eu estava confortando o Sirius por todo o fiasco com Snape, logo depois nós estávamos correndo pelos corredores como duas crianças de cinco anos. Tudo o que eu queria era recuperar meu jornal — aliás, por que ele o escondera? E, quando percebi, estava deitado na cama em cima dele, encarando aqueles olhos cinzas encantadores e perfeitos. Havia algo tão magnético naquele olhar — algo que falava de emoções intensas e sinceridade, e não pude evitar mergulhar neles. Inclinei-me para mais perto, hipnotizado por ele, querendo mais nada além do que unir meus lábios contra aqueles lábios macios e carnudos, sentir o gosto daquela boca rosada. Podia sentir a respiração quente contra meu rosto, o tórax subindo e descendo deliciosamente contra o meu, e aí…

Passos no corredor. Droga! Violentamente, minha cabeça voltou à realidade. O que eu achava que estava fazendo? Pulei para longe dele tão rápido quanto pude, me sentindo incrivelmente envergonhado. Eu realmente estava prestes a beijá-lo? O que tinha dado em mim? Sirius era um dos meus melhores amigos e, até agora, nunca o tinha visto como nada além disso. Mas, de repente, descobri que tudo tinha mudado. O que Sirius teria feito se ficássemos mais alguns preciosos segundos lá? Ele teria me empurrado assim que meus lábios tocassem os dele? Mas, não, na minha mente, ainda podia ver a expressão no rosto dele enquanto estávamos deitados juntos, nos olhando nos olhos, e tenho certeza de que era desejo o que vi naqueles lagos cinzas.

Tentando agir indiferente, limpei a garganta e alisei minhas roupas, me arrumando enquanto a porta abria, dando acesso para Peter, James e Lily. Senti meu rosto aquecer quando Lily lançou um olhar curioso, primeiro para mim e depois para Sirius. Foi quase como se ela pudesse sentir a tensão do quarto sem ter visto nada. Do canto dos meus olhos, olhei para Sirius, ainda deitado de costas, apoiado nos cotovelos para encarar os recém-chegados, uma expressão de desapontamento em seu rosto bem esculpido. Céus, ele era lindo. Ele jogou a cabeça para trás, revelando a pele macia do pescoço, os fios de cabelo pretos espalhados pela testa, parcialmente escondendo o brilho de alguma emoção nos seus olhos. Era… luxúria?

James estava rindo de orelha a orelha, como se possuísse algum tipo de conhecimento secreto que não queria dividir conosco, e Peter parecia ansioso, quase como se estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa importante.

"Entãããão…" James disse ironicamente. "O que vocês dois fizeram essa tarde?"

Minhas sobrancelhas levantaram — como ele poderia saber? Mas aí eu me lembrei de que ele simplesmente não podia. Limpei a garganta e, na voz mais calma que consegui emitir, disse simplesmente, "Nada de mais. Só ia ler meu jornal". Casualmente, peguei o Quill do travesseiro de Sirius e fui para a minha cama, enterrando o rosto nas páginas do jornal e, assim, conseguindo esconder minhas bochechas rosadas.

Lançando um olhar rápido por cima das páginas momentos depois, encarei um desapontado Peter. Com o que ele poderia estar se preocupando dessa vez? James, por outro lado, estava com um olhar muito maldoso e agora estava perturbando Sirius, quase como se tentasse extrair alguma informação importante dele. De novo, tive que me convencer de que não tinha como James saber dos meus sentimentos por Sirius… ou talvez até dos… sentimentos de Sirius por mim?

A expressão contemplativa no rosto de Lily me acalmou um pouco, mas senti meu peito contrair quando nossos olhares se encontraram. Ela sabe de alguma coisa. Não, não tem como. Eu mesmo acabei de perceber. Espera… o que eu estou dizendo? O que eu sinto pelo Sirius? Eu o am— não, não mesmo! Quer dizer… eu o quero, sim, mas… arrggghh!

"Então, Sirius…", parecia que James não iria desistir. "Teve um dia interessante?"

Por que ele estava interessado no que tinha acontecido depois das aulas? Havia algo suspeito no jeito que ele estava agindo, mas não conseguia definir o quê. Conhecendo James, ele provavelmente tinha algum tipo de carta na manga. Só podia tentar imaginar o que seria, esperando não ser forçado a participar dessa brincadeira, o que quer que fosse.

"Ah, sim, James..." Sirius disse com uma empolgação forçada. "Foi fabuloso! Você quer que eu desenhe um diagrama para você? Que tal uma linha do tempo, destacando os pontos mais interessantes do meu dia? Parte um: acordei e tirei a meleca do canto dos meus olhos…"

Tive que rir do sarcasmo de Sirius. Mas estava hesitante sobre participar da conversa, então, simplesmente abri o jornal na página do horóscopo. Vamos ver quais são as previsões de hoje… hmmm… talvez eu encontre algo comprometedor em Aquário para me vingar das risadas dos James às custas do Sirius… Mas, assim que pus os olhos em Libra, era como se o resto do mundo tivesse parado. Não ouvia mais as vozes dos meus amigos. Não via nada além daquelas palavras, como se elas tivessem pulado da página para cima de mim. Isso era loucura. Mas, mesmo assim, não podia negar que fazia muito sentido.

"Um incidente recente e infeliz deixou um amigo magoado e confuso. Coloque sua diplomacia e seu encanto librianos em ação hoje e você pode fazer sua amizade alcançar novos níveis".

Por que esse simples horóscopo me encheu de medo? Talvez fossem as inegáveis similaridades entre as palavras e o que já tinha passado do dia. Sirius tinha sofrido um incidente infeliz — chamado Snape — no dia interior, e Peter tinha dito que ele estava magoado por isso. Tentei confortá-lo, o que parecia ter funcionado bem — talvez bem demais — e nós tínhamos acabado… bem… em uma posição um tanto quanto comprometedora. 'Alcançar novos níveis' — algo bem por aí.

Mas, quando eu li o horóscopo do Sirius, senti meu coração contorcer dentro do meu peito.

"Esteja atento hoje, Áries. Uma conversa sincera irá ocorrer em um lugar de aprendizado com um bom amigo. Essa conversa pode levar a um romance, já que esse amigo tem uma paixão secreta por você. Será que você consegue fazê-lo revelar seus sentimentos verdadeiros? Talvez, se você perceber os sinais". Ai, céus...

Joguei o jornal em cima da cama, minha cabeça girando pelas emoções confusas. Isso não podia estar acontecendo. Será que o Sirius tinha lido esse horóscopo? Era por isso que ele estava se escondendo o dia inteiro? Talvez ele soubesse dos meus sentimentos antes mesmo do que eu. Era esse o motivo dele não ter me empurrado naquela hora? Eu me odiaria se deixasse Sirius acreditar que ele tinha sentimentos mais profundos por mim só porque estava escrito em um jornal. Não, isso não era bom. Isso não era nada bom!

Todos os olhares se voltaram para mim quando eu levantei da cama e andei até a porta.

"Remus... está tudo bem?" Lily parecia preocupada, mas eu não consegui encontrar minha voz para responder.

Sirius me olhou com apreensão. Ele estava tão encantador daquele jeito, com aqueles olhos calorosos fixos em mim por detrás dos cabelos negros macios que lhe caíam pelo rosto.

Não! Eu me censurei, balançando a cabeça. Oh Merlin... banho gelado... preciso tomar um banho gelado...

"Se vocês me dão licença…" foi tudo que eu consegui dizer antes de correr para o corredor e descer as escadas. Ninguém ousou me seguir, graças aos céus.

Joguei-me em uma cadeira no salão comunal da Grifinória, cobrindo o rosto com as mãos. O que eu estava fazendo? Por que de repente eu tinha tantos sentimentos pelo convencido, impulsivo e esquentado Sirius Black? E o que eu realmente sentia de verdade?

Ele era bom pra mim, sim, e compreensivo. Já tinha provado inúmeras vezes que faria qualquer coisa por mim. Mas não era assim que amigos deveriam ser? E aquele jeito dele? Ele era grosso, arrogante, hiperativo… e irresistivelmente charmoso. Um sorriso dele era suficiente para derreter o coração mais gelado. E aqueles olhos… de novo, aqueles olhos… como nuvens gêmeas de tempestades, tão dinâmicos e cheios de vida como ele próprio…

Droga… inspirei profundamente, tentando, sem sucesso, afastar aquelas imagens. O que estava acontecendo comigo? Onde estava aquela indiferença calma da qual eu sempre me orgulhei?

Você a deixou lá no quarto, junto com seu coração, eu disse a mim mesmo. Meu coração… meu Sirius.

De repente, as palavras que ele tinha dito na biblioteca me voltaram à mente. "Remus, eu me importo muito com você e sei que você nunca iria querer me magoar. Não se preocupe com isso. E, como você, eu nem quero pensar em algum dia em que eu não possa ver seus olhos brilhantes e felizes, rir do seu senso de humor irônico, ver seu sorriso luminoso ou ouvir sua risada suave. Eu gosto muito de passar meu tempo com você, Aluado. Você é meu… parceiro!"

Meu coração contraíu pela lembrança. Será que ele sabia o que aquilo tinha significado para mim — o que aquelas palavras implicavam? Meu parceiro… eu pensei. Um sorriso melancólico formou-se nos meus lábios.

Talvez o Quill estivesse certo. Eu tinha uma paixão secreta pelo Sirius, no final das contas…

— x —

POV DO SIRIUS

Bem, isso que é ter uma sorte impressionante! Sirius Black — mestre da sorte e rei das oportunidades afortunadas! Eu li em algum lugar que em algumas culturas trouxas antigas, as pessoas que eles julgavam trazer 'má sorte' para o povoado eram queimadas vivas no meio das florestas. Que bom que eu não sou um trouxa e não vivi nessa época, ou eu seria… 'preservado' na floresta por toda a eternidade, como exemplo de uma figura franzina, patética e massiva. Até que algum arqueólogo esquisito iria me encontrar algum dia e discutiria a respeito com sua classe de alunos, dizendo, "Vejam… esse daqui, nós o batizamos de 'O Azarado Jr.', achamos que ele foi queimado no ano tal, bla, bla, bla…" Sim, esse seria eu, com minha miraculosa e incrível boa sorte… droga, com a minha má sorte e a cruel capacidade do James de aparecer na hora errada, como eu posso conseguir me dar bem!

Lá estava eu, vivendo o momento sexual mais insanamente erótico (e mesmo assim estranhamente inocente) e intrigante da minha vida quando… a droga do James e Peter e Lily (!) apareceram, interromperam! Não consigo acreditar nisso! Bah! E… por um segundo… um segundo glorioso… eu acho que vi a profundidade do meu próprio desejo refletida nos lindos orbes âmbares do Aluado.

Céus… o quê havia de errado comigo? No que eu estou pensando? Estou realmente desejando o Remus? Eu sou gay? Eu odeio esse termo — gay! Que tipo de idiota coloca rótulos para isso? E o que essa palavra quer dizer? Talvez seja a versão anglicana de outro termo. Talvez exista uma palavra francesa — 'gayouf¹', que signifique… ah, pro inferno! Por que estou questionando essa palavra? Droga, o que você fez comigo, Aluado, meu parceiro? PARCEIRO! Aaahh, lá vamos nós, essa palavra de novo! Não posso acreditar que o chamei de meu parceiro.

Bem, mas não é isso que você quer, Sirius? Não é esse o motivo dessa sua frustração — que sua tentativa de 'parceria' foi interrompida pelo Pontas e amigos?

NÃO! Não posso pensar assim! Céus… sim, Almofadinhas, olha só para você… você quer o Remus, não quer? Você quer correr com o lobo em todos os sentidos da expressão…

Correr com o lobo… gosto disso! Nunca admiti isso, nem mesmo para Remus (especialmente para Remus, já que para ele esses momentos são considerados uma maldição terrível), mas… para mim, não há nada melhor do que essas ocasiões em que eu liberto Almofadinhas para correr ao lado do Aluado debaixo da lua prateada e das estrelas — essas vezes em que eu ouço aquela misteriosa criatura tão nobremente (pelo menos para mim) transformada, ofegando ao meu lado, a respiração entrecortando o ar, seu calor enquanto corremos pela noite, as árvores ficando rapidamente para trás, o frio nos nossos pêlos, a grama amassada pelas patas pesadas, o cheiro da terra, do mistério e… do Aluado… sim, admito, na verdade eu fico ansioso na espera pela transformação do Aluado todos os meses — sinto falta disso. Almofadinhas sente falta disso.

Olhei rápido para Remus, observando enquanto ele arrumava suas roupas de modo indiferente, agindo como se nada fora do normal tivesse acontecido. Queria falar com ele, saber se aquele momento tinha significado alguma coisa para ele. Ele tinha sentido um formigamento nos dedos, uma queimação na barriga e um incêndio nos quadris, como eu tinha sentido? Ele tinha ficado confuso e excitado e considerando muitas novas possibilidades? Ou… ele tinha ficado com nojo?

Ele me lançou um olhar do canto dos olhos, e eu vi suas bochechas corarem de um jeito encantador quando os intrometidos entraram no dormitório. Me apoiei nos cotovelos e fingi uma expressão de tédio — era mestre nessa expressão — enquanto os outros olhavam para nós com curiosidade, como se tivessem descoberto algum segredo sombrio sobre Remus e eu. Ha! Se eles soubessem! James iria morrer! Será que eu deveria contar a ele? É, claro, eu iria dizer, "Pontas, seu idiota! Você deve ter a maior maldita capacidade de aparecer na hora errada de toda Hogwarts! Estava quase desfrutando uma sexy sessãozinha de agarramento com o Aluado quando você, a Ruiva e o Rato apareceram!" Hmmm… melhor não. Mas… ahhh, olha só o James! Rindo como um idiota!

"Entãããão, o que vocês dois fizeram essa tarde?", James perguntou em um tom irônico.

Você bem que gostaria de saber! Encarei James e ele me encarou de volta — uma tática comum. Quando éramos mais novos, esse era nosso passatempo favorito — ficar encarando. Ficávamos olhando um para o outro, como garotos desajustados que éramos, desafiando o outro a piscar. Eu geralmente ganhava, já que o James sempre piscava por trás daqueles óculos redondos. Depois de anos desse joguinho, James tinha melhorado, e agora ele conseguia ficar sem piscar tanto quanto eu.

E, sem piscar, James sorriu e perguntou se eu tinha tido um dia 'interessante'. O que isso queria dizer? Será que ele viu o que aconteceu comigo e com Remus instantes atrás? Ele colocou um microfone no dormitório ou algo assim? Ahhh… eu não vou dar para ele essa satisfação! Não mesmo! Ao invés disso, apenas usei minha defesa de sempre — humor ácido. Isso sempre parece funcionar!

De repente, um movimento chamou minha atenção e vi Remus jogar seu jornal em cima da cama e levantar, os olhos brilhando por alguma agonia escondida, e ele caminhou até a porta. O que aconteceu com Aluado? Será que ele ficou chateado pelo que aconteceu entre nós? Será que ele acha que o James sabe? Remus pediu licença e saiu, me deixando para trás, meu estômago revirando, e tive de lidar com os outros que me olharam curiosos.

Encarei cada um deles antes de bocejar e me virar na cama, cobrindo os olhos com o braço, esperando esconder qualquer emoção que pudesse me denunciar. Ouvi o jornal ser aberto quando alguém sentou na cama do Remus.

"O que será que aconteceu com Remus?", Peter perguntou, "Vocês acham que pode ser algo que ele leu aqui?"

"Bem, você conhece Aluado", James respondeu, "Ele acredita em tudo que lê".

Isso não é verdade, Pontas! "Não é, não. Ele não é nenhum imbecil acéfalo que acredita em tudo que vê publicado!", eu me vi defendendo calorosamente.

"Ah, ok, o que você quiser. Foi mal, cara!", James riu e, mesmo com os olhos fechados, eu podia 'sentir' a ironia do sorrisinho que devia estar na cara dele.

"Deixe-me ver isso, Pete", James disse, e ouvi mais barulhos de jornal sendo folheado. "Aaahhh, como eu suspeitava! Sabia que Remus deveria estar lendo o horóscopo".

Resmunguei. Estava começando a odiar aquele jornal! "Por que isso o deixaria chateado?", perguntei. "Por acaso está escrito que o Snape era a alma gêmea dele hoje? Eu lhe passaria alegremente a bandeira do 'Prometido-do-Snape'!"

James riu. "Não… umm… na verdade, parece está apontando para outra pessoa".

Finalmente minha curiosidade me consumiu. "Ok, me dá isso aí!"

James me entregou o jornal e começou a conversar com Lily sobre os planos que eles tinham feito para o final de semana. Aaaahhh… os apaixonados! Deve ser legal! Arrggh!

Olhei para os horóscopos e encontrei o meu:

"Esteja atento hoje, Áries. Uma conversa sincera irá ocorrer em um lugar de aprendizado com um bom amigo. Essa conversa pode levar a um romance, já que esse amigo tem uma paixão secreta por você. Será que você consegue fazê-lo revelar seus sentimentos verdadeiros? Talvez, se você perceber os sinais".

Céus… não… simplesmente não pode ser! Isso não é possível! Nenhuma droga de astrologia imbecil pode prever uma coisa dessas… pode? Não! O que é isso? Primeiro o lance do Snape e agora… isso! Não, não mesmo… mas, nós… Remus e eu conversamos na biblioteca — que com certeza pode ser considerada um 'lugar de aprendizado'. Mas aí não poderia ser Hogwarts inteira? Sim, é claro. Eu estou sendo burro! Essa besteira de astrologia é sempre genérica, a escola inteira pode ser considerada um 'lugar de aprendizado', e aí essa previsão poderia servir para qualquer ariano. Mas… não sei, é meio estranho. Quer dizer, nós tivemos a nossa conversinha e depois… acabamos eventualmente deitados na minha cama, Remus em cima de mim, seu rosto a meros centímetros do meu… então talvez ele tenha uma paixão secreta por mim… céus.

"O que seu horóscopo diz, Sirius?" Lily perguntou, os olhos verdes brilhando de interesse.

"O que você acha? Besteira é claro, o que mais poderia ser?", respondi.

Depois disso, procurei o horóscopo de Remus, só por curiosidade:

"Um incidente recente e infeliz deixou um amigo magoado e confuso. Coloque sua diplomacia e seu encanto librianos em ação hoje e você pode fazer sua amizade alcançar novos níveis".

Suspirando, fechei os olhos. Não era à toa que o Remus tinha saído correndo. Ele acredita nessas coisas e… mesmo eu, cético do jeito que sou, tenho que admitir que os horóscopos estavam bastante precisos, para dizer o mínimo. O horóscopo dele parecia dizer sobre a nossa conversa! Estranho, estranho, estranho!

Certo! Acho que é hora para outra caminhada! Almofadinhas pode aproveitar o exercício! Sim! Um plano excelente.

Percebi que James me encarava. Sorri sem muita vontade e levantei, me alongando. Estava morrendo de vontade de me transformar em Almofadinhas. Suspirei ao lembrar do alívio instantâneo que sempre me atingia quando me transformava, e as coisas na minha mente pareciam ficar menos complicadas. Sim, era exatamente disso que eu precisava! Precisava correr! Correr e rolar na grama verde e aproveitar o prazer de ser o simples e brincalhão Almofadinhas.

"Desculpem o mau jeito, mas… tenho lugares para ir, coisas para ver — pessoas para ganhar! —, todo esse tipo de coisa. Vejo vocês depois!", me despedi e saí do quarto.

Olhei para o salão comunal quando desci as escadas. Hmmm… vazio, mas… Remus tinha acabado de sair. Ainda podia sentir o cheiro dele. Sorri para mim mesmo. Almofadinhas estava forte em mim hoje. Hora de libertar o monstro negro!

Passei pelo retrato e corri as escadas abaixo, meu coração mais leve a cada passo. Só mais alguns segundos e eu estaria lá fora, livre para correr.

Rindo alto, passei pela porta e, me certificando que não havia ninguém por perto, me transformei em Almofadinhas. Em segundos, todas as minhas preocupações desapareceram, substituídas pela excitação de ser aquela criatura, o focinho levantado ao vento.

Aluado… eu sinto o cheiro dele. Ele está por aqui em algum lugar… ali! Na árvore! Na árvore dele. A árvore dos sonhos do Aluado!

Esmagando a grama, ofegando, correndo…

Então… lá! Lá está ele sentado... o doce Aluado, olhando para o lago, deitado contra sua árvore dos sonhos! Aluado! Sou eu!

Latindo, pulando, correndo, farejando…

Ele está aqui! Aluado!

Os olhos grandes e dourados sorriram. Olhos tão lindos. A mãos… macias e quentes acariciando meu pêlo… ahhh, sim, aí, Aluado… sim, aí atrás das orelhas! Obrigado!

Mmmhhh…

Ofegando, descansando, festejando…

Cabeça no colo… doce colo… doce Aluado. Sono… sim, essa é uma hora boa para descansar, me acalmar… feliz… dormindo… aqui… na árvore dos sonhos do Aluado.

¹NdT: O trocadilho no original foi feito com a palavra "poof" (que virou "pouf" na versão afrancesada do Sirius), que é tanto um nome pejorativo para designar homossexuais quanto a onomatopéia do passe de mágica que faz as coisas desaparecerem (o nosso "puft!"). Infelizmente, não houve como manter esse mesmo sentido na tradução.


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Aliás, podemos até pensar em postar os capítulos mais rápido se vocês colaborarem. E não precisam fazer nenhuma tese de mestrado nas reviews... A gente geralmente não se contenta com pouco, mas, nesse caso, abrimos uma exceção! (huahua)

BB.Jam

Nota da Tradutora: aaaaahhhhh... eu juro que quase derreti quando li essa última parte. Eu AMO os POVs do Sirius, eles são os mais engraçados!

Nota da Beta: simplesmente fofo o Almofadinhas ganhando cafuné e carinho do Remus, né?