Escrito nas Estrelas
por Dawnatello e Luna
tradução para o português: Calíope Amphora
betagem da tradução: Dana Norram
Capítulo Dez
POV DO REMUS
Já se passou uma semana e meia desde que sentei debaixo daquela árvore, com Almofadinhas a meu lado. Sirius uma vez a chamou de minha "árvore dos sonhos", e acho que ele estava certo, pelo menos em um sentido. Costumava sentar lá procurando a solidão por baixo dos galhos largos quando os problemas da vida se tornavam pesados demais para suportar. Era um escapismo adorável e me dava tempo para pensar e ordenar minhas idéias, para sonhar com outra vida sem medo ou dor.
Foi assim, até Peter me encontrar lá um dia. Ah, eu sei que as intenções dele tinham sido boas. Ele me viu lá alguns meses depois que descobriram minha licantropia e, por isso, faz sentido que ele tenha corrido para contar para os outros sobre o meu refúgio. Eu tinha me tornado muito retraído, demorei a perceber que eles tinham sido honestos na promessa de que jamais falariam para ninguém sobre minha condição. Eram amigos de verdade em todos os sentidos e estavam preocupados comigo.
Mesmo assim, eu ainda conseguia desfrutar alguns momentos de silêncio de vez em quando, sozinho, lá, quando eles estavam ocupados ou percebiam que eu precisava do meu espaço. Depois de um tempo, percebi que não me incomodava quando Almofadinhas vinha me visitar. Não sabia por que ele quase sempre aparecia na forma de cachorro quando vinha ficar comigo. Talvez ele achasse que assim fosse menos intimidante ou invasivo. Eu adorava a atenção quieta que o cachorro me dava, mas, de vez em quando, sentia falta do bom humor barulhento e tempestuoso da companhia de Sirius.
Falando no Sirius...
Já faz duas semanas que o Quill começou a publicar horóscopos diários, e, todos os dias, a misteriosa semelhança com a vida real se torna ainda mais esquisita. Encontros românticos, paixões surpreendentes, encontros casuais — essas eram as principais ocorrências previstas para mim diariamente. Até agora, tudo o que foi dito aconteceu de um jeito ou de outro. O que era mais perturbador era como os signos pareciam apontar para uma inevitável ligação com Sirius. Ontem minha previsão disse que eu me apaixonaria por uma estrela… e eu tinha certeza de que já estava apaixonado por uma.
Era meio estranha a sensação de olhar para o céu à noite com novos olhos. A multidão de estrelas brilhando ganhou um novo sentido. Quando eu era mais novo, sempre prestava atenção nas constelações, localizando primeiro o contorno familiar de Orion, então passando para Ursa Maior e Escorpião. Eu gostava de estudar cada corpo celestial, comparando seus brilhos e memorizando a localização de cada um no céu. Agora, ao invés do conforto que eu costumava desfrutar, me via procurando ansiosamente pela constelação de Cão Maior e, mais importante, pela estrela Sirius. Comecei a perceber com um pouco de medo, mas com grande alegria, que meu coração estava lá em cima — minha vida. Ele era minha estrela — meu Almofadinhas.
Deixei meu livro de lado mais uma vez, a leitura esquecida. Apoiei a cabeça no enorme tronco e olhei para cima, para o céu que escurecia devagar. Ainda era muito cedo para estrelas, mas o sol tinha começado a se pôr, deixando as nuvens douradas com explosões vívidas de vermelho e púrpura. Meu coração começou a acelerar pela ansiedade da chegada dos pontos de luz no céu da noite. Afinal, meu horóscopo tinha previsto que alguma coisa espetacular aconteceria ao anoitecer.
"Libra — essa noite é A noite. Um encontro romântico sob as estrelas é o cenário para o anoitecer. O amor verdadeiro está fermentando. Não deixe passar o momento".
Eu sabia de quem o horóscopo estava falando. Era a mesma pessoa a quem ele se referia nas últimas semanas — Sirius. Estava admirado em como as previsões eram precisas, mas o que mais me impressionava eram os sentimentos reais e tangíveis que eu começava a sentir por Sirius Black. Durante os últimos 14 dias, eu tinha começado a ver a natureza gentil e carinhosa que ele normalmente escondia atrás daquele muro de autoconfiança. Tinha começado a perceber como o cinza daqueles olhos mudavam como os estágios de uma tempestade, como eles escureciam levemente quando ele olhava na minha direção.
Ele sentia isso também? Ele me queria com tanta urgência quanto eu o queria? Eu sabia que tinha visto alguma coisa no rosto dele — uma emoção forte que parecia nos conectar, nos aproximar com um poder sobrenatural cada vez que ousávamos olhar nos olhos um do outro. Sirius sempre esteve ao meu lado. Ele aceitava como e o que eu era e tinha sido o primeiro a me assegurar que nossa amizade não seria prejudicada pela minha condição. Ele tinha feito algumas coisas idiotas no passado, mas seu coração sempre esteve no lugar certo.
"Remus…?", uma voz familiar me tirou dos meus devaneios silenciosos.
Virei a cabeça lentamente para admirar aquela face adorável, os fracos raios de sol tingindo as belas expressões esculpidas com tons de laranja e vermelho. Seus olhos pareciam brilhar em uma harmonia própria enquanto me encarava, e tive que morder meu lábio para me impedir de levantar e ir até ele, marcá-lo como meu para sempre.
"Oi, Sirius", disse, me esforçando para manter minha voz calma como sempre. "O que você está fazendo aqui fora? Não é quase hora do jantar?"
"Eu não estou com tanta fome…", ele disse gentilmente.
Ah, inferno… mas com certeza eu estou!
"Ah?", eu levantei as sobrancelhas. "Sirius Black sem fome? Será que não é melhor chamar a Madame Pomfrey?"
"Não…" ele riu de leve, balançando a cabeça, e acho que esse é o som mais bonito que eu já ouvi. "Eu estou bem, Remus. Só… pensando".
"Ahh...", concordei com a cabeça e acenei para ele sentar ao meu lado, me virando um pouco para que nós pudéssemos dividir o apoio do tronco gigante.
Ele aceitou e nós dois ficamos em silêncio por um momento, apreciando o escurecer do céu colorido.
"É lindo, não é?", ele disse finalmente.
"Mmmm... é, sim" eu olhei rapidamente para ele. Tanto quanto você…
"Remus, olha, eu— bem, eu hmmm…"
Ele correu uma mão pelos cabelos nervosamente. Eu só podia imaginar o que ele tinha em mente. Parecia inquieto, incapaz de ficar parado, mas isso não queria dizer muita coisa. Sirius nunca conseguia ficar parado por muito tempo. Mas eu podia perceber que algo o estava incomodando. Senti um aperto no coração quando pensei que poderia ser por causa daqueles horóscopos detalhados. Talvez aquilo fosse demais para ele, e ele iria pedir para que eu parasse de lê-los.
"Eu só… bem…", seu rosto foi coberto por uma expressão de frustração, que logo foi sobreposta por determinação. "Tem uma coisa que quero falar para você há algum tempo…"
"Pode falar, Sirius. Estou ouvindo". Por fora eu aparentava estar calmo, mas, por dentro, meu estômago revirava.
"Você pode não gostar do que eu vou dizer, mas acho que você tem o direito de saber. Por favor, não fique chateado comigo, mas eu tenho pensado muito nesses horóscopos e—"
Mas, antes que ele pudesse dizer as palavras que eu temia ouvir, uma discussão alta o interrompeu e chamou nossa atenção para outro lugar.
"Eu não acredito em você, James Potter! De tudo que você poderia—"
"Ei, eu já pedi desculpas! Como eu poderia saber que você é alérgica?"
Lily e James estavam bem próximos, se encarando perto do lago. Lily estava com as mãos na cintura, sua pele normalmente alva vermelha de raiva. O vento fez o cabelo dela voar no rosto. James parecia chateado e confuso, o cabelo bagunçado como sempre. Na mão direita, ele trazia o que parecia ser uma cesta de picnic.
"Olha só isso!", Lily gritou, apontando para marcas escuras na sua testa. "Isso é uma mancha. Sabe o que vai acontecer agora? Daqui a alguns minutos eu vou estar completamente coberta dessas manchas!"
Uh oh… parecia haver problemas na terra do amor. Nunca tinha visto Lily perder o controle desse jeito. Mesmo brava, ela sempre era mais dócil do que estava sendo naquela hora. James deve ter feito algo terrível. Isso não era nada bom.
"Lily… foi um engano! Eu só estava tentando fazer alguma coisa legal para você!"
"Bem, se você acha me mandar para o hospital legal…"
"Grrraahhh… que droga!" James largou a cesta em frustração. "Eu tentei planejar uma noite romântica. Se esse é o jeito que você vai me agradecer, então… bem… você pode se mandar!"
Fixei meus olhos em James e então de novo em Lily, o pânico crescendo no meu peito. Eles não só estavam brigando, mas também estavam se ofendendo!
O rosto de Lily ficou ainda mais vermelho de raiva, se contorcendo de mágoa. Parecia que ela estava prestes a gritar algo que talvez depois de arrependesse, mas pensou melhor no último minuto. Ela apenas rangeu os dentes e correu tão rápido quanto podia de volta para o castelo. Assisti com a respiração suspensa enquanto James resmungava e passava a mão pelos cabelos. Ele olhou ao redor, cruzando o olhar comigo e com Sirius embaixo da árvore. James pegou a cesta e andou lentamente até nós. Troquei um olhar preocupado com Sirius, mas não disse nada. Por dentro, meu coração estava apertado. Teria sido minha culpa? Eu tinha, de um jeito ou de outro, unido os dois. Talvez eu estava errado e eles não eram tão compatíveis quanto eu pensava… mas nas últimas semanas eles pareciam tão felizes juntos!
"Oi…" James disse um pouco desconfortável.
"Oi, cara, você está bem?", Sirius perguntou, preocupado. Aquela voz gentil e carinhosa era como uma sinfonia para os meus ouvidos.
James mordeu um lábio e balançou a cabeça. "Acho que vocês ouviram. Lily está brava porque eu tentei planejar um jantar legal e romântico para nós dois, mas o tiro saiu pela culatra. Achei que seria legal dar comida na boa dela, então a fiz fechar os olhos. Infelizmente, ela é alérgica a morangos…"
Eu imaginei pelo pouco que tinha visto qual deveria ter sido a reação de Lily. "Ah, James…"
"Pois é, bem… como vocês viram, as coisas não correram muito bem".
"Se tem alguma coisa que nós pudermos fazer—"
"Não se preocupe, Aluado. Tenho certeza que tudo está bem ruim. Vou visitá-la na ala hospitalar para ver se ela está bem". Ele olhou para a cesta que tinha em mãos. "Aqui", ele disse, oferecendo para nós. "Façam bom uso disso. Vai me fazer sentir melhor".
"Tem certeza?", eu perguntei, encarando a cesta, meu estômago reclamando e minha mente conjurando cenas deliciosas de um picnic à luz da lua com Sirius.
James assentiu com a cabeça. "Por favor, sirvam-se. Estou indo ver a Lily agora. Aproveitem!" E, depois disso, ele correu pelos jardins para o castelo.
"Bem…", Sirius disse depois de um período curto de silêncio. "Isso foi estranho".
"Foi mesmo", eu concordei.
"Hmmm… acho que não tem por que desperdiçarmos". Sirius sorriu gentilmente, olhando para a cesta. Eu tive que sorrir. Embora não fosse tão fervoroso com comida como Peter, o caminho para o coração do Sirius definitivamente passava pelo estômago.
A cesta de picnic revelou um delicioso conteúdo de morangos cobertos de chocolate, queijo, bolachas e vinho. Estendi a toalha sobre a grama, colocando sobre ela nossos pratos e copos. Sirius abriu a vasilha de frutas e pegou um morango.
"Olha, Aluado", ele disse sensualmente (ou foi só uma alucinação da minha parte?). "Chocolate. Seu favorito".
"Mmmm... siiiim..." eu disse, assistindo em antecipação enquanto ele trazia o morango para perto da minha boca. Bem quando eu estava fechando os olhos, prestes a aceitar o doce convite, um espirro alto acabou com o momento, assustando a mim e a Sirius. Meus olhos estalaram abertos e Sirius largou a fruta para olhar na direção do lago. Era Peter.
Ele estava andando casualmente perto da beira da água, colhendo rosas e margaridas e falando sozinho. Eu suspirei. Nós não podíamos ter um momento sozinhos? Essa história estava me deixando louco.
Logo, ele nos viu e acenou jovialmente antes de andar em nossa direção. Ótimo, pensei, frustrado. Um jantar romântico com Sirius, chocolate e… Peter.
"Olá, Peter". Eu estava enganado ou havia um tom de aborrecimento na voz do Sirius também?
"Oi!", Peter sorriu.
"O que você está fazendo aqui a essa hora da noite? O jantar deve estar começando no Salão Principal". Tanto Sirius quanto eu sabíamos que Peter nunca deixaria passar uma oportunidade para comer.
"Ah, eu sei! Só queria pegar algumas flores antes. Sabe, para dar para aquela Lufa Lufa, Rosie".
"Ahh..." eu concordei. Agora entendia.
"Finalmente criou coragem para convidá-la para sair?" Sirius sorriu.
Peter balançou a cabeça vigorosamente. "Bem… mais ou menos. Acho que se ela aceitar as flores, vou saber que ela gosta de mim mais do que de pus de bubotúberas e já é um começo".
Segurei a risada.
"Bem, é melhor eu vol— ahhh-ahhh-atchiiiiiim!" Peter espirrou, jogando um monte de flores e pétalas coloridas em cima de nós como um banho de chuva.
"Que nojo, Peter!" Sirius se chacoalhou, tirando uma pétala de rosa do cabelo.
"Des-desculpe", ele corou. "Alergia. Bem… acho que vou ter que esperar para entregar as flores. Vejo vocês depois!".
Antes que um de nós pudesse protestar, ele saiu correndo.
"Esse está sendo o dia mais incomum de todos", comentei.
"Sim…" Sirius concordou. "Muito estranho, na verdade".
"De qualquer modo…", limpei a garganta nervosamente, tentando conjurar alguma coragem escondida. "Eu acredito que você estava prestes a me dar chocolate?"
Sirius riu, o que encheu meu coração de alegria e trouxe um sorriso ao meu rosto. "Ah, Aluado, você e o seu chocolate". Mesmo assim, ele pegou um morango de novo e trouxe para perto de mim. Eu podia sentir o calor emanando do seu corpo, sentir o seu cheiro de sabonete e almíscar. Dei uma mordida, fechando os olhos e sentindo o sabor doce da fruta se misturar ao delicioso chocolate. Por alguns segundos, eu estava no paraíso.
"Mmmmm...", murmurei, saboreando o gosto na minha língua.
"Bom, é?" a voz de Sirius era quase um sussurro e eu abri os olhos para vê-lo. O sol agora era um apenas um risco de laranja no horizonte, e seu cabelo macio e negro estava quase prateado pela luz da lua. Seus olhos brilharam enquanto ele me observava, se aprofundando do jeito que eles sempre faziam quando eu conseguia sustentar o olhar. Pétalas de flores em branco, púrpura e vermelho espalhavam-se pelos seus ombros. Eu quase engasguei pela beleza dele.
"Ah, sim. Muito bom…"
"Já que é assim…", ele pegou outro morango e trouxe para perto dos meus lábios. Eu me inclinei na direção da fruta, pronto para mordê-la por entre os dedos de Sirius, mas ele recuou um pouco, segurando o morango no alto. Reclamei, tentando capturá-lo mais uma vez, mas Sirius novamente o moveu para fora do meu alcance. "Não… você tem que falar as palavras mágicas antes".
Reclamei de novo, sorrindo. "Por favor…", eu disse suavemente.
Alguma coisa no rosto dele pareceu mudar e ele trouxe a fruta para perto da minha boca. Fechei os olhos de novo, derretendo pela antecipação do gosto doce. Entreabri a boca para morder o morango e fui surpreendido pela sensação da pele de seda contra meus lábios e uma língua quente e macia deslizando contra a minha. Meus olhos abriram pela surpresa, mas rapidamente os fechei, aproveitando para sentir a boca de Sirius contra a minha pela primeira vez. Isso era o paraíso.
Quando nós finalmente nos afastamos, continuamos sentados lá, sem fôlego, olhando um para o outro pelo que pareceu uma eternidade.
"Eu… queria fazer isso já faz algum tempo".
Senti meu rosto aquecer pela alegria. Poderia ser verdade? Ele se sentia do mesmo jeito que eu?
"Que bom…" ponderei. "Porque eu também queria que você o fizesse há um bom tempo".
Isso pareceu desconcertá-lo um pouco, mas ele rapidamente se recuperou, largando a fruta para correr os dedos pelo meu cabelo. Sirius me trouxe para mais perto, e eu me vi mergulhado no embriagante cheiro dele, na sensação da pele macia acariciando meu rosto, no hálito quente contra meus lábios. Beijei-o desesperadamente, desfrutando o máximo possível, memorizando o sabor e a sensação de ter Sirius em meus braços.
Nos separamos, buscando ar, e senti meu coração se agitar de excitamento e felicidade. Nunca me senti tão feliz em toda minha vida. Estava apaixonado por Sirius. Não tinha dúvidas quanto a isso. E, julgando pelo jeito que ele me beijou, ele sentia o mesmo em relação a mim.
Assisti sem me mover, ainda meio abobado, a ele abrir uma garrafa de vinho, servindo um copo para cada um de nós. Ele levantou seu copo e sorriu: "Um brinde…"
Juntei meu copo ao dele, sorrindo com curiosidade.
"…a um encontro romântico sob as estrelas".
Ri, batendo meu copo no dele, e dei um gole no vinho. E a se apaixonar por estrelas… pensei, feliz, enquanto olhei para cima, encarando os pontos brilhantes de luz.
— x —
POV DO JAMES
Se há uma coisa em que eu sei que sou bom, além de Quadribol, é pregar peças. E essa, ahhhhh, essa é a cereja do bolo! Ou melhor, o morango mergulhado no chocolate! Nós conseguimos! Eles caíram completamente! Eu sabia que iria dar certo! Ha!
Parecia que meus pulmões iriam explodir enquanto eu corria para os portões da escola, ofegando alto em meu excitamento febril. Lily estava me esperando lá. Que garota linda e encantadora! Ela sorriu para mim, os olhos esmeraldas brilhando quando eu andava ao seu encontro. Não parecia notar como eu era desajeitado. Porque, sem dúvida, eu sou bem desajeitado — os joelhos meio tortos, os pés grandes, minha altura… desengonçado mesmo (exceto quando eu estou voando, esses são os únicos momentos em que eu não pareço um típico adolescente! Sou bastante gracioso em cima de uma vassoura, se é que você quer saber!).
"Acha que eles acreditaram em nós, James?", Lily perguntou naquela voz doce que ela possuía.
Sorri para ela, empurrando meus óculos para trás, mais firmes no rosto, para que pudesse admirá-la melhor, admirar os traços do pôr do sol em contraste com seus cabelos cor de cobre — lindo!
"James?", ela perguntou, e eu percebi que deveria estar sorrindo como um idiota.
Balancei a cabeça. "Sim! Ah, Lil, você deveria ter visto os dois! O Aluado parecia tão preocupado com nós dois que eu quase senti culpa! Nossa, até o Sirius parecia preocupado! Foi ótimo! Eles caíram direitinho!"
Ela sorriu e suspirou suavemente. "James, você acha que isso é certo? Brincar com eles desse jeito?"
Eu dei de ombros. "Ah! Bah! Qual é o problema? Eles vão achar engraçado, você vai ver!"
Ela me lançou um olhar cético por um momento e então se voltou para a direção de Remus e Sirius, espiando pelos fundos do castelo. Acariciei levemente seus ombros. "Tenha cuidado, meu amor! Não deixe que eles te vejam!"
Lily se virou em meus braços e eu senti sua respiração em meu rosto. Piscando e engolindo a seco, senti minhas bochechas queimarem enquanto baixei meu olhar timidamente. Ela sempre fazia isso comigo — despertava o cara tímido que eu pensava que não era mais. Senti sua mão macia repousar na minha bochecha e ela ergueu meu rosto, sorrindo. Ela não disse uma palavra, apenas continuou assim, os olhos grudados nos meus. Suspirando, eu me inclinei para frente, ansioso para acabar com a distância entre nós, para sentir o gosto daqueles lábios doces, mas, então… ela sorriu e colocou uma mão no meu peito.
"O que foi?", perguntei, me esticando para tocar seus lábios.
"James!", ela riu, indo mais para trás. "Escute".
Suspirando alto e, deixando meus ombros caírem de desânimo, me aborreci. "O quê?".
"Sinceramente, você não acha que a gente já foi longe demais? Quer dizer… mesmo que eles sintam algo… um pelo outro, sabe… acho que eles já deveriam ter percebido, você não acha?"
"O quê? Lily! Sua adorável bobinha! É lógico que eles não 'sentem' nada um pelo outro! Por isso que é tão divertido tentar convencê-los que eles 'devem' ficar juntos! A brincadeira é essa, não é?"
Lily me deu um olhar estranho — meio divertido e meio de quem sabe algo — antes de debochar. "Sim, James, você está certo! Afinal, eu sou apenas uma 'bobinha', o que eu poderia saber?"
"Você sabe como fazer meu coração disparar quando sorri para mim desse jeito", sussurrei, tocando de leve com meus dedos trêmulos as ondas do cabelo dela. "Sabe como fazer eu me apaixonar loucamente por você todos os dias". Inclinei-me para perto e dessa vez ela não me impediu. Suspirei quando senti suas mãos correrem pelo meu cabelo, e pararem na minha nuca. Fechei os olhos, aspirando o aroma do perfume dela, me afogando em alegria…
"Jamie! Opa! Desculpem!"
Dei um pulo para trás, praticamente rosnando pela interrupção, e encarei um Peter vermelho e ofegante.
"Peter! Como foi?" Lily perguntou rapidamente, sentindo minha irritação.
Peter ficou ainda mais corado e ele sorriu. "Foi perfeito, na verdade. Obrigado!"
"Eles também acreditaram na suposta briga que Lily e eu estávamos tendo! Somos tão bons atores, minha querida! Se o mundo da mágica um dia ficar entediante demais, nós com certeza conseguiremos um emprego no meio das artes dramáticas dos trouxas!"
Lily riu. "James! Eu não acho que nós dois sejamos tão bons quanto Bogart e Bacall ainda!"
"Quem são esses?"
"Atores, é claro, seu bobo!" Ela gentilmente tocou a ponta do meu nariz antes de se voltar para Peter de novo. "Então, Peter, nos diga o que você fez".
"Ah, foi ótimo! Eu colhi um monte de flores — rosas e margaridas roxas e vermelhas e umas florzinhas amarelas e outras brancas que eu não sei como chamam e que tinham um cheiro meio esquisito, mas elas eram tão bonitas, então eu…"
"Peter! Fala logo, por favor", eu pedi.
"Ah... está bem, Pontas! Credo, eu só estava adicionando detalhes para vocês sentirem o clima…"
Acenei com as mãos impacientemente e ele me encarou antes de se virar para Lily para terminar a história.
"Então, escolhi um monte de flores lindas e fui até eles. E, sabe… foi meio estranho, James…", ele se virou para mim, "parecia que Sirius estava prestes a dar comida na boca do Aluado!"
Por um segundo minha mente se negou a pensar nessa imagem e relutantemente eu lembrei de ter visto de surpresa os dois há semanas um em cima do outro na cama do Aluado. Será que eles realmente…? Não, claro que não! Eles são Aluado e Almofadinhas! Remus e Sirius — de jeito nenhum! Eu ri de tão ridículos que eram meus pensamentos e as preocupações de Peter. "Eu aposto que o Sirius só estava sendo o mesmo idiota de sempre, Pete, tentando impressionar o Aluado…"
"Eu aposto que sim", Lily riu.
Olhei para ela com curiosidade, e ela cobriu a boca com a mão, rindo.
"Sim, você está certo, é claro, James".
"Hmmm… bom, continue, Peter".
Peter assentiu. "Então, aí eu fui até eles — parecia que os dois estavam se divertindo com a cesta do picnic..."
"Agradeça Lily por isso! Eu não tinha idéia do que colocar em uma cesta de picnic romântica…"
"Que horror, James! Não me diga isso, meu amor! Não quero pensar que estou embarcando em um relacionamento amoroso com um romântico Neanderthal!"
"Ah, eu não sou um Neander... isso aí que você me chamou", eu ri. "Eu sou muito romântico… mas só não tinha idéia do que escolher para a cesta…"
Lily riu e balançou a cabeça.
"Posso, por favor, acabar de contar a minha história para poder ir jantar? Estou morrendo de fome!", Peter gritou.
"Claro, claro, continue", respondi.
"Bom, cheguei lá com as flores, me aproximei deles e — ah, você deveria ter visto, Pontas! Eu fui brilhante, eles nem desconfiaram! Me aproximei deles e espirrei alto, o que os alertou da minha presença. Sirius me perguntou o que eu estava fazendo, e eu disse que estava pegando flores para Rosie, aquela garota loira da Lufa Lufa muito bonita que…"
"Sim, sim, a Rosie… continue, Pete!"
"Credo! Como você está impaciente, Pontas! Bom, comecei a conversar com eles e trouxe as flores para mais perto, sabendo que minha alergia iria se manifestar e aí eu espirrei muito, muito forte, que fez todas as lindas pétalas de rosas caírem sobre eles!"
"Creeeeeedo, você espirrou neles, Peter?" Lily perguntou, rindo.
Eu gargalhei ao imaginar Remus e Sirius recebendo uma chuva de flores.
"Sim, Lily! Eu fui brilhante." Peter riu, obviamente orgulhoso de si mesmo.
"Muito bem, Rabicho! Isso foi algo digno de um Maroto!", aprovei.
"Eu sei! Obrigado! Bom, tenho que correr! A comida está me chamando! Até mais!"
Peter saiu correndo. Eu balancei a cabeça. "Essa é a única hora em que você vai ver aquele garoto com pressa — na hora de comer!"
Lily sorriu e se aproximou de mim. "Bem, meu companheiro de atuação, onde foi que nós paramos?"
Eu sorri lascivamente e trouxe seu corpo esguio para perto, envolvendo-a entre meus braços. Ahhh...sim, isso é perfeito! Ela está exatamente onde ela deve estar — nos meus braços!
Enquanto eu estava me inclinando para finalmente capturar aqueles lábios rosados que tanto me tentavam, ela virou a cabeça e sussurrou, "Apenas me prometa que, não importa como essa brincadeira terminar, você irá tratar Remus e Sirius com respeito, como o cavalheiro que eu sei que você é".
"Ahhh, é claro, meu amor! Eu sempre trato todo mundo com respeito. Especialmente meus irmãos Marotos!"
Ela sorriu suavemente e voltou a me encarar, silenciando qualquer protesto da minha parte ao pressionar sua boca doce contra a minha, me dando uma inacreditável felicidade.
Ela não precisava se preocupar se eu trataria bem Remus e Sirius. Especialmente Remus. Afinal, se não fosse pela intervenção astrológica dele, eu não estaria aqui com a garota dos meus sonhos nos braços. Remus, eu te devo uma, cara. De verdade!
Weeee, mais um capítulo postado! Obrigada pelas reviews de vocês, nós adoramos todas e vamos continuar respondendo pelo sistema do site.
Notas da tradutora: (suspirando) …esse "encontro sob as estrelas" não foi lindo?
Nota da beta: incrível como as mulheres sempre percebem coisas que os homens não conseguem, né? o.O
