J.J – Obrigada a todos que comentaram, vocês fizeram meu dia. Ou cinco dias... Seja qual for o tempo que tenha passado. .

Aqui está o próximo capítulo. Eu tenho uma idéia básica de para onde esta história está indo, mas as coisas podem mudar a qualquer momento. Acho que dei a vocês, adoráveis leitores, um aviso justo. Aprendam a lidar comigo.

Mel – O comentário acima serve para mim também. E a não ser que eu deixe de dormir por completo, é impossível atualizar mais de uma vez por semana. Eu sou lerda. Aliás, peço desculpas se o próximo capítulo demorar um pouco mas para sair, mas prometo que de duas semanas não passa.

Capítulo Dois

Conhecendo o chefe

-------------------------------

-----------------

Botan acordou com a luz jorrando através das janelas em seus dois lados, descansando tranquilamente sobre sua face. Ela franziu o nariz assim que soltou um alto bocejo e virou-se de lado preguiçosamente, para poder ver o relógio que ficava na mesinha perto da cama. A garota deu um grito de horror abafado. Os vermelhos números digitais piscavam 06h51min.

Botan não pode acreditar em si mesma. Iria se atrasar, e no seu primeiro dia de trabalho. A menina arrancou-se da cama, determinada em torna-se mais apresentável em um curto espaço de tempo, vestindo em si uma simples calça jeans e uma camisa azul. Ela percebeu, enquanto abotoava apressadamente os botões a sua frente, que eles não tinham oferecido nenhum tipo de uniforme. Com sorte o fariam hoje; ela não tinha um guarda roupa muito variado para escolher.

Botan saiu correndo pelo corredor até o banheiro, sua ansiedade sobre seu encontro com o tal Sr. Jaganshi retornando (para sua chateação). Atravessou a porta com um zunido e checou-se com pressa no espelho, escovando seu bagunçado cabelo antes de colocá-lo em um apropriado rabo-de-cavalo.

Escovou seus dentes em rápidos 15 segundos, dando uma última examinada em si, antes de sair novamente em disparada pelo corredor, não importando o quão insatisfeita tinha ficado. Botan chegou ao final do corredor e empurrou a porta com força, voando escada abaixo um tanto desgraciosamente. Ela estava surpresa, e profundamente agradecida, que não havia tropeçado em seu passo rápido.

Chegando a sala principal, parou, mordendo seu lábio com ansiedade. Ela sabia que iria acabar se perdendo. E tal fato parecia inevitável no momento. Onde Kurama disse que a cozinha era? Ele disse no andar de baixo, mas quantos andares? Um? Dois? Meu Deus, eles tinham um subsolo? Botan supôs que poderia simplesmente começar a procurar, mas pelo tamanho do lugar, ficaria pelo menos uma hora atrasada para o café da manhã antes de achá-lo.

A garota não percebeu o quão necessitada de ajuda deve ter parecido até que uma mulher jovem e morena se aproximou com um sorriso humanitário, e olhos castanhos igualmente calorosos, "Licença, senhorita. Você está perdida?"

Quantas vezes alguém escutou essa pergunta dentro de uma casa, mesmo sendo uma grande?

Botan sorriu encabulada. "Eu acho que sim. È tão óbvio?"

A garota riu. "Eu ainda me perco de vez em quando, e eu trabalho aqui há três anos." Ela estendeu uma mão para Botan. "Meu nome é Keiko. Sou empregada daqui."

Botan a apertou ansiosamente, se sentindo quase desesperada por uma fonte de companheirismo dentro de seu próprio tipo"Meu nome é Botan. Também sou uma empregada, acabei de começar. Ou assim espero; vou conhecer o Sr. Jaganshi hoje."

"Ah, a empregada do último andar."

"Notícias voam, hum?"

Keiko deu um sorriso. "Geralmente. Yusuke, o chofer principal, me contou."

"Você conhece o Yusuke?" Botan perguntou curiosa.

Ela pensou ter visto um pequeno indício de vermelho passar pelo rosto de Keiko antes da bonita garota da limpeza responder ansiosa. "Sim. Eu o conheço, eu acho."

Keiko balançou a cabeça depois de um tempo, antes daquele sorriso sempre brilhante retornar a sua face. "De qualquer forma, sendo uma empregada e tudo, aposto que você estava indo para o café da manhã. Por que eu não te levo até lá?"

"Realmente. Vou prestar muita atenção para conseguir achar meu caminho na hora do almoço."

Keiko deu risadinhas. "Não é tão difícil de encontrar . . . ."

"A não ser que você seja eu." Botan corou.

"È no primeiro andar," Keiko continuou com um brilho divertido nos olhos. Ela a levou para a mesma escada que havia subido com Kurama e as duas desceram em um passo tranqüilo. Botan fez uma anotação mental quando Keiko virou a esquerda. Lembrou-se do quadro de uma rosa insensível no começo do corredor que elas adentraram e começou as contar as portas até que Keiko parou em uma delas e entrou casualmente, olhando rapidamente para os lados, certificando-se de que Botan estava memorizando a localização da porta.

"Hei!" elas foram cumprimentadas por uma voz familiar. "Você achou nossa nova empregada, meu bem."

"Sim, achei. Já que ninguém mais teve o bom senso de mostrá-la para onde ir." Ela lançou um olhar aborrecido a um ruivo em particular, que estava de pé em um canto. Felizmente ou não, sua boca estava cheia de bagel, então ele não pode responder, mas um olhar de culpa passou pelos seus olhos verdes. Keiko então girou sua expressão fria para o dono da voz que as tinha cumprimentado. "E eu não sou seu bem."

Yusuke fez biquinho visivelmente. "Você está machucando minha auto-estima, amor."

A impetuosa garota mal pareceu afetada pela sua declaração. "Também não sou seu amor," ela disse, escolhendo uma maçã e começando a cortá-la com uma faca.

Com o olhar direcionado para longe dele, Yusuke revirou os olhos antes de subitamente dar uma piscadela para Botan. Ela deu um grande sorriso em retorno. Por um momento só parou e absorveu os arredores. A cozinha não era pequena, mas de maneira alguma era formal. Havia um balcão de bar redondo e duas mesas grandes, com uma geladeira e um microondas em um canto a esquerda. Aparentemente era ali onde a maioria dos funcionários comia, dava para perceber pela atmosfera confortável e simpática. Botan já se sentia em casa.

"Então, Keiko, Yusuke, vocês vão simplesmente voltar as suas atividades e deixar o resto de nós boiando, ou vão nos apresentar para a garota nova?"

Foi uma garota alta, de aparência honesta, que havia falado, sua expressão era sarcástica e implicante. Ela tinha um cabelo castanho-claro, da mesma cor de seus afiados olhos. Yusuke se levantou, rindo consigo mesmo diante de um erro tão desatencioso. "Minhas mais profundas desculpas." Ele fez um gesto com a mão na direção de Botan, que já havia ficado inquieta e corado um pouco. "Essa é Botan. Botan- todo mundo."

"Brilhante introdução," a mesma menina retorquiu com uma bufada. Ela presenteou Botan com um sorriso sincero. "Eu sou Shizuru."

"Oi." Ela manejou em dizer.

"Esse é meu irmão, Kazuma." Shizuro gesticulou na direção de um homem alto, de boa forma, cabelo laranja e olhos escuros que estava além dela. "Sou uma empregada, ele é o cozinheiro chefe."

"Ei, broto," ele disse com um sorriso que Botan não achou ser degradador ou imoral, o que era de se esperar com um comentário desse tipo. "Chame-me de Kuwabara."

"È um prazer conhece-los."

Kurama deu um passo de seu canto e sorriu calorosamente para ela. "Dormiu bem?"

Ela pensou em contar que achava ter visto o Sr. Jaganshi no corredor durante noite, bêbado ou machucado, mas decidiu guardar isso para si mesma. Não havia necessidade de criar discórdia por algo que nem era da sua conta de qualquer jeito. "Dormi sim, obrigada."

"Ótimo. Bem, nós temos que ir gente. Temos uma reunião a ser feita."

"R-Reunião?" Os olhos de Botan se arregalaram pela surpresa.

Kurama arqueou uma sobrancelha preocupado. "Sim, se lembra? Eu disse que o Sr. Jaganshi quer te conhecer."

"Mas agora?" ela sussurrou, soando igual à pilha de nervosismo que sentia. Achou que teria mais tempo para se preparar. Ela nem ao menos parecia decente!

Kurama checou seu relógio de pulso só para certificar. "È. E se ele estiver no horário, já está esperando há dois minutos."

"Oh não, vamos rápido." Botan correu porta fora sem Kurama. Atrasar era muito pior do que não parecer o seu melhor. Ela retornou segundos depois para agarrar o pulsodo ruivoe arrastá-lo com força atrás dela. "Vem! Você sabe que eu não sei o caminho."

Ele pegou um muffin enquanto saiam apressados, forçando um grande pedaço na boca da garota. Ela olhou para aquele sorriso dele sempre óbvio, mastigando rápido. Kurama corria ao seu lado e casualmente a direcionava pelo caminhoque precisavam seguir com distraídos 'pela esquerda' e 'logo após esse canto'. "Espera!" Kurama segurou os ombros de Botan assim que passaram por uma fina porta de carvalho. "È aqui."

Ele pôs uma mão sobre as dela quando a menina começou a torcê-las freneticamente. "Não faça isso," Ele ordenou gentilmente. Botan parou, acenando suavemente com a cabeça e passou a brincar com a bainha de sua camisa no lugar.

Kurama a observou por um momento. "Você está bem?" ele questionou suave.

Ela encontrou seu olhar, parando suas nervosas torções e apreendo a preocupação sincera que encontrou em seus olhos. Botan respirou fundo antes de permitir que um pequeno sorriso enfeitasse seus lábios. "Eu estou bem." Ela endireitou os ombros. "Eu não tenho nada a temer. Eu confio em minhas habilidades." disse mais para seu próprio benefício, não o de Kurama.

"Que bom. Você deveria estar." A confiança que a voz dele possuía fez com que Botan se sentisse mais preparada e relaxada. Ela já tinha feito entrevistas de sobra, e em todas havia superado as expectativas. Então, dessa vez seria entrevistada por um milionário... Sem problemas.

"Pronta?" Kurama perguntou.

Ela tomou ar determinada. A imagem de um homem de negócios bem-sucedido veio a sua mente. Botan não havia pensado nele com feio mas talvez ele fosse então se sentiria mais impressionada. "Pronta."

"Eu irei primeiro."

Kurama empurrou a porta, abrindo-a. Havia uma longa mesa em uma sala solitária, muito similar à sala de conferência no andar acima, mas essa mesa era bem menor e só tinha duas cadeiras. Uma estava a poucos passos da sua frente e de Kurama, a outra ficava do outro lado da mesa, onde ele estava sentado.

Não era possível vê-lo porque a grande cadeira de giro era alta e estava virada de costas. Isso a fez lembrar de um cenário bandido tirado do desenho do Batman. Esse pensamento confortou-a um pouco, e ela se sentiu levemente mais confiante.

Kurama clareou a garganta. "Hiei, a nova empregada está aqui."

A cadeira começou a rodar e subitamente todos os pensamentos corajosos a deixaram. Sentindo seu nervosismo inflar dentro de si igual a um balão, ela abaixou o olhar para não poder ver seu rosto.

Ele não disse nada. Kurama não disse nada. Ela lógico não disse nada.

Foi o silêncio mais insuportavelmente embaraçoso de sua vida.

Finalmente, ele falou do outro lado da sala. Botan quase tinha esperado que sua voz fosse um pouco nasal, esnobe e talvez com um sotaque britânico, mas no lugar o que chegou aos seus ouvidos foi uma voz fria, masculina, emanando confiança e soando completamente sem piedade. "Eu não vou te morder."

A forma com a qual ele disse a fez pensar diferente. Botan tentou disfarçar o rubor que sabia que estava vindo quando sentiu todo o seu corpo arder de vergonha. Determinada, armou-se de coragem, reprimindo-se por ser tão covarde, e vagarosamente ergueu a cabeça para encontrar seus olhos. Devagar, um sorriso cínico se espalhou sobre seus lábios antes dele acrescentar, "Você estava muito distante."

Palavras que se perderam nela. O primeiro pensamento que lhe veio a mente foi que ele não era feio. E que definitivamente não era o que ela esperava. Botan estava começando a achar que deveria parar de esperar coisas por ali, porque elas se provavam erradas com bastante freqüência.

Ele era o homem mais impressionante que já havia visto. Acomodava-se como se estivesse sentado em um trono, não em uma cadeira de escritório, criando sentimentos de inferioridade quase instantâneosa qualquer um que estivesse olhando, o que acontecia de ser ela no momento. Ele parecia mortal e implacável, mas mesmo assim digno. Possuía uma elegância sóbria. Talvez cortasse sua garganta, porém faria isso com classe.

Seu rosto era bronzeado e jovial, nenhuma ruga evidente, o que fez com que ela achasse que suas feições pareciam esculpidas. Especialmente em volta dos olhos, o que era perturbador, pois só podia significar que ele não ria muito. Seu cabelo estava despenteado, mas era como pertencesse desse jeito. Assim como o resto dele, ela pensou. Sua cor era de um profundo tom negro que combinava com toda sua acromática escolha de roupa. Seus olhos eram vermelho-sangue, penetrantes e predatórios, como os de uma cobra. Botan não viu neles nenhum traço de calor ou compaixão, só um aspecto frio e sinistro que imediatamente mandou um formigamento desagradável pela sua espinha.

Ela agora podia dizer que havia sido oficialmente intimidada por alguém.

Hiei ergueu uma sobrancelha inquisitivamente, enlaçando os dedos entediado. De alguma ele fez com que até esse gesto parecesse poderoso.

Sentido sua impaciência, Botan forçou-se a falar. "Um. . ." È isso era inteligente, ela chiou com raiva consigo mesma. E era uma palavra vazia. A fazia parecer estúpida.

Ele olhou duvidosamente para Kurama. "Ela é muda?"

A princípio, Botan achou que isso fosse uma estranha tentativa de humor, porém seu rosto estava completamente sério.

Kurama tossiu para disfarçar o que a garota suspeitou ser uma risada antes de balançar a cabeça. "Não, ela não é muda." O ruivo deu-lhe um olhar intencional, como se estivesse disposto a fazê-la comprovar sua afirmação.

Botan só o encarou. Simplesmente não conseguia achar a vontade de falar. Kurama acenou devagarzinho, tentando arrancar algumas palavras dela. Finalmente, saindo de seu devaneio com um estalo, ela balançou a cabeça. "Não, eu não sou muda."

A menina olhou para o Sr. Jaganshi novamente. "Sr. Meu nome é Botan." Ela precisou reprimir a vontade de abaixar o rosto.

Um sorriso cínico, quase divertido passou sobre os lábios dele. Embora sorriso talvez não fosse a palavra certa para isso. Esse homem não parecia capaz de dar um sorriso propriamente dito. Ele movimentou uma mão na direção da cadeira do outro lado da mesa. "Sente-se, então, Botan." E lançou um olhar para Kurama. "Se você não se importar, Kurama, deixe-nos."

Não! Não me deixe! Botan gritou mentalmente. Mas o ruivo sorriu e concordou, respeitosamente, todavia, saindo da sala com rapidez.

Botan choramingou mentalmente antes de jogar-se com agilidade na cadeira. Ela olhava para cima ocasionalmente para não parecer que estava evitando-o (mesmo sabendo que estava), e começou a torcer suas mãos em seu colo.

Ela podia sentir seus olhos em cima de si, e eles eram como pequeninos lasers de fogo. Botan desejou que ele parasse antes que começasse a entrar em combustão ali mesmo, no meio da sala de conferencia.

"Eu pensei," Sr. Jaganshi disse após um momento, o que fez com que a garota levantasse os olhos para encontrar os dele. "Que poderíamos começar essa entrevista com as suas perguntas primeiras."

"Minhas perguntas?" ela repetiu estupidamente.

"A não ser que você não tenha nenhuma" Hiei replicou em um tom que parecia dizer, te desafio a não ter nenhuma.

"Claro que eu tenho," Botan disse um tanto rápido demais para soar casual. Ela explorou seu cérebro ansiosamente. Boa parte de suas perguntas referiam-se a ele em particular... e a mais recente delas era: Por que diabos ele continua solteiro? Botan percebeu seu pensamento com um furioso rubor, e tratou de empurra-lo para fora de sua mente com ansiedade.

"Sim?"

"Tipo . . ." ela começou, mordendo o lábio inferior enquanto pensava. Seu rosto se iluminou quando se lembrou. "Tipo uniformes!"

"Uniformes?"

"È, eu gostaria de saber se existe um regular, e se eu devo usá-lo diariamente, ou só quando trabalho, e assim por diante." Ela lhe lançou um olhar cheio de expectativa, orgulhosa de si mesma por pensar em uma pergunta decente.

Ele parou, examinando-a minuciosamente por um momento. Finalmente, apoiou o queixo em seu punho e replicou, "Nós não temos uniformes. Eu só exijo que meus motoristas usem ternos quando vou a certos eventos."

Botan sentiu seu estômago despencar. Todos os lugares em que trabalhara, haviam providenciado uniformes. Pelo menos sete pares, para que só precisasse usar as próprias roupas em casa. E suas 'próprias roupas' resumiam-se a algumas calças jeans, shorts e poucas camisetas. Tinha também um conjunto para ocasiões especiais e um vestido, mais algumas roupas estilo-pijama e suas peças íntimas.

Ela não possuía roupas o suficiente para usar durante o dia e fora (1), para não mencionar que assemelhavas-se a um estudante maltrapilho nelas. Botan supôs que deveria ir ao shopping com seu primeiro salário, ao invés de guardá-lo como havia imaginado.

Mal esse pensamento havia lhe passado pela cabeça quando ela perguntou sem pensar. "Quando é meu primeiro pagamento?"

Os olhos dele se arregalaram, levemente pegos fora de guarda, antes que ele desse uma risada seca. "Querendo chegar ao assunto mais importante, hum?"

"Não," Botan argumentou, corando pela implicação. "Dinheiro não é o assunto mais importante para mim é só que. . .bem. . ." a menina esforçou-se para achar uma maneira de explicar, "Eu preciso do dinheiro . . . er- e rápido . . ."

Hiei estreitou os olhos em suspeita. "Sua comida e casa estão pagas, Botan."

"Eu sei, não é isso- "

Ela parou quando observou suas feições ficarem duras e perigosas tão rápido, que mal era possível recordar de sua expressão fria e indiferente de antes. Botan achou que os olhos sozinhos iriam cortá-la em pedaços. Se ela tivesse esse tipo de poder, também seria rica. A única coisa que teria que fazer seria andar pelas ruas, encarar as pessoas daquele jeito e exigir seu dinheiro. Olhar para ele naquele momento a fez pensar que daria sua carteira tranquilamente, só para obter algum tipo de sorriso dele.

"Se você está em débito, eu sugiro que faça as malas agora. Eu não irei tolerar sua bagagem financeira-"

"O que!" Botan praticamente gritou. Ele ficou em silêncio imediatamente. "Eu não estou em débito! Eu não tenho nada que precise ser pago, eu não tenho conta no banco e nunca nem cheguei a participar de um honesto jogo de pôquer!"

"Não tem nada de mais em um honesto jogo de pôquer," o outro disse de uma maneira tão descontraída e calma, que Botan não pode impedir uma risada suave e surpresa de escapar. Ele tinha senso de humor. Era esquisito e sádico, mas estava lá.

Sr. Jaganshi a olhava suavemente agora, com uma aparência quase divertida no rosto. Abriu a boca para falar algo, porém parou no ato e no lugar levou os dedos aos lábios. "Isso foi estranho."

Botan ergueu uma sobrancelha. O comentário é que havia sido estranho. "Acho que sim. O senhor fez uma tentativa de humor." Ela só o conhecia há dez minutos e já podia dizer que ele não era o tipo de pessoa que costumava começar uma piada.

"Não isso." Parecia que ele queria rir, mas se queria, conteve-se. "Você me interrompeu."

Botan piscou. "Eu . . . acho que sim."

"E você aumentou seu tom de voz para mim."

Ela estava ficando inquieta. "Fiz isso também."

O outro parou, quase parecendo confuso consigo mesmo. "E eu não estou nem um pouco zangado. O que significa que você ainda tem seu emprego."

Finalmente realizando seu grande erro, a menina lhe lançou um olhar atordoado. Ela não tivera a intenção, só havia sentido a necessidade de defender-se contra suas afirmações. Ele realmente despedia pessoas por simplesmente interrompê-lo?

Como se lendo a sua mente, Hiei disse, "Sim, Botan, isso é razão suficiente para que eu te despeça. Então veja para isso não ocorra novamente."

Botan sentiu seu lado rebelde voltar-se contra em despeito, mas conseguiu reprimi-lo e colocou um sorriso falso por cima. "Não irei."

Regra número um – o chefe está sempre certo.

Ele acenou brevemente com a cabeça. "Alguma outra dúvida?"

"Não," ela disse, se sentindo muito mais confortável agora do que no começo da entrevista. "Kurama encobriu tudo muito bem."

"Então eu suponho que devo começar com as minhas perguntas."

Botan engoliu em seco nervosamente. Ele estava de volta ao seu estado predatório. E ela estava voltando a ficar nervosa.

"Se você não está em débito, e todas suas necessidades estão pagas, por que precisado dinheirocom tanta urgência?"

A menina desviou o olhar, indignada e irritada. "Bem, você tem que saber, que todas as minhas necessidades não estão pagas."

Botan arriscou um olhar na direção dele e ficou surpresa ao ver um brevíssimo brilho de preocupação passar sobre seus olhos. No entanto, foi rapidamente substituído pela mesma expressão fria e essa era particularmente metida. "Não precisa ficar zangada, meu bem."

Ela ignorou o comentário afetuoso, embora tivesse sido pega de surpresa. "Eu não estou zangada." Botan olhou-o com desdém.

"Não discuta comigo."

Ela não ia discutir. Botan mordeu o lábio inferior e retaliou seu olhar irritado. Sr. Jaganshi estava mostrando ser uma pessoa muito confusa. Um minuto você podia ter uma conversa civilizada com ele, e no próximo você quer se esconder debaixo de um tapete, agradecida por ele só ter te insultado.

"Por que você precisa?" repetiu.

A garota suspirou. "Isso não vem ao caso. Não é importante e eu posso sobreviver sem ele." Porém ela precisava saber... "Mas quando é meu primeiro pagamento?"

Parecia que seu chefe gostaria de investigar aquela súbita indiferença, mas apenas manteve um olhar calmo e respondeu. "Todos os salários são pagos na terceira semana do mês." ele quase soou convencido quando continuou, "Vendo que este já é o começo da quarta, você vai ter que esperar por um pouco mais de um mês."

O rosto de Botan caiu visivelmente. Um mês todo? Sobrevivendo com seu escasso guarda-roupa? Ela não iria conseguir. Hiei notou sua expressão cabisbaixa. "Você poderia poupar-se do problema e simplesmente me dizer do que precisa, ao invés de evitar assunto por vergonha igual a uma menina de treze anos."

Botan quis muito dar um tapa em sua cara, mas desconfiou de que talvez fosse contra as 'regras'. Foi necessário muita força de vontade e alguma respirações profundas para que conseguisse segurar sua língua e manejar um pequeno sorriso, somente pelo seu orgulho. "Eu disse que não era nada, e isso quer dizer que não era nada. Eu quero um chapéu que estou namorando a algum tempo, mas sério, posso sobreviver sem ele."

O olhar que Hiei deu disse claramente que ele não havia acreditado, mas não pareceu importa-se o suficiente para dedicar-se mais ao assunto. "Tudo bem."

Ele levantou-se de seu assento e andou em direção a porta. "Você começa hoje então, como provavelmente já sabe." Botan notou, com um leve prazer, que a maneira com a qual andava combinava muito bem com ele. Como se tudo em seu caminho fosse melhor ir se movendo, ou sofreria as conseqüências. Ela se levantou também, mas nem de longe com mesma graciosidade que a dele. Botan pisou em falso e perdeu o equilíbrio, mal conseguindo voltar a posição vertical sem cair com a cara direto no chão.

Hiei gargalhou ao seu lado. "Cuidado aonde pisa, Botan. Existem degraus por toda a parte."

Ele começou a retirar-se e Botan encarou suas costas, não tendo certeza se havia gostado daquele estranho senso de humor que ele possuía. A menina esperou até que teve certeza de que não poderia mais vê-lo a distância antes de retirar-se da sala. Enquanto andava, refletia sobre a reunião com seu novo e imponente chefe. Imprevisível era uma boa palavra para descrevê-lo, mas ela não sentia que o conhecia nem um pouquinho. Seu comportamento arrogante podia aterrorizar, mas Botan não pode deixar de sentir um grau de intriga sobre o que estava por trás de suas ações.

Se ela pensasse sobre isso, toda sua atitude assemelhava-se a uma charada gigante. Era como se ela não fosse merecedora de seu tempo. Provavelmente nem recordaria de seu nome na manhã seguinte. Esse pensamento era insultante, mas ao mesmo tempo fascinante. Botan foi pega fora de guarda pela própria mente. Mas quanto mais se questionava, mais se dava conta de que realmente o achava um pouquinho fascinante...

Ela sentiu uma breve necessidade de saber o que exatamente estava por trás da atuação, de conhecer seu verdadeiro lado, porém somente riu de si mesma por seus tolos sonhos e saiu a procura de produtos de limpeza adequados. A garota foi mal sucedida até que Keiko veio e resgatou-a novamente.

A tarde já estava no finalzinho quando Botan chegou ao escritório do Sr. Jaganshi. A porta estava fechada, obviamente indicando que a sala estava ocupada, mas era o único lugar que restava, e ela particularmente não queria esperar até que ele terminasse. Juntou coragem e bateu na porta, espanador em mãos.

Nenhuma resposta.

Frustrada, ela levantou a mão para bater de novo, mas antes que o fizesse, finalmente veio a resposta. "Entre"

Ele soou igual a um vilão, um vampiro convidando sua presa para entrar. Isso fez com que Botan ficasse ainda mais resistente em limpar enquanto ele estivesse lá, mas após dizer a si mesma que estava sendo estúpida (e não era a primeira vez naquele dia) ela entrou.

Hiei estava sentado em sua escrivaninha, pés apoiados em cima da mesa. O paletó que usara antes estava ausente agora, sua camisa impecavelmente branca tinha as mangas enroladas até os cotovelos. Sua gravata estava consideravelmente frouxa e ele havia desabotoado os dois primeiros botões de sua blusa. Deu uma olhadela para cima quando ela entrou, caneta entre os dentes, mas fora a isso não disse nada.

Pensamentos sobre vilões prestes a fazer algo maligno abandonaram a mente de Botan quando essa o observou. Nesse estado ele quase parecia mortal. Isso tornou as coisas mais fácies para ela começar a tirar a poeira das estantes. "Desculpa. Vai durar somente um minuto, H - uh, Sr. Jaganshi."

Quase que o chama de Hiei. Desde que Kurama deixou essa informação escorregar, havia sentido que era muito mais natural chama-lo assim, mas felizmente conseguiu refrear-se a tempo e agarrou com firmeza o conselho prévio do ruivo. De qualquer forma, o Sr. Jaganshi nem pareceu tomar conhecimento de seu comentário. Botan revirou os olhos mentalmente. Deveria ter adivinhado que ele não era o tipo de pessoa que demonstrava a cortesia habitual.

Botan tinha começado com a primeira prateleira quando o telefone tocou. Ele casualmente pressionou o botão com o calcanhar, obviamente não querendo mover-se de sua posição para atendê-lo. "Sim?"

Era Kurama. "Sr. Hiwatari está na linha."

Ela observou o rosto de Hiei ficar irritado. "Eu não quero falar com ele." Botan sorriu mentalmente. Ele soou igual a uma criança de três anos.

O suspiro de Kurama atravessou o comunicador. "Ele só quer saber se você vai ao banquete ou não."

"Eu já disse que não." Hiei replicou.

"Ele quer uma explicação. Não, não é bom o suficiente."

"Que tal, porque não droga?"

Botan virou o rosto para que ele não visse a risada que estava tentando abafar.

"Tente uma frase, ou duas."

Hiei rosnou. "Diga a ele essa frase. Ou frases. Depende de como irei redigi-la." Ele clareou a garganta. "Diga que se ele não parar de me chamar, eu vou- " Hiei parou de repente, parecendo lembrar-se de que não era o único na sala. Virou-se para Botan e a garota desviou o olhar com rapidez, para não dar a impressão de que estava escutando escondida. O outro girou de volta ao telefone. "Er... Eu vou sacrificá-lo ao deus da pirâmide, pendurando-o em uma árvore de cabeça para baixo e cravando flores em seu cabelo."

A surpresa de Kurama ficou evidente pelo silêncio que se seguiu. Orgulhoso de si mesmo por surpreender seu assistente, Hiei deu uma pancadinha no telefone, como se isso fosse fazer o ruivo falar. "Foram uma frase ou duas, Kurama?"

"Er . . .foram, hã, uma...eu acredito. Houve outra breve pausa. "Embora, talvez existam alguns run-ons(2)."

"Só tire-o de minhas linhas telefônicas." disse abruptamente antes de clicar o botão de desligar com prontidão. Ele correu uma mão ao longo do seu maxilar enquanto girava de volta para o computador. "Maldito."

"Quem? Kurama!" Ela não conseguiu se conter. Não podia acreditar que Hiei falaria desse jeito sobre seu assistente. Os olhos dela se arregalaram quando percebeu o que disse.

Hiei virou a cabeça bruscamente para encará-la, evidentemente tão impressionado quanto ela com sua súbita explosão. "Não," disse. "Sr. Hiwatari."

"Oh..." ela falou pouco a vontade, desejando que ele parasse de observá-la.

"Eu pensei que havia dito para nunca elevar seu tom de voz para mim." A forma com a qual Hiei disse indicava que ele achava que estava falando com uma criança.

Botan não ia começar a discutir outra vez. "È, você disse." A garota sorriu nervosa. "Bem, eu já terminei por aqui, então é melhor eu ir indo..." Antes que eu seja despedida em meu primeiro dia. Ela saiu rapidamente da sala, fechando a porta atrás de si. Só então soltou a respiração devagar.

Ótimo primeiro dia.

Mel - 1-No original está escrito "to work in day and out", soou estranho mas foi o melhor que eu consegui encaixar.

2- Não faço a mínima idéia do que run-ons significa.

Sejam bonzinhos e comentem, ok?

J.J- Então eles se conheceram. Hiei não é uma pessoa agradável?

Próximo capítulo: O Feio, O Rico e O Mais Rico.