J.J - Outra atualização! Eu acabei de comer três Kashi bars e estou pronta para escrever!

.. Fiquei tão feliz em descobrir que existem mais pessoas que apóiam o Kuwabara entre os meus leitores. Ou talvez a palavra certa seja, toleram... Heh. Aproveitem esse capítulo, Tardes da Nossa Vida fez seu retorno... n.n;

Mel - Esse capítulo está traduzido dês da semana retrasada, mas não pude posta-lo por causa da semana de prova (já mencionada) então só deu hoje mesmo. Ah sim, estou trabalhando em algumas surpresas; breve.


A Bomba

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Uma batida soou em sua porta. Botan olhou confusa em sua direção, perguntando-se quem poderia ser. Checou-se no espelho da parede, enxugando suas bochechas para diminuir qualquer sinal que demonstrasse que estivera chorando. "Estou indo!" gritou com uma voz quebrada. A garota tentou fechar sua mala, mas como não se incomodara em dobrar nada, só conseguiu cansar suas mãos tentando fazer com que a tampa parasse de saltar de volta para ela.

Depois que o trinco abriu em disparada pela terceira vez, Botan suspirou em exasperação e andou em direção à porta, puxando-a. Seus olhos se arregalaram quando viu quem era. Hiei.

Ela não pensara que ele viria despedi-la pessoalmente. Hum bem, pensou consternada, era melhor superar aquilo. Seu estado emocional não agüentaria sua presença autoritária por muito tempo, mas e daí? Nunca mais o veria de novo.

Botan esperou pacientemente que Hiei falasse primeiro. Quando este o fez, achou que escutara errado.

"Você está fazendo as malas?"

Sua voz possuía um quê de . . . desculpas?

"Sim." A garota olhou brevemente para a mala aberta atrás de si. "Estou. Só me preparando... não tem necessidade de esperar, eu suponho..."

"Você está indo embora?" Sua voz não demonstrava emoção, seus olhos e rostos estavam sem expressão. Não havia explicação para o pequeno sentimento de preocupação que ela podia sentir nele. Era inexplicável, mas de alguma forma Botan sabia que Hiei não gostava da idéia dela ir embora.

O que na fazia sentido algum, considerando que ele iria despedi-la.

"Uh... estou, não estou?"

"Por que deveria?"

"Porque, bem..." Era esquisito dizer. "Estou despedida." A garota parou, escutando a incerteza da própria voz. "Não estou?"

As sobrancelhas de Hiei arquearam-se naquela expressão surpresa dele que Botan sabia que significava que ele estava sentindo exatamente o oposto de surpresa. "E quem, por Deus, te despediu?"

"Eu achei que...você..." gaguejou desamparada. Isso definitivamente não estava indo como planejara. Ela mordeu o lábio, estreitando os olhos minuciosamente para Hiei. "Você não vai me despedir?"

Pela primeira vez, um brilho de mal-estar passou por seus olhos e ele desviou o olhar. "Na verdade, devido às circunstâncias da situação, talvez fosse melhor..."

Botan estava começando a achar que ele estava soando suspeitosamente igual ao homem de negócios que originalmente imaginara, quando Hiei parou de repente no meio de sua sentença e seus olhos voaram sobre o ombro de Botan, afiando-se para um grau quase assustador. A garota pode, literalmente, senti-lo ficar tenso, e virou-se velozmente para ver o que o mantinha em tal estado.

Ela não viu nada. Mas só precisou esperar alguns segundos até que sua janela quebrasse quando uma pedra oval do tamanho de seu punho entrou a toda velocidade em seu quarto. A garota deu um gritinho de surpresa. A coisa aterrissou no carpete, entre os fragmentos de vidros quebrados. Botan não sabia o que era aquilo, mas parecia estar tipo que fazendo . . . tique-taque?

"Abaixe-se!" Escutou Hiei gritar atrás de si.

Botan mal teve tempo de raciocinar quando ele veio de repente pelo seu lado, puxando-a para si em uma prensa dolorida. No outro instante, algo explodiu no quarto. Botan não pode ver as chamas porque seu rosto estava enterrado no ombro de Hiei, mas sentiu uma imensa onde de calor consumi-los quando foram arremessados no ar pelo impacto. Ela gritou e apertou com força a frente da camisa dele enquanto sentia fortes braços agarrarem suas costas com firmeza.

Sua mente quase parecia desconecta quando eles caíram violentamente no chão, rolando algumas vezes. Mesmo assim, Hiei ainda a segurava. Botan não sabia onde estavam. Podia sentir o cheiro de fumaça e havia escombros e ruínas em toda sua volta, mas não conseguia concentrar-se...

Mas ela sabia... não, ela podia sentir que Hiei estava em cima dela. Um lado seu queria ronronar em apreciação feminina por sua sólida, firme forma, mas seu lado lógico reprimiu isso. "Hiei?" Chamou, sua própria voz parecia que vinha de um sonho.

Botan começou a entrar em pânico quando não obteve resposta, mas então escutou um gemido agonizante assim que ele começou a retirar-se de cima dela, suas mãos sustentando-o ao seu lado. A garota quis chorar pelo seu estado. Seu olhar estava inexpressivo e sem foco (1), fazendo com que o normalmente vermelho vibrante parecesse marrom, mas isso não escondia o definido medo e confusão impressos neles. Uma pegajosa linha de sangue escorria de sua testa pelo lado de seu olho esquerdo.

Até onde a confusa mente de Botan permitia, ela não conseguia sentir nenhum machucado em si além de algumas contusões. Tinha que agradecer Hiei por isso. Cuidadosamente, estendeu a mão e tocou seu lado. Hiei estremeceu visivelmente e ela imediatamente arrependeu-se de seu ato.

"Oh, você está ferido," sussurrou desamparada.

Ele se esforçou para falar. "Nós . . . nós temos . . . que . . ."

"Nós temos que te ajudar," a outra interrompeu, sentindo sua mente entrar em um pânico enlouquecido.

Hiei balançou a cabeça. "Não, escute-"

"Nós precisamos de um médico!" O que estava fazendo com que ela agisse tão assustada? Botan sentia como se estivesse à parte de si mesma, meramente assistindo enquanto a mulher enlouquecida que se parecia com ela começar a ter um ataque.

Uma áspera mão cobriu sua boca com dureza, reprimindo qualquer outro argumento. Ela olhou delirante para o rosto de Hiei, mal registrando a sinistra carranca em suas feições.

"Fumaça," ele rosnou.

Confusa, Botan permitiu que Hiei a arrastasse para fora da área do desastre. Ele pegou seu braço e a garota saiu tropeçando atrás dele, esforçando-se para acompanhar seu passo rápido. Ela começou a reconhecer os arredores do último andar. Estavam quase na porta que levava a escadaria . . . então Hiei começou a cambalear.

Ele soltou o braço de Botan e caiu de joelhos, os efeitos da bomba finalmente apanhando-o. Estava tremendo e agarrando seu estomago com força.

Estavam tão perto da porta!

"Vamos, Hiei," ela roquejou, inclinando-se para segurar as costas de sua camisa. Botan puxou, sinceramente acreditando que podia arrastá-lo até seu destino. De alguma forma, eles iriam ficar bem, se simplesmente saíssem do corredor.

Ela parou seus esforços quando Hiei vomitou sobre o carpete vermelho. A visão a deixou tonta e Botan sentiu o chão girar debaixo de si. Tentou recuperar seu equilíbrio, mas isso se provou inútil quando seu débil corpo despencou sobre o chão. Tudo estava dando voltas, as bordas de sua visão foram devagar borrando-se com preto.

"Hiei..."


"Botan? Você já acordou?"

A garota abriu os olhos devagar, piscando até que sua visão clareasse. O rosto de Kurama entrou em foco.

"Ei, aqui," disse ele. Keiko e Shizuru surgiram ao seu lado, literalmente chorando de alívio. Bem, talvez só Keiko chorasse. Botan se sentou lentamente, absorvendo seus arredores. Parecia-se com seu quarto, mas levemente diferente, definitivamente menor. Não sentia nada além de estar um pouco dolorida e cansada, mas seu pulso fora enfaixado.

"Onde estou?"

"Ah, Botan!" Keiko gritou, jogando os braços em torno dos ombros da amiga. "Estávamos tão preocupados com você!"

Botan riu incomodada e gentilmente colocou as mãos nas costas de Keiko em um suave abraço. "Estou bem, sério. Só não sei o que está acontecendo..."

Os rostos de Shizuru e Kurama ficaram preocupados. "Você não se lembra?" Shizuru perguntou.

Bem que ela gostaria de lembrar, mas tudo parecia tão confuso no momento. Não sabia nem em que quarto estava.

Vendo seu rosto cada vez mais confuso, Kurama suspirou. "Havia uma bomba . . ."

Com essa declaração, os acontecimentos voltaram com uma velocidade ofuscante. Tudo ainda estava meio borrado, mas sabia o que acontecera. Ainda era capaz de sentir o fogo, capaz de ver Hiei . . . o sangue . . .

"Oh meu Deus! Hiei! O que aconteceu com ele? Ele está bem?"

Kurama agarrou seus antebraços, acomodando-a para que deitasse na cama novamente. "Acalme-se, Botan. Ele está bem. Está no quarto, descansando, como você deveria estar fazendo."

"Mas. . . esse não é meu quarto. . ."

"È, bem, seu quarto foi tipo que explodido, não mesmo?" O ruivo levantou uma sobrancelha esquisitamente para ela.

Botan manejou um pequeno sorriso, apreciando o alívio cômico. Seu rosto ficou sério quando outra pergunta veio a sua mente. "Kurama. . . quem pôs aquela bomba no meu quarto?"

A face de Kurama obscureceu. Sua boca virou uma linha consternada antes de responder secamente, "Não temos certeza. Sr. Jaganshi possui muitos inimigos, então poderia ser muita gente. Esse tipo de coisa ocorre com freqüência, Botan. Nossa segurança será aumentada e isso não se repetirá, não se preocupe."

Algo nos olhos dele só fez com que a garota se preocupasse mais. Havia muita coisa que Kurama não estava contando, mas, pela sua expressão, parecia que não iria falar. Obviamente, a situação era mais severa do que o ruivo afirmara, mas ela não iria forçar a barra. Talvez porque não quisesse saber. Talvez porque algo lhe disse que esse tipo de coisa iria repetir-se. . . . e Kurama sabia disso.

Botan queria saber mais sobre o que acontecera consigo. Pelo menos isso merecia saber. "Kurama... quando a bomba nos atingiu, me senti muito estranha, ficava me desesperando à toa, e Hiei vomitou. . ."

"É," Kurama respondeu. "Foi uma pequena bomba, e por isso vocês dois não morreram, estando no quarto. No entanto, depois que explode, libera uma série de gases tóxicos." Os olhos dele suavizaram. "Tivemos sorte de pegar vocês quando o fizemos."

Uma memória flutuou vagamente na mente de Botan. "Hiei sabia sobre a fumaça..." Ele também soubera que a bomba estava vindo segundos antes de quebrar a janela.

Traços que não costumavam acompanhar uma pessoa de terno e gravata. Isso só confirmou sua suspeita de que havia mais sobre Hiei do que se via. E não só o fato dele ter um lado mais gentil. Ela também estava começando a achar que ele talvez tivesse um estilo de vida completamente diferente.

"Sim..." Aquele sombrio, misterioso olhar passou pelos olhos de Kurama novamente. "Eu suponho que ele tenha..."

"É meio romântico, sabe," Keiko disse, e o ruivo pareceu feliz com a interrupção. "Ele tipo que te salvando e tal..."

Botan corou.

"É mesmo," Shizuru concordou. "Eu gostaria de ter um milionário solteiro e gostoso me protegendo."

Kurama riu e Botan revirou os olhos. A garota olhou de novo para suas duas amigas, pegando suas mãos e apertando com firmeza. Ela suspirou. "Obrigada pela visita, gente."

"Ah, você é tão burra," Shizuru chiou. "Como se não fôssemos." As três dividiram uma pequena rodada de risadinhas, embora fossem risos do tipo tenso e preocupado.

"Eu trouxe sopa!"'

As quatro cabeças se viraram quando Yusuke e Kuwabara entraram no quarto, Kuwabara segurando uma bandeja que continha uma grande e fumegante tigela de sopa de macarrão e galinha. Botan sorriu agradecida para ele quando este colocou o alimento no seu colo. "Bon apetite!"

Rindo consigo mesma, pegou um pouco do caldo com a colher e provou. Como sempre, a comida de Kuwabara estava maravilhosa. "Oooh... está uma deliciosa. Exatamente o que eu precisava."

Kuwabara sorriu com alegria. Yusuke sentou ao seu lado e ela sentiu seu peso na cama. "E aí, como está o pulso?"

"Meu pulso?" Botan olhou sem fala para as bandagens. "Ah, é mesmo. Qual é o problema com ele?"

Yusuke ergueu uma sobrancelha e pousou a costas da mão em sua testa. "Eu acho que você precisa dormir mais um pouco, raio de sol."

A garota deu um tapa brincalhão em sua mão. "Não, sério, o que houve? Eu torci?"

"A palma da sua mão e a parte debaixo do seu pulso foram queimados," Kurama esclareceu.

"Queimados?" Ela explorou sua memória. Não lembrava de sentir qualquer dor em seu pulso, muito menos queimadura. Embora a possibilidade fosse muito provável, tendo uma bomba explodindo bem ao seu lado. Podia recordar de sentir uma imensa onda de calor, mas Hiei a estava cobrindo...

Seus olhos se arregalaram em horror. "Oh não. Hiei está seriamente queimado?"

"Oh, ele está . . ." Kurama começou, ganhando uma expressão tensa.

Botan ficou ainda mais preocupada. "O que?"

Yusuke clareou a garganta. Ela não perdeu o olhar significativo que os dois trocaram. "Ele não está seriamente ferido. Os maiores estragos da bomba foram os gazes e o impacto..."

Botan queria discutir até o fim esse assunto no qual já pensara, mas nada disse. Decidindo mudar a conversa para algo que não precisasse ser tão secreto, perguntou casualmente, "Então, de quem é esse quarto, de qualquer forma?"

"É um dos quartos dos empregados disponíveis," Shizuru explicou apressadamente. Parecia que queria perguntar alguma coisa, mas Kurama a interrompeu.

"Você poderia ter ficado no outro quarto de hóspedes do último andar, mas precisava ser limpo apropriadamente. Entrou muito escombro, e os tapetes queimaram-"

"Não terminei," Shizuru falou irritada com um dedo de aviso apontado para Kurama, seus olhos desafiantes. Para a risada geral, ele calou a boca. Shizuru sorriu triunfante antes de se virar e lançar aBotan um olhar penetrante. "Agora, o que eu gostaria de saber é, por que você de repente passou a chamar o Sr. Jaganshi, de Hiei?"

Todos os seus amigos deram-lhe idênticos olhares curiosos. As bochechas de Botan começaram a ficar rosadas. "Bem, eu hum . . . .eu, é que . . ."

"Oooh." Yusuke compreendeu sorrindo sonsamente de orelha a orelha. "Já na fase de chamar pelo primeiro nome, hm?"

Todos riram e Botan corou toda até o cabelo. "Não seja ridículo," devolveu com raiva. Ela deu uma travesseirada na cabeça de Yusuke. "Agora saiam do meu quarto para que eu possa descansar. Vocês estão todos me irritando, o que é péssimo."

A garota tentou lançar um olhar no estilo de Hiei, mas falhou miseravelmente. Yusuke riu e sacudiu a cabeça. "Nem adianta tentar, Botan. Você não conseguiria parecer mal nem se sua vida dependesse disso."

Ela suspirou como se horrivelmente desapontada. "Não pode me culpar por tentar."

"Eu suponho que não." Yusuke levantou e começou a andar em direção a porta com Kurama e Kuwabara. Ele fingiu um grande estremecimento. "Ninguém pode ser inteiramente bem-sucedido em lançar o olhar malvado igual ao Sr. Jaganshi."

Kuwabara riu e posicionou os dedos na frente dos olhos demonstrando um raio. "Morte por fogo!" ele anunciou sibilando diabolicamente. Rindo, os três garotos saíram do quarto.

Keiko e Shizuru pararam na porta. "Você têm certeza de que está bem?" Keiko perguntou suavemente.

A outra acenou com a cabeça. "Estou ótima. Só preciso descansar um pouco."

"Tudo bem." Keiko sorriu. "Tenha bons sonhos."

Depois que eles se retiraram, Botan remexeu sua sopa amavelmente, refletindo sobre sua pequenina e inocente mentira. Com toda sinceridade, não se sentia nem um pouco cansada. Pelo contrário; sentia-se agitada. Esperou alguns bons minutos antes de colocar a bandeja com a sopa de lado e levantar-se da cama. Só então percebeu que vestia uma camisola sedosa que não era sua. Com uma carranca na consciência, percebeu que ela mal chegava aos joelhos.

Com um grande suspiro de alívio, viu o roupão que fazia conjunto posto em cima de uma das cadeiras do quarto. A garota o pegou e o amarrou em volta da cintura cuidadosamente. Nas pontas dos pés, encaminhou-se para a porta, olhando prolongadamente o corredor para se certificar de que a barra estava limpa. Quando teve certeza de que ninguém que pudesse reconhecê-la estava por perto, entrou no corredor.

Levou uns cinco minutos a mais do que levaria se ela soubesse onde estava, porém conseguiu achar a sala principal. Botan subiu a escadaria em espiral, ignorando a placa que ficava na porta que proibia a todos de entrar, e adentrou no último andar.

Soltou um grito abafado pelo seu estado. Havia várias fitas policias que se cruzavam no batente da porta do seu velho quarto, poeira e escombros estavam espalhados no chão em sua volta. Por toda a extensão da parede e tapete havia agourentas manchas negras que indicavam por onde o fogo passara. Engolindo o sentimento nauseante que adquirira, Botan passou a andar em direção ao quarto de Hiei. A maior parte da bagunça fora limpa, somente deixando a parte da frente do seu quarto como estava. Ela suspeitava que talvez fosse para as provas.

Fez seu caminho pela bagunça antes de salta apresada para a porta de Hiei. Ela não queria ficar rondando pelo seu quarto por mais tempo. A garota parou, não tendo certeza se queria bater. Bater iria dá-lo a oportunidade de mandá-la embora, Botan precisava saber se Hiei estava bem, ele querendo ou não. Devia sua vida a ele.

Prendendo a respiração, segurou a maçaneta devagar, rezando para que não estivesse trancada. Encheu-se de gratidão quando o objeto girou em sua mão. Empurrou a porta lentamente, piscando contra a atmosfera escura do quarto.

Apesar de já haver estado lá antes, a grandeza do quarto dele sempre tirava seu fôlego. Era duas vezes maior que o seu quarto, bem mais mobiliado e decorado. Decoração que consistia inteiramente de preto e intensos tons de vermelho, cortinas negras e finas deslizavam sobre sua cama. Uma atmosfera bastante minatory (2), para dizer o mínimo, mas também... não conseguia imaginar Hiei vivendo em nenhum lugar de cores berrantes.

Olhou através da extensão do quarto e encontrou-o sentado na cama, sentado verticalmente com um monte de travesseiros para sustentá-lo. Ele não parecia mortalmente ferido, vestia uma camisa preta e folgada, sem ser abotoada em qualquer lugar. Seu tronco estava coberto por faixas, assim com seus dois braços. Até onde Botan podia dizer, Hiei não percebera sua entrada, parecia absorto em algo.

A garota olhou para onde ele estava encarando, surpresa ao ver uma grande televisão contra a parede. Sua boca abriu de leve por assombro, se não por um pouco de graça.

"Eu não acredito em você."

Ele finalmente tomou conhecimento de sua presença, virando para vê-la. Sua expressão era ilegível. Já que ele não disse nada, Botan caminhou lentamente em sua direção, um olhar convencido no rosto. "Você está vendo Tardes da Nossa Vida," acusou.

Hiei revirou os olhos, dando de ombros. "Não tinha mais nada passando."

Botan deu um grande sorriso. "Como você disser."

Ele estreitou os olhos para ela. "O que você está fazendo aqui?"

"Eu trabalho aqui."

"Quis dizer em meu quarto, idiota."

Nossa, alguém estava com um humor delicado.

A garota ignorou o comentário cruel e andou para sua cama, sustentando-se no colchão de casal com um pouco de dificuldade. Aproximou-se com mais velocidade, olhando-o cuidadosamente. Ele também a observava. Hiei parecia tenso e enrolado, pronto para atacar ou correr.

Sorrindo suavemente, ela tentou achar palavras que iriam impedi-lo de fazer ambos. "Você está bem?"

Parecia que suas palavras tinham queimado-o. Ele começou a encará-la, mas parou, escolhendo desviar o olhar e afundar mais nos travesseiros no lugar. "Você é estranha," disse finalmente.

"Assim você já me disse." Ela estendeu a mão cautelosamente e tocou seu peito enfaixado. "Foi aqui que você se queimou?"

"Não." Hiei suspirou, como se admitindo seu fracasso e derrota para sua presença. "Costelas quebradas."

Botan estremeceu. "Ai. Desculpa." Ela olhou para as bandagens ásperas em seus braços. "São os seus braços que estão queimados então?"

"Não." Ele ainda não a olhava nos olhos. "Só cortes profundos que estão abertos. O peso de seu corpo e do meu aterrissaram sobre eles em cima de madeira e vidros quebrados, se você se lembra."

"Eu lembro." Ela fez uma tentativa de humor, para suavizar o ambiente tenso. "Mas estou certa de que a maior parte do estrago foi feita pelo peso do seu corpo. Você poderia perder alguns quilos."

Hiei olhou para ela, bufando suave. Botan entendeu que essa era a melhor resposta que iria tirar dele. A deixava preocupada que ele não parecia queimado em lugar algum, e ela queimara o pulso. Se lembrava corretamente, Hiei era quem a cobrira, não ao contrário. Será que ele era... Imune ao fogo? A menina encolheu os ombros mentalmente. Talvez ele fosse. Talvez fosse por isso que Kurama e Yusuke ficaram tão receosos em discutir suas supostas 'queimaduras'. Isso a deixava confusa, mas não perguntaria a ninguém sobre o assunto ainda.

Ela virou seus olhos para a tela e ambos assistiram por alguns minutos em silêncio o gêmeo malvado de Tom (Botan não deixou de mencionar que estivera correta) tentar matar Robert, porque ele amava Martha.

"Você pode ficar com ela! Eu amo Victoria!"

"Cretino," Hiei disse.

Botan riu. Os dois voltaram a assistir, ou Botan pensou que haviam voltado a assistir, até que escutou Hiei dizer, "Então . . . você está bem?" e virar para encontra-lo olhando intensamente para ela.

Os olhos dela suavizaram pela sua preocupação, não importando o quão duro e mal apresentado talvez tenha sido. "Sim, estou bem." Ela corou um pouco. "Graças a você. Sério mesmo, Hiei . . . graças a você."

Ele deu um suave sorriso convencido. "Achei que havia dito para me chamar de Sr. Jaganshi."

Botan sentiu seu estômago contorcer agradavelmente quando percebeu a ausência de intimidação que ele normalmente gostava tanto de usar quando dava ordens, não importando o quão trivial elas fossem. A garota sorriu e começou a responder, mas seu olhar foi distraído pelo braço direito de Hiei. As faixas estavam se soltando.

"Ah não, olhe . . ." Ela apontou.

O outro olhou para baixo e franziu as sobrancelhas. "Merda . . ."

Hiei tentou consertar só com seu braço esquerdo, mas acabou falhando miseravelmente, para sua frustração. Ignorando a colorida torrente de palavras que ele começou a murmurar, Botan gentilmente segurou seu braço. "Deixa que eu faço isso."

Hiei hesitou, agarrando seu braço de volta, mas então, foi vagarosamente permitindo que ela o segurasse e o colocasse em seu colo. Ficaram em silêncio enquanto a garota começava a envolver a extremidade novamente.

Hiei não observava os dedos dela trabalhando contra os seus, podia sentir isso. Observava seu rosto no lugar. Ela parecia tão calma. Por que ela não estava sentindo pequenas esquisitas sensações em seu estômago toda vez que seus dedos roçavam contra os dele?

Exceto por esse pensamento, era pacífico sentar ao lado dela. Paz era algo que não sentia desde... bem, desde um bom tempo. Um lado seu queria que Botan ficasse até que adormecesse e fosse capaz de pegar um necessário descanso. No entanto, seu lado mais dominante disse que idiota ele estava sendo, e lembrou-o que ela era sua empregada. E que se não conseguia dormir por conta própria, que diabos estava fazendo correndo pelo amplo mundo dos negócios?

O que é que ela está fazendo aqui de qualquer forma? Ela era um mal que precisava sair. Botan passou a enrolar a parte final da bandagem, e Hiei falou baixinho. "Por que você está fazendo isso?"

A garota olhou para cima surpresa. "Bem . . ." Voltou a olhar para baixo e deu um último nó na roupa branca. "Se-nhor Jaganshi, suponho que é porque você me paga 17.50 dólares a hora."

Ele de fato teve a vontade de rir. Isso parecia ocorrer com bastante freqüência perto dela. Algo que Hiei detestava demais.

"Ah." Ele fez uma carranca zombeteira para Botan. "Eu esqueci."

Ela riu consigo mesma e ele teve o impulso de colocar uma mexa do cabelo dela atrás da orelha.

Ela precisava ir embora.

Botan provocava coisas nele que Hiei não se sentia privilegiado o bastante para sentir. Não, não privilegiado. Certamente não era um privilégio carregar o fardo de sentimentos afetuosos e protetores. Ele reclamou consigo mesmo. Embora, também não pretendesse expô-la a algo como isso, e esperava que Kurama não tivesse entrado em muitos detalhes com ela. Poupe os inocentes, se você puder. Hiei também tentou se convencer de que o impulso de protegê-la que veio sobre ele aconteceria com qualquer um.

Porque... ele fazia o tipo herói... e tal.

Ela realmente precisava ir embora.

"Você quer mais alguma coisa?" Certificou-se de colocar um tom cortante na sua voz. Confusão, emoções no geral, não eram coisas que eles gostavam de se familiarizar. Coisas que ela parecia trazer.

Botan parecia surpresa com sua súbita frieza. "Bem . . . não . . ."

Hiei deu-lhe um olhar óbvio, imperativo. Os olhas dela se estreitaram quando pegou a indireta. "Bem, eu odiaria te incomodar com minha presença por mais tempo, Hiei". A completa frieza em deu tom quase fez com que ele se arrependesse de suas atitudes. Ela começou a se mover vagarosamente para fora da gigante cama.

Sua aberta raiva contra ele dava nos nervos, mas Hiei mal piscou quando a presenteou com um sorriso cruel. "Não deixe que a porta bata em você quando sair," se gabou com uma falsa preocupação.

Ele talvez tivesse aplaudido o olhar que ela deu se não estivesse direcionado para ele. Botan se encheu de raiva e saiu furiosamente do quarto, a porta batendo com força logo em seguida. Hiei continuou a encarar a porta do quarto.

Qual era o problema com ele?

Apesar de ter ido embora, ela continuava em seus pensamentos, E não eram pensamentos sobre meter uma meia em sua boca por desafia-lo completamente. Ele estava refletindo sobre como sempre notava quando Botan entrava em uma sala, ou a deixava. Ou em como havia gostado da maneira que seu sedoso roupão movera-se sobre seu corpo na sua enfurecida saída do quarto.

Hiei agarrou os lençóis pelos dois lados brutalmente, horrorizado com os próprios pensamentos. Ah, como seu poderio caíra. Esses pensamentos não poderiam ser realmente dele, poderiam? Quase com medo de saber a resposta, ele se perguntou mentalmente... poderia realmente estar atraído por essa mulher?

A resposta veio claramente em uma súbita imagem de curvas, cabelo azul e olhos violeta. Hiei rosnou viciosamente e pegou com prontidão o único objeto duro perto de si, o controle da T.V, e jogou-o contra a parede. O controle se despedaçou em pedaços de plástico e fios.

Ele tomou um longo, estremecedor fôlego, disposto a acalmar-se antes que fizesse algo pegar fogo por acidente. Com rápidos movimentos, bateu com a mão algumas vezes, desobstruindo o caminho dos travesseiros, deixando apenas um para que pudesse deitar confortavelmente. Enterrou-se no colchão, tentando fazer com que seu tenso corpo relaxasse.

Escutou o programa que ainda estava no ar.

"Você não compreende. Ela me assombra! Ela atormenta a minha mente..."

Hn. Ela não iria atormentar sua mente. Chegou muito perto de ser bem-sucedido, concentrando-se na bomba ao invés, e o que isso significava. Sabia quem a mandara, e a ameaça que isso significava. Agora, o problema continuava-

Hiei congelou, seus olhos abrindo vagarosamente quando um aroma se fez saber.

Baunilha...

Com um grito de frustração, sentou-se reto em disparada e começou a arrancar os cobertores e lençóis da cama.

Bem naquele exato segundo onde encontrara o cheiro, uma imagem muito nítida, muito real dele a beijando surgiu em sua mente. Ele a odiava por isso!

Só depois de ter acabado, arfando pesadamente em cima do colchão nu, a intensa dor das costelas quebradas finalmente o pegou. Hiei gemeu e despencou para o lado, acariciando seu torso machucado com os braços. Ficaria livre dessa atração indesejada logo logo. Ele tinha.

Tom parecia compartilhar seus sentimentos. "Esse sentimento vai ser a minha morte..."


J.J. – Muha… a trama começou a seguir seu caminho, e o relacionamento entre Hiei e Botan está evoluindo.

(Próximo Capítulo: O estimado passeio no Shopping)

Mel – Legenda:

1 (sem foco)- era worn over e a tradução no dicionário não tinha nada a ver, mas ainda vou perguntar a minha professora.

2 (minatory)- O que eu achei foi minucioso ou pequeno, o que realmente não se encaixa no contesto.