J.J. – Uma nova atualização- Huzzah! Não tenho muito a dizer, exceto que updates vão demorar um pouquinho mais, devido ao fato dos treinos de tênis terem começado para mim. Infelizmente...

Mel – Será que eupoderia demorar mais para atualizar? Quer dizer foram três meses! Desculpas pela espera... Queria agradecer novamente a todos pelas reviews (a primeira vez foi no capítulo dois, mas acho que pareceu mais que eu estava pedindo para vocês aprenderem a lidar comigo, se foi isso que pareceu espero ter resolvido a confusão agora) especialmente para Pyoko-Chan, que comenta religiosamente e para Tsuki Koorime, minha atual parceira de tradução e que betou esse capítulo para mim.

Ellamr- Reviews iguais a sua me deixam rindo igual a uma idiota. Realmente incentivador. Eu estava pensando em traduzir uma one-shot, já até escolhi (surpresa), mas só vou postar daqui a um tempo - estou um pouco sobrecarregada...


Capítulo Cinco

O estimado passeio no Shopping

------------------------------

---------------

Apesar do inevitável alvoroço que o evento da bomba causou, a vida na Mansão Jaganshi começou a cair na rotina mais uma vez. Botan ainda não tinha permissão para ficar no seu antigo quarto, mas foi se acostumando aos poucos. Obviamente, o dia marcado anteriormente para o shopping havia sido adiado. A próxima quarta-feira seria o dia em que Yusuke teria tempo para levá-los. Kurama, infelizmente, não poderia ir, mas ele não pareceu muito consternado por ficar de fora de umas compras de garotas de qualquer forma.

Claro, lá pela quarta-feira Botan só teria que esperar por um pouco mais de uma semana para receber seu salário, mas suas amigas insistiram que elas precisavam fazer compras com a mesma urgência que ela. Botan limpou o último andar como sempre, menos seu próprio quarto, e acrescentou um fervor extra nos seus esforços. O leve cheiro que ficou após a bomba estava quase saindo.

Porém na segunda à tarde, três dias inteiros após a bomba, algo ainda a incomodava. Hiei parecia ter desaparecido. Por mais que perambulasse pelo último andar, não via nenhum traço dele. Teve algumas visões de Kurama por aí, então sabia que ele não poderia ter saído para uma conferência ou outra viagem de negócios. E era final de semana, ele não deixaria sua casa para nenhum negócio pendente,pelo menos não sem seu assistente.

Sua ausência parecia ter deixado um buraco no dia dela. Botan franziu a testa refletindo, enquanto endireitava os livros no topo de uma estante da biblioteca. Estava apoiada em uma escada de mão para que pudesse alcançar adequadamente, seu pé levantado para fora quando se esticou para chegar a um canto particularmente longe. Sentia falta de sua companhia, surpreendentemente muita falta. Mesmo quando ele tão obviamente não queria a dela. Botan irritava-se sem perceber, só de pensar na forma com a qual ele tão rudemente a dispensara.

Se bem que, dispensar alguém rudemente era o estilo de Hiei, então sabia que não deveria se sentir ofendida. Mas Botan achara que ele estava começando a ficar um pouquinho mais caloroso com ela. Logicamente, estivera errada.

A garota parou abruptamente quando percebeu que esfregara o mesmo ponto tantas vezes que estava quase abrindo um buraco na madeira. Frustrada com seu jeito distraído, começou a descer pela escada de mão. Não sendo capaz de vê-lo, Botan achou seus pensamentos indo constantemente parar nele. Poderia começar a pensar sobre macacos, e de alguma forma, voltaria para Hiei.

Só pode concluir pelos seus sentimentos que de fato sentia saudade dele. Talvez Hiei a tivesse mimado com sua presença, que era maior do que a maioria dos empregados podia ter, mas a garota havia olhado adiante para vê-lo indiferente. Era angustiante saber o quão viciada ela ficou por sua companhia.


Botan revirava sua mala desajeitadamente, tentando achar desesperada sua blusa gasta de tanto lavar. Era sua favorita, e não havia sido barata. Ela só a usava uma vez por semana.

Ela suspirou em exasperação, fechando a gaveta novamente. Onde é que poderia estar? Tentou se lembrar da última vez que a usara. Havia tomado um banho primeiro-

Era isso! Estava morando no último andar na última vez que a usara. Tinha que estar no seu antigo banheiro. Ela olhou cautelosa para o relógio. Ficara lendo até tarde... agora já era quase uma da manhã. Então Botan se lembrou de que a única pessoa que ela precisava se preocupar em acordar era Hiei, e mesmo que este a escutasse, ele parecia estar tão inclinado a evitá-la, que provavelmente não diria nada a respeito.

Decisão feita, a garota saiu furtivamente de seu quarto, correndo a passos rápidos pelo corredor escuro em seus chinelos. Abraçou os braços com força. A mansão tinha um ar quase horripilante de madrugada, sem todo aquele costumeiro corre-corre. Sacudindo esses pensamentos repugnantes, fez seu caminho através da sala principal pela escada em espiral.

Ela parou na porta, lembrando-se de ser silenciosa, antes de entrar no último andar. Olhou atentamente em volta do corredor sombrio, só por garantia, e começou a andar nas pontas dos pés em direção ao banheiro de hóspedes. Dera somente dez passos, quando um som suave alcançou seus ouvidos. Botan congelou, não sabendo o que era aquilo. Era tão baixinho, tão indistinguível, que não estava muito certa se não era só sua própria imaginação.

Mas, à medida que adentrava no corredor, o som tornava-se um pouco mais alto, mais situado. Quando chegou aos dois quartos de hóspedes (um deles marcado com a fita da polícia), reconheceu o som pelo o que era. Era música. Agora, mais curiosa do que assustada, a garota continuou a andar pelo corredor, passando pelos banheiros, sabendo que o som não poderia vir dali.

Demorou mais no quarto de Hiei, pressionando o ouvido na madeira da porta, mas também não parecia estar vindo dali. As únicas portas restantes eram as três trancadas, as três salas proibidas. A música estava muito clara agora, apesar de estar sendo de certa forma abafada por uma porta fechada. Era uma linda, ardente melodia que a chocou bem na alma, os acordes inchando poderosamente e pintando o ar frio com som.

Botan testou o volume ficando estendida no meio do corredor. Descobriu que a música estava vindo da porta a diagonal do quarto de Hiei. A última porta do corredor... a que ficava a direita. Andou para a porta e tentou a maçaneta. Estava trancada. Isso a desapontou, queria ouvir a música sem o irritante bloqueio da porta. O som era encantador e segurou sua fascinação por muito tempo depois. Ela não sabia por quantas horas ficara lá, sentada, com a cabeça inclinada contra a parede, simplesmente ouvindo.

Houvera uma razão para ter ido ali? Nada que não podia esperar.

Depois que um bocejo tirou seu fôlego, percebeu como estava exausta, e relutantemente andou de volta para seu quarto. No caminho, perguntou-se quem estava lá dentro tocando o que parecia ser piano. Seria Hiei? Parecia improvável. Ou foi um CD... algo para fazer alguém relaxar e dormir? A garota duvidava muito disso. Não conseguiria adormecer ouvindo a música, simplesmente porque queria ouvi-la. Ela tinha que descobrir quem estava tocando piano na mansão.


"Por que tão pra baixo?" Shizuru perguntou com um cutucão em Botan, Keiko ao seu lado. As três meninas estavam sentadas confortavelmente no banco traseiro da limusine, bolsas em mãos. Estavam a caminho do maior centro comercial da cidade, pretendendo passar a resto da tarde lá.

Dois dias haviam passado e Botan só vislumbrou Hiei uma ou duas vezes, e tinha sorte se tirasse um seco concordar de cabeça dele. Isso combinado com a música absolutamente cativante que ouvira noite passada e ela podia facilmente dizer que sua mente estava distraída. "Nada," suspirou. A garota sorriu levemente. "Quer dizer, nada que umas boas compras não possam curar." Vendo que Keiko e Shizuru queriam explicações mais elaboradas, disse, "Tipo... eu me meio sinto... sem-graça, sabe?"

"Sem-graça?" Keiko repetiu. "Botan, você não é sem-graça!"

"É, olha só a cor do seu cabelo," Shizuru riu com sarcasmo, dando uma pancadinha implicante na mecha que esta presa no habitual rabo-de-cavalo. Keiko a encarou. A outra levantou as mãos defensivamente. "Brincando – Eu estava brincando!"

Keiko revirou os olhos. A garota virou-se na direção da área do motorista, onde a divisória para privacidade foi abaixada. "Yusuke, Botan não é sem-graça, é?"

Yusuke olhou desconfiadamente para ela através do retrovisor. "Isso não é uma armadilha, é? Eu não quero você gritando comigo quando eu disser que ela é-"

"Poupe-me," Keiko interrompeu exacerbada seus olhos levantados para o céu.

Kuwabara, sentado no assento do passageiro, virou para dar um sorriso às três garotas. Ele fora convidado mais pelo o bem de Yusuke, para que o pobre chauffeur não tivesse que aturar todas as três garotas e o centro comercial sozinho. "Você só se sente assim, Botan, porque veste as mesmas roupas várias e várias vezes."

E porque um certo solteiro rico não me dará um segundo olhar.

Botan deu um sorrisinho, um leve rubor surgindo em suas bochechas. "Você deve estar certo. Mas sério, gente, não é nada demais."

"Claro que é," Shizuru argumentou. Seus olhos brilharam travessamente. "Na verdade, isso nos dá a desculpa perfeita pra te arranjar um traje chamativo e te arrastar até um salão para uma transformação!"

"O quê? Não!"

Keiko e Shizuru trocaram olhares igualmente travessos. "Ah, sim."

Botan gemeu.


A primeira parte do passeio havia sido agradável, ela tinha que admitir. Botan adquiriu cinco calças elegantes, ainda assim convencionais, e uma dúzia de diferentes camisas, todas de estilos distintos, porém permanecendo femininas e bonitinhas. Ela sentiu como se um grande peso tivesse sido retirado dos seus ombros.

Eles foram para a Clarissa's. Uma loja luxuosa e chique, conhecida por ter diversas celebridades como clientes. Entraram, Botan imediatamente se sentindo mais incomodada, e Kuwabara levantou a etiqueta de um dos vestidos. "Éééé...você definitivamente vai nos reembolsar por esse aqui, Botan..."

"Você é tão mão-de-vaca," Shizuru disse, traçando os dedos apreciadamente sobre o tecido sedoso e cashmere. "É só um traje de qualquer forma."

"Não sei não," Botan sentiu a necessidade de argumentar.

"Tarde demais."

Keiko e Shizuru enfiaram-na em um dos vestiários antes de saírem para investigar a loja, empilhando o que escolhiam nos braços de Yusuke e Kuwabara.

"Eu pensei que você tinha dito um traje," Kuwabara resmungou debaixo do monte de tecido em seus braços.

"Eu disse," Shizuru falou enquanto folheava por umas blusas brancas e femininas. "Qual traje é o que a gente está tentando determinar aqui."

Ela escolheu um e mandou-o para o topo da pilha sempre crescente, Kuwabara resmungou algo indecifrável. Eles retornaram aos vestiários, Keiko e Yusuke encontrando-os lá com suas próprias escolhas. Ou as escolhas de Keiko, em outras palavras.

"Botan, você está pronta?" Keiko chamou.

A outra abriu a porta e olhou para fora. "Até que enfim, quantas . . . minha nossa!" Ela olhou boquiaberta para as duas grandes pilhas de roupa. "Quantos desses vocês esperam que eu experimente!"

Keiko sorriu de orelha a orelha e empurrou um vestido vermelho nos braços da amiga. "Todos eles!"

"Mas-"

"Vai, vai!"

A garota suspirou derrotada e fechou a porta. Yusuke levantou. "Já volto." Ninguém teve tempo de questionar suas ações antes que ele saísse do vestiário.

Segundos depois, ouviram o grito exasperado de Botan. "Argh! Eu não vou sair vestindo essa coisa."

"Botan," Keiko chiou cuidadosamente.

"Eu pareço um carro de bombeiros retardado!"

"Tá. Toma, vista este." Ela lançou ema peça cinza e cashmere pela porta.

Eles esperaram, ouvindo o movimento farfalhante do tecido e vendo a sombra de Botan pela fenda aberta porta. Segundos depois, Yusuke retornou, pipocas em mãos. Keiko e Shizuru reviraram os olhos, mas Kuwabara lançou-lhe um olhar gratificado. Yusuke sentou-se ao seu lado e meteu uma mão cheia de pipoca na boca. "Esse é meu homem, Urameshi, sempre pensando pra frente."

A porta do vestiário se abriu e Botan saiu vestindo um tailleur. Ela abriu os braços, levantando-os. "E então?"

"Sofisticado demais."

"As pessoas vão achar que você é da companhia, e não que a limpa."

"Yusuke!"

"Ai!"

Botan suspirou e voltou para o vestiário batendo o pé. Saiu com o próximo, um vestido azul para coquetéis.

"Nossa."

"Ele é um... bem..."

"Meus olhos, eles ardem...".

"Yusuke!"

"Eu odiei," Botan declarou sem rodeios, olhando enojada para as extravagantes mangas infladas. A garota arrancou um traje cor creme da pilha de Shizuru e voltou para a cabine para se trocar novamente.

Pelas próximas duas horas, a rotina continuou, as outrora duas grandes pilhas lentamente diminuindo. Seus quatro amigos chegaram ao ponto onde eles simplesmente mostravam sinais que variavam entre dez e zero, julgando suas opiniões sobre as roupas.

Finalmente, duas pilhas de roupas e sacos de pipocas depois, Botan emergiu parecendo muito esperançosa. "Eu realmente gostei desse..."

Keiko sufocou um gritinho. "Oh, Botan! É lindo!"

"Você está deslumbrante!" Shizuru concordou na sua maneira típica.

Pelo cara de Yusuke e Kuwabara, eles concordavam, mas o primeiro não disse nada por medo de ser esbofeteado. Entretanto, Kuwabara estava mais do que feliz em soltar um merecido assobio. "Uau."

Ela sorriu com alegria, corando bonito. "Vou me trocar para que a gente possa comprá-lo." Voltou para a cabine, fechando a porta com um click atrás de si. A garota suspirou e olhou-se no espelho. Era um vestido peça-única, em um tom suave e tranqüilo de azul que combinava com seu cabelo. O elogio era sincero, o vestido era brilhante e se destacava dos demais. Tinha somente uma manga na esquerda, deixando seu ombro direito descoberto, mas era alto o suficiente para que não se sentisse indecente. O material se enrugava, e puxava da manga diagonalmente sobre seus seios, de uma maneira que os faziam parecer mais volumosos e desejáveis do que ela acreditava que fossem. Então, ele apertava no corpete e curvava na sua cintura e quadril, justo o suficiente para exibir suas curvas, mas solto o suficiente para ser confortável. Botan suspirou, correndo suas mãos sobre sua cintura, desejando que tivesse mais curvas do que possuía. O material então deslizava livremente, terminando um pouco abaixo do joelho. O lado direito, deliberadamente oposto à manga, era enrugado acima do seu joelho. O complexo design do modelo e das pregas fazia o vestido elegante e gracioso, sendo ao mesmo tempo casual e divertido.

Pagaram pelo vestido, exorbitantes 900 dólares, e se encaminharam a uma loja de sapatos, onde compraram um par de sapatos com atraentes saltos 'Eu-sou-mulher'. Botan achou que a amarra de couro que ia até a metade de sua canela era demais, porém Shizuru a persuadiu no final. Então foram a uma joalheria, onde acharam um jogo simples de safira com brincos e colar. Elas eram falsas, lógico. Botan não os deixaria pagar pelos autênticos caríssimos. Mesmo assim eram boas, a garota argumentou, e os outros precisaram concordar. Completava o visual perfeitamente, as pedras sendo sombreadas com algumas tonalidades mais escuras que seu cabelo e vestido.

Depois que terminaram, Keiko e Shizuru a fizeram colocar tudo, antes de, literalmente, arrastarem-na até um salão. Os dois garotos não puderam ajudar porque as duas conspiradoras meninas os obrigaram a ficar do lado de fora (vocês vão poder ver o resultado final quando terminamos).

"Vamos," Botan protestou contra seus fortes puxões, "Eu me sinto bem o bastante usando tudo isso. Uma transformação não é necessária." Ela nunca tinha sido do tipo que se sentia completamente confortável sendo embonecada. Até onde se lembrava, nem ao menos usara maquiagem na mansão, e seu cabelo estava quase sempre em um rabo-de-cavalo.

"Só dessa vez," Keiko pediu com fazendo biquinho.

"Você vai amar," Shizuru insistiu com um brilho no olhar.

No fim, Botan não pôde desapontá-las. Um homem de aparência magricela com um goatee pontudo aproximou-se, e Keiko explicou o que queriam. Também mencionou, sob o olhar intencional de Botan, que esta não queria mudar nada, só queria se maquiada.

"Uau," o homem expirou. Ele abraçou a mão em puro prazer, obviamente agradado por trabalhar em tal projeto como o que estava a sua frente. "Este vestido está impressionante em você. Você já é tão fabulosa – será um prazer te transformar em uma detectável peça de beleza feminina que nenhum homem será capaz de resistir."

A garota sorriu fracamente; precisava admitir que suas palavras causaram um efeito de excitação nela. Nenhum homem? Nem mesmo um milionário rabugento e anti-social? Ela quis se bater. Não queria fazer isso só na esperança de impressionar Hiei. Ficaria com uma aparecia boa, e, portanto, se sentiria bem. Não tinha nada a ver com ele, nem teria nunca.

Só continue dizendo isso para si mesma.

Keiko e Shizuru sentaram-se com revistas sobre cabelos, cada uma sorrindo largo com uma animação descontraída. O homem pôs um pente atrás da orelha. "Certo, eu sou Raphael, e nós vamos começar..." Ele a contemplou brevemente.

"Com suas mãos." Raphael agarrou uma das mãos de Botan e então a segurou próxima do rosto. "Elas são tão ásperas, e suas unhas!"

Ele balançou a cabeça em descrença e a garota corou levemente. Eram mãos de limpeza. Produtos de limpeza e muita esfregação deixaram-nas assim. Raphael passou nelas um creme espesso, que cheirava a hortelã-pimenta. "Vamos deixar assim. Nós vamos lavá-las com esfoliações antes de você sair."

Ele então prosseguiu seu trabalho com suas unhas. Botan insistiu que não queria cor alguma nelas, para o desapontamento de Raphael (ele estava soltando faíscas e tudo mais), entretanto, ele poliu e deu um brilho nelas a um ponto que a garota mal as reconheceu. Quando o homem acabou, Botan levantou a mão, dando um gritinho abafado. Fora o creme oleoso que as cobria, suas unhas pareciam algo que sua dona nunca as tinha visto parecer. Elas pareciam delicadas. Até mesmo bonitas.

"Agora, cabelo," Raphael disse bruscamente, obviamente não indo admirar seu trabalho manual como ela estava fazendo. "Gizelle!" Ele bateu as mãos, e uma mulher de aspecto robusto com um cabelo loiro-alvejado e batom vermelho vibrante, veio apressada. "Você trabalha com o cabelo, eu vou começar com a maquilagem."

Botan ficou feliz por ele estar fazendo sua maquilagem. Ela particularmente não gostaria que alguém que se pintava como Gizelle fizesse a sua própria. A próxima coisa que sabia, uma escova estava puxando com força o seu cabelo, com outra escova mais leve percorrendo seu rosto. Mais de uma vez, Raphael disse-lhe bruscamente para ficar quieta, mas era difícil com uma pessoa puxando sua cabeça com força e outra cutucando seu olho com rímel. A garota desejou que pudesse ver Keiko e Shizuru, para saber se elas pareciam estar aprovando... ou se aterrorizando.

Ao sentiu o rosto muito diferente, até que ele aplicou o brilho labial e Botan percebeu que mal podia falar sem sentir seu gosto na boca. Porém se cabelo parecia todo estranho. Gizelle ficava adicionando tantos mouses e sprays para cabelo, que achou preocupante ele não estar endireitando.

Depois do que pareceu uma eternidade, ambos cessaram suas ações e Raphael suspirou orgulhoso, enxugando uma lágrima perdida. Ele fungou. "Você está... perfeita!"

O homem a girou para que ficasse cara a cara com as amigas. Os olhos de Keiko arregalaram. O queixo de Shizuru caiu.

Botan franziu a testa. "Ah não... está ruim, não está?"

"Vo-Você está linda," Keiko finalmente sussurrou.

Não tão dramática como a primeira, Shizuru caiu em aplausos. "Ha ah! Missão cumprida! É esquisito te ver de cabelo solto e maquiada, mas você está ótima." Ela apontou para o espelho ao lado de Botan. "Dê uma olhada."

Ela parou, um pouquinho nervosa. Queria ficar bonita, mas não queria ficar tão cheia de base e spray de cabelo que você mal a reconheceria. Devagar, virou em sua cadeira. O reflexo que a encontrou, ficou aliviada ao descobrir, era o seu próprio... e a deixou positivamente tonta. A garota deu um grito sufocado.

"O meu-Essa sou eu!" Botan saltou da cadeira e quase pressionou o nariz no espelho de tão próxima que estava. Riu nervosamente, colocando uma mão na superfície refletora.

Raphael havia feito um trabalho assombroso, exatamente o que tinham pedido. Sua face estava igualzinha, só que... melhor. Tudo parecia realçado. As qualidades que gostava em si, a saber seus olhos e queixo estreito, pareceram se destacar. Sua pele nunca tinha sido ruim, mas agora sua aparência era quase impecável. Nada, para seu alívio, estava espalhafatoso ou exagerado.

Seu cabelo era a única coisa diferente, mas isso era só porque estava acostumada a tê-lo preso. Ele caia livremente, passando pelos seus ombros; sua franja habitualmente rebelde, domesticada. Todo aquele negócio em que estivera tão preocupada sobre seu cabelo, aparentemente fez com que ele brilhasse muito mais do que o normal. E com o vestido...

Se ela achou que complementara seu cabelo antes, não era nada comparado com o que eles eram juntos agora. Botan guinchou. "Eu amei!"

Raphael sorriu com alegria, como se tivesse acabado de ganhar um prêmio Nobel. "Estou tão feliz em ouvir isso, mademoiselle."

Keiko deu risadinhas e segurou seu braço. "Anda, vamos mostrar aos garotos!"

A outra concordou ansiosamente e elas passaram a andar em direção à porta, no entanto Raphael as parou com um ansioso, "Esperem!". As três viraram-se curiosamente. "O creme em sua mão," explicou. "Você precisa tirá-lo."

Ele a conduziu para uma pia, onde lavou a substancia de sua mão com água morna e uma pequena mistura esfoliante de açúcar e, para o prazer de Botan, baunilha. Secou suas mãos dando palmadinhas nela com uma toalha, e ela examinou-as quando Raphael terminou.

A garota prendeu a respiração. "Keiko, Shizuru! Venham aqui, sintam minhas mãos!"

Perplexas, as amigas aproximaram-se, correndo os dedos sobre suas mãos. Keiko deu um gritinho abafado. "Estão como seda!"

Todas as três sabiam que ter mãos macias sendo uma empregada era uma coisa rara. Depois de falarem entusiasmadas sobre isso por mais alguns segundos, finalmente deixaram a loja, mas não antes de Shizuru comprar um frasco do creme e da mistura esfoliante. Prometeu dividi-lo com Keiko e Botan.

Uma vez no largo corredor do shopping, encontraram Yusuke e Kuwabara sentados preguiçosamente em um dos bancos públicos. O ruivo bocejou. "Até que enfim, o que vocês ... vocês ... ficaram..." Ele perdeu a linha de raciocínio, olhos se arregalando quando viu as três, porém seu olhar estava cravado principalmente em Botan.

Esta sentiu uma audácia surpreendê-la, e fez uma pose estilo modelo. "Que tal?"

Os assobios e elogios não vieram só dos dois amigos. Muitos homens que passavam também sentiram a necessidade de expressar sua apreciação. Ela corou e Kuwabara os encarou. "Olhe para ela outra vez e eu irei quebrar seu traseiro."

Normalmente, tal comentário faria com que sua irmã mais velha ralhasse com ele, mas esta também encarava os homens induzidos-pelos-hormônios. Todos os que estiveram olhando encolheram os ombros e seguiram seu caminho, assumindo que o cara era o namorado dela, ou algum outro relacionamento certificado no papel.

Yusuke e Kuwabara levantaram, com as compras anteriores de Botan em mãos, e andaram até as garotas. "Senhoritas," o primeiro aprovou com um largo sorriso. "Belo trabalho. Uau!"

Botan sorriu de sua provocação. "Eu realmente estou feliz por ter seguido em frente com esse plano maluco."

Shizuru bocejou. "Alguém mais está com fome?"

"Para a comida de Kuwabara, eu estou," Botan disse.

O cozinheiro sorriu. "Neste caso, não precisamos ficar com a barriga roncando por mais tempo. Vamos voltar."


Enquanto retornavam à enorme mansão, Botan suspirou. Era bom estar de volta, mesmo que só tivessem passado a tarde fora. Todo o local era ostentoso, caro, e no geral bastante intimidador, mas você acabava se apegando. Igualzinho a Hiei.

Eles prosseguiram passando pelas escadas, indo para a cozinha no lugar. Estavam quase alcançando o corredor quando ouviram uma voz familiar.

Kurama parecia irritado. "Eu não sei por que você está mais irritado do que o normal, mas se você não parar de ficar se remoendo pelos cantos, eu vou-"

O ruivo parou de falar quando saiu do corredor que estavam a dez metros de entrar. Ele sorriu assim que os viu. "Hei. Como foram as compras?"

"Excelentes," Shizuru falou com impaciência. "Nós arrumamos a Botan inteira, de uma só vez."Seu tom era acusador, mas o cintilar de seus olhos fez com que Botan soubesse que ela estava implicando. "Dê uma olhada."

Kurama virou olhos cheios de expectativas em sua direção, os outros quatro dando um passo para o lado para que ele visse melhor. A garota sorriu, e, não sendo capaz de resistir ao impulso, girou graciosamente para posar. Só quando já começara a virar, ela viu a imagem de Hiei emergir do corredor. Botan terminou seu movimento para encará-los mais uma vez e seus olhos imediatamente se fecharam com os dele. Os olhos escarlates de Hiei escureceram com uma mistura de raiva, ódio, auto-repugnância e algo desconhecido que hesitou em chamar o que achou que talvez fosse desejo. Estava consciente de que Kurama dizia-lhe alguma coisa, porém ela não parecia ser capaz de quebrar seu olhar com Hiei.

Aparentemente, este também não o escutara, porque o ruivo agarrou seu ombro brutamente, sacudindo ambos do transe. "Eu disse, você não acha?"

A leve confusão que passou por seus olhos foi o suficiente para confirmar a suspeita de Botan de que os dois haviam deixado seus arredores temporariamente. Mas claro, perguntar um simples 'O que você disse?' Era vergonhoso demais para Hiei, então, ele manejou um sorriso de canto tenso e disse. "Lógico."

Depois, tirou o ombro da mão de Kurama, e passou por eles, dirigindo-se à escada, "Agora, se vocês me derem licença..." Sua voz era brusca, e ele meteu as mãos no bolso de seu sobretudo, subindo dois degraus a cada passo. Ele desapareceu no corredor antes que Botan pudesse piscar.

Seu coração caiu no chão. Não percebera o quanto queria impressioná-lo até que o observou sair o mais rápido possível. Não tinha funcionado. Talvez Hiei simplesmente a odiasse, pura e claramente?


J.J – Que pena... Hiei... Nunca consegue demonstrar muito bem seus sentimentos. -.-;

(Próximo capítulo: Demônios?)