Capítulo 2: Afastar-se
-Eu não acredito! Ele está fazendo as unhas no meio do Salão Principal.
- Ora, professora...não é nada tão ruim assim – Hagrid tentou defender, gostava do rapaz, e não só pelo fato dele ser filho de quem era.
Minerva o olhou como típico olhar de "Ah, claro, e eu sou um elefante cor de rosa!". Hagrid limitou-se a encolher os ombros.
- Você o contratou Minera, eu tentei avisar. – falou Severus, com um sorriso de triunfo nos lábios.
Harry estava sentado numa das pontas da mesa dos professores. Logo quando chegara, sentara e tirara algo do tamanho de um tinteiro do bolso. Com um toque de varinha, o objeto aumentou de tamanho e se revelou uma bacia. Alguns alunos começaram a observar, e Harry tirou um frasco do casaco e despejou o conteúdo na bacia. Mergulhou os dedos, parecendo limpar as unhas, nesse momento a diretora entrou acompanhada do Mestre de Poções e do Guarda-Caças.
Os três professores conversavam enquanto seguiam até a mesa. Alguns alunos riram da cara tão exasperada de Minerva. Iam se sentar, quando Severus virou o rosto de repente na direção de Harry. Sendo quem era, ele podia sentir um cheiro que não combinava com a atividade de fazer as unhas ali. No início tinha sido um cheiro típico em que predominava álcool, mas agora fora substituído por um de pus de Mimbulus Mimbletonia! Que diabos aquele pivete fazia colocando uma poção assim nas mãos! Apareceu tão depressa na frente do jovem professor, que se não fosse impossível ali, poderia se jurar que tinha aparatado.
- Que diabos está fazendo com essa poção? – perguntou, ameaçador. Nas mesas de cada casa, os alunos subitamente se calaram.
- Protegendo minhas mãos?
- Não tente me enganar, Potter! – a voz era baixa e por isso metade da escola concentrava-se para ouvi-los.
- Não estou tentando. É necessário proteger bem as mãos e unhas se você está lidando com sêmen de fadas prateadas. – falou sério.
- Fadas Prateadas? – exclamou o professor Flitwick que estava ao lado.
- Ah, sim. Eu encontrei um ninho há pouco tempo. – Severus arqueou uma sobrancelha em dúvida, mas o Flitwick estava interessado demais, então ele continuou – Estão no final do cio, mas ainda consigo quantidades razoáveis...
Severus virou-se dramaticamente, as vestes esvoaçando e voltou ao seu lugar, antes que Harry terminasse de falar.
- Acho que ele ficou desapontado...- falou rindo.
- Não ligue pra ele, Severus sempre foi meio rabugento – falou Flitwick –agora, conte-me mais sobre as fadas! Como você as encontrou? Elas estam aninhando aqui no castelo..?
- Foi realmente uma surpresa! Eu estava revistando o Castelo à noite, sabe, aquelas obrigações de professor. E então eu senti um ventinho nas costas. Aí eu olhei pra trás, mas as janelas estavam fechadas! Sorte minha que eu resolvi voltar pelo corredor, foi quando a vi! Tão pequenina e voando pelo...
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Em frente ao lago, num local não muito freqüentado, e até meio escondido, estava Harry Potter. Sempre que precisava pensar e ficar sozinho (desde dos tempos em que era só um aluno) ele ia a esse lugar. E agora, Harry pensava que Dumbledore estar distante tinha sido uma vantagem inesperada. Poderia se sair bem melhor com o nariz daquele ali bem longe dos seus assuntos. Nessa ultima reunião de professores, alguns minutos antes dela começar claro, ele havia perguntado a McGonagall o estado do diretor. Mostrara-se genuinamente interessado. A professora apreciara demais a pergunta, e então ela e Pomfrey haviam lhe dado o diagnóstico completo.
Logo após a batalha, segundo o Profeta Diário, pelo menos, haviam encontrado Dumbledore estirado no chão, coberto de sangue, ao lado de Você-Sabe-Quem. Um susto! Havia sangue não só pelo corpo dos dois, mas também pelo chão, paredes e até respingos no teto. A primeira vista os dois estavam intactos, sem lesões ou cortes. Mas uma análise um pouco mais detalhada revelou que Voldemort não tinha uma gosta de sangue no corpo, era este que tinha se espalhado por toda a sala; sues olhos também estavam totalmente brancos, sem sinal de pupila, íris ou qualquer outra cor. Já Dumbledore, não tinha nada além de sinais de extremo cansaço! Só que entrara em coma e ninguém sabia o porquê. Aliás, ninguém tinha nem a menor idéia do que havia acontecido naquele saguão de entrada do Ministério da Magia. Uma ou outra teoria maluca surgia, mas ficava só nisto mesmo. O que o Lord das Trevas estava procurando no prédio do Ministério? Nesse ponto não havia pistas, idéias ou teorias malucas. Harry sabia.
Bom, nesse momento, saber ou não, estar envolvido ou não, fazia tanta diferença pra Harry quanto ter penteado o cabelo. Ele voltara a se preocupar com a aula que tinha acabado de dar pro segundo ano, Lufa-lufa. Principalmente com Lucy Foster. A garota era ótima: simpática, inteligente e estudiosa, mas bondosa demais até pra casa em que estava, acreditava demais nas pessoas e acabava levando várias peças dos colegas. A mente seguiu em pensamentos de menor importância, não se dava conta, mas sempre que chegava num impasse de emoções, sua cabeça tratava de conseguir um motivo besta para o entreter, isso era bom, evitava que entrasse em curto-circuito.
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- Vamo ´bora, cara. A gente não quer chegar atrasado na aula da MacGonagal!
John era um garoto de pele moderadamente bronzeada, cabelos negros e uma arrogância do tamanho de uma anaconda. Hum, talvez por isso fosse da Sonserina. Não era do tipo que implicava com os outros, ou infernizava a vida de um grinfinório, como fazia quase todo sonserino que quisesse manter o respeito. Porém, no entanto, toda via...John conseguia do mesmo jeito. O fato era que ele se colocava num pedestal, e porque ele deveria descer do seu pedestal só pra lidar com os meros mortais? Não era só isso, qualquer um que o incomodasse, John colocava no seu devido lugar. Ele era capaz de atingir aquele ponto sensível que toda pessoa tem na maior naturalidade, bastava uma alfinetada ali, e quem quer que fosse, o deixava em paz. Ah! Tinha algo que o desconcertava: o fato de ser tão ruim em Poções. Não era nem um pouco digno ser ruim na matéria do chefe da sua casa. Tudo bem, Snape fingia que não notava. Mas agora era aula de transfigurações, e ele estava irritado demais apressando seu melhor amigo Ethan a deixar de jogar cantadas tão velhas em Sharon (uma aluna dois anos mais nova) e se concentrar em acertar o caminho pra sala de aula.
- Tá bom, tô indo... A gente se vê...gatinha! – Ethan secou a garota com o olhar e seguiu o amigo.
Subindo as escadas ainda perguntou o porquê do mau humor do outro. Colocou a mão no ombro de John, que a retirou imediatamente, e desistiu de descobrir qualquer coisa. John estava tão irritado em chegar atrasado e perder pontos pra sua casa, que não notou um olhar grudado em suas costas durante toda a aula. Lucy Foster.
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Meia noite nos aposentos do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas era uma hora de muita atividade. Atividades que os outros professores dificilmente acreditariam que ele era capaz de desenvolver, se por um acaso confessasse a um deles.
Os móveis estavam todos afastados e imprensados contra a parede. A cama fora transformada em um caldeirão e colocada em cima de um pequeno sofá, na intenção de que ocupasse menos espaço. No meio do quarto estava Harry. Tinha as pernas cruzadas e os olhos fechados. A maldição de Voldemort sobre o seu cargo, ele tinha de descobrir que caminhos ela o reservava. Uma vez que desviasse desses e conseguisse ficar na escola por mais de ano, então sua missão estaria completa! Teria apagado o último dos vestígios de Magia Negra que o Lord das Trevas deixara no planeta... Mas era tão difícil! Principalmente porque a maldição tinha sido lançada sobre um cargo, algo completamente abstrato. Harry não podia tocar esse cargo, não podia dar toques com varinhas nem fazer experimentos com ele! O jeito era partir pra uma magia mais profunda, e era isso que fazia agora.
As velas violetas flutuavam ao seu redor, as chamas estavam vacilantes, e isso indicava dificuldades. Estava se concentrando ao máximo, mas nesses tipos de rituais não adiantava se apressar, nem calcular o tempo. Podia passar um dia, uma hora, ou um minuto, o tempo não devia ser sentido, devia sentir apenas...a energia...de Voldermort...naquele castelo. Isso também o preocupava, já imaginou se ele passasse dois dias inteiros no ritual, dessem pela falta dele nas aulas, e fossem procura-lo? Poderia ser pego em flagrante. Não que fosse tão ruim assim. Não poderiam incrimina-lo nem nada, não dava pra saber que tipo de ritual ele estava fazendo apenas de olhar por alguns instantes. Mas Harry não queria que ninguém desconfiasse.
Concentrou-se... A energia, ele tinha de encontrar onde a energia maligna estava trabalhando. Onde? Aonde? Suspiro...Não iria conseguir muito essa noite, estava cansado... Tinha ajudado Hagrid bastante com um grupo de rapositas amarelas. Uns bichinhos simpáticos de cerca de 45 cm de altura, mas que adoravam confusões. As rapositas se camuflarem extremamente bem também não ajudou em nada. Só à noitinha que eles descobriram que estavam faltando dois dos bichos, e só foram encontra-los 3 horas depois. Olhou o relógio no pulso esquerdo, 1:30. Ter encontrado Remus, um antigo amigo dos seus pais, em Hogsmeade, pouco antes de ir a cabana de Hagrid só o deixava num baixo astral infernal. Foi lembrando da cena. Merda, só agora ele desistia de conseguir qualquer coisa, e logo agora que seria o momento ideal pra começar a sentir as coisas.
- Então você está cuidando da loja dos gêmeos Weasley.
- Sim. – disse com um sorriso.
Estava com os cabelos mais grisalhos agora, mas ele sempre parecera ser mais velho do que realmente era. Culpa da licantropia.
- Você ainda não viu Sirius, não? Ele está louco pra revê-lo. Achávamos que você iria visitá-lo, mas...
- A escola! Sabe como é...- mentiu, tentando desviar do assunto e passando a mão pelos cabelos.
- Bom...ele está tentando arranjar folga no serviço. Todo mundo está atolado até o pescoço agora que a Guerra acabou. Estão tentando pegar os Comensais que sobraram. Você sabe que...Lestrange foi presa não? – adicionou precupado- Ela levou o beijo do Dementador.
- Hum...sei. Nossa! Olha a hora! Acho melhor voltar pros meus pestinhas! Sabe como é...
Hum... Melhor não se deter em memórias, tinha aula amanhã pra dar. Levantou-se e foi direto ao banheiro. Um banho rápido e depois cama. Mas ao se enxugar, olhou de relance no espelho do banheiro. Quase por acaso, mas o suficiente para que visse uma aura negra envolvendo o seu corpo. Olhou de novo o espelho e arregalou os olhos.
- Puta que...Filho de..!
Por que não sentia a energia maligna pelo Castelo? Simples, não estava no Castelo, estava nele! A verdade tão óbvia! É claro que estava nele, ele era o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, não? Sim... mas e agora? O plano era: descobrir onde a energia de Voldemort está atuando e me afastar dela...Como se afastar de si mesmo!
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Gente, esse capítulo foi bem maior! Por isso eu demorei mais a atualizar! Espero que estejam gostando! E apertem esse botãozinho aí embaixo e comentem! Faz eu escrever muito mais rápido! E além do mais, é a única coisa que eu ganho por escrever!
